A hipertensão arterial é o problema de Saúde Pública mais importante na medicina, sendo responsável por elevado número de complicações cardiovasculares. Os valores da pressão arterial de cada indivíduo são determinados pela pressão a que o sangue circula nas artérias do organismo, em consequência da acção de bombeamento que o coração efectua a cada pulsação.Assim, de cada vez que o coração se contrai (sístole), o sangue é expelido através da artéria aorta. | ||
A pressão máxima atingida durante a expulsão do sangue é a chamada pressão sistólica (pressão máxima). Em seguida, a pressão dentro das artérias vai descendo, à medida que o coração se relaxa. A pressão mais baixa atingida é a chamada pressão diastólica (pressão mínima). | ||
A pressão ou tensão arterial de cada indivíduo varia de momento a momento, em resposta às diferentes actividades e emoções. É importante saber-se que em alguns indivíduos a pressão arterial se eleva, no acto da medição, só pela presença do médico (reacção de alarme). Por este motivo, é por vezes difícil ao médico decidir, numa única visita, se um determinado indivíduo é hipertenso. No entanto, a pressão arterial tem tendência a baixar para os valores habituais do indivíduo à medida que ele se habitua às manobras de medição e ao médico, em visitas sucessivas. Torna-se por isso, necessário, sobretudo, com níveis tensionais só ligeiramente elevados, que o doente seja observado em várias visitas, durante alguns meses, antes que o diagnóstico de hipertensão e a sua terapia possam ser estabelecidos com segurança. Durante esse período de espera, em que, aliás, se não devem administrar medicamentos, o indivíduo suspeito de hipertensão arterial deve iniciar um programa de medidas não farmacológicas, que adiante descreveremos. | ||
Considera-se que um indivíduo é hipertenso quando tem uma pressão arterial repetidfamente superior ou igual a 140 mmHg para a sistólica e/ou 90 mmHg para a diastólica. No entanto,, para certos doentes, como os diabéticos renais ou já com doença cardiovascular recomenda-se que devam ter valores mais baixos. Não existe uma definição claramente estabelecida para os valores da pressão arterial nas crianças. No entanto, considera-se geralmente que os valores tensionais acima de 110/70 mmHg, devem ser considerados suspeitos, antes dos 10 anos de idade. Com a idade a pressão arterial tem tendência a subir. Todavia a pressão arterial elevada no idoso não deve ser considerada normal. RISCOS DA HIPERTENSÃO ARTERIAL A HTA (Hipertensão Arterial) é um factor de risco importantíssimo de doença cardiovascular, e a principal causa de morte e incapacidade no nosso País. Hoje sabe-se que a adopção de um estilo de vida saudável pode prevenir, pelo menos em parte, o aparecimento de HTA. Por outro lado, sabe-se que existe um enorme potencial para reduzir a incidência de doença e de morte cardiovascular se a HTA for detectada precocemente e controlada adequadamente. Está bem demonstrado que uma pressão sistólica superior a 160mmHg ou uma diastólica superior a 95mmHg, triplicam o risco de acidente vascular cerebral, duplicando também o risco de doença coronária. Nos primeiros anos, a HTA não provoca geralmente quaisquer sintomas ou sinais de doença, à excepção dos valores tensionais elevados detectáveis através da medição da pressão arterial. Contudo, com o decorrer dos anos, a pressão arterial acaba por lesar os vasos sanguíneos e os principais órgãos vitais do organismo, ou seja o cérebro, o coração e o rim, provocando sintomas e sinais. As principais doenças associadas à HTA, e por ela causadas, são:
Em geral não se consegue detectar uma causa específica de hipertensão na grande maioria dos doentes. Quando a HTA não tem causa aparente, chama-se-lhe hipertensão essencial. Em estudos realizados nos Centros de Saúde, a HTA secundária, ou seja com causa detectável, costuma ser inferior a 5%. No entanto, em certas séries hospitalares, com doentes mais graves, essa percentagem é superior. Por este motivo (95% sem causa identificada), não é apropriado nem desejável, e nem sequer possível, investigar a causa em todos os indivíduos com HTA. Contudo, em casos seleccionados, especialmente os doentes resistentes à terapêutica, os casos mais graves e os hipertensos jovens, ou em que se levante qualquer suspeita clínica, devem ser investigados, no