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11.06.2010

Um clique no futuro

Dado Carvalho
Escola onde você estuda, pode usar o celular na aula? Não? E jogar videogame enquanto a professora escreve na lousa? Pois saiba que, em alguns colégios, isso já acontece. E o legal é que nem é na hora do recreio!
Tudo por causa das novas tecnologias, que estão chegando também nas salas de aula. Já tem até professores na Inglaterra dizendo que daqui a 20 anos as provas vão ser feitas pelo computador. Será o fim de papel e caneta?
Até o jeito de ler está mudando. Na Bienal do Livro deste ano, a Editora Globo mostrou uma prévia da obra A Menina do Narizinho Arrebitado, de Monteiro Lobato, que está sendo adaptada para iPad (sem previsão para lançar). Na tela, dá para mexer nos desenhos enquanto lê a história!
Veja o que já está acontecendo e imagine como será a escola do futuro.
Imagine uma sala de aula sem quadro negro e giz. Como a professora faz para ensinar a lição? Fácil: com a lousa digital. E já existe até criança tendo aula com ela! Algumas escolas públicas de Taboão da Serra, na Grande São Paulo, por exemplo, adotaram a tecnologia em 2010.
A lousa é uma tela branca, em que são projetadas as imagens enviadas por um computador. O professor pode escrever na hora (e você acompanha ao vivo na tela), mostrar uma lição já digitada e até navegar pela internet.
O legal é que, com uma caneta especial, você grifa um texto, clica nas páginas e até desenha direto na tela.

"No futuro, vai ter professor holográfico. Ninguém precisará ir para a escola, e ele ficará andando pela sua casa enquanto ensina."
Matheus Abrão, 11 anos
O seu professor tem arrepios de ouvir falar em celular dentro de sala de aula? Ele tem razão: o aparelho atrapalha. Mas dá para transformar esse "inimigo" em amigo.

Foi o que fez a Escola Viva, de São Paulo. O aluno Pedro Boemer de Carvalho Cunha, de 12 anos, e seus amigos estudaram nas aulas de Português as diferentes formas
de mandar uma mensagem (e aí entrou SMS, e-mail, Orkut, Facebook e MSN). Depois, tiveram de inventar uma história usando tais formatos.
"A gente queria mostrar que, quando o aluno chega em casa, ele continua estudando português. Só que pelo MSN", conta a professora Lucy Santin Bergamo.
"Os professores serão robôs que vão ensinar tudo para os alunos só de encostar o dedo na testa deles."
Pedro Boemer de Carvalho Cunha, 12 anos
No colégio São Luís, em São Paulo, existe um braço mecânico que, sozinho, pega a bolinha de um lado e a coloca em outro. Sabe quem inventou? Um aluno de 11 anos! Benny Chun Ng faz o curso de robótica da escola desde os 7. Lá, as crianças também já criaram uma lixeira que abre a tampa por controle remoto, um robô que sente a presença da luz e aciona seus óculos escuros e uma casa de Lego que abre a porta da garagem ao sentir a aproximação do carrinho. Incrível, não?

Se antes os alunos precisavam emprestar o caderno do colega quando faltavam, agora eles podem pegar pela internet o material perdido. Isso já funciona em algumas escolas, como no Colégio Santo Américo, de São Paulo. As colegas Isadora Bittencourt (à direita, na foto) e Beatriz D’Ávila Pereira da Silva, ambas com 10 anos, não só recuperam o conteúdo, como usam o sistema de Educação a Distância (EAD) para complementar o estudo. "É bom, porque dá para estudar quando tem prova", conta Beatriz. "E tem uns jogos legais para a gente brincar aprendendo", completa Isadora.

No colégio paulistano I. L. Peretz, os alunos do 2º ano se uniram para fazer um livro sobre o meio ambiente. Até aí, tudo normal. Mas e se a gente disser que ele era "digital"? Verdade!
Quase tudo foi feito no computador: eles pesquisaram na internet, digitalizaram os desenhos e as colagens de fotos e escreveram no Power Point (com letras animadas e tudo!).
A aluna Isabela Vinocur Kocinas, de 7 anos, usou até o e-mail para perguntar a uma artesã como se fazia bonequinha de feltro. O livro fez sucesso: muitos repetiram a novidade em casa.
E daqui a alguns anos?
Para a pesquisadora Samantha Kutscka, da Escola do Futuro da USP, a escola vai ser bem divertida daqui a algum tempo. As aulas serão no espaço que ela chama de "sala-Lego", que junta sala de aula com espaço para informática e até uma pequena biblioteca, tudo em "bloquinhos".
As turmas vão ser bem pequenas, para ficar mais fácil para o professor acompanhar. O videogame deve ser usado como forma de aprendizagem. Todo o mundo vai ter seu próprio notebook, além de um celular 3G.
"Já pensou em receber a lição de casa por mensagem SMS?", brinca.

O professor do futuro será assim...Como vai ser entrar numa sala de aula em 2020

Quem entrar numa sala de aula portuguesa em 2020, vai notar certamente os computadores portáteis ou quadros interactivos que o governo já prometeu massificar, mas as principais mudanças estarão ocultas: as novas competências do professor.

Que não se espere encontrar um verdadeiro «professor Pardal» soterrado em acessórios tecnológicos, porque a evolução será ao nível da formação, da preparação e das valências dos docentes, concordam professores, dirigentes associativos e pedagogos contactados pela agência Lusa, a propósito do Dia do Professor, que se assinala domingo.

«Vai ter que ser muito diferente do que somos hoje, tal como eu já fui diferente dos professores que tive», admitiu Arsélio Martins, com 35 anos de carreira no ensino de Matemática e que em 2007 recebeu o Prémio Nacional do Professor.

A «diferença» é uma das poucas certezas que tem em relação ao desempenho da profissão no futuro, já que as evoluções científicas e tecnológicas e as transformações sociais «são actualmente tão rápidas» que deixam uma grande margem de dúvida quanto ao que significará ser professor, num espaço de dez anos.

Cada vez mais, a escola vai deixar de ser o único centro de aprendizagem. Os alunos têm fácil acesso a múltiplos produtores de conteúdos educativos, como os meios de comunicação social e as tecnologias de informação, e, para o director do Centro de Investigação em Educação da Universidade do Minho, esses conhecimentos são tão importantes como os adquiridos na sala de aula.

«Caberá ao professor do futuro intermediar e gerir esses conhecimentos. Transformar a informação em conhecimento. Deixará de ser um mero transmissor para se tornar num transformador», sustenta José Pacheco, que utiliza as designações «facilitador de aprendizagens» ou «gestor de conhecimentos» para caracterizar o papel dos professores no futuro.

«O professor terá que dominar as tecnologias de informação, aceitar o diálogo como base de trabalho e ceder na individualização», resume o especialista, para quem, dentro em breve, o professor deixará de ser o único educador dentro da escola.

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