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12.30.2010

Uma visão do futuro

Aonde podemos chegar como uma potência emergente e o que é preciso fazer para que as oportunidades de crescimento se tornem uma realidade


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CHANCE
Em dez anos o Brasil pode ser
a quinta maior economia do mundo
Economistas são pródigos em discordar de seus pares. Opiniões unânimes a respeito de previsões sobre como se comportará a economia no futuro são tão raras entre eles quanto discussões civilizadas sobre futebol. Nem mesmo quando o mundo estava prestes a cair no abismo da crise financeira de 2008 havia consenso sobre os riscos reais da inchada bolha imobiliária americana que viria a derrubar instituições aparentemente sólidas como o Banco Lehman Brothers. Desde o ano passado, no entanto, o Brasil está conseguindo o raro feito de extrair opiniões quase unânimes mundo afora. São poucos, pouquíssimos, os economistas que ousam discordar de que o País entrou em um ciclo de desenvolvimento sustentado. E mais: são ainda mais raros aqueles que duvidam da capacidade de o Brasil se tornar uma das maiores potências econômicas do planeta em um par de dezena de anos. “Estamos condenados a crescer e vamos ultrapassar rapidamente grandes potências. Hoje o Brasil ganha terreno, enquanto outros perdem”, diz o economista-chefe da Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo, o ex-diretor do Banco Central Carlos Thadeu de Freitas.

A opinião de Freitas parece ufanista. Mas não é. Excetuando alguns poucos momentos da história brasileira, nunca o País esteve tão preparado para dar um salto de desenvolvimento como agora. Estável, vivendo um ambiente de tranquilidade institucional, com ascensão social e econômica das parcelas mais pobres de sua população e sem pressões inflacionárias ou de liquidez, o Brasil caminha para se transformar em uma das cinco maiores economias do mundo nos próximos dez anos. “Nós já entramos na classe média mundial. Nosso PIB per capita atingiu os US$ 10 mil e acredito que possamos chegar aos US$ 20 mil em 2030”, diz Bráulio Borges, economista-chefe da LCA Consultores. “Isso mostra que estamos crescendo de forma constante e, o melhor, com distribuição de riqueza.”

Demanda interna aquecida
Com a demanda interna extremamente aquecida, o Brasil pode se dar ao luxo de não precisar entrar em uma espiral de desespero com a crise que assola países desenvolvidos, como a que ameaça a União Europeia. “O bônus demográfico está a nosso favor, o pico de pessoas entrando no mercado de trabalho, produzindo, consumindo e tomando crédito só ocorrerá em 2020”, diz Cristiano Souza, economista sênior do Santander. Ou seja, como aconteceu em 2008 e 2009, a economia brasileira tem fôlego para continuar se expandindo, mesmo que haja uma recessão mundial. É claro que isso não se sustenta eternamente, como mostra a China, dona da maior população do planeta, mas que baseou seu espantoso crescimento no mercado externo.

O consenso em torno do Brasil não se restringe apenas à sua capacidade de se tornar uma potência econômica. Se estende também aos numerosos e complexos desafios que o País precisa enfrentar com urgência para conseguir fazer com que seu potencial de crescimento se torne realidade. E eles são muitos e diversos. Vão desde uma complicada estrutura tributária, passando por uma decadente e onerosa infraestrutura e um baixíssimo nível de investimento até chegar a um dos pontos mais complicados de ser resolvido: o ineficiente sistema educacional brasileiro. “Nunca vamos chegar lá se não resolvermos o problema da educação, esse é o ponto básico”, diz o presidente da Federação das Indústrias de São Paulo (Fiesp), Paulo Skaf.
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FUTURO
Educação é a chave mestra para
destravar o potencial de crescimento do Brasil

A educação de má qualidade, em especial a básica e a técnica, como ocorre no Brasil, vai desaguar em uma série de problemas que inevitavelmente servirão como freio para o desenvolvimento do País. Mesmo após duas décadas de estagnação e apenas um recente período de crescimento, o Brasil já sente os efeitos da falta de investimento na formação de seus cidadãos. Setores como o da construção civil, tão acostumado a se locupletar com a fartura de profissionais pouco qualificados – e consequentemente baratos –, já têm dificuldade de encontrar trabalhadores que saibam operar as modernas máquinas que agora precisam usar. O mesmo ocorre na inovação, crescente no Brasil, é verdade, mas muito aquém de países em franco desenvolvimento.

Não há dúvida de que o Brasil finalmente encontrou o caminho que pode levá-lo ao desenvolvimento, deixando de ser, finalmente, o eterno país do futuro. Mas o caminho para trazer ao presente os eternos sonhos de potência de Primeiro Mundo é tortuoso, íngreme e com muitos obstáculos. “Não podemos nos deixar levar pelas circunstâncias favoráveis do momento. Precisamos aceitar que nossa sociedade ainda é desorganizada, tem pouca educação e pouco poder de articulação”, diz Finho Levy, diretor do Fórum de Líderes Empresariais. É fato. Não se resolve um problema sem conhecê-lo.
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