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12.11.2010

Sugestões para melhorar sua vida pessoal





1.



Marque na agenda uma reunião com a pessoa mais importante de sua vida: você. Nesse momento só seu, faça o que quiser. Não espere surgir um tempo livre, porque esse tempo nunca aparece.
2. Corra atrás do que quer. Nada acontece por acaso. 'Esperar é desejar sem poder. Mexa-se', ensina o filósofo francês André Comte-Sponville no livro A Felicidade Desesperadamente.
3. Aceite que a vida tem limites. Não dá para querer que o dia tenha 48 horas ou que ele passe mais depressa.
4. Expresse suas emoções materializando-as com palavras. Não colocar para fora conflitos psicológicos pode favorecer o aparecimento de úlceras e gastrites.
5. Pratique o otimismo. Um dos maiores estudos já feitos sobre longevidade mostrou que encarar o dia-a-dia de forma positiva rejuvenesce e garante mais anos de vida. 'Ser negativista não resolve os problemas, mas pode abreviar seus dias', diz o psiquiatra Augusto Cury em Dez Leis para Ser Feliz.

6.



Olhe-se no espelho antes de ir para a rua. Veja se está arrumada, com a roupa passada e combinando, o cabelo penteado, e saia de casa confiando ainda mais em si.
7. Não é o que fazemos de vez em quando que conta na vida, mas nossas ações mais constantes.
8. Se não gosta de algum aspecto de sua identidade, por que mantê-lo? O poder de mudar é seu.
9. Faça a diferença na vida de alguém. Dê uma, duas horas de sua semana para idosos de um asilo, crianças numa creche, ensine a empregada a ler ou o motorista a mexer no computador.
10. Tenha compaixão. Segundo estudos do psicólogo David McClelland da Universidade Harvard, o sentimento aumenta a produção de anticorpos. Solidarizar-se com a dor do outro fará você se sentir bem emocional e fisicamente.
11. Saiba o que desejar. 'Um dos obstáculos para atingir a felicidade é querer coisas que não são essenciais para a sua vida', ensina o mestre Dalai Lama em A Arte da Felicidade.
12. Sorria. Isso aumenta os níveis do hormônio do crescimento e da serotonina, responsáveis pelo sistema imunológico e pela sensação de bem-estar. Todos os dias, reserve a pausa do café ou o intervalo na aula de ginástica para dizer bobagens, contar piadas, divertir-se.
13. Venere seu inimigo. 'Na realidade, o inimigo é a condição necessária para a prática da paciência', diz Dalai Lama.
14. Economize palavras. Mais importante que falar é saber se comunicar.
15. Releia os livros dos tempos de faculdade. Ler textos que fizeram parte de sua vida vai fazê-lo lembrar de sonhos, ambições e interesses.
16. Seja seu próprio fã. O alicerce da felicidade é a auto-estima. 'A gente precisa se gostar sem depender do nosso desempenho', ensina o psicólogo Luis Alberto Py.

17.
 Preserve suas recordações. Faça
um álbum com pequenas lembranças, como um bilhete,
o cardápio daquele jantar, o
postal de uma viagem, o ingresso
de um show. Nada é mais gostoso que reviver os bons
momentos.

18.

Arranje um animal de estimação. Inúmeras pesquisas já provaram que eles aumentam a auto-estima dos donos e ajudam a relaxar mesmo as pessoas mais estressadas.
19. Seja honesto consigo mesmo. Quem tem de gostar de você é você.
20. Deixe de lado todas as coisas que você começou e não teve tempo para terminar. 'Se não tem 15 minutos do seu dia para se dedicar, elas não são tão importantes assim', alerta o psicólogo Neil Fiore, autor de The Now Habit.
21. Aproveite a internet para encontrar colegas de faculdade e amigos de infância. Mande um e-mail, ligue, coloque a conversa em dia. Muita gente toma decisões importantes na vida depois desse tipo de conversa, que ajuda a lembrar como éramos no passado.
22. Não seja o dono da verdade. Pesquisa da Universidade de Bradford mostrou que 62% das pessoas que se acham sempre com a razão fazem uma ótima avaliação de si mesmas. Por isso, não fazem concessões e vivem com raiva de tudo e de todos.
23. Aproveite o verão e adicione cor a seu guarda-roupa. Levanta o astral.
24. Lembre-se de onde você veio. A internet está cheia de sites de genealogia. 'Conhecer nossos antecedentes, nossa origem, traz um reforço à nossa identidade e nos faz sentir um ser único e original'.
25. Junte-se a um grupo - de teatro, degustação de vinho, leitura ou de sua igreja. Isso desenvolve a solidariedade e torna as pessoas mais seguras.
AIDA VEIGA Com reportagem de Beatriz Monteiro, Camila Carvas e Suzane Frutuoso

Autocontrole do temperamento

 Às vezes conter-se é preciso. Isso mesmo: controlar-se. Mais ou menos o que quis dizer o sábio com o “Conhece-te a ti mesmo”. Conhece-te e aprende a bem governar-te.
 Somos cuidadosos, salvaguardando o clima doméstico. Dispositivos de alarme, faxinas, inseticidas, engenhos de proteção e limpeza.No entanto, raros de nós se acautelam contra o inimigo que se nos instala no próprio ser, sob os nomes de canseira, nervosismo, angústia ou preocupação.Asseguramos a tranqüilidade dos que nos cercam, multiplicando recursos de segurança e higiene, no plano exterior, e, simultaneamente, acumulamos nuvens de pensamentos obsessivos que terminam suscitando pesadelos dentro de casa.Muitas vezes, desapontados conosco mesmos, à face dos estragos estabelecidos por nossa invigilância, recorremos a tranquilizantes diversos, tentando situar a impulsividade que nos é própria no quadro das moléstias nervosas, no pressuposto de inocentar-nos.Sem dúvidas não podemos subestimar o poder da mente sobre o campo físico em que se apóia. Se acalentarmos a irritação sistemática, é natural que os choques do espírito atrabiliário alcancem corpo sensível, descerrando brechas à enfermidade.Nesse caso, é preciso rogar por socorro ao remédio. Ainda assim, é imperioso nos decidamos ao difícil entendimento do autodomínio.No que concerne ao temperamento, é possível receber as melhores instruções e receitas de calma; entretanto, em última análise, a providência decisiva pertence a nós mesmos.Ninguém consegue penetrar nos redutos de nossa alma, a fim de guarnecê-la com barricadas e trancas.Queiramos ou não, somos senhores de nosso reino mental. Por muito nos achemos hoje encarcerados, do ponto de vista de superfície, nas conseqüências do passado, pelas ações infelizes em nossa estrada de ontem, somos livres, na esfera íntima, para controlar e educar o nosso modo de ser. Não nos esqueçamos de que fomos colocados, no campo da vida, com o objetivo supremo de nosso rendimento máximo para o bem comum.Saibamos enfrentar os nossos problemas como sejam e como venham, opondo-lhes as faculdades de trabalho e de estudo que somos portadores. Nem explosão pelas tempestades magnéticas da cólera e nem fuga pela tangente do desculpismo.Conter-nos. Governar-nos. Aqui e além, estamos chamados a conviver com os outros, mas viveremos em nós estruturando os próprios destinos, na pauta de nossa vontade, porque a vida, em nome de Deus, criou em cada um de nós um mundo por si.
* Do livro “Encontro Marcado”, pelo Espírito Emmanuel, por Francisco Cândido Xavier.

Melhorando e conquistando

melhorar
Você não raras vezes fica triste por não ter certas coisas como se alguém lhe devesse. Como se tivesse direito… Mas ninguém lhe dá nada, a não ser o seu próprio mérito.
Ninguém tem que lhe dar nada. Ninguém tem obrigação de fazer nada por você. Não se engane.
Você se enganou e agora está aí, na espera. Na espera amargurada de que algo de bom lhe aconteça. E com raiva das pessoas que estão melhorando, que estão conquistando. Saiba que se elas hoje estão assim não é à toa: é que elas concretizaram cada passo para chegar onde estão, subiram degrau a degrau, tiveram atitude positiva.
Não é de tanto se queixar que as melhoras acabarão acontecendo pra você. É tomando consciência de que você é que está em falta consigo, seja pela preguiça, seja pela queixação, seja pela enganação. Você é que está em falta consigo, negligenciando seus dons, enquanto espera a coisa melhorar.
Aprenda! Se a melhora não acontecer aí dentro, nada na sua vida melhorará de verdade, pois ela é a exteriorização do que se passa dentro de você.
Para melhorar é preciso batalhar, fazer por merecer.
Baseado em dizeres de Calunga.

SALVE O DIA DO PALHAÇO

Pato gigante à praia de Ipanema

Banhistas carregaram a ave inflável até o mar neste sábado (11).
Evento internacional ocorre no Rio e em outras partes do país até domingo.

Pato gigante na Praia de Ipanema 
Banhistas carregaram pato inflável, na manhã deste sábado (11), pelas areias da praia de Ipanema, na Zona Sul do Rio. A atividade faz parte do Encontro Internacional de Palhaços, que termina neste domingo (12)
Pato gigante na Praia de Ipanema 
 Diversão foi levar a ave gigante até o mar no início da tarde
Pato gigante na Praia de Ipanema 
Pato inflável e Morro Dois Irmãos, que pode ser visto da praia de Ipanema

Normas para rótulos de medicamentos e cosméticos

Comissão aprova normas para rótulos de medicamentos e cosméticos

 Ivan Valente diz que as normas devem estar em lei. A Comissão de Defesa do Consumidor aprovou na quarta-feira (8) proposta que determina que medicamentos somente sejam vendidos em embalagens lacradas, nas quais constem o número do lote de fabricação e a data de validade, gravados de forma indelével na própria embalagem ou em seu rótulo. Conforme a proposta, a medida valerá também para insumos farmacêuticos, produtos de higiene e cosméticos, importados ou não.

O texto aprovado é o substitutivo do deputado Ivan Valente (PSol-SP) ao Projeto de Lei 4398/98, do Senado, e a 12 projetos a ele apensados. Pela proposta, as notas fiscais para a compra e venda desses produtos deverão conter também os números dos lotes de fabricação. O texto altera a Lei 6.360/76, que trata da vigilância sanitária dos medicamentos e outros insumos farmacêuticos.
O Decreto 79.094/77 já obriga a inscrição do lote de fabricação, bem como da data de validade, nos rótulos e embalagens de medicamentos e outros insumos farmacêuticos. Já a Resolução 320/02 da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) determina a inserção do número do lote nas notas fiscais emitas por fabricantes ou distribuidores. Porém, o relator considera importante conferir às medidas status de lei, para garantir-lhes segurança jurídica.
Venda em supermercados
A proposta também veda explicitamente o comércio de drogas, medicamentos e de outros insumos farmacêuticos em supermercados, armazéns, empórios, lojas de conveniência e drugstores. Para isso, altera a Lei 5.991/73, que trata do controle sanitário do comércio de medicamentos. A lei atual não traz essa proibição explícita, mas diz que a venda desses produtos é privativa de farmácias, drogarias, postos de medicamentos e outros estabelecimentos correlatos.
Várias projetos apensados ao PL 4.398/98 visavam justamente liberar a venda de medicamentos em supermercados, armazéns e lojas de conveniências. Porém, o relator acredita que a ampliação dos pontos de venda não contribui para o interesse da sociedade. "Ao contrário, favorece a banalização do consumo desses produtos, estimulando a automedicação e o consumo irresponsável", diz Ivan Valente. Para ele, a liberação também dificultaria a fiscalização sanitária, "sabidamente insuficiente para os já numerosos estabelecimentos autorizados a comercializar medicamentos".
Tramitação
A proposta, que tramita em regime de prioridadeNa Câmara, as proposições são analisadas de acordo com o tipo de tramitação, na seguinte ordem: urgência, prioridade e ordinária. Tramitam em regime de prioridade os projetos apresentados pelo Executivo, pelo Judiciário, pelo Ministério Público, pela Mesa, por comissão, pelo Senado e pelos cidadãos. Também tramitam com prioridade os projetos de lei que regulamentem dispositivo constitucional e as eleições, e o projetos que alterem o regimento interno da Casa., em caráter conclusivoRito de tramitação pelo qual o projeto não precisa ser votado pelo Plenário, apenas pelas comissões designadas para analisá-lo. O projeto perderá esse caráter em duas situações: - se houver parecer divergente entre as comissões (rejeição por uma, aprovação por outra); - se, depois de aprovado ou rejeitado pelas comissões, houver recurso contra esse rito assinado por 51 deputados (10% do total). Nos dois casos, o projeto precisará ser votado pelo Plenário., segue para análise das comissões de Seguridade Social e Família e de Constituição e Justiça e de Cidadania.

