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9.07.2010

Os estudos que tratam do uso de células-tronco adultas na medicina estética caminham a passos largos

Essência da beleza
Confira os avanços da pesquisa que indicam a mais nova arma no combate ao envelhecimento

O assunto está causando o maior alvoroço na comunidade médica e nos vaidosos de plantão. Tanta animação tem fundamento e aumentou depois que Roberto Chem, cirurgião plástico da Santa Casa de Porto Alegre (RS) e professor da Faculdade de Medicina da Universidade Ciências de Saúde (RS), apresentou um estudo sobre o uso clínico das células-tronco adultas para disfarçar os inevitáveis sinais do tempo. A pesquisa promete uma nova era em diversas especialidades, dentre elas a cirurgia plástica reparadora. A salvação, pasme, pode vir da gordura aspirada (e até então desprezada) durante a lipoaspiração, pois ela possui em seu interior um grande número de tais células (as adiposas derivadas). No experimento, elas foram isoladas - para aproveitar sua pluripotencialidade, ou sua poderosa capacidade de diferenciar-se em outros tecidos - e reinjetadas em pacientes com lipodistrofia, patologia caracterizada por uma alteração no depósito ou na distribuição de gordura em alguma região do corpo. As perspectivas são animadoras e o resultado final semelhante a um enxerto ou a um preenchimento, mas com material retirado do próprio paciente. A vantagem é que na técnica convencional (injeção de gordura sem células-tronco) ocorre atrofia e há necessidade de várias reaplicações. Com a nova terapia, o material não é reabsorvido pelo organismo. "Alguns pacientes já estão com quase um ano de evolução e os resultados são promissores. Não ocorre absorção e as células injetadas parecem estar em proliferação, corrigindo gradativamente a lipodistrofia", revela Chem. "Teoricamente, o procedimento poderá ser utilizado em todas as zonas de alteração no depósito de gordura. É possível até se pensar em correção dos sulcos formados pela idade", complementa o médico.
quem é quem neste universo
Células-tronco embrionárias: são extraídas ainda na fase de desenvolvimento, quando o espermatozóide une-se ao óvulo e forma o zigoto. são denominadas totipotentes, isso é, têm a capacidade de se transformar em qualquer outro tipo de célula do corpo humano. As experiências com elas ainda estão em fase experimental, mas oferecem um enorme potencial de cura para doenças como leucemia, Parkinson, Alzheimer e diabetes.
Células-tronco adultas: existem no interior dos tecidos maduros e são capazes de formar apenas alguns tecidos pela diferenciação celular - processo onde as células se "especializam" para realizar determinadas funções. Ou seja, sua capacidade de transformação é menor, mas, como são retiradas do próprio indivíduo, o risco de rejeição é baixo.

sem polêmica
no Brasil, cientistas e pesquisadores foram respaldados após a liberação pelo supremo Tribunal Federal (sTF) das pesquisas com células-tronco. Mas o uso das embrionárias esbarra em questões éticas, filosóficas e científicas. O obstáculo é o método de obtenção. em sua maioria, elas são extraídas de embriões congelados, que depois são destruídos, isso gera manifestações contrárias de diferentes setores da sociedade, como o grupo dos religiosos, que considera os embriões como uma vida em formação, logo, sua destruição é vista como aborto. Com as células-tronco adultas a história é outra! embora o seu potencial de transformação seja mais limitado que o das embrionárias, elas podem ser uma alternativa de uso na medicina. e, sem polêmica, afinal, cada indivíduo pode ser seu próprio doador e receptor. no caso das células de gordura utilizadas no estudo em questão, cada indivíduo tem sua reserva pessoal (no caso, no tecido adiposo). Até mesmo os magros. "Trabalhamos com material do paciente, ou seja, cada um de nós é seu próprio doador e não é preciso estoque. Além disso, os tecidos formados têm excelente qualidade, com características bastante jovens", completa. esta é uma grande vantagem da nova terapia, analisa Humberto Ponzio, doutor em dermatologia e professor da Universidade Federal do Rio Grande do sul. "O fato de lidarmos com material biológico oriundo do próprio indivíduo reduz o risco de rejeição, tornando os procedimentos e os resultados mais naturais", afirma. então, essas células podem realmente revolucionar a medicina estética? "Ainda é cedo para essa afirmação, mas, uma vez que tenhamos domínio da técnica e segurança para a aplicação, acredito que esta será a escolha em todas as situações que precise de reposição de volume e/ou reconstituição de tecidos", conclui Ponzio.
corrigindo imperfeições
O uso de uma substância natural, não alergênica e que, além de tudo, seja autorrenovável é o sonho de consumo tanto para pacientes como para profissionais de saúde. no caso da cirurgia plástica estética, a principal indicação é para os locais onde há perda de massa. na face, por exemplo, ocorre mudança da distribuição de volume com a idade, fazendo com que o rosto se mostre progressivamente flácido. O uso de substâncias preenchedoras ou para repor volume pode corrigir essas alterações. e o novo caminho aponta para as células-tronco. "Com elas será possível restaurar os volumes faciais, melhorar a qualidade das células vizinhas, e isso inclui a pele que a recobre, sem temor de rejeição nem necessidade de testes", destaca Vitório Maddarena, cirurgião plástico e diretor da Clínica Maddarena (sP). Para ele, o método pode significar um novo caminho também para tratar celulite, calvície, estrias e até mesmo determinadas cicatrizes. "A única desvantagem é que precisamos colher as células de algum lugar, portanto, é necessário intervir em duas áreas no mínimo, para tratar apenas uma", pondera. e é sempre bom lembrar: as pesquisas estão em fase experimental e cautela nunca é demais. shirlei Borelli, dermatologista (sP), engrossa o time de especialistas que acredita nos benefícios da nova terapia, mas prefere aguardar enquanto a comprovação científica não vem. "Ainda estamos engatinhando em algumas áreas, como a da estética e da dermatologia. As pesquisas que tenho conhecimento apontaram como fator limitante o emprego de células maduras, que não teriam a mesma velocidade de divisão celular que as células mais jovens. Acredito que ainda precisamos observar melhor tal atuação", argumenta. Por enquanto, é possível cruzar os dedinhos e torcer para que as pesquisas avancem e os resultados comprovem que a capacidade de regeneração dos tecidos com o uso de células-tronco adultas possa dar um up nos tratamentos estéticos. e que num futuro bem próximo as experiências clínicas atuais se transformem numa ajuda extra para amenizar os sinais do tempo. Ou, ainda, ajudar a modelar as tão sonhadas curvas do corpo. É só aguardar!

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