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10.10.2010

Crise conjugal

O casamento é das decisões mais importantes da vida. Na igreja, no cartório, ou mesmo sem assinar documentos, representa a união de duas pessoas que apostam no amor e desejam permanecer juntos, se não para sempre, por um bom tempo. Há um grande investimento emocional e financeiro em jogo. Não é difícil entender a decepção do casal quando as coisas não vão bem e as crises conjugais tornam o relacionamento insustentável.
As tensões que ocorrem numa relação podem ter várias origens: a distância de um dos parceiros, que pode estar mais focado no trabalho; a necessidade sexual maior de uma das partes que não é suprida (e o outro se sente cobrado e infeliz por não atender às expectativas do cônjuge); salários discrepantes, especialmente quando a mulher ganha mais; e até a chegada de um filho. Tudo pode se tornar razão para uma desordem em casa. O que fazer? Na verdade, a primeira providência é chegar à raiz do problema.
Diálogo sempre
Roberto Shinyashiki, psiquiatra e autor de "Amar pode dar certo", comenta que, em se tratando de conflitos interpessoais, os motivos aparentes nem sempre são os reais. "Se um casal tem dificuldades financeiras e só um dos cônjuges é gerador de dinheiro, a crise pode ter causa na incapacidade do outro de acumular renda. A questão, então, não é financeira e sim da autoestima de uma das partes. Se a crise decorre de insatisfação sexual, é importante que o casal mantenha diálogos francos sobre o assunto e busque soluções criativas e amorosas para resolvê-lo. Já se a queixa se relaciona com a interferência das famílias, na verdade, o problema gira em torno da falta de autonomia individual do casal".
É importante buscar o que está oculto, o que não é dito nas críticas e reclamações e realmente está por trás da insatisfação. A melhor solução será sempre, para desespero de muitos homens que detestam discutir a relação, o diálogo. Sim, eles odeiam as famosas DR's, mas é impossível adivinhar pensamentos. Expor as dificuldades e o sentimento e deixar o outro se manifestar é essencial para encontrar soluções.
Briga ou crise? 
Começar uma briga não costuma ser difícil. Uma irritação daqui, uma falta de carinho dali, um ciúme exagerado acolá e pronto: bateu a instabilidade. Mas a existência desses sintomas realmente caracteriza uma crise? O psicanalista e sociólogo Roberto Dantas afirma que não: "Viver a dois é uma experiência difícil, pois demanda o amadurecimento de cada um. Frustrações, mau-humor e irritação são sintomas de conflitos pessoais que se projetam na vida em comum".
Ok, se um conflito não representa uma crise, vários deles iniciam sua construção. A fisioterapeuta Ana Helena Póvoa comenta que sua relação foi se desgastando aos poucos. "Ele se dedicava muito ao trabalho e foi me deixando de lado, se desinteressando. No início, me empenhei em melhorar as coisas, mas o Cláudio permaneceu indiferente. Comecei a sair sem ele, o que nunca acontecia antes. Com muito ciúme, ele passou a agir de forma grosseira, sempre discutindo e gritando. Depois de um tempo, cansei, não valia mais a pena. Estava agüentando vivermos como amigos, mas tanta agressão verbal eu não suportei", afirma.
Ana Helena terminou a relação e foi chorar as mágoas no colo das amigas, certo? Errado. Desvencilhar-se do companheiro foi um processo longo e delicado. "Estávamos juntos há quase nove anos, planejávamos ter uma família, filhos. Não foi fácil admitir o fim, eu não me via sem ele", comenta. Assim, a situação se arrastou por quase um ano. "Quando ameaçava terminar, Cláudio pedia outra chance e dizia que ia mudar, mas nada acontecia. Um dia, depois de uma briga feia, decidi pôr um fim na situação"

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