Íntegra da proposta: PL-4398/1998 

Alergia

Dermatite Atópica fisiopatologia

A dermatite atópica (DA) é distúrbio cutâneo crônico com recidivas freqüentes e com base imunológica. A apresentação clínica varia de leve a muito severa e, nos piores casos, pode interferir com o crescimento e o desenvolvimento normais. O tratamento consiste em hidratação adequada da pele, evitar precipitantes alergênicos, antiinflamatórios tópicos, anti-histamínicos sistêmicos e cobertura com antibióticos em infecções secundárias.
Embora freqüentemente usados de maneira intercam­biável, os termos eczema e dermatite atópica não são equivalentes. Eczema é um padrão de reação com várias causas, sendo a dermatite atópica a causa pediátrica mais comum. Outras causas de dermatite eczematosa incluem dermatite de contato alérgica, dermatite de contato por irritante, dermatite seborréica, eczema numular, eczema disidrótico e líquen simples crônico. As reações eczematosas podem ser classificadas em agudas, subagudas ou crônicas, dependendo das características físicas e da história.
Fisiopatologia
A etiologia da dermatite atópica continua obscura. Histologicamente, a DA tem demonstrado ser um processo inflamatório complexo, envolvendo mastócitos, linfócitos e leucócitos infiltrativos. Uma teoria sobre a causa é que a DA resulte de um linfócito T auxiliador 2 hiperativo (Th2) e da regulação negativa da atividade de Th1. As células Th2 normalmente secretam interleucina-4 (IL-4), IL-5 e IL-13, das quais IL-4 e IL-13 servem para promover a síntese da imunoglobulina E (IgE) dos linfócitos B e para ativar o endotélio vascular. IL-5 aumenta as respostas mediadas por eosinófilos. Essa teoria é sustentada pelas freqüentes ocorrências de níveis elevados de IgE no sangue e eosinofilia no sangue periférico em pacientes com DA. Além disso, acumulam-se as evidências de que a administração de IL-2 ou gama-interferon, as citocinas do sistema de resposta imune Th1, a pacientes atópicos resulte em melhora da severidade da doença.
Outra teoria é que a DA possa decorrer de problemas com o metabolismo dos ácidos graxos. Especificamente, têm sido observados níveis deficientes de ácidos graxos ômega 6 no sangue e nos tecidos adiposos de indivíduos afetados por DA, bem como no leite das mães de algumas das crianças afetadas. Crianças alimentadas com leite de vaca, que tem um rendimento relativamente baixo de ácidos graxos ômega 6 em comparação com o leite materno, têm incidência mais alta de DA do que as alimentadas com leite materno. Além disso, a prostaglan­dina E1 (PGE1) e a PGE2, principais metabólitos da biossíntese dos ácidos graxos ômega 6, têm demonstrado suprimir a síntese de IgE e são necessárias para a estimulação ótima das atividades das células Th1 pelos hormônios tímicos.
Freqüência
Nos EUA: Ocorre DA em aproximadamente 10% a 15% das crianças. Áreas no hemisfério ocidental têm uma prevalência estimada em 10%, enquanto áreas na Ásia têm prevalência muito mais baixa da doença. O interessante é que populações que migram de áreas de baixa prevalência para áreas de prevalência mais alta têm mostrado aumento da incidência de DA, apoiando a idéia de fortes influências ambientais no desenvolvimento da DA. As crianças com asma ou rinite alérgica concomitante têm uma incidência de 30% a 50% de desenvolvimento de dermatite atópica.
Raça: Nenhuma predileção clara foi identificada.
Sexo: Ambos os sexos são afetados com igual incidência e severidade.
Idade: A DA pode apresentar-se em qualquer idade, mas costuma iniciar-se com 2 a 6 meses. Setenta e cinco por cento dos indivíduos apresentam acentuada melhora da severidade da DA por volta dos 10-14 anos, mas os restantes 25% continuam a ter recidivas durante sua vida adulta.
Clínica
História: Os critérios de diagnóstico para dermatite atópica foram propostos por Hanifin e Rajka e adotados amplamente pela Academia Americana de Alergia, Asma e Imunologia. Casos apropriados devem ter pelo menos três características maiores e pelo menos três características menores.
As características maiores incluem o seguinte:
- prurido; - morfologia e distribuição típicas (liquenificação flexural e linearidade em adultos, envolvimento facial e extensor em lactentes e pré-escolares); - dermatite crônica ou cronicamente recidivante; antecedentes pessoais ou familiares de atopia (asma, rinoconjuntivite alérgica, dermatite atópica).
As características menores são as seguintes: - xerose (pele seca); - ictiose/pulmonar, hiperlinearidade/queratose pilar; - dermatite da mão e/ou do pé; - queilite; - eczema do mamilo; - sensibilidade a infecções cutâneas (Staphylococcus aureus, vírus herpes simples [HSV], outros vírus, verrugas, molusco, dermatófitos); - eritrodermia; - acentuação peri­folicular; - pitiríase alba; - idade de início baixa; - compro­metimento da imunidade celular; - conjuntivite recorrente;
- escurecimento orbitário; - prega infra-orbitária (dobra de Dennie, prega de Morgan); - pregas anteriores do pescoço; - ceratocone; - catarata subcapsular anterior; - sensibilidade a fatores emocionais; - intolerância alimentar; - prurido com a sudorese; - intolerância à lã; - dermo­grafismo branco;
- resposta imediata tipo I a testes na pele, IgE total elevada no sangue; - eosinofilia no sangue periférico.
• A maioria das crianças atópicas relata história notável de prurido intenso e pele seca. A qualidade do prurido é referida como propagada. As crianças afetadas costumam ter baixo limiar de prurido, resultando em aumento dos níveis de reatividade cutânea em resposta a estímulos. Os pacientes podem sucumbir a um ciclo vicioso de prurido–arranhadura–prurido, no qual o prurido estimula uma crise em que a pessoa se coça e se arranha. Isso, por sua vez, aumenta a inflamação cutânea e desencadeia maior sensação de prurido, assim, exacerbando o quadro.
Alteração da imunidade celular tem sido observada em pacientes com DA. Isso é observado clinicamente como história de infecções cutâneas incomuns repetidas (eczema herpético, verrugas, molusco e dermatófitos).
Exame físico
• Existem três classes de lesões na pele: - agudas – pápulas eritematosas intensamente pruriginosas e vesículas sobre pele eritematosa, freqüentemente associadas a escoriações e erosões extensas acompanhadas por exsudatos serosos; - subagudas – eritema, escoriação e descamação,  crônicas –  placas cutâneas espessadas, trama da pele acentuada (liquenificação), pápulas fibróticas (prurigo nodular). Todos os três tipos de lesões podem coexistir na DA crônica.
• Localizações típicas das lesões por idade: - criança ainda sem mobilidade independente – face e couro cabeludo; - criança que engatinha – superfícies extensoras das extremidades, tronco, face e pescoço; - escolares e adolescentes – punhos, tornozelos, fossas antecubitais, fossas poplíteas e pescoço; - adultos – podem ficar limitadas ao eczema das mãos e dos pés; - achados associados na dermatite atópica incluem ceratose pilar; pregas palmares acentuadas; liquenificação; dobras atópicas; contusões alérgicas; palidez em torno do nariz, boca e orelhas; dermografismo branco; catarata e ceratocone; - ceratose pilar ou pele de frango depenado, consiste em grandes tampões corneificados na parte superior dos folículos pilosos e dão um aspecto pontilhado à pele das partes externas dos braços e das pernas e na região glútea e do tronco; - palmas hiperlineares geralmente estão presentes ao nascimento e persistem durante toda a vida – consistem em número aumentado de linhas finas e trama acentuada nas palmas; - liquenificação dos punhos, tornozelos, fossas poplíteas ou fossas antecubitais é característica da dermatite atópica crônica. É observada como placas espes­sadas, semelhante a couro e hiperpigmentadas de pele com aprofundamento das pregas cutâneas normais; - dobras atópicas, também denominadas pregas de Morgan-Dennie, pregas de Morgan, dobras de Dennie ou linhas mongólicas, são dobras observadas imediatamente abaixo da pálpebra inferior de ambos os olhos e são mantidas por toda a vida; - contusões alérgicas são despigmentações infra-orbitárias cinza-violáceas causadas por estase vascular subjacente. O aumento da pressão sobre os plexos venosos nasal e paranasal causa edema nessas áreas, levando ao desenvolvimento de dobras atópicas e contusões alérgicas; - prega nasal transversa proeminente é sinal comum de rinite alérgica concomitante e, juntamente com as contusões alérgicas e dobras atópicas, pode ser um indício para o diagnóstico de uma diátese atópica; - dermografismo é uma reação normal em 5% da população. Depois de um instrumento firme e pontiagudo riscar a pele, é observado como linha vermelha, seguida por uma área eritematosa que, finalmente, evolui para pápula. Essa resposta ocorre a três minutos da agressão. O dermografismo branco é uma reação paradoxal, em que a linha vermelha inicial é substituída, em dez segundos, por linha branca e ausência de pápula. Essa reação pode ser observada na dermatite atópica e na dermatite de contato alérgica; - a catarata atópica afeta 4% a 12% dos pacientes com DA e ocorre muito mais cedo do que a catarata senil. É tipicamente bilateral, central e em forma de escudo, podendo amadurecer rapidamente. Como, em geral, é assintomática, o diagnóstico geralmente é feito por exame na lâmpada de fenda. A incidência de catarata em pacientes atópicos parece não estar relacionada com o uso de esteróides tópicos; - ceratocone é um alongamento da superfície córnea que se pensa ser causado pelo ato de esfregar os olhos durante muito tempo e pode ser uma alteração degenerativa da córnea. O ceratocone afeta aproximadamente 1% das crianças com DA e, em geral, pode ser aliviado com o uso de lentes de contato.
Causas: A etiologia da DA parece estar ligada à genética e a agentes ambientais.
A prevalência da DA em crianças com um dos pais afetado é de 60% e se eleva a quase 80% para crianças com os dois pais afetados. Adicionalmente, quase 40% dos pacientes recém-diagnosticados relatam antecedentes familiares positivos para DA em pelo menos um parente de primeiro grau. Existe concordância muito mais alta de DA em gêmeos monozigóticos do que em gêmeos dizigóticos.
Alérgenos ambientais repetidamente têm demonstrado desencadear exacerbações de DA em indivíduos sensíveis. Irritantes de contato, clima, sudorese, aeroalérgenos, organismos microbianos e estresse/fatores do psiquismo são réus comuns.
• Irritantes de contato (sabões, solventes, roupas de lã, irritantes mecânicos, detergentes, conservantes, perfumes) comprometem o integumento, criando inflamação, irritação e uma porta de entrada para maior agressão ambiental. Esses irritantes da superfície, juntamente com os efeitos macerativos da sudorese e os efeitos ressecantes da baixa umidade, baixam o limiar pruriginoso. Segue-se um ciclo vicioso de prurido e arranhões, ao qual se acrescenta lesão da pele causada pelo coçar e que baixa ainda mais o limiar pruriginoso e, subseqüentemente, causa aumento do prurido.
• Aeroalérgenos (ácaros da poeira doméstica, bolores, pólen) induzem eosinofilia periférica e níveis elevados de IgE no sangue. Esses efeitos iniciais levam a aumento da liberação de histamina dos mastócitos ativados por IgE e atividade elevada do sistema imune mediados por linfócitos T auxiliadores. O aumento da liberação de mediadores vasculares (bradicinina, histamina, substância de anafilaxia de reação lenta [SRS-A]) induz vasodilatação, edema e urticária, que, por sua vez, estimulam o prurido e alterações inflamatórias cutâneas.
• Agentes microbianos (como S. aureus, leveduras Pityrosporum, Candida, dermatófitos Trichophyton) atuam de dois modos diferentes para promover as crises de DA. Os microrganismos invadem diretamente a pele, criando lesão local e inflamação e induzem resposta alérgica sistêmica a antígenos específicos, causando elevação da IgE no sangue e aumento da atividade do sistema imune.
• A alergia alimentar está implicada em um terço à metade das crianças com DA. Os alérgenos alimentares mais comuns são o ovo, a soja, o leite, trigo, peixe, frutos do mar e amendoim, que, em conjunto, são responsáveis por 90% dos casos de DA induzidos por alimentos em desafios alimentares duplo-cegos e controlados por placebo. Felizmente, muitas alergias alimentares vão diminuindo de intensidade depois de 1 ano de idade, eliminando a necessidade de dietas restritivas por longo tempo.
• O estresse pode desencadear DA nos pontos de terminações nervosas cutâneas ativadas, possivelmente pelas ações da substância P, do peptídeo intestinal vasoativo (VIP) ou através do sistema do adenilciclase-monofosfato de adenosina cíclico (AMPc).

Diferenciais
Acrodermatite enteropática, dermatite de con­tato, infecção pelo vírus do herpes simples, síndrome da hiperimunoglobulinemia E (Job), fenilcetonúria, escabiose, infecção pelo Staphylococcus aureus, síndrome de Wiskott-Aldrich, dermatite seborréica, psoríase.
Investigação
Estudos laboratoriais
• Não existem exames laboratoriais definitivos para diagnosticar DA.

