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11.16.2010

Como conquistar o emprego tão desejado

Vida e Trabalho Carreira
Deixe de ser apenas mais um currículo perdido em um buraco negro. Os maiores headhunters contam como convencer todo mundo de que você é a profissional que eles buscam.

Seu defeito é ser perfeccionista e você busca novos desafios, por isso deseja tanto aquele emprego. Sinal amarelo: se tem repetido esse discurso aos entrevistadores, são grandes as chances de cair no limbo dos profissionais que tentam, tentam e nunca ficam com as melhores vagas. Quais as respostas certas? Não existem. Primeiro porque os bons recrutadores andam escapando desse batido método de seleção. Em segundo lugar, é preciso ir além das competências técnicas (fundamentais, claro) e demonstrar paixão pelo que faz. Portanto, antes de encarar um processo seletivo, vale perceber o que move você. Consegue qualquer emprego quem faz cursos porque tem sede de conhecimento, e não para enfeitar o currículo; identifica-se com os valores da empresa onde quer trabalhar em vez de tentar se moldar a qualquer custo; e mostra na entrevista quem realmente é, fugindo da armadilha de tentar enganar o recrutador. Basta saber como demonstrar essas habilidades. Aqui, uma aula com os maiores headhunters do Brasil - Robert Wong, Bernt Entschev, Márcio Bamberg e Norberto Gueri -, preparada com os dilemas das leitoras. O melhor: eles entregam segredos que não estão nos manuais de etiqueta profissional.
1. O CURRÍCULO QUE SALTA
Como evitar que o recrutador tenha a sensação de que você disparou a mesma mensagem a sete empregadores diferentes?
ROBERT WONG: Chama a atenção aquele que vem com uma carta de apresentação. Os que chegam por indicação de um parente ou amigo têm peso maior.
MÁRCIO BAMBERG: E é importante adequar o currículo a cada empresa ou oportunidade de trabalho.
Se o recrutador recebe um mar de e-mails, há garantias de que verá o seu currículo enviando por correio?
NORBERTO GUERI: Por e-mail é mais prático e ecologicamente correto. Mas, no fim, vemos pelo menos rapidamente todos os que forem de nosso interesse, independentemente da forma como vieram. Os recrutadores têm um mapa das suas necessidades na cabeça. Numa olhada, já sabem se é adequado.
BAMBERG: Prefiro no papel, mas não dispenso os e-mails: olho e já vou deletando os que não servem.
Verdade que os currículos anexados ao banco de talentos são lidos primeiro?
GUERI: Em algumas empresas, sim.
Quais os maiores erros cometidos no currículo?
WONG: Ninguém tem paciência de ler currículos longos e sem objetividade. Portanto, monte o seu como quem prepara uma atraente peça de marketing. Veja, por exemplo: quando você vai comprar um carro, o vendedor não mostra aquele extenso manual do veículo, e sim um folheto destacando as qualidades que despertarão seu interesse em querer saber mais. Esse é o currículo que salta! E, pode parecer óbvio, mas muitos não dão a devida atenção a isto: erros básicos também acontecem, como listar informações falsas. A principal é colocar fluência no inglês sem dominá-lo, achando que o entrevistador não testará essa habilidade.
BERNT ENTSCHEV: Dois dos maiores: passar a imagem de que faz tudo sozinha - sempre que possível, convém usar verbos no infinitivo - e dar muita ênfase ao passado (“fiz isso, fiz aquilo”). Fundamente seu potencial para o futuro descrevendo como pode fazer a diferença na equipe. Sugiro que você conte como trabalha sob pressão, lida com os desafios, desenvolve projetos e é capaz de harmonizar sua vida profissional com a pessoal.
A QUALIFICAÇÃO QUE FAZ DIFERENÇA
Há uma corrida por fazer pós, MBA... Atitude que tem sido questionada. Manter-se atualizada é fundamental, mas até que ponto empilhar cursos no currículo demonstra competência?
BAMBERG: MBA, pós, mestrado, doutorado: tudo isso é importante se feito para acrescentar, nunca para obter um título. Além disso, o excesso pode ser prejudicial. Por exemplo, fui procurado por um amigo muito competente, que não era chamado sequer para entrevistas, apesar de falar 22 idiomas (11 deles com fluência) e ser advogado, administrador, contador e economista com mestrado e doutorado. Meu conselho foi deixar no currículo só as habilidades mais adequadas ao cargo almejado. Deu certo.
GUERI: Curso serve para desenvolvimento, não para decorar currículo. Não quero saber a escola de inglês que o candidato fez. Interessa se ele se comunica.
Em comparação com a educação formal, qual o peso da experiência e das competências comportamentais?
WONG: Você é normalmente contratado por suas competências técnicas, mas demitido pelas incompetências pessoais. É preciso cuidar dos relacionamentos, ter inteligência emocional. E, mais do que ser bilíngue, busque ser multicultural. Viajar e ter experiência fora do país faz diferença, sim.
ENTSCHEV: Um ponto forte feminino é a capacidade de fazer bem três, quatro coisas ao mesmo tempo. Ressalte isso na entrevista e no currículo.
Liderança e capacidade de motivar equipe são competências sempre desejáveis. Como saber se você as possui mesmo não ocupando um cargo de chefia?
ENTSCHEV: Quem quer ser líder não faz as coisas por dinheiro, mas por amor. Faz mais pelos outros do que por si mesma - nenhuma organização premia egoístas. E a mulher tende a ser mais generosa.
Para otimizar o tempo, a maioria dos headhunters filtra currículos no banco de dados, olha as redes sociais... O que levam em conta? Há palavras-chave buscadas?
ENTSCHEV: Palavras como liderança, coordenação e dinamismo são bastante buscadas. Mas filtramos também por idade, formação e cargo pretendido.
BAMBERG: O que você posta nas redes mostra sua conduta, seus valores. E, cada vez mais, essas são qualidades importantes no processo de seleção.
DINHEIRO: ASSUNTO DELICADO
Quando perguntar sobre remuneração?
BAMBERG: Se o recrutador não tocar no assunto, fale no final da entrevista.
ENTSCHEV: Mas não vá direto ao ponto. Prefira perguntar sobre as condições da contratação e os benefícios que a empresa oferece.
Como pedir um salário maior que o oferecido?
WONG: Negociar salário é uma arte difícil. Você não deve maximizá-lo, e sim otimizá-lo. Por exemplo, tentando chegar ao meio-termo com relação aos benefícios que a empresa oferece. E as sérias têm política salarial: você entra na faixa-base e vai crescendo por seus resultados.
DINÂMICA DE GRUPO, O DESAFIO
Pega mal recusar algum procedimento proposto nas dinâmicas?
GUERI: De forma alguma. Se você não concorda com algum procedimento, não faça.
ENTSCHEV: Mas explique o motivo da recusa com firmeza e clareza, sem se alterar.
Se o objetivo for confrontar alguém, dá para fazer isso sem cair numa armadilha?
ENTSCHEV: A confrontação deve ser sempre de ideias, de projetos, e não de opiniões pessoais.
Texto Marcia Kèdouk / Foto Sérgio De Divitiis
Revista Nova

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