sentido de detectar causas incuráveis de hipertensão. Como nestes casos a cura da doença é possível, os exames para pesquisa da causa de HTA devem, por isso, ser realizados se houver sinais ou sintomas suspeitos. HIPERTENSÃO ARTERIAL ESSENCIAL Hoje pensa-se que a hipertensão arterial é devida a uma combinação de factores hereditários e de erros no estilo de vida. Não devemos esquecer que os fatores hereditários não são modificáveis, mas o estilo de vida é. A adopção de um estilo de vida saudável não só é benéfico em termos de prevenção e controlo da HTA, como de diversas outras doenças não transmissíveis (cancro ou diabetes) e bem assim da saúde em geral. Existe todo um conjunto de erros no estilo de vida que condicionam, nos indivíduos susceptíveis, o aparecimento e/ou o agravamento da HTA ou suas complicações:
As causas da hipertensão secundária, embora relativamente raras, têm grande importância por serem potencialmente curáveis. Referimos em seguida as causas mais importantes: Nem todas as doenças renais se associam a HTA mas, por outro lado, elas são a principal causa de HTA secundária conhecida, sobretudo as doenças do parenquina renal. A estenose (estreitamento) da artéria renal é uma causa relativamente rara, mas que se diagnosticada, pode, em muitos casos, ser curada cirurgicamente ou, mais recentemente, por angioplastia (dilatação da artéria estritada, com um catéter que tem um balão insuflável na ponta, ao jeito do que se faz para a doença coronária). São muito raramente causa de hipertensão. As mais frequentes actuam através de uma produção hormonal aumentada pelas suprarenais, geralmente por um tumor, que pode ser removido cirurgicamente como, por exemplo, o hiperaldosteronismo primário, o feocromocitoma ou mesmo o síndroma de Cushing. Anticonceptivos orais. Quase todas as mulheres que tomam a pílula sofrem uma elevação, mesmo que ligeira, da pressão arterial. Num pequeno números de casos, essa elevação pode ser considerável e levar a HTA. | ||
DETECÇÃO E CONTROLO DA HIPERTENSÃO ARTERIAL (HTA) Os benefícios da detecção precoce e do controlo da HTA na comunidade estão bem demonstrados. Detecção precoce: Existem motivos importantes que justifiquem que os Portugueses devam medir a pressão arterial regularmente: | ||
A medição da pressão arterial, embora seja um ato relativamente simples e fácil de aprender deve ser efectuada com todo o cuidado e rigor por médicos, farmaceuticos, enfermeiros e outras pessoas devidamente treinadas. Todavia, para facilitar a medição e a deteção de casos não suspeitos, cada vez mais se defende o fácil acesso à medição da tensão arterial, inclusive com aparelhos automáticos colocados em locais públicos (farmácias ou supermercados, por exemplo). Qualquer eventual alteração encontrada deve, todavia, ser depois confirmada ou não por um médico ou outro profissional de saúde. | ||
O que é necessário? O esfigomanómetro de mercúrio é, sem dúvida, o equipamento que proporciona maior confiança e rigor na medição da pressão arterial. Ele é o padrão contra o qual todos os outros equipamentos, por mais sofisticados que sejam, devem ser comparado. Dispõe-se, hoje em dia, de equipamentos semi-automáticos que, desde que bem calibrados, podem tornar mais fácil a medição da pressão arterial. Como aferir a pressão? | ||
Uma boa regra é a de medir primeiro a pressão arterial sistólica pelo método da palpação da artéria radial, no pulso. Só depois se deve passar ao método auscultatório, medindo a pressão arterial sistólica (aparição dos sons) e a pressão arterial diastólica (desaparição dos sons). Para efetuar uma medição com valor diagnóstico, é fundamental respeitar o seguinte: O ambiente deve ser calmo e confortável. Previamente à medição da pressão arterial:
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MEDIÇÃO DA PRESSÃO ARTERIAL EM CASA Vários autores demonstraram que as medições feitas pelos doentes ou seus familiares em casa são muitas vezes consideravelmente mais baixas do que as registadas pelo médico. Como já referimos, alguns indivíduos, sobretudo os hipertensos ligeiros, têm subidas tensionais provocadas pela presença do médico (reacção de alarme), as quais são impossíveis de predizer em toda a sua magnitude, podendo atingir até dois ou três centímetros nalgumas pessoas. | ||