• Ocorrem níveis elevados de IgE no sangue e eosinofilia no sangue periférico na maioria dos indivíduos com DA e podem ser úteis para confirmar as condições atópicas dos casos suspeitos.

• Observa-se a presença de IgE no sangue dirigida contra a parede celular do S. aureus na síndrome da hiper-IgE e na dermatite atópica.

• Infecções comuns que simulam ou complicam a DA podem ser testadas da seguinte maneira: fazer um esfregaço de Tzanck para HSV, preparação de hidróxido de potássio (KOH) para dermatófitos e coloração Gram para infecções bacterianas.
Outros testes
Testes cutâneos para alérgenos comuns podem ajudar a identificar desencadeantes específicos de DA. Para maior precisão, os anti-histamínicos devem ser interrompidos uma semana e os esteróides tópicos duas semanas antes dos testes. Embora usados mais freqüentemente em pré-escolares com doença moderada a severa, não são incomuns resultados falso-negativos e falso-positivos em crianças com menos de 8 anos. Se positivos, esses testes não indicam necessariamente desencadeantes clinica­mente significativos. Os testes cutâneos somente indicam que o paciente foi sensibilizado aos antígenos em particular. Por exemplo, a maioria das crianças que demonstrou ter múltiplas alergias alimentares por testes cutâneos somente demonstrará reações alérgicas clinicamente detectáveis a três ou menos alimentos quando testada por testes provocativos randomizados duplo-cegos.
O teste de radioalergoabsorção (RAST) e o ensaio imunoadsorvente associado a enzima (ELISA) in vitro identificam IgE no sangue direcionada a alérgenos específicos. Como com os testes cutâneos, esses métodos diagnósticos mostram pouco valor preditivo para alergias alimentares clinicamente significativas e podem dar resultados falso-positivos quando o sangue do paciente contiver níveis elevados de IgE.
Achados histológicos: Lesões eczematosas agudas mostram tramas histológicas de hiperqueratose, paraqueratose e acantose com diminuição ou ausência da camada celular granular. Características importantes no diagnóstico histológico incluem espongiose (acúmulo de líquido nas áreas intercelular e intracelular) e exocitose (infiltrado de leucócitos através da epiderme). Lesões eczematosas crônicas exibem hiperqueratose com áreas de paraqueratose e papilomatose (proliferação cranial das papilas dérmicas).
Tratamento
Cuidados clínicos
O passo mais fundamental e importante no combate à DA é a reidratação do estrato córneo. A reidratação preserva a barreira do estrato córneo, minimizando os efeitos diretos de irritantes e alérgenos sobre a pele e maximizando o efeito de terapias aplicadas topicamente, assim diminuindo a necessidade de esteróides tópicos.
• Banhos de imersão tépidos com duração de 20 a 30 minutos são ideais. Deve ser evitado banho quente demais para impedir vasodilatação, que pode desencadear prurido e lesão da barreira da pele causada pelo escaldamento.
• Podem ser usadas pequenas quantidades de óleos ou agentes emulsificantes para banho como acréscimo aos benefícios da hidratação em escolares e adolescentes.
• Os sabonetes recomendados são suaves e sem odor, com pH neutro. Até  sabonetes suaves costumam ressecar demais a pele atópica. Se as crianças estiverem na pré-adolescência, poderá ser preferível o banho apenas em água. Pacientes depois da puberdade precisam usar sabonete nas axilas e regiões inguinais, mas não o necessitam em outras partes.
• Se os sabonetes forem irritantes demais para a pele, loções e cremes hidrófobos podem ser usados. Esses agentes têm excelentes propriedades de limpeza e baixo potencial para irritação. Devem ser aplicados sem água e friccionados delicadamente na superfície da pele até que ocorra uma espuma leve. Pano de algodão macio pode então ser aplicado para retirar o agente, deixando uma película protetora de álcool esteárico e propilenoglicol.
• Xampu para bebês pode ser usado para lidar com dermatite do couro cabeludo. Os banhos devem ser seguidos pela aplicação imediata de um emoliente oclusivo sobre a superfície inteira da pele para reter a umidade na epiderme. Se não for aplicado um emoliente em três minutos após saída do banho, a evaporação causará ressecamento excessivo da pele.
• Os emolientes freqüentemente recomendados são hidrófobos e sob a forma de pomadas; estes incluem vaselina e óleo vegetal. Ocasionalmente, os pais podem achar esses agentes gordurosos demais para o uso cotidiano, podendo ser oferecidas alternativas em cremes. Este último grupo de hidratantes é menos eficaz devido aos efeitos oclusivos mais fracos dos cremes, comparados às pomadas; dessa forma, eles devem ser usados somente se os emolientes em pomada não forem bem tolerados.
• Uréia, ácido alfa-hidroxi ácidos e preparações com ácido lático também têm demonstrado amolecer e hidratar a pele seca. Preparações com ácidos alfa-hidroxi e lático também são úteis como hidratantes. Devido à sensação de picadas experimentada pelas crianças com dermatoses agudas ou fissuradas, a concentração de uréia a 10% é preferida às concentrações mais altas e também se deve ter cuidado na aplicação das preparações com ácidos alfa-hidroxi e lático.Existem no mercado preparações contendo hidrocortisona além dos alfa hidroácidos para beneficiar ainda mais no recrudescimento da DA.
• Para crianças com infecções cutâneas repetidas, acrescentar duas colheres de chá de alvejante doméstico por galão de água de banho pode ajudar a reduzir a incidência de tais infecções. Durante exacerbações agudas de DA, despejar uma xícara de sal de cozinha no banho pode abrandar os efeitos aflitivos que essas crianças freqüentemente apresentam enquanto tomam banho.
• Compressas úmidas são muito úteis para diversos tipos de recrudescimentos de dermatite atópica. Podem ser usadas em lesões secas liquenificadas para melhorar a hidratação e aumentar a penetração de corticosteróides tópicos ou, alternativamente, também funcionam bem para secar lesões úmidas através da evaporação. Um líquido comumente usado é a solução de Burow 1:40 porque é germicida e suprime diretamente lesões úmidas por precipitação das proteínas. A solução é preparada facilmente por dissolução de um envelope ou comprimido efervescente em meio litro de água tépida. A água quente induzirá vasodilatação, com aumento da umidade da lesão e do prurido; água fria causará vasoconstrição e vasodilatação secundária. Deve-se imergir um pano macio, como um lenço, uma fralda fina ou tiras de lençóis, na solução até que esteja moderadamente úmida, mas não pingando. Coloque a compressão sobre a pele afetada, periodicamente reumedecendo a compressa. Para casos severos, pode-se aplicar um corticosteróide tópico depois da compressa  para maior penetração e ação da medicação. Um benefício final das compressas úmidas é fornecer uma barreira física contra arranhões.
Buscar aconselhamento psicológico, biofeedback, técnicas de relaxamento, terapia com massagem e modificações comportamentais se os estressores emocionais forem um fator contribuinte para a DA. A luz ultravioleta pode beneficiar alguns pacientes. A luz ultravioleta na faixa UVB pode proporcionar o controle e eliminar ou reduzir acentuadamente a necessidade de esteróides. As novas unidades de banda estreita são especialmente eficazes. A luz ultravioleta na faixa UVA tem sido utilizada na combinação com a administração de psoraleno oral (PUVA) ou com unidades de UVA 1 em altas doses. PUVA não está indicada em pacientes jovens e pode levar a câncer de pele com trata­mentos prolongados. UVA 1 é uma tecnologia em evolução ainda não padronizada ou disponível o suficiente para se recomendar. Pequeno número de pacientes desenvolve eritema ou recrudescimentos da doença com tratamento fototerápico.
Pense em consultar um especialista em alergia, imunologia ou dermatologia para as seguintes afecções:  DA severa (20% de envolvimento da pele, 10% de envolvimento da pele com pálpebras/mãos/áreas intertriginosas afetadas) ou refratária a tratamentos de primeira linha; - eritrodermia ou exfoliação extensa; - complicações infecciosas; - complicações oculares; - complicações psicossociais; - asma ou rinite alérgica coexistente; - comprometimento da qualidade de vida; - identificação de desencadeantes e alérgenos; - DA requerendo hospitalização ou mais de um período de esteróides sistêmicos; - diagnóstico incerto.
Dieta
Alegações antigas de que o aleitamento materno poderia ajudar a prevenir dermatite atópica foram recentemente modificadas devido a estudos retratando que não há diferença significativa na prevalência de DA entre crianças aleitadas com leite materno ou com fórmulas. No entanto, existe uma quantidade substancial de evidências de que a criança amamentada até a idade de 2 anos apresenta a doença numa idade mais alta, mas que a severidade e a duração da DA, uma vez ocorrido o início, são semelhantes para as crianças em ambos os grupos.
Muitos médicos atualmente estão preconizando a eliminação de alimentos comumente alergênicos específicos durante os primeiros 1-2 anos de vida em crianças com DA aguda. A lista curta inclui leite de vaca, ovos, tomates, frutas cítricas, chocolate, produtos de trigo, alimentos condimentados, peixe, nozes e pasta de amendoim. Esses alimentos podem ser reintroduzidos depois do controle do aparecimento agudo inicial da DA ou os pais podem escolher aguardar até que a reatividade diminua acentuadamente com a idade.
Para crianças com mais de 5 anos, as dietas de eliminação nutricionalmente adequadas são o objetivo, se ensaios duplo-cegos controlados por placebo indicarem uma alergia alimentar clinicamente significativa. No entanto, a maioria dos testes cutâneos, os testes RAST e ELISA que revelam resultados positivos contra alérgenos alimentares não se destinam a causar recrudescimentos da doença em ensaios clínicos; desta forma, as dietas de eliminação apenas raramente estão indicadas.
Chás de ervas chineses têm demonstrado ser eficazes em induzir a remissão em algumas crianças e pacientes com doença recalcitrante. Como esses chás contêm até 10 ervas diferentes, que têm várias atividades antiinflamatórias, anti-histamínicas ou imunossupressoras, estes efeitos ainda não foram especificamente ligados a qualquer ingrediente. Há relatos de lesão hepática, renal, cardíaca, bem como de hipersensibilidade; desta forma, os riscos e benefícios precisam ser avaliados melhor.
Atividade
No subgrupo de crianças com DA que também sofrem de alergias respiratórias a alergenos animais, deve-se considerar a remoção dos animais da casa ou seu confinamento a áreas onde as crianças sensíveis não entrem em contato com seus fâneros ou saliva.
Proibir o fumo na casa e em outras áreas freqüentadas pelas crianças com alergias.
Implementar medidas de controle de ácaros e bolores para crianças alérgicas. Aconselhar os pais a usar envoltórios plásticos à prova de ácaros em torno de travesseiros, colchões e molas de colchões. Lavar as roupas de cama semanalmente em água quente para remover os agentes agressores. Para crianças com testes positivos para sensibilidade aos ácaros domésticos por teste cutâneo, aerossóis de natamicina e de benzoato de benzila podem ser úteis no controle de ácaros em carpetes e cortinas.
Evitar irritantes que desencadeiem o ciclo prurido–coçar–prurido (sabonetes, detergentes, químicos, roupas abra­sivas, extremos de temperatura e de umidade); - usar sabonetes com pH neutro e que retirem quantidade mínima da gordura da pele; evitar ressecamento excessivo da pele com adstringentes contendo álcool; lavar roupas novas antes de usar para remover produtos químicos da fabricação; usar detergente líquido, e não em pó, e acrescentar um segundo ciclo de enxágüe para remover todo o detergente residual;  usar roupas mais soltas, de algodão com a trama aberta ou de tecido misto com algodão; evitar lã; usar um umidificador no inverno para impedir ressecamento excessivo da pele e ar condicionado no verão para impedir a sudorese e os efeitos macerativos associados sobre a pele; diminuir a umidade em interiores ajudará a prevenir o crescimento de mofo.
Medicação
Os corticosteróides tópicos são o pilar do tratamento da DA. Aplicar esteróides tópicos somente em áreas de exacerbações agudas, enquanto os emolientes devem ser usados no restante da pele. A absorção de esteróides tópicos é muito maior através da pele hidratada; dessa forma, o momento ideal para aplicação é a três 3 minutos do banho. As formulações dos esteróides em ordem crescente de oclusão são loções, cremes géis e pomadas.
As loções contêm água e podem secar devido ao efeito evaporativo e, portanto, são usadas principalmente no couro cabeludo e em áreas de barba, onde os efeitos do ressecamento não são tão problemáticos. As loções contendo álcool podem causar sensação de queimação com a aplicação. As loções podem conter conservantes, solubilizantes e fragrâncias que podem irritar a pele.
Os cremes, em geral, são bem tolerados, porém menos hidratantes que as pomadas. Os cremes são populares quanto ao aspecto cosmético e à maior conveniência durante tempo quente, já que não ocluem as glândulas sudoríparas écrinas tanto quanto as pomadas e os géis. Como com as loções, os cremes podem conter conservantes, solubilizantes e fragrâncias que podem irritar a pele.
Os géis são altamente oclusivos, e a base de propilenoglicol é irritante para a pele e promove ressecamento. Dessa forma, géis, semelhantemente às loções, são usados principalmente no couro cabeludo e áreas de barba onde os efeitos do ressecamento não são tão problemáticos. São muito eficazes no tratamento de lesões agudas com exsudato ou vesiculares da DA.
As pomadas são, entre os veículos de esteróides, as mais hidratantes, mas sua oclusividade pode não ser bem tolerada, devido à interferência com a função das glândulas sudoríparas e resultante desenvolvimento da dermatite por retenção de suor, especialmente em climas quentes e úmidos. As pomadas funcionam melhor em placas espessadas liquenificadas de DA.
Os corticosteróides sistêmicos têm sido usados na DA crônica severa, mas o uso tem sido limitado na população pediátrica devido ao risco de efeitos colaterais severos, incluindo retardo do crescimento e imunossupressão.
O tacrolimo aplicado topicamente comprovou ser um novo tratamento eficaz para DA. É uma alternativa não-esteroidal especialmente útil ao tratar dermatite facial e intertriginosa. Não perde a eficácia mesmo depois de um ano de tratamento contínuo.
A ciclosporina sistêmica pode reverter dramaticamente os recrudescimentos severos de DA. Devido aos efeitos colaterais, este tratamento deve ter sua duração limitada. Uma vez obtido o controle, deve ser instituída a terapia alternativa de manutenção.
Os tratamentos experimentais para DA têm incluído ensaios de gama-interferon e IL-2; ambos são inibidores das funções das células Th2 e têm sido promissores. Micofenolato mofetil oral, um inibidor da síntese das purinas, também demonstrou recentemente, em duas séries pequenas, ser alternativa eficaz para o tratamento de doença severa.
Categoria dos medicamentos
Corticosteróides tópicos: Nos escolares e adolescentes, tratar casos leves de DA com esteróide tópico de baixa potência (classe VI ou VII) duas vezes ao dia para diminuir a inflamação. Os exemplos incluem creme ou pomada de hidrocortisona a 1% e 2,5%. Para casos moderados de DA, os esteróides com potência intermediária (classes III, IV e V) podem ser usados por breves períodos (não mais que duas semanas) para controlar uma exacerbação eczematosa. Subseqüentemente, esteróides com baixa potência podem ser usados para manter a remissão.
Para casos severos de DA, pulsoterapia com esteróides tópicos de alta potência (classe II) ou esteróides orais podem ser benéficos em adolescentes. Lembre-se de usar apenas esteróides classe VII na face, axilar, região inguinal e áreas intertriginosas devido ao aumento da absorção. Para DA leve em lactentes, os esteróides tópicos classe VI ou VII devem ser eficazes. Se o lactente tiver DA mais severa, poderá ser prescrito um esteróide de potência moderada por até uma semana, sendo ele depois retirado gradualmente para um medicamento de potência inferior para terapia de manutenção. Em geral, não se tratam lactentes com esteróides tópicos das classes de alta potência (classe II ou acima) sem encaminhamento a um dermatologista.
Existe uma fita que é uma película de polietileno impregnada com corticosteróide que intensifica a penetração do esteróide tópico até 100 vezes. A oclusão de um esteróide tópico sob um filme plástico parece funcionar igualmente bem. Esses métodos são especial­mente úteis para placas liquenificadas crônicas de DA.
Antimicrobianos: Os antibióticos antiestafilocócicos (mupirocina ou bacitracina tópica, cefalosporinas de primeira geração, macrolídeos, penicilinas de amplo espectro resistentes à penicilinase, como a oxacilina ou a dicloxacilina, se forem encontradas cepas resistentes de S. aureus, amoxicilina-clavulanato) são úteis nas infecções bacterianas secundárias. Deve-se suspeitar de superinfecções por herpes simples (eczema herpético) se estiverem presentes vesículas ou se não for observada melhora com antibióticos orais. O esfregaço de Tzanck na base das vesículas será positivo em 70% dos casos. Tratar com aciclovir oral ou IV por 10 dias. As infecções por varicela podem tornar-se severas com a presença de DA, sendo recomendado o tratamento precoce com aciclovir. Aconselhar todas as crianças com DA quanto aos benefícios da vacinação contra varicela. Tratar infecções por dermatófitos com antifúngicos tópicos ou orais, como o creme ou xampu de cetoconazol.
Antipruriginosos: A pramoxina é um antipruriginoso tópico. Os anti-histamínicos orais são eficazes como antipruriginosos sistêmicos, sedativos e ansiolíticos leves. Estes são benéficos especialmente à noite, já que o prurido geralmente piora à noite. Usar difenidramina, hidroxizina ou doxepina.
Preparações tópicas de alcatrão da hulha têm efeitos antipruriginosos e antiinflamatórios, funcionam como desinfetantes e adstringentes e ajudam a corrigir a queratinização anormal por diminuição da proliferação epidérmica e infiltração dérmica. São eficazes como agentes de segunda linha para dermatite atópica subaguda, crônica e liquenificada. Xampus com alcatrão são eficazes para o envolvimento do couro cabeludo. Os efeitos colaterais podem incluir foliculite e fotossensibilidade.
Imunomoduladores: O tacrolimo tópico (FK-506) demonstrou diminuir o prurido e a inflamação acentuadamente dentro de três dias após iniciada a terapia e ter efeitos persistentes depois de três semanas de tratamento em adultos com DA moderada a severa. O único efeito colateral comum é uma sensação local de queimação na aplicação. Não foram finalizados ensaios em crianças ainda.
A ciclosporina oral (5 mg/kg/dia, dose para adultos) comprovou ser benéfica em pacientes com DA severa refratária ao tratamento com esteróides tópicos. A interrupção da ciclosporina freqüentemente resulta em recidiva rápida da doença cutânea. Efeitos colaterais significativos, sob a forma de náuseas, desconforto abdominal, hipertricose, parestesias, hipertensão, hiperbilirrubinemia e comprometimento renal, têm diminuído o entusiasmo por esse agente.
Acompanhamento
Outros cuidados com pacientes não-internados
É necessário acompanhamento freqüente na evolução da doença para assegurar adesão ao tratamento e avaliar a responsividade do paciente. Fazer análises de fracassos do tratamento quanto à presença de organismos resistentes, dermatite de contato a uma medicação (conservantes nas preparações de esteróides, bacitracina) ou falta de adesão a tratamento parenteral.
Prevenção
A prevenção de exacerbações agudas e o subseqüente desenvolvimento de lesões crônicas de dermatite atópica são indicadores de tratamento bem-sucedido para esta doença. Manutenção de hidratação adequada do estrato córneo, evitar alérgenos conhecidos ou prováveis e irritantes, autotratamento rápido com a classe apropriada de esteróides tópicos e o uso criterioso de terapias complementares (antipruriginosos, alívio para o estresse, antibióticos) são os pilares para assegurar alta qualidade de vida, sem as restrições dos aspectos mais severos desta doença.
Complicações
A complicação mais comum da dermatite atópica é a infecção secundária.
• Espécies de estafilococos e os estreptococos beta-hemolíticos do grupo A são os organismos mais freqüentemente cultivados de lesões cutâneas. Lesões eczematóides superinfectadas aparecem como eritema associado a exsudatos serosos ou purulentos e crostas. Podem estar presentes descamação úmida graxosa na superfície das lesões e pequenas pústulas nas bordas avançadas. Sempre se deve pensar em infecção nas exacerbações agudas da dermatite atópica crônica ou nos casos não-responsivos ao tratamento apropriado.
• Descreveu-se osteomielite nos pacientes com dermatite atópica superinfectada. A antibioticoterapia tópica é útil para infecções localizadas; entretanto, o tratamento sistêmico é preferido para infecções recorrentes ou generalizadas. O agente de escolha é a penicilina G, se os estreptococos do grupo A forem os organismos infecciosos conhecidos. Usar eritromicina ou uma penicilina semi-sintética (nafcilina, oxacilina, dicloxacilina) se o S. aureus for uma causa possível. A hospitalização e o uso de antibióticos intravenosos estão indicados em casos de infecção invasiva (osteomielite). Realizar urina-I e observar de perto pacientes, procurando sintomas por pelo menos sete semanas depois do tratamento em áreas endêmicas porque a antibioticoterapia sistêmica não impede glomerulonefrite pós-infecciosa depois de uma infecção cutânea com cepas nefritogênicas M de estreptococos.
• Menos comumente, os pacientes com dermatite atópica podem desenvolver uma erupção vesicular explosiva conhecida como erupção variceliforme de Kaposi ou eczema herpético. As vesículas e pústulas tipicamente são umbilicadas e ficam, inicialmente, confinadas à pele eczematosa, mas podem propagar-se, mais tarde, à pele normal. Mais tarde no curso da doença, as erosões podem ser o lugar-comum e confluentes, resultando em áreas desnudadas. O esfregaço de Tzanck das vesículas ou uma cultura para vírus confirma o diagnóstico. O tratamento é com aciclovir (se leve, administrar 25-30 mg/kg/dia, até 200 mg 5x/dia/VO; se severo, administrar 5 mg/kg 8/8 h ou 1,5 g/m2/dia/IV).
Prognóstico
Entre 20% e 40% das crianças atópicas permanecem adultos atópicos. Muitas crianças ultrapassam a dermatite atópica severa e somente sofrem de pele pruriginosa e inflamada se expostos a irritantes exógenos quando adultos.
Libbs

