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9.13.2010

A ARTE DE GERENCIAR

O fator humano nas empresas é o diferencial nas empresas de sucesso.

O fator humano nas empresas é o diferencial nas empresas de sucesso, um denominador comum entre aquelas que atingiram não só a eficácia, mas também a eficiência. Logo, as empresas que oferecem qualidade de vida no trabalho, mantêm seus funcionários motivados, conseguem aumentar a produtividade e a competitividade da empresa.
Nas empresas tradicionais qual é o primeiro dever de um gerente? Lutar pelos melhores resultados econômicos possíveis, a partir dos recursos correntemente empregados ou disponíveis num processo crescente. Qualquer outra coisa que se espera que os gerentes façam, ou possam querer fazer, está baseada no sólido desempenho econômico-financeiro, em resultados lucrativos e duradouros.
Os executivos nas empresas tradicionais, na sua maioria, dedicam a maior parte do tempo, se não a totalidade, aos problemas de curto prazo, preocupando-se com custos, preços, compras, produtividade. Apesar da enorme quantidade de dados e relatórios, pesquisas, informações a sua disposição, eles somente conseguem captar aquilo que está à frente de seus olhos.
No entanto, o que se observa em várias empresas é a incapacidade de manterem-se ativas no mercado, apesar de toda tecnologia, a utilização de novos modelos de gestão administrativa e capital investido.
Por quê? Por que não basta pensar apenas nos critérios econômico-financeiros, os lideres devem olhar a empresa de outra forma, isso implica administrar as organizações com e através das pessoas.
Seria óbvio dizer que a empresa para sobreviver, além da administração enxuta e tecnologia de ponta, deve contar com o comprometimento e o envolvimento de seus funcionários, desde que estejam motivados a contribuírem para seu crescimento. Seria óbvio, mas não é! Muitas empresas ainda tratam seu pessoal apenas como recurso, um insumo a mais na cadeia produtiva.
Vale destacar que uma das exigências impostas pelo novo paradigma tecnológico e de gestão empresarial está voltada à produção de bens e serviços com elevada carga de qualificação aplicada, isto requer também, uma mão-de-obra rápida e eficiente capaz de sobreviver em um mundo cada vez mais competitivo. Isto significa dizer o quê? Estão sendo ampliadas ainda mais as restrições à demanda por trabalhadores de baixa qualificação profissional.
Os aspectos considerados essenciais ao Brasil, além da geração de empregos, é o pouco destaque que se dá na maioria das empresas, a qualidade de vida de seus empregados, mantendo-se ainda nas instituições o conceito de serviçal apoiado na relação capital versus trabalho.
Para manter o moral elevado requer dos envolvidos, esforços conscientes e continuamente aprimorados, mas isso só acontece quando, a cada dia, busca-se um resultado melhor do que no dia anterior. Mas cabe a liderança ajudar sua equipe a crescer, a desenvolver-se, ensinando-lhes o valor da contribuição. Naturalmente, os exemplos devem partir da liderança.
Para Vergara e Branco (2001, p. 21-22): “Entende-se por empresa humanizada aquela que, voltada para seus funcionários e/ou para o ambiente, agrega outros valores que não somente a maximização do retorno para os acionistas. Realiza ações que, no âmbito interno, promovem a melhoria na qualidade de vida e de trabalho, visam à construção de relações mais democráticas e justas, mitigam as desigualdades e diferenças de raça, sexo ou credo, além de contribuírem para o desenvolvimento das pessoas sob os aspectos físico, emocional, intelectual e espiritual.”
O que se deve fazer para manter os funcionários motivados? Como os funcionários podem agregar valores ao produto e serviço que a empresa oferece ao mercado?
É evidente que essas questões não são fáceis de responder, esse processo é extremamente desgastante e complicado, porque convivemos com pessoas com uma heterogeneidade muito grande, com diferentes credos, gostos e preferências, hábitos, costumes, diferenças sociais, culturais etc.
De acordo com Robbins (2001, p. 33) toda organização contém pessoas, e é tarefa gerencial dirigi-las e coordená-las, esta é a função de direção ou liderança. Quando os líderes motivam os funcionários, dirigem as atividades dos outros, selecionam o canal de comunicação mais eficaz ou solucionam conflitos entre os membros, são ações atribuídas à liderança.
O que fazer? Ter bem claro que no ambiente empresarial, mais do que nunca, a mudança será uma constante na vida empresarial e profissional. Nenhuma empresa ou organização poderá manter a excelência ou a busca dela sem mudança, sem a capacidade de renovação.
O que se defende nesse artigo não são as mudanças na estrutura técnica do trabalho, não há dúvida que são necessárias para o crescimento e desenvolvimento das organizações em um mercado extremamente competitivo. Referimo-nos à mudança de atitude, algo mais profundo.
Para muitos a mudança de atitude é algo que deve sempre começar no outro, no quintal do vizinho, pois os outros sempre estão errados. Nas empresas as mudanças essenciais e de alto impacto exigem tempo, responsabilidade, maturidade, empenho de todos, essencialmente da alta direção da empresa.
Ainda segundo Vergara e Branco (2001, p. 22): “Por trás das tentativas de superar os desafios que se apresentam, a busca pela sobrevivência, por parte das empresas, vem-se mostrando uma motivação básica e, em geral, desarticulada de considerações sobre outros agentes e recursos que devem continuar existindo para que essa sobrevivência seja possível. Competentes em responder às ameaças intrínsecas ao seu ambiente operacional, no que diz respeito à produção e à comercialização de bens e serviços, as empresas têm-se mostrado negligentes quanto aos fatores que dão sustentação a esse mesmo ambiente. Historicamente, essa negligência tem-se revelado pelas inexpressivas conquistas em termos de qualidade de vida da maioria dos trabalhadores, pela exploração irresponsável dos recursos naturais, pelo descompromisso com qualquer grupo de interesse que não seja o dos acionistas.”
Inúmeras empresas não estimulam as pessoas, eliminam sua capacidade de mudar, inibem suas idéias e, esquecem que a única fonte real de renovação em uma empresa são as pessoas. Não há questões fáceis a serem resolvidas. O desafio da mudança é estabelecer a direção para a empresa, e tratar o conhecimento como principal vantagem estratégica e a flexibilização como uma poderosa arma.
O Wood Jr. e Caldas (1998, p. 7): “À medida que o Brasil, como outros países emergentes, insere-se em uma nova ordem econômica, marcada pela hipercompetitividade e pela hiperconectividade, crescem as pressões para a adoção de práticas gerenciais mais avançadas, que capacitem as empresas locais a competir em um cenário globalizado.”
Nesse sentido a empresa precisa formular uma estratégia ajustada ao seu objetivo, compartilhado com os empregados, delegando maior poder a sua linha de frente, possibilitando-os exercitarem sua autonomia e autoridade. Ela deverá estabelecer ações que garantam aos empregados uma atmosfera que favoreça a autonomia, a responsabilidade, a capacidade de compreender os problemas e como solucioná-los.
Um dos mais importantes ingredientes no envolvimento dos funcionários é a atitude do líder, mas infelizmente um problema persiste ainda em muitas empresas, a falta de disposição para a mudança de gerentes ainda autocráticos, diretivos e cheios de segredos.

Valdec Romero Castelo Branco

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