No resto do dia, esses indivíduos podem ter pressão arteriais dentro dos limites do normal. É, por isso, lógico pensar que os valores da pressão arterial medida em casa são mais representativos da sobrecarga tensional do que as medições feitas em consulta médica. É por isso vantajoso que os médicos, em casos seleccionados, se apoiem nas medições efetuadas em casa, pelo doente, para decidir sobre o diagnóstico e tratamento. Isto é particularmente importante nos indivíduos com suspeita de HTA ligeira, em que as decisões são por vezes mais difíceis. Em clínicas melhor padrão tecnologicos são cada vez mais utilizados pressurómetros automáticos, ambulatórios, que permitem medir a pressão arterial do indivíduo durante as suas atividades habituais, no seu ambiente quotidiano. É, deste modo, possível ter uma informação muito detalhada, da verdadeira sobrecarga tensional a que o aparelho cardiovascular desse indivíduo está submetido, ao longo das 24 horas do dia. TRATAMENTO DA HIPERTENSÃO Diversos ensaios clínicos mostram que o tratamento farmacológico é verdadeiramente eficaz no controle da hipertensão e na redução das suas complicações. Embora os fármacos anti-hipertensores devam ser prescritos sem hesitação nos doentes com hipertensão moderada a grave (mínimas superiores a 105 mmHg), já o mesmo se não passa nos casos com HTA ligeira. Nestes doentes, deve-se sempre começa por fazer um período inicial de avaliação diagnóstica cuidadosa e iniciar-se um programa de medidas não farmacológicas. Verifica-se em muitos casos uma descida espontânea da pressão arterial, relacionada com a habituação do doente às manobras de medição e ao médico. A instituição de medidas não farmacológicas vai trazer só por si enormes benefícios ao doente, não só em termos de decida da tensão, como também de correção de outros fatores de risco cardiovascular: obesidade, hiperlipidémia, diabetes, tabagismo, sedentarismo, erros alimentares, alcoolismo, etc. MEDIDAS NÃO FARMACOLÓGICAS A adoção de um estilo de vida saudável proporciona geralmente uma descida significativa da pressão arterial, que pode ser suficiente para baixar até valores tensionais normais. As vantagens que advêm de não ser, nestes casos, necessário recorrer a medicamentos (ou ser possível reduzir a sua quantidade) são por demais evidentes para necessitarem de ser enumeradas.
Quando as medidas não farmacológicas forem insuficientes teremos de recorrer aos fármacos. No entanto há que ter presente que os fármacos não curam a HTA, somente a controlam. Por isso, uma vez iniciado, o tratamento medicamentoso deverá em princípio ser continuado a mantido por toda a vida que ele próprio tanto tanto ajuda a prolongar. Deve, todavia, acrescentar-se que o cumprimento das medidas não farmacológicas de controle da pressão arterial permite seguramente reduzir as doses e permite eventualmente, em percentagem significativa de doentes, com hipertensão moderada, interromper o uso de medicamentos. Os objetivos da terapêutica farmacológica são controlar a pressão arterial com o menor número e a menor dose de fármacos. Menos medicamentos significa menos efeitos acessórios e menos despesa para o doente. Nunca é demais salientar que idealmente os fármacos deverão normalizar a pressão arterial, sem provocar quaisquer efeitos acessórios. O objeivo da terapêutica em termos tensionais deverá ser o de obter valores iguais ou inferiores a 140/90 mmHg, embora nos indivíduos idosos se possam aceitar valores um pouco mais elevados. Um dos aspectos mais frequentes esquecidos é o de ser necessário controlar os fatores de risco associados, tais como a obesidade, o tabaco, o álcool, o sedentarismo, tão frequentes nos indivíduos com hipertensão. Este aspecto é fundamental para se obter o objectivo final do tratamento da hipertensão, que é o de prevenir a incidência das complicações cardiovasculares causadas pela HTA. Finalmente, não esquecer que nem todos os doentes reagem da mesma maneira aos diferentes fármacos anti-hipertensos. Um mesmo fármaco, que controla facilmente um doente, pode causar efeitos secundários intoleráveis noutro. No entanto, dispomos hoje em dia de um arsenal terapêutico em constante progresso que, quando judiciosamente utilizado, permite controlar a hipertensão na esmagadora maioria dos casos, sem interferir com o bem estar do doente. |
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