MAIONESE:COMER OU NÃO COMER

Maionese deixa de ser vilã e pode até a ajudar no processo de emagrecimento

Durante anos a maionese – a mistura de óleo com ovo- foi considerada o grande vilão da dieta. Porém, pesquisas recentes desmistificaram o molho e até a apontam como agente colaborador para a perda de peso. A maionese se torna amiga desde que preparada com óleos vegetais, alertam os nutricionistas.

O óleo utilizado no seu preparo é o vegetal, que contém as gorduras consideradas boas para o nosso organismo, como as poli e as monoinsaturadas. Elas não aumentam o LDL, o mau colesterol. No molho há ingredientes interessantes como o ácido graxo ômega-3 e ômega-6, gorduras essenciais para o nosso corpo e que não conseguimos produzir.

Feita com esses ingredientes, a maionese ajuda a produzir a sensação de saciedade se for acompanhada na salada, como primeiro prato. Isso acontece porque os lipídios têm uma digestão mais lenta. Dessa forma, come-se menos os outros pratos. Uma colher de sopa de maionese industrializada tem apenas 40 calorias.
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Atire a primeira colher quem nunca suspeitou da maionese e pensou em retirá-la do cardápio ao primeiro sinal de insatisfação com o peso. Se você se reconheceu nesse cenário, saiba que esse alimento acaba de ser redimido (mas não se culpe, a receita da maionese mudou muito dos últimos anos e somente agora se pode dizer sem medo que calorias dela foram lá para baixo).
Segundo o nutrólogo Durval Ribas Filho, presidente da Associação Brasileira de Nutrologia, o mito de que a maionese é prejudicial à saúde pode estar associado à maionese caseira. O especialista explica que a receita feita em casa é preparada com uma quantidade maior de ovos e óleo e apresenta mais calorias e colesterol. Além disso, como é feita com ovos crus, favorece a contaminação pela bactéria salmonela.
Já a maionese industrial é fabricada com óleos vegetais, água, ovos, limão ou vinagre, e contém gorduras de boa qualidade, poliinsaturadas e monoinsaturadas, além de ácidos graxos essenciais, como o ômega 3 e ômega 6. Para Valter Makoto Nakagawa, o alimento traz benefícios à saúde graças a essas gorduras, consideradas boas para o organismo.

O que mito e que é verdade sobre a maionese

Mito: a maionese caseira tem menos calorias que a industrializada

Fato:  por utilizar mais óleo e ovos, as versões caseiras são muito mais calóricas do que as industrializadas

Mito: maionese é prejudicial à saúde

Fato: essa ideia está provavelmente relacionada à maionese caseira, que contém mais calorias, gorduras e colesterol. Entretanto, as versões industrializadas são fonte de gorduras boas

Mito: maionese engorda

Fato: atualmente, as maioneses industrializadas já apresentam valor calórico muito baixo – menor que o da manteiga, margarina vegetal, requeijão ou azeite, por ex

FIM DO VISTO PARA BRASILEIRO (EUA)

EUA estudam 'seriamente' acabar com exigência de visto para brasileiros

A informação é do embaixador americano no Brasil, Thomas A. Shannon.

