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9.02.2010

Limpando a gaveta


Quem trabalha muitas horas diante do computador sabe que sempre há um espaço na mesa ou dentro da gaveta para uma balinha, uma barra de chocolate ou um pacote de biscoitos. Tudo para saciar aquela “fome fora de hora”. Segundo uma pesquisa realizada pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), a má alimentação no local trabalho, além de problemas de saúde, causam perdas de até 20% na produtividade. Embora demonstre apenas uma gula excessiva, muitas vezes o mau hábito está relacionado à ansiedade, cobrança profissional excessiva, ou até mesmo a sérios problemas de saúde, como a compulsão alimentar, distúrbio psiquiátrico identificado pela ingestão descontrolada de alimentos.

Além de perda da produtividade, as conseqüências são ainda maiores na ótica do empregador: pesquisas recentes apontam o sobrepeso como um dos grandes responsáveis pelo aumento de 44% nos gastos com assistência médica nas empresas. Análise realizada, entre janeiro de 2002 e agosto de 2003, pelo Fleury Centro de Medicina Diagnóstica, revelou que 66,4% dos profissionais que fizeram check-up, apresentam sobrepeso ou obesidade, onde 40,3% deles eram sedentários.

Quem trabalha (ou estuda) comendo, não degusta, nem saboreia o alimento, pois está apenas aliviando momentaneamente uma tensão. Por outro lado, O cérebro desenvolve uma dependência e passa a relacionar essas atividades à necessidade do alimento. O hábito da ingestão freqüente de açúcar, por exemplo, vicia tanto quanto a nicotina ou a cocaína. Da mesma forma, o inofensivo cafezinho, quando consumido em excesso (acima de 3,5 xícaras), acarreta até lapsos de concentração e estresse.

Pesquisa realizada pela Isma (International Stress Management Association) demonstra que 70% dos brasileiros sofrem de estresse no trabalho, porcentagem semelhante à de países como a Inglaterra e os Estados Unidos. O estudo mostrou também que 82% dos mil profissionais consultados, de várias carreiras, apresentam traços de ansiedade em diversos graus. Os principais sintomas identificados foram insônia, irritabilidade, dificuldade de concentração, distúrbios de memória, ganho de peso excessivo e, em níveis mais altos, síndrome do pânico.

Limpar as gavetas é, sem dúvida, o primeiro passo para eliminar o vício compulsivo. Duas outras soluções para esses problemas podem ser a prática de esportes, que alivia os sintomas da ansiedade e do estresse; e a substituição das guloseimas por frutas. Fazer as refeições nos mesmos horários também é uma alternativa eficiente de reeducação do organismo e de controle da vontade de comer enquanto desempenha as funções profissionais. E não apenas isso: incentivar os colegas a fazerem substituições alimentares para evitar o mau hábito coletivo pode ajudar bastante.

Segundo especialistas, a vontade compulsiva de comer dura, em média, oito minutos. Neste período, procure relaxar, respirando longamente ou até mesmo fazer um pequeno alongamento. A concentração é imprescindível para controlar a compulsão. Se não controlar a vontade de comer, pelo menos essa breve pausa no corre-corre certamente trará outros benefícios em seu rendimento. Por outro lado, é preciso realmente dar uma parada para poder identificar quando a ingestão de determinado alimento é realmente necessária para o organismo e não um mero vício.

A conhecida regra do “só por hoje” também se aplica neste caso. Recusar um bombom “só por hoje” faz uma enorme diferença. Afinal, mudar hábitos é um trabalho permanente. Paralelo aos fatores externos que causam ansiedade, o caminho para alcançar uma alimentação equilibrada deve ser trilhado sozinho com a plena certeza de que o maior beneficiado será você mesmo.
Forma Leve

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