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9.03.2010

Doença de Gaucher: Nova droga

Governo prepara manual sobre nova droga para Gaucher
O Ministério da Saúde prepara um manual e um cronograma de visitas para combater uma eventual resistência de médicos e pacientes ao novo remédio comprado para tratar a doença de Gaucher. O remédio taliglucerase alfa, produzido pelo laboratório Pfizer, foi adquirido por R$52,47 milhões, em caráter de urgência, para evitar a interrupção brusca de tratamento dos 610 portadores assistidos pelo governo. Pacientes com a doença apresentam deficiência no metabolismo de gorduras. Quando não tratado, o problema pode levar a morte. Apesar da ameaça de desabastecimento, portadores da doença dizem estar inseguros por não haver informações suficientes sobre a nova droga e pelo fato de ela não ser registrada no FDA, o órgão que libera a comercialização de medicamentos e alimentos nos Estados Unidos. Para tranqüilizar o grupo, a pasta prepara um manual de uso do medicamento e um cronograma de visitas para pacientes e médicos. Entre as informações prestadas esta a de que a droga também devera ser usada na Franca, também pela dificuldade na obtenção do remédio padrão. Os estoques da droga usada tradicionalmente, imiglucerase, devem durar ate meados de setembro. Em maio, o governo tentou comprar um novo lote, mas a transação não foi concluída. O laboratório produtor, Genzyme, não deu garantias de que a entrega seria feita no prazo e na quantidade estipulados. Para que não houvesse desabastecimento, o ministério comprou 54,4 mil frascos do medicamento da Pfizer, suficientes para quatro meses. Como a droga não era registrada no Pais, o ministério requisitou a Agencia Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) uma licença de importação emergencial. A agencia reguladora informou que a autorização foi concedida apos analise de documentos da fase 3 (teste em doentes) de pesquisa do remédio. Segundo a Anvisa, entre os fatores importantes avaliados estava o risco que pacientes correriam no caso de interrupção do tratamento. A droga da Pfizer aguarda registro no FDA e, de acordo com a empresa, e usada ha 3 anos em um grupo de pacientes.

Questionamento. O presidente da Associação Paulista de Assistência a Pacientes de Gaucher e outras Doenças Raras, Pedro Stelian, reconhece que a droga tradicional não seria suficiente para atender todo o grupo de pacientes. Ele questiona, porem, o fato de o Pais ter adquirido o remédio caro sem que houvesse comprovação de segurança. Em entrevista concedida na sexta-feira ao Estado, o diretor de Assistência Farmacêutica do ministério, Jose Miguel do Nascimento Junior, informou que a compra do remédio da Pfizer foi a saída encontrada para uma situação de emergência. Disse ainda que a compra de novos lotes do medicamento da Genzyme não esta descartada. Os problemas na aquisição da droga tradicionalmente usada começaram em 2009, apos contaminação na fabrica da Genzyme alterar o cronograma de distribuição. O remédio não faltou. Segundo a pasta, quando negociações com a Pfizer já estavam em andamento, a Genzyme ofereceu o remédio, mas em quantidade e prazos insuficientes para o Pais.

Filho de presidente de ONG trabalha para farmacêutica

A presidente da Associação Brasileira de Portadores da Doença de Gaucher, Tania Levy, tem um filho que trabalha na área de oncologia para a América Latina da Genzyme, empresa fabricante do imiglucerase. Tânia afirma que essa ligação não a impede de ter neutralidade para opinar sobre a decisão de o governo ter comprado emergencialmente um lote de outro medicamento indicado para a doença, a taliglucerase alfa, ainda em processo de registro nos Estados Unidos. “Não há nenhum vínculo entre a minha posição e o trabalho do meu filho. Defendo há anos os interesses de pacientes com a doença e mantenho a imparcialidade de sempre”, completa. Tânia diz estar preocupada com o uso do novo medicamento em crianças, gestantes e pacientes em estado crítico. Em sua avaliação, o ideal seria garantir o fornecimento do remédio tradicional para esse grupo e deixar para os que estão em melhor estado de saúde a opção pelo uso da nova droga. / L.F.


Fonte: O ESTADO DE SÃO PAULO – SP

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