Mariana Pereira de Almeida
Thomas A. Shannon, embaixador dos EUA no Brasil “Atingir 97% de aprovação é um dos requisitos para que um país possa ser incluído no programa de dispensa de visto”, disse Shannon (Luiz Maximiano)
“Há grande interesse na concessão desse status aos brasileiros. Não posso dar datas, mas a estudamos seriamente a questão.”
Entre os países que mais requisitam vistos de entrada para os Estados Unidos, o Brasil só fica atrás de China, Índia e México. São 300.000 solicitações por ano e o índice de aprovação é atualmente de 95%. Em entrevista exclusiva a VEJA, o embaixador americano no Brasil, Thomas A. Shannon, revela que esse número põe o Brasil a apenas dois pontos porcentuais de uma fronteira importante: aquela que permite a um país pleitear isenção de visto para seus viajantes.
“Atingir 97% de aprovação é um dos requisitos para que um país possa ser incluído no programa de dispensa de visto”, diz Shannon. “Há grande interesse na concessão desse status aos brasileiros, inclusive entre os americanos ligados à indústria do turismo. Não posso dar datas, mas a estudamos seriamente a questão.” Shannon lembra que emitir vistos para viajantes significa criar empregos nos Estados Unidos. Em 2009, por exemplo, brasileiros gastaram 785 milhões de dólares só no estado da Flórida.
A íntegra da entrevista com o embaixador americano será publicada na edição de VEJA que chega às bancas neste fim de semana. Nela, o diplomata fala sobre o novo papel do Brasil no mundo e sobre as repercussões políticas do vazamento de 250.000 documentos secretos do governo americano pelo site WikiLeaks - inclusive trocas de mensagens entre a embaixada dos EUA no Brasil e Washington. Para Shannon, a revelação dos telegramas não afeta as relações entre os dois países.

O embaixador voltou a ressaltar a cooperação bilateral, nesta sexta-feira, após a divulgação de novas correspondências sobre o Brasil. Os documentos mostram que a diplomacia americana afirmou, em 2005, que a então recém nomeada ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, “organizou três assaltos a bancos”. Segundo os arquivos, os EUA teriam dito ainda que Dilma “planejou o lendário ‘roubo ao cofre de Adhemar’” - referência à ação de grupos terroristas de esquerda para roubar o cofre do ex-governador de São Paulo, Adhemar de Barros, no Rio de Janeiro, na tarde de 18 de julho de 1969.

“O governo dos Estados Unidos não tem qualquer informação que confirme essas alegações. Pelo contrário, temos com a presidente eleita um longo e positivo relacionamento, que começou em 1992 com um programa de intercâmbio e que continuou durante seus períodos como ministra de Minas e Energia e como chefe da Casa Civil da Presidência”, diz Shannon.
O diplomata afirmou que Dilma vem desempenhando um papel fundamental no desenvolvimento das relações Brasil-Estados Unidos. “Recentemente, o presidente Barack Obama expressou claramente seu interesse em reunir-se com a presidente eleita o mais cedo possível”, acrescentou.

Passageiros aéreos terão mais direitos em caso de voos atrasados

As novas regras também preveem que o reembolso poderá ser solicitado imediatamente.

Os passageiros que tiverem o voo atrasado, cancelado ou forem impedidos de embarcar por conta de overbooking terão de ser atendidos mais rapidamente pelas empresas aéreas. Uma nova resolução da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) prevê a reacomodação imediata em outro voo, além da redução do prazo para que a empresa preste assistência ao passageiro.



As novas regras também preveem que o reembolso poderá ser solicitado imediatamente pelo passageiro e a empresa deverá atender à solicitação de acordo com o meio de pagamento efetuado. Se o bilhete já estiver quitado, o reembolso deverá ser imediato. Se a compra tiver sido efetuada com o cartão de crédito e ainda houver parcelas a vencer, a devolução seguirá a política da administradora do cartão.

"Dificuldades" para cumprir regras
O diretor do Sindicato Nacional Empresas de Aviação Civil (Snea), comandante Ronaldo Jenkins, argumenta que algumas regras são difíceis de serem cumpridas, como a que determina o reembolso imediato da passagem.

"Se for um voo internacional, em final de semana ou feriado, como você vai dar reembolso imediato? Se a bandidagem souber que as empresas têm um montante desse disponível haverá roubos", afirma.

Ele cita ainda as limitações para oferecer assistência aos passageiros em algumas localidades. "Há aeroportos que não têm uma lanchonete, então fica difícil dar comida onde não tem estrutura, como você vai dar acesso à comunicação onde não tem?"

Para o representante do Snea, essas são situações "lógicas" que "qualquer pessoa vai compreender". "As empresas vão fazer o possível para atender as novas regras", afirma, alertando para o risco de se criar uma expectativa que "não pode ser atendida".

"Prova de fogo"
A coordenadora institucional da Pro Teste Associação Brasileira de Defesa do Consumidor, Maria Inês Dolci, diz que as regras já estavam sendo discutidas "há muito tempo" e que as empresas já deveriam estar preparadas para atender às novas exigências.

Para ela, a grande "prova de fogo" para saber se a legislação está sendo cumprida será período de férias, quando o movimento nos aeroportos aumentará.

Maria Inês defende, inclusive, regras mais duras para casos de overbooking. "Deveria até coibir práticas abusivas como a venda de passagem além do limite da aeronave".

Jenkins rebate a proposta dizendo que o que deveria ser colocado em prática é a perda da passagem em caso de não comparecimento. "O overbooking não é uma invenção brasileira, existe no mundo todo. Muita gente faz reservas em diversas empresas para escolher depois a melhor hora para a viagem. Isso impacta as empresas. E ninguém toma uma atitude sobre quem não aparece".

Confira as mudanças que entram em vigor:
Atrasos
- A empresa tem que providenciar lugar para o passageiro antes de quatro horas de atraso (período adotado anteriormente) desde que haja outro voo da mesma empresa para o mesmo destino. O passageiro do voo em atraso terá prioridade sobre os demais.
- Se o passageiro desistir da viagem haverá reembolso integral, além de retorno ao aeroporto de origem, se o atraso ocorrer na escala ou conexão. Se houver estimativa de atraso superior a quatro horas, a solicitação de reembolso pode ser feita imediatamente, a devolução deverá ser imediata, respeitando o prazo e o meio de pagamento.

Cancelamento/interrupção ou overbooking- A empresa deverá providenciar a reacomodação no próximo voo disponível, próprio ou de outra companhia aérea. Haverá prioridade para o passageiro do voo cancelado ou interrompido, em relação àqueles que ainda não adquiriram passagem
- O passageiro poderá optar por outra modalidade de transporte
- A solicitação de reembolso em caso de desistência poderá ser feita imediatamente
- No caso de overbooking, a empresa poderá negociar benefícios com o cliente para compensar o incômodo e evitar possível multa.

Informações ao passageiro
Assistência

- 1 hora de atraso: facilidade de comunicação, como ligação telefônica ou acesso à internet.
- 2 horas: alimentação.
- Após 4 horas: acomodação e, quando necessário, serviço de hospedagem.
- A assistência deve ser oferecida inclusive se já estiver a bordo da aeronave em solo e sem acesso ao terminal

