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2.03.2011

Controle suas emoções e de um salto para o sucesso

Por Marcia Di Domenico
sabotando
A publicitária Marina Constantino, 26 anos, estava feliz da vida com o gato que havia conhecido alguns dias antes. Conversaram por horas e descobriram interesses em comum, trocaram telefones e marcaram um cinema para o fim de semana. Mais dois encontros e o moço desapareceu. Até aí, tudo bem, se esse não fosse mais um na lista de “ex-futuros relacionamentos” da publicitária. “Na última vez, tinha prometido que deixaria a coisa rolar sem tantas expectativas”, fala. “Mas, quando me dei conta, já estava ligando pela segunda vez no dia, enchendo o rapaz de cobranças e querendo combinar, na segunda-feira, o que a gente ia fazer no fim de semana”, conta.
Marina não é a única que se diz mestre em repetir comportamentos que, na vida amorosa, