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10.12.2010

Consumismo desenfreado é uma doença.

                                       Mulheres consumistas e a crise

Especialistas entendem que o consumismo desenfreado é uma doença.
A crise financeira mundial pegou em cheio o mercado de luxo. Pelo menos nos Estados Unidos. O jornal The New York Times, por exemplo, afirmou em matéria recente que o consumo de luxo tornou-se “clandestino” entre as americanas endinheiradas. E citou o exemplo de mulheres que agora evitam compras em lojas de rua ou shoppings, já que “não pega bem” serem vistas passeando com sacolas cheias em tempos de recessão.
Ao invés de fazer compras em lojas de rua ou em shoppings, elas preferem comprar suas bolsas exclusivas e sapatos de pele de cobra em eventos fechados a convidados e realizados em quartos de hotéis ou showrooms particulares.
Outra opção é a compra pela Internet, meio em que os produtos mais caros começam a ter grande saída. É o caso da Ricky’s Exceptional Treasures, loja de revendas de luxo no eBay, que relatou a venda de três vestidos Oscar de la Renta por cerca de $ 3 mil cada um, em uma semana. No mínimo, uma mudança de comportamento
 .
            Compram por comprar .As vezes nem usam

Namoradas anônimas
Outro indício de que as americanas ricaças sucumbiram à crise é a criação de uma inusitada associação chamada Dating a Banker Anonymous (algo parecido com “namoradas de banqueiros anônimas”, uma alusão à entidade Alcoólicos Anônimos). São namoradas e ex-namoradas de homens que atuam ou atuaram no mercado financeiro e que agora se veem frente a frente com o mau-humor, a preocupação e a mão fechada do parceiro.
Além de se reunir em bares de New York, elas contam suas agruras no blog www.dabagirls.com e se ajudam para superar a falta de convites para eventos badalados, viagens exóticas e jantares em restaurantes estrelados.
Brasil
Entre sacolas escondidas e blog de lamentações, o Brasil está se equilibrando bem no salto alto e caro. “Estamos passando por uma retração no mercado de luxo, mas sem a intensidade que marca os mercados internacionais”, diz o consultor de gestão de luxo, Carlos Ferreirinha.
Antes com crescimento de dois dígitos ao ano no segmento luxo, a Europa e os Estados Unidos preveem crescimento de 3% e 1%, respectivamente, em 2009. Já o Brasil, segundo Ferreirinha, mantém um melhor ritmo neste setor, apesar de uma acentuada queda: passa de 17% para 8% este ano.
Jóias
Em uma mansão de um bairro de classe alta o vinho é abundante, assim como as risadas, e os canapés são recusados com elegância por mulheres vaidosas que querem manter a linha.
Cerca de 15 mulheres estão reunidas em uma sala de jantar espaçosa em uma casa confortável no condado de Orange County, na Califórnia, mostrando todas as suas joias.
A renda no rico condado é 25% mais alta do que a média do estado e o desemprego é mais baixo. Mas até aqui, a recessão americana está sendo sentida. O preço dos imóveis caiu quase 30% e, agora, cerca de uma em cada 250 casas corre o risco de ser retomada pelo banco por falta de pagamento da hipoteca.
Os ricos dos Estados Unidos estão sofrendo com a crise, por isso esta é uma reunião diferente: é uma festa do ouro.
As convidadas trazem jóias velhas que não querem mais e as vendem. É a festa do tupperware dos tempos difíceis, um verdadeiro adeus-aos-balangandãs.
Festas do ouro
Festas do ouro também são realizadas em outros estados. Mas, na Califórnia, empresas como a de Erin Stevenson - que tem cerca de 11 representantes que organizam até três festas por semana - nunca estiveram tão ocupadas.
Na casa da anfitriã, Stephanie West, que, recentemente, teve uma aposentadoria prematura, após anos no setor de aviação, Erin e sua equipe de compradoras examinam a qualidade e pesam os balangandãs das convidadas.
A própria Stephanie tem uma sacola cheia de jóias de ouro que possui há anos, presentes de namorados antigos que ela nunca vai voltar a usar. Várias outras trazem o mesmo: artigos antes tão apreciados e hoje presentes indesejados.
Erin paga cerca de 60% do preço de mercado, e vende o ouro para uma fundição por cerca de 95% da cotação atual.
As mulheres são pagas mais de $ 900 por onça (28 gramas) e não veem motivos para reclamar do negócio.
Dinheiro extra
Aqui pelo menos, as festas do ouro não são uma luta pela sobrevivência. São mais uma forma que a classe média de cinto apertado encontrou para conseguir um di-nheiro extra. Muita gente diz que vai gastar o dinheiro obtido em extravagâncias - uma peça de arte ou uma refeição especial para a família.
Amie Larson, que diz ter quatro empregos, conta que está vendendo o ouro que recebeu de presente do ex-marido para financiar a festa de aniversário do parceiro atual.
Depois que o ouro é pesado e separado por pureza, Erin calcula o valor total a ser pago para cada convidada. O vinho ajudou a criar um clima relaxado, mas quando os cheques são preenchidos é que a festa realmente começa a esquentar. E as quantias não são módicas. A anfitrião Stephanie Hunt recebeu $ 477 e a cabeleireira Amie Larson, $ 416. Já a convidada Bebe Bach foi a que mais ganhou - um cheque de $ 541. Outras mulheres levaram entre $ 100 e $ 200.
Uma me disse: “São $ 100 a mais do que eu trouxe comigo”. Com a recessão castigando os Estados Unidos, parece que até os moradores mais ricos estão valorizando cada centavo.
O consumismo e “os simples mortais”
Suas armas são os cartões de créditos. Seu paraíso, as lojas. Alguns chegam a atingir o nirvana quando veem as palavras “sale” e “promoção” em destaque naquela roupa ou tênis de grife. São os consumistas compulsivos.
Provavelmente você deve conhecer um - enrustido ou assumido. Entre as mulheres, o comportamento é ainda mais comum. No Brasil, segundo a pesquisa “O Consumidor do Século XXI”, divulgada pelo Ibope Mídia, 21% das brasileiras vão às compras para se sentirem mais calmas e felizes. O levantamento ouviu 3.400 pessoas em 11 regiões metropolitanas do Brasil e concluiu que a população gasta, em média, 15% da renda familiar com compras pessoais - principalmente roupas, no caso das mulheres. A compulsão por comprar tem um nome: oneomania. Segundo a Organização Mundial de Saúde, cerca de 1% da humanidade sofre desta doença.
Um traço comum aos oneomaníacos é o impulso desenfreado de obter determinado item, independentemente da sua utilidade ou necessidade real. “É como uma droga. A adrenalina, a ansiedade... Você vê uma coisa na loja e pensa ‘tenho que ter aquilo, tenho que ter aquilo’. E com a mesma rapidez que essa vontade de comprar vem, ela se vai. Depois de comprado, o objeto perde totalmente o valor”, explica Erika, oneomaníaca em recuperação.
Para Neda Matos, psicanalista da Sociedade de Psicanálise da Cidade do Rio de Janeiro, aqueles que consomem por impulso o fazem para “tamponar um vazio”: “Pode ser a falta de algo que foi perdido, da perda de alguém, e até de uma dificuldade por não saber que caminho tomar. Em outras palavras, a impossibilidade de não se permitir sofrer”, esclarece. “Na sociedade contemporânea, o que se verifica é uma ânsia em ter para ser.
Ter uma roupa de grife significa, por exemplo, ser rico, ter status. É como se a pessoa só existisse a partir de um objeto; objeto este ditado pela mídia”, completa a psicanalista, que lembra, ainda, que transtornos deste tipo geralmente levam as pessoas a sentimentos de frustração, tédio, solidão e depressão.
Ter controle vale muito
Para quem sofre com a doença, organização financeira é fundamental. Saber o quanto se ganha e o quanto se gasta, anotar os custos e fazer planilhas são atitudes que devem ser adotadas pelos oneomaníacos que querem sair das dívidas - e não voltarem mais a elas. André Braz, economista do Instituto Brasileiro de Economia, da Fundação Getúlio Vargas, indica que o primeiro passo para controlar as finanças é conhecer o orçamento doméstico: “A pessoa precisa saber quanto custa para se manter. Para começar, é bom gerenciar os gastos com os custos fixos, ou seja, despesas que têm que ser pagas, como luz, aluguel, telefone etc. Muita gente abusa do celular desnecessariamente ou desperdiça energia elétrica deixando lâmpadas acesas - tudo isso influi”, afirma.
As despesas pessoais, com vestuário, por exemplo, podem ser reduzidas mais drasticamente por serem menos importantes, mas também são mais sedutoras: “Deve haver um planejamento sobre o que realmente é necessário comprar. Dá para aproveitar roupas que estão no armário antes de pensar em gas-tar com novas. Aquelas mais antigas podem ser doadas”, recomenda André, enfatizando que viver de acordo com o que se ganha é a melhor maneira de viver bem.
Ao comprar bens maiores, como carro, casa e reformas, o planejamento deve ser ainda mais cuidadoso: “Pesquisar preços e juntar dinheiro é o melhor a se fazer sempre. Fugir do financiamento também, pois cons-titui-se num gasto que vigorará por muito tempo. Além disso, é bom ter em mente o fator imprevisto. Reservar no mínimo 30% do salário garante tranquilidade no caso de emergências e evita as dívidas”, explica ele.
Os cartões de crédito e o cheque especial são um perigo em potencial, assim como os empréstimos - de acordo com a pesquisa do Ibope Mídia, 11% dos consumidores já recorreram a eles, no último ano. Não faltam bancos que oferecem vantagens e mais vantagens nestas formas de pagamento - lucrativas para eles, mas que podem virar um problema na vida de muitos consumidores. “Esses tipos de cartões e cheques criam uma ‘ilusão monetária’: você acha que o dinheiro é seu, mas não é”, diz o economista.
Para os que já se endividaram, André sugere que o uso do cartão seja imediatamente interrompido, pois as dívidas tendem a virar uma bola de neve. “Uma boa dica é negociar junto à empresa ou banco o pagamento dos juros, tentando dividi-los de forma que caibam no seu orçamento. Outra opção é o crédito consignado, uma linha de crédito pessoal com desconto na folha de pagamento que oferece taxas reduzidas”,

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