Fonte: Terra

Pesquisa em saúde

 Por que pesquisa em saúde?
A importância da saúde – e de quem é a responsabilidade
A saúde foi defi nida como “um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não meramente a ausência
de doença” (Organização Mundial da Saúde - OMS). Não é surpreendente, portanto, que a boa saúde esteja no topo da
lista de aspirações das pessoas em qualquer lugar. É apropriado que a saúde seja reconhecida como um direito humano
em diversas convenções e tratados globais, inclusive na Declaração Universal dos Direitos Humanos e nas constituições
e políticas nacionais. Conseqüentemente, os formuladores de políticas em todos os lugares têm a responsabilidade
fundamental de proteger e promover a saúde dos indivíduos e populações a que eles servem. É também de seu próprio
interesse, uma vez que a negligência com a atenção à saúde e com a saúde pública está se tornando uma importante causa
de mudanças nos governos em países democráticos.
O mote para a ação de manter e melhorar a saúde é fortalecido pelo reconhecimento, que vem crescendo nos
últimos anos, das ligações íntimas que existem entre saúde e desenvolvimento. Até recentemente, as melhorias na saúde
eram vistas principalmente como uma conseqüência do desenvolvimento – um efeito benéfi co proveniente, para o
indivíduo, da diminuição da pobreza e do aumento das oportunidades por mais educação e melhores condições de vida.
Mais recentemente, desde 1993, tornou-se amplamente aceitável que uma saúde melhor é um elemento necessário ao desenvolvimento
e que os investimentos na saúde tornaram-se essenciais para as políticas de crescimento econômico que
buscam melhorar as condições de vida das pessoas mais pobres (WORLD BANK, 1993; WORLD HEALTH ORGANIZATION,
1996, 2001). De fato, os investimentos em saúde têm-se mostrado capazes de gerar taxas mais altas de retorno
do que virtualmente qualquer investimento que um governo possa fazer (WORLD HEALTH ORGANIZATION, 2001)
e de ser um componente indispensável de qualquer estratégia nacional que busque dar suporte ao alívio da pobreza e à
redução das desigualdades. A saúde, vista como um componente crucial do desenvolvimento humano, foi descrita mais
claramente por Amartya Sen em seu livro Development as Freedom (SEN, 2000).
Nesse contexto, as considerações sobre eqüidade de saúde (ligada mais ao conceito de “justiça” que ao de“igualdade”) são centrais, seja a saúde vista como um direito, seja como saúde pública ou em uma perspectiva de desenvolvimento
econômico. A promoção da eqüidade requer que se assegure a todas as pessoas, independentemente de sua
formação, etnia, gênero, local de moradia, raça ou posição social, a proteção adequada contra os fatores de adoecimento;
o acesso a conhecimentos, produtos e serviços que as habilitem a reduzir os fatores de risco e a obter aconselhamento e
tratamento; e a certeza de que não serão impedidas, por falta de recursos ou por outros obstáculos, de utilizarem o que
está disponível para que alcancem e mantenham a boa saúde e otimizem o desenvolvimento pessoal.
Esse conjunto de requisitos aponta para um aspecto crucial da saúde: seus determinantes não estão apenas no
setor saúde, e o alcance da boa saúde requer a atenção para um grande número de fatores que vão muito além da criação de conhecimentos, tecnologias e serviços que visam tratar doenças. Entre outros, os fatores que determinam níveis
elevados de educação e acesso a emprego, nutrição, transporte, água limpa e saneamento decentes e seguros, e proteção legal dos direitos são também todos de grande importância como determinantes da saúde, como são os macrofatores,
tais como boa gestão, sistemas democráticos e eqüidade e crescimento econômico. Assim, a responsabilidade pela saúde
não está apenas com os formuladores de políticas que trabalham diretamente no setor saúde, mas é partilhada por todos os formuladores de políticas no governo e nas agências internacionais que infl uenciam políticas globais em uma ampla gama de assuntos como mercado, meio-ambiente, propriedade intelectual, leis, direitos humanos, assistência e financiamento do desenvolvimento. Da mesma forma, os tomadores de decisão em setores não considerados normalmente como parte do setor saúde precisam pensar seriamente nas conseqüências de suas ações para a saúde. Os graves efeitos para a saúde, especialmente nas nações mais pobres, das políticas de ajuste estrutural desenvolvidas por instituições financeiras globais são um exemplo-chave de política de desenvolvimento sem consideração quanto ao impacto negativo na saúde
A pesquisa como componente central e indispensável de melhoria da saúde
Aplicando o que já é conhecido
Geralmente se diz que muitas doenças e milhares de mortes poderiam ser evitados “simplesmente” pela aplicação dos conhecimentos e ferramentas que já existem. Há consideráveis justificativas para essa afi rmação, como ressaltado nos exemplos seguintes:
• Em primeiro lugar, as políticas para a melhoria da saúde das populações devem adotar e implementar os conhecimentos e as ferramentas que já estão disponíveis – eliminando o espaço entre “o saber e o fazer” – e investir no tipo
de pesquisa necessária para entender os fatores que mantêm esse espaço aberto. Freqüentemente, apenas no âmbito dos países será possível identifi car esses fatores, devido à enorme variedade de sistemas, culturas, tradições, instituições políticas e capacidade de prestar assistência à saúde.
• O tipo de pesquisa necessária não requer recursos em escala comparável àquela necessária para o desenvolvimento de novas medicamentos. Ela requer, no entanto, capacidade de pesquisa quantitativa e qualitativa para engajar-se em uma variedade de métodos de pesquisa, incluindo pesquisas que investiguem a natureza e a extensão dos problemas
de saúde subjacentes e suas causas etiológicas (inclusive determinantes existentes dentro e fora do setor saúde); examinar a relevância e a capacidade de transferência do conhecimento e das ferramentas desenvolvidas em qualquer lugar;
realizar experimentos com adaptações às condições e contextos locais; explorar a dimensão de escala e a sustentabilidade
das intervenções; monitorar e avaliar a efetividade das intervenções e o seu grau de sucesso; medir a efi ciência e o custo-efetividade de todos os elementos no processo; e explorar os obstáculos sociais, econômicos, nacionais e internacionais
ao fechamento do espaço entre “o saber e o fazer” e tentar encontrar soluções.
A necessidade de mais pesquisas
O conhecimento e as ferramentas disponíveis nem sempre são adequados para resolver os problemas de saúde existentes
e há uma necessidade constante e sem fi m de gerar novas informações e desenvolver maneiras melhores, e mais efetivas, de
proteger e promover a saúde e de reduzir as doenças. Isso tem sempre gerado um dilema para os formuladores de políticas: o
de fi nanciar pesquisas que podem eventualmente levar a intervenções aperfeiçoadas e melhores resultados, desviando recursos
escassos da aplicação imediata do conhecimento existente. De tempos em tempos, a pesquisa tem demonstrado o seu valor no
longo prazo. Por exemplo, na epidemia global de pólio, nos anos 50, os formuladores de política em muitos países desenvolvidos
foram forçados a fazer planos para a construção de pulmões de aço e de instalações hospitalares para abrigá-los. Esta abordagem de longo prazo e altamente dispendiosa para atender pessoas com paralisia crônica tornou-se obsoleta com a invenção da
vacina antipólio, e a doença está agora – talvez – perto de ser globalmente erradicada. O mesmo se aplica à pesquisa feita para confi rmar a ligação entre o ato de fumar e o câncer de pulmão, o que leva agora a reduções grandes e sustentáveis da incidência
de câncer nos países desenvolvidos, enquanto a incidência do fumo em muitos países em desenvolvimento é crescente. Alguns
exemplos contemporâneos da contínua necessidade de pesquisa incluem:
• Crescimento da resistência microbiológica, por exemplo, em doenças como tuberculose e malária;
• Ausência de tratamentos efetivos para doenças como a dengue em países de baixa renda;
• Tratamento e prevenção do HIV/aids;
• Preparação para novas e emergentes infecções;
• Necessidade de novos conhecimentos sobre os fatores globais que infl uenciam a saúde;
• Necessidade de novos conhecimentos sobre os contextos locais, condições e prioridades de saúde;
• Necessidade de novos conhecimentos sobre os determinantes sociais, políticos, econômicos e ambientais da
saúde, especialmente na compreensão de como aumentar a eqüidade interna dos países e entre países;
• Pesquisas em sistemas e políticas de saúde – como fazer o sistema de saúde atuar melhor;
• Necessidade de entender e monitorar os impactos das políticas globais de comércio e da globalização na
saúde dos indivíduos, famílias, comunidades e países;
• Pesquisa em saúde ambiental, interação entre atividades econômicas e saúde humana e ambiental, que é cada
vez mais pertinente para os países em desenvolvimento;
• Necessidade de novos conhecimentos sobre o que as pessoas precisam para ser e permanecer saudáveis;
Necessidade de compreender como usar da melhor forma a pesquisa, não apenas para melhorias na saúde, mas também para o desenvolvimento social e econômico – de forma igualitária.
Essa lista está longe de ser exaustiva. Assim, por meio da adoção, adaptação e aplicação do conhecimento existente,
permanece uma necessidade substancial de pesquisa para criar novos conhecimentos e tecnologias e para traduzilos em intervenções efetivas que capacitarão as pessoas a serem saudáveis... em toda parte.
“Pesquisa em saúde” e “pesquisa para a saúde”
O espectro da pesquisa em saúde é amplo e inclui:
• pesquisa biomédica,
• pesquisa em saúde pública,
• pesquisa em sistemas e políticas de saúde,
• pesquisa em saúde ambiental,
• pesquisa em ciências sociais e comportamentais,
• pesquisa operacional e
• pesquisa em saúde como parte da pesquisa geral em “ciência e tecnologia”.
No entanto, considerando a defi nição de saúde usada anteriormente, é evidente que a gama de pesquisas necessárias
para “proteger e promover a saúde e reduzir a doença” é até maior que essa. De fato, é mais apropriado falar sobre
“pesquisa para a saúde” do que sobre “pesquisa em saúde” para reconhecer que os campos de interesse envolvem as
relações entre a saúde e, entre muitos outros, os fatores sociais, econômicos, políticos, legais, agrícolas e ambientais.
Como exemplo, pode-se olhar historicamente para o “período sanitário”, no qual foram possíveis rápidos ganhos
em saúde devido mais à engenharia civil (i. e. água, saneamento, moradia) que a medicamentos e atenção à saúde. Exemplos
mais recentes incluem a redução de mortes no trânsito a partir de pesquisas combinadas nos setores de transporte e de
saúde (trabalho e saúde, testes de visão, mas também melhorias na sinalização de estradas, aumento considerável na segurança
de carros e pneus, e limites de velocidade). A pesquisa em agricultura tem sido cada vez mais responsável não apenas
por novos produtos, mas por maneiras de aumentar a segurança alimentar. Pesquisas multidisciplinares, unindo medicina e
tecnologia, têm melhorado rapidamente as tecnologias de saúde e oferecido esperança para a detecção precoce de doenças
e equipamentos para reduzir o impacto das defi ciências. Em alguns casos, a pesquisa feita em países em desenvolvimento
para lidar com problemas locais específi cos encontrou aplicação no mundo desenvolvido, uma tendência que está crescendo
com a expansão da capacidade de pesquisa de nações em desenvolvimento progressivo.
Fica também claro por esses exemplos que nem a “pesquisa para a saúde” nem a “pesquisa em saúde” são necessariamente
tarefas do setor público: tanto as organizações privadas com fi ns lucrativos, quanto as não-governamentais
sem fi ns lucrativos deram contribuições em pesquisas para a saúde, para a eqüidade em saúde e para o desenvolvimento.
O fracasso e a promessa da pesquisa em saúde
No último século observou-se uma melhoria sem precedentes na saúde humana, pois metade do crescimento
total da expectativa de vida alcançado em milhares de anos ocorreu apenas nos últimos cem anos – como testemunhado
pela signifi cativa diminuição da mortalidade materna e infantil e em outros indicadores de saúde.
Mesmo existindo muitos fatores responsáveis por esse fenômeno, inclusive melhorias nas condições de vida e
nutrição, há também duas sucessivas revoluções no campo da saúde que tiveram uma infl uência maior. A primeira foi uma
transformação na saúde pública, resultante de novos conhecimentos sobre as ligações entre o meio ambiente, a higiene e
a doença, que conduziram a melhorias na qualidade da água, do saneamento e da moradia em países industrializados. A
segunda revolução, resultante de avanços em ciências como a física, a engenharia, a química, a bioquímica e a medicina,
foi na prevenção, detecção e tratamento de doenças por meio da aplicação de vacinas, diagnósticos e medicamentos.
Entretanto, os benefícios resultantes estão muito mal distribuídos. Um grande número de pessoas, nos países
menos desenvolvidos, tiveram até hoje pouco ou nenhum benefício com as ferramentas até agora criadas. Isso ocorre

Por que pesquisa em saúde?
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tanto pelo fato de os produtos serem difíceis de adquirir ou administrar em sistemas de saúde carentes e pouco desenvolvidos
quanto por causa da “não-criação”: produtos que são predominantemente ou exclusivamente necessários em
países pobres simplesmente não foram pesquisados e criados, mesmo que lá esteja a grande maioria da população do
mundo e a maior proporção de doenças e mortalidade. Como resultado da distribuição desigual dos benefícios, as desigualdades
de saúde (incluindo aspectos físicos, mentais e sociais) nas populações e entre populações aumentou em
algumas partes do mundo em desenvolvimento.
Esses desequilíbrios na distribuição global dos investimentos na atenção à saúde são – novamente, sem surpresa
– também encontrados em desequilíbrios nos investimentos e capacidades de pesquisa em saúde. Em 1990, a Comissão
de Pesquisa em Saúde para o Desenvolvimento apontou que a maioria das pesquisas em saúde têm sido conduzidas em
países mais ricos e para as necessidades de saúde desses mesmos países, tanto que a natureza e o foco das drogas, tecnologias
e conhecimentos têm sido menos relevantes para as necessidades dos países mais pobres. Entre os importantes
aspectos do trabalho da Comissão, três em particular são ressaltados aqui:
• A Comissão chamou atenção para a importância de cada país estabelecer uma capacidade de conduzir pesquisas
essenciais de relevância para suas próprias necessidades no campo da saúde. Em seguida, o COHRED, fundado
em 1993 como sucessor da Força Tarefa da Comissão, capitaneou a evolução da Pesquisa Nacional Básica de
Saúde (Essential National Health Reseach – ENHR) e apoiou trabalhos em mais de 60 países na organização
e priorização de pesquisas para dar suporte aos sistemas de saúde. O trabalho do COHRED na ENHR estimulou
uma maior atenção para a pesquisa, gerenciando e priorizando a pesquisa em saúde, e levou à evolução do
conceito de sistemas nacionais de pesquisa em saúde (National Health Research Systems - NHRS) como uma
moldura ampla para analisar, desenvolver e fortalecer a capacidade dos países de determinar prioridades em
pesquisa em saúde e decidir como direcioná-las.
• A Comissão fez o primeiro esforço sistemático para medir o fl uxo de recursos para a pesquisa em saúde em
escala global. Estimou-se que, para 1986, menos que 10% (de fato, perto de 5%) dos 30 bilhões de dólares que
o mundo gastou em pesquisa em saúde foi voltado para os problemas de saúde específi cos de países em desenvolvimento,
enquanto 90% das perdas evitáveis por morbidade deveriam encontrar-se nestes países. Isso levou
ao conceito conhecido como “ desequilíbrio 10/90” (10/90 gap) na pesquisa em saúde. O Fórum Global para
Pesquisa em Saúde (Global Forum for Health Research) foi criado em 1998 com a missão de ajudar a diminuir
esta lacuna. O Fórum Global continua a monitorar o fi nanciamento da pesquisa em saúde em nível global (mais
de cem bilhões de dólares gastos anualmente) e, em colaboração com o COHRED, em nível nacional, tanto
quanto encoraja o estabelecimento mais sistemático de prioridades e a focalização da atenção em pesquisas em
uma gama de doenças, populações e temas negligenciados.
• Reconhecendo a importância crítica de recursos, nos casos em que a pesquisa em saúde fosse capaz de cumprir
sua promessa, a Comissão recomendou que cada país em desenvolvimento deveria alocar cerca de 2% de seu
orçamento nacional para a saúde em pesquisa básica em saúde e fortalecimento da capacidade de pesquisa e que
isto deveria ser complementado por doadores, alocando 5% de sua assistência em saúde para apoiar essas áreas.
O progresso na implementação dessas recomendações tem sido desigual, mas acelerou-se recentemente. Uns
poucos países em desenvolvimento já alcançaram a marca de 2%, o que foi recentemente endossado ofi cialmente
pelo Encontro Ministerial sobre Pesquisa em Saúde, realizado na Cidade do México, em novembro de 2004, por
encontros subseqüentes da Assembléia Mundial da Saúde e da Secretaria Executiva da OMS e por ministros de 14
países africanos, em Gana, em junho de 2006 (OMS, 2006). Vários doadores estão contribuindo com mais de 5%
de seu orçamento para a saúde para apoiar pesquisas e fortalecer as capacidades de pesquisa nesse setor, e outros
estão se comprometendo a agir nessa direção.
Agendas de pesquisa incompletas e novas propostas de pesquisa
A necessidade de continuar expandindo a quantidade e a qualidade da pesquisa que enfoca os problemas de saúde
dos países mais pobres e das populações marginalizadas, inclusive pesquisas que são feitas dentro e por estes próprios
países, é direcionada por velhos e novos problemas:
• A persistência de doenças de notifi cação compulsória continua sendo um gasto desnecessário em muitos países
pobres. Isso inclui, em particular, doenças como a malária, que deixaram de ser problemas signifi cantes de saúde
pública em países ricos; um grupo de outras doenças parasitárias tropicais transmitidas por vetores, como a
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leishmaniose, a esquistossomose e as infecções por tripanossomo, que causam a doença do sono na África e a
doença de Chagas na América Latina; a dengue, outra infecção transmitida por mosquitos que está expandindo
seu impacto principalmente em países em desenvolvimento e para a qual não existe, ainda, vacina preventiva;
algumas infecções como a tuberculose (TB) que estiveram bem controladas, mas agora estão ressurgindo devido
à evolução de formas resistentes; e novas ameaças globais à saúde impostas por doenças surgidas recentemente
como HIV/aids, Síndrome Respiratória Aguda Severa (SARS) e gripe aviária.
• A lista de tais doenças é longa e elas partilham um número de fatores importantes. São causadas por vírus, bactérias
e parasitas, transmitidos diretamente por pessoas ou indiretamente, via hospedeiro animal. Particularmente
para esse grupo existem poucas ferramentas efetivas em forma de vacinas e medicamentos. As ferramentas disponíveis
estão freqüentemente falhando devido ao surgimento de formas resistentes (ex. malária, TB), são muito
caras para aplicação em países pobres sem a ajuda internacional massiva (por exemplo, drogas anti-retrovirais
para HIV/aids), ou são difíceis de administrar sem sistemas de saúde sofi sticados e com bom funcionamento
(ex. Tratamento Diretamente Observado de curto prazo – para TB, drogas anti-retrovirais para HIV/aids). Além
disso, o desenvolvimento de novas ferramentas tem sido freqüentemente pouco priorizado pelo setor privado, já
que não é percebido como um mercado sufi cientemente lucrativo para os produtos.
• Nas últimas décadas, uma transição epidemiológica massiva tem ocorrido globalmente. Doenças crônicas ou não
notifi cáveis, como doença cardiovascular, diabetes e câncer, que costumavam ser consideradas como doenças
características de países ricos, tornaram-se agora também doenças da pobreza em países de baixa e média renda.
Elas constituem pelo menos metade das perdas por doenças em muitos países em desenvolvimento (ex. Índia) e
pouco mais de três quartos na China.
• Essas condições crônicas, também identifi cadas freqüentemente como doenças causadas pelo estilo de vida, estão
associadas a uma gama de determinantes, que incluem dieta inapropriada, obesidade, falta de atividade física
e uso de tabaco. Geralmente, elas podem ser previstas. Uma vez adquiridas, a severidade do seu impacto pode ser
minimizada por uma combinação de mudanças de comportamento e tratamento – que freqüentemente precisa ser
por toda a vida – com medicamentos. Enquanto muitos países desenvolvidos conseguiram diminuir a incidência
dessas doenças em anos recentes, a adaptação de medidas efetivas de prevenção e tratamento às condições e
contextos de países mais pobres apenas começou. Serão necessários esforços substanciais para conseguir isso.
• Outra forma de ver isso é olhar para as mudanças populacionais ou para a transição demográfi ca. Os grupos de
idosos são, predominantemente, os grupos que crescem mais rapidamente nas populações, tanto nas nações em
desenvolvimento quanto nas desenvolvidas. As doenças crônicas e não notifi cáveis tendem, portanto, a se tornar
áreas-chave de preocupação em países pobres em futuro bem próximo.
• Os países pobres estão experimentando um grande e crescente prejuízo com os traumas, particularmente com o
transporte se tornando mais mecanizado, as taxas de traumas por acidentes de trânsito estão aumentando. Diferentemente
de países mais desenvolvidos, os traumas envolvem freqüentemente colisões entre veículos potentes
e ciclistas ou pedestres. Muitos países desenvolvidos têm sido capazes de reduzir substancialmente suas taxas de
traumas por acidentes de trânsito por introdução compulsória de cintos de segurança e capacetes, redução nos
limites de velocidade e endurecimento da legislação sobre o consumo de álcool por motoristas na direção. As mortes
e traumas permanentes causados por acidentes de trânsito também têm sido reduzidos pelo desenvolvimento de
atendimento e tratamento de emergência efetivo e rápido. Muito menos atenção tem sido dada à adaptação dessas
lições ou ao desenvolvimento de novas e diferentes abordagens que sejam relevantes para as diferentes condições
de tráfego e as limitações de recursos encontradas em países pobres.
• No mundo inteiro, a ênfase dos serviços e sistemas de saúde – e das pesquisas associadas a estes campos, tem
sido principalmente na prevenção e tratamento de doenças. Recentemente, começou a surgir uma nova conceitualização
da saúde global que está fi nalmente mais sintonizada com a defi nição mais ampla de saúde como
“um estado de completo bem-estar físico, mental e social e não meramente a ausência de doença”. Enquanto, no
passado, geralmente falhamos em conceituar ou oferecer o que as pessoas necessitavam para se tornarem saudáveis,
novas abordagens estão agora começando a identifi car esta falha, como o trabalho da Comissão sobre os
Determinantes Sociais da Saúde da OMS e os princípios desenvolvidos na corrente das conferências e encontros
internacionais sobre promoção da saúde que começou em Ottawa, em 1986. Esses esforços estão contribuindo
para defi nir o que precisa ser feito para realmente promover a saúde, reconhecendo-se que deve haver uma responsabilidade
partilhada entre indivíduos, que podem ter, na realidade, muito poucas escolhas, e governos, que
precisam criar e apoiar as condições necessárias para a saúde de sua população.
• Esta nova agenda tem um duplo caráter. É global em seu escopo, na natureza dos princípios que a apóiam e em
algumas atitudes que precisam ser tomadas para regular, por exemplo, o transporte de substâncias perigosas,
Por que pesquisa em saúde?
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patógenos e práticas de manuseio. Ao mesmo tempo, é nos níveis nacional e local que as ações efetivas devem
ser tomadas para dar a cada indivíduo a oportunidade de alcançar a saúde e o bem-estar almejados. O desafi o
para a pesquisa, em ambos os níveis, global e nacional, é ajudar a descobrir, compreender e controlar os determinantes
relevantes e assegurar que a aplicação deste conhecimento seja eqüitativa e não crie novas falhas. Assim,
a nova conceituação emergente de saúde global está trazendo um reconhecimento importante da conectividade
entre os problemas de saúde globais e locais e da necessidade de ação trans-setorial em muitos campos, apoiada
por pesquisa. Cada vez mais se reconhece que a oferta de uma saúde melhor é responsabilidade não apenas do
setor saúde, mas de todo o governo e das comunidades, famílias, indivíduos e da sociedade civil organizada que
os representam, e requer o envolvimento ativo e a aceitação da responsabilidade partilhada pela saúde por todas
as autoridades de todos os setores.
Novas tendências na pesquisa em saúde: oportunidades e ameaças para a eqüidade na saúde
A revolução nas Tecnologias de Informação e Comunicação (TICs) lançou as bases para maiores avanços em
genoma e biotecnologia. A capacidade de ler, armazenar e comparar os milhões de pedaços de informação que formam
o genoma de cada organismo no planeta já resultou em um maior nível de entendimento dos processos das doenças.
Combinando com as novas técnicas emergentes para a exploração e manipulação da matéria em escala “nano”, novas
oportunidades são abertas para o desenvolvimento de tecnologias preventivas, diagnósticas e curativas, e de medicamentos
e métodos.
Essas novas tecnologias sustentam grande promessa de melhoria na saúde e de redução das desigualdades na
saúde das pessoas em qualquer lugar, mas isso só ocorrerá se elas forem desenvolvidas e aplicadas para os problemas de
todas as populações. Se os padrões do último século forem repetidos, elas trabalharão apenas para os mais ricos e privilegiados,
resultando no crescimento das desigualdades em uma mesma população e entre populações distintas. Algumas
possíveis aplicações das novas tecnologias também impõem ameaças potenciais para populações, grupos ou indivíduos
específi cos. Para evitar que isso aconteça, o tema deve ser explorado e debatido amplamente.
O sucesso ou fracasso dos movimentos e intervenções na saúde nas décadas recentes – inclusive a abordagem
primária da atenção à saúde, intervenções para o planejamento familiar e o controle populacional, Saúde para Todos e,
mais recentemente, a intervenção na pandemia de HIV/aids por meio do Fundo Global de Combate ao HIV/Aaids, Tuberculose
e Malária e a Iniciativa 3 por 5 – apontaram todos para o papel central que os sistemas de saúde desempenham
ao fazer funcionar tanto as já conhecidas, como as novas intervenções. Predominantemente, as intervenções mais novas
contra as condições globais estão se tornando cada vez mais “sistematizadas”. Elas provocam demandas substanciais
(que em geral competem entre si) nas capacidades dos sistemas de saúde, inclusive na capacidade de pesquisa em saúde.
Os sistemas de saúde oferecem a estrutura crucial para o melhor fornecimento de serviços de saúde e para torná-los mais
acessíveis e baratos – e os sistemas de saúde precisam ser mais fortemente apoiados por políticas de saúde, pesquisas
de sistemas e pesquisas operacionais. Além do mais, uma revisão recente feita pela Aliança para Políticas de Saúde e
Pesquisas de Sistemas apontou para um défi cit duplo: 1) o campo total de pesquisas de sistemas de saúde encontra-se
bastante defi citário; e 2) apenas uma pequena fração das pesquisas realizadas neste campo está sendo conduzida em ou
para as necessidades dos países menos desenvolvidos, mesmo que seja aí o lugar em que os sistemas e políticas são mais
frágeis e precisam de mais atenção.
A boa pesquisa em saúde precisa de bons sistemas de pesquisa em saúde
A pesquisa em saúde é obviamente um componente indispensável ao crescimento e desenvolvimento de povos e
nações. Sejam públicas ou privadas, com ou sem fi ns lucrativos, as pesquisas em saúde e médicas contribuem para a
saúde diretamente (a partir de terapias, intervenções, diagnósticos, tecnologias e melhoria da qualidade no fornecimento
da atenção à saúde que resultam da pesquisa) e indiretamente, por meio do impacto potencial da melhoria da saúde na
atividade econômica, devido aos benefícios econômicos prospectivos da própria pesquisa em saúde e ao fato de que ela
ajuda a criar e manter uma cultura da evidência e da razão.
A pesquisa em saúde é vista normalmente nos limites estreitos dos pesquisadores e instituições de pesquisa. O
fi nanciamento do setor público, se disponível, é normalmente repassado para instituições, que, por meio de vários mecanismos,
desembolsam os recursos a pesquisadores para que eles conduzam projetos específi cos. Existem poucos países
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Secretaria de Ciência, Tecnologia e Insumos Estratégicos
e instituições onde o contexto mais amplo da pesquisa em saúde só é considerado quando há uma garantia dada pelo parlamento
ou por instituições políticas similares. No que se refere ao setor privado, em que o fi nanciamento está voltado
para o lucro, o lucro potencial é adicionado à lista de critérios pelos quais os recursos são alocados. E, no caso de pesquisa
privada sem fi ns lucrativos, o motivo específi co do fi nanciamento torna-se o critério adicional. Conseqüentemente,
a pesquisa em saúde, tanto em países ricos como em países pobres, torna-se com freqüência uma coleção de projetos
despropositados, muitos dos quais não têm talvez qualquer ligação direta com as prioridades de pesquisa em saúde do
país. A pesquisa relacionada à eqüidade na saúde ou a critérios de eqüidade e desenvolvimento na alocação de recursos
é rara e, conseqüentemente, mesmo as pesquisas em saúde que resultam em novas intervenções efi cazes são incapazes
de contribuir para a redução da desigualdade na sociedade, a não ser como um efeito colateral. Finalmente, mesmo que
a pesquisa dê respostas práticas para problemas de saúde, como novas drogas ou métodos de diagnóstico, tais achados
raramente têm impacto imediato na saúde dos pobres. De fato, todos nós sabemos muito bem que há terapias efetivas
para as condições que ainda estão causando a maioria da morbidade e mortalidade no mundo em desenvolvimento.
Além disso, está na alçada governamental o poder para coordenar os recursos da sociedade de modo a otimizar
a saúde e os benefícios econômicos da pesquisa em saúde e empregar tais recursos de forma eqüitativa. Os benefícios deveriam ser endereçados especifi camente para as necessidades de saúde dos grupos vulneráveis da população. A melhor
chance que um governo tem para otimizar o impacto da pesquisa em saúde e usar todo o seu potencial em saúde e
desenvolvimento é considerar pesquisadores, projetos de pesquisa e instituições de pesquisa no contexto dos NHRS. Só então os outros vários componentes necessários para fazer a pesquisa em saúde trabalhar para todos podem tornar-se mais explícitos, infl uenciados e avaliados.
Sistemas de pesquisa em saúde
O conceito de sistemas de pesquisa em saúde visa a prover uma ferramenta para o entendimento e orientação de
todos os esforços de pesquisa nas nações e sociedades. No seu sentido mais amplo, os sistemas de pesquisa em saúde incluem todos os esforços que estão diretamente interligados e têm um efeito no modo como a pesquisa é feita e no modo como ela tem impacto na saúde. Por exemplo, na visão tradicional dos pesquisadores, projetos de pesquisa e instituições
de pesquisa, os atores seguintes não são usualmente considerados ou são considerados apenas em um estágio tardio da pesquisa: a mídia (que traduz os achados das pesquisas em linguagem acessível ao público); a comunidade (especifi camente, a sociedade civil organizada);setores de desenvolvimento e negócios (para ação futura); o sistema de
saúde (quem deve implementar os achados?) e, com certeza, os responsáveis pelas políticas (cuja responsabilidade será
a de garantir a implementação dos serviços de saúde). Ver os esforços de pesquisa em e das sociedades como um sistema de pesquisa em saúde pode levar a uma análise mais compreensível dos componentes e ações necessárias para passar de
uma boa idéia de pesquisa a uma ação de saúde efetiva que contribua para melhorar a saúde e reduzir a desigualdade.
Tal sistema de pesquisa em saúde é complexo, fora do controle de qualquer agência ou entidade e com freqüência
mal defi nido. No ambiente da ciência e tecnologia, muito mais esforços têm sido feitos para defi nir e gerenciar tais sistemas complexos e para direcionar o esforço de pesquisa de uma nação para metas claramente defi nidas. Mais do que isso, tais metas estão ligadas ao fortalecimento de algumas partes da capacidade de pesquisa que dará ao país
uma vantagem tecnológica e econômica. Na pesquisa em saúde, poucos desses esforços têm sido feitos, em parte talvez porque os sistemas de pesquisa em saúde são mal defi nidos e porque o setor saúde é visto como diferente de outros setores mais importantes.
Componentes dos sistemas de pesquisa em saúde
O COHRED tentou uma primeira definição de sistemas de pesquisa em saúde nacionais propondo quatro funções genéricas para a Conferência Internacional em Pesquisa em Saúde para o Desenvolvimento, em 2000 acompanhar o sistema; pesquisar o sistema; 3) construir a capacidade para conduzir pesquisas essenciais; conduzir a própria pesquisa, que foi mais tarde dividida em geração e utilização do conhecimento.
Essa visão ampla foi reduzida pela seguinte definição de sistemas de pesquisa em saúde proposta pela OMS: “as pessoas, instituições e atividades, cujo objetivo é gerar conhecimento detalhado e confiável que será usado para promover, restaurar e manter o estado de saúde das populações. Nossa definição inclui todos os atores envolvidos primariamente na geração de conhecimento nos setores público e privado.” Um propósito desta definição é dar consistência ao sistema. No entanto, ao limitar o sistema de pesquisa apenas a estes conhecimentos
Por que pesquisa em saúde? gerados, a definição exclui as muitas outras partes do sistema que são requeridas para assegurar que o conhecimento gerado seja relevante e para fazer as conexões da geração de conhecimento com a ação de saúde efetiva.
Um melhor entendimento do formato dos NHRS é dado pela descrição de suas principais funções:
• acompanhamento e gestão,
• financiamento,
• construção de capacidade,
• geração ou tradução de conhecimento e
• utilização de conhecimento.
Uma estrutura que use estas várias funções do sistema como ponto de partida possibilitará um mapeamento mais claro das autoridades responsáveis, das atividades-chave, do núcleo do sistema, seus processos e resultados do que simplesmente considerando os produtores de conhecimento. Mesmo estando fora do escopo deste texto uma consideração detalhada dessas funções principais, está claro que uma abordagem sistemática para definir cada componente e suas atividades é mais apropriada para fazer da pesquisa uma das ferramentas disponíveis para os países melhorarem a saúde da população, a eficiência e o impacto do sistema de saúde, e o desenvolvimento em geral. Na tabela abaixo, algumas das partes cruciais de cada uma das funções do sistema de pesquisa são dadas como ilustração, não como uma lista exaustiva.
Acompanhamento e gestão
.. Existe uma política/estrutura/agência onde os dados sobre as atividades nacionais de pesquisa
em saúde sejam sistematicamente coletados, analisados e disseminados?
.. Quais são os “responsáveis”? Existe representação de usuários, comunidades, sociedade civil organizada?
Como eles alimentam a gestão dos recursos públicos? Como os interesses dos pobres
são representados? Como as pesquisas dos setores público e privado interagem?
.. Existe uma lista nacional de prioridades de saúde e de problemas do sistema de saúde? Essa
lista é estabelecida de maneira confi ável, atualizada, tornada pública ou divulgada e usada nasdecisões políticas?
.. Para quem os pesquisadores e as instituições de pesquisa prestam contas? Para os contribuintes,
para as comunidades vulneráveis?
.. Existem dados sobre o impacto na saúde e os benefícios econômicos potenciais da pesquisa
em saúde?
.. A criação de uma cultura de pesquisa nos países é parte importante do monitoramento efetivo.
Financiamento
.. Como a pesquisa em saúde é fi nanciada? Existe uma diferenciação entre pesquisa pública,
privada, estrangeira, local?
.. Existe um mecanismo de monitoramento para os gastos governamentais com pesquisa em saúde
(meta de 2% do orçamento público) e para os gastos em ajuda externa para pesquisa em saúde
(meta de 5% do orçamento público)?
.. São explorados mecanismos inovadores para a obtenção de fundos? Tanto locais quanto
internacionais?
.. Existem lacunas na atividade de pesquisa? Há uma focalização na falta de financiamento?
Se há, o que é feito para supri-la?
Construção de capacidade
.. A construção de capacidade pode ocorrer no nível dos indivíduos, das instituições, do sistema e
saúde e até do governo como um todo e do meio ambiente (inclusive, por exemplo, a capacidade
de governar a pesquisa nacional em saúde). Existe um lugar onde tais análises são sistematicamente feitas? Seus resultados são traduzidos em esforços de construção de capacidade?
.. Há um levantamento de necessidades e uma competência para atender essas necessidades, por
meio de recursos locais e internacionais?
.. Enquanto a geração de conhecimento acarreta novos conhecimentos, o conceito de “tradução
de conhecimento” indica a capacidade de um país de entender a importância da pesquisa feita
em qualquer parte e de usá-la em seu próprio benefício.
.. Existe um sistema de varredura sistemática e interação com organismos semelhantes em outras
partes do mundo para assegurar que os países produzam a maioria dos conhecimentos e especializações necessárias?
Utilização de conhecimento
.. Por fi m, o conhecimento precisa traduzir-se em ação de saúde signifi cativa. A ligação do conhecimento disponível com a implementação efetiva inclui muitos atores e todos contribuindo.
Sem eles, a ação pode ter um impacto reduzido ou até mesmo não acontecer. Da mídia (popularizando as publicações científi cas e o conhecimento) e instituições educacionais (assegurando um currículo continuamente atualizado e a capacidade de atualização dos estudantes)
à transformação do sistema de saúde para incluir novos protocolos/diretrizes/diagnósticos/
terapêuticas, ação política para mudança e muito mais: a menos que seja sistematicamente
mapeado e direcionado, o conhecimento disponível permanecerá sub-utilizado, acarretando
sofrimentos e mortes evitáveis.
Sistemas nacionais de pesquisa em saúde
É central para o conceito de sistemas de pesquisa em saúde que o controle efetivo sobre essa pesquisa possa realmente ser executado apenas em níveis nacionais, onde se encontram as autorizações políticas para os gastos e a ação
nacional. Apesar da conversa sobre “arquitetura global de pesquisa”, e da existência de serviços de saúde nacionais, com seus próprios institutos de pesquisa, e de um setor privado que tem pesquisas de custo, qualidade e efi ciência desenvolvidas regularmente, é no nível dos governos nacionais que a pesquisa em saúde pode ser levada a direcionar as melhorias na saúde para a população de baixa renda, a igualdade na saúde e o desenvolvimento, e para onde os esforços de pesquisa
podem ser direcionados (por meio de vários mecanismos de financiamento e legislações) no alcance de saúde, eqüidade ou de metas acordadas internacionalmente como as Metas de Desenvolvimento do Milênio.
Há um fator adicional de grande importância. Mesmo sendo a pesquisa freqüentemente retratada como neutra e objetiva, o conhecimento e o caminho que ele percorre até a ação de saúde efetiva certamente não o são. Por esta razão,
os sistemas de saúde precisam levar em conta a natureza específi ca, a cultura, a história, as capacidades e preferências
dos países. Em resumo, os sistemas de pesquisa são altamente específi cos para cada país. Não há sistema geral que funcione;
há apenas conceitos e valores que precisam de tradução para as realidades locais.
Os países em desenvolvimento têm outra razão crucial para construírem sistemas fortes de pesquisa em saúde.
Eles precisam de prioridades de pesquisa em saúde estabelecidas com credibilidade e atualizadas, uma estrutura de políticas de pesquisa em saúde, um mecanismo de gerenciamento de pesquisa em saúde e um sistema de comunicação
com doadores e patrocinadores de pesquisas. Só assim os parceiros dos países desenvolvidos podem ser capacitados e
encorajados a alinhar seus investimentos em pesquisa em saúde com as prioridades nacionais e harmonizar sua ajuda
com aquelas de outros para serem capazes de realçar o potencial de construir a capacidade e a sustentabilidade da pesquisa
para programas de saúde.
Daí nossa ênfase na importância de sistemas de pesquisa em saúde quando se considera a estimulação da pesquisa
em saúde nos ou para os países em desenvolvimento.
Reconhecemos que essa não é uma tarefa pequena, porque demanda uma abordagem coerente e planejada, dentro e além do setor de saúde, e envolvendo vários setores do governo, autoridades civis e parceiros para o desenvolvimentointernacional. O desafi o é que os governos desenvolvam políticas nacionais especialmente claras, que incluam
pesquisas para a saúde e tomem a iniciativa de estimular as autoridades relevantes a se engajarem nessa abordagem de caráter coletivo.
Por que pesquisa em saúde?

 Apesar da melhora nos últimos anos, o Brasil ainda tem um longo caminho a seguir para ser competitivo A pesquisa biomédica passou do amadorismo e voluntarismo à seriedade e ao profissionalismo necessários para projetar o Brasil no cenário mundial. Nenhum país que pretende ser potência mundial pode deixar de criar e ampliar seu parque científico. As pesquisas, em geral, e a biomédica, em particular, vêm se beneficiando da estabilidade econômica dos últimos 15 anos, além da criação dos Fundos Setoriais de Ciência e Tecnologia e da consolidação do financiamento estadual pelas fundações de apoio às pesquisas estaduais, a exemplo da Fapesp.Mas ainda falta muito. “Nos últimos oito anos, o volume de recursos do Ministério da Saúde vem aumentando progressivamente, aproxima-se dos 200 milhões de reais ao ano e influencia setores da pesquisa específicos e complementares àqueles que recebem o apoio tradicional das agências de fomento”, afirma José Eduardo Krieger, professor de Cardiopneumologia e diretor do Laboratório de Genética e Cardiologia Molecular do Instituto do Coração da USP. 

CartaCapital: Que tipo de projetos o Ministério da Saúde apoia atualmente?

 José Eduardo Krieger: Projetos interdisciplinares de inovação em saúde, como a pesquisa em células-tronco, e de transferência de tecnologia para o sistema de saúde, como os estudos da hipertensão arterial.

CC: O que falta para a ampliação desses e de outros projetos científicos?

 JEK: Infraestrutura adequada, formação e capacitação de redes envolvendo os hospitais universitários e acesso a equipamentos sofisticados como, por exemplo, sequenciadores de DNA de última geração, áreas que têm sido alvo de investimento por parte do Ministério da Saúde.

CC: Essa infraestrutura é exclusiva das instituições públicas?

JEK: Não. Essas medidas devem envolver a iniciativa privada, que é parte do complexo industrial da saúde e requer o funcionamento do sistema para desenvolver e testar novos agentes diagnósticos e terapêuticos. À medida que o sistema se moderniza, aumenta a articulação entre governo, academia e iniciativa privada.

CC: O que falta para maior avanço na pesquisa biomédica? 

JEK: O conjunto de medidas apontadas acima e o aumento dos recursos são positivos, mas evidenciaram as amarras do sistema. Nas universidades, o financiamento dirigido diretamente ao pesquisador gerou enormes dificuldades. A Fapesp, que desembolsa somas vultosas para financiar pesquisa, já sinalizou às universidades paulistas que elas devem prover maior apoio na gestão de projetos para que o foco do pesquisador seja a pesquisa, e não processos de compras e prestação de contas.

CC: A velocidade de aquisição e atualização da infraestrutura de pesquisa no Brasil é adequada? 

JEK:  Somos reféns de uma estrutura de importação/exportação de bens e serviços não concebida para atender às necessidades de pesquisa. A competitividade não depende apenas de se chegar a um certo ponto, mas de quão rápido se chega lá.  Compatibilizar a função de vários órgãos ligados a diferentes ministérios e as demandas da pesquisa é fundamental

CC: Isso é possível? 

JEK: Sim. Experiências recentes com participação de representantes do Ministério da Saúde, da academia, da Anvisa e da Receita Federal mostram que é possível simplificar os processos sem comprometer o papel dos diferentes órgãos.

CC: Como a pesquisa médica é vista no Brasil, em relação aos países desenvolvidos?

JEK: A pesquisa clínica, indispensável para o desenvolvimento de novas intervenções diagnósticas e terapêuticas, não é percebida como de interesse público, prejudicando a competitividade do País. A criação de marcos legais e instrumentos para que o Estado exerça o seu papel regulador é fundamental.

CC: Como está a nossa legislação? 

JEK: A lei que orienta a pesquisa animal, Lei Arouca, foi recentemente aprovada, criando o Conselho Nacional de Controle de Experimentação Animal. Mas a pesquisa clínica ainda aguarda regulamentação da lei que orienta suas atividades. A Comissão Nacional de Ética em Pesquisa (Conep) ocupa-se, principalmente, com os aspectos éticos das pesquisas que envolvem humanos.  A regulamentação da lei ligando a Conep diretamente ao Ministério da Saúde permitiria ampliar as atribuições da entidade para observar, além dos aspectos éticos, os aspectos científicos importantes para o desenvolvimento das atividades, contribuindo para aumentar a competitividade do País nesse setor.

Fonte: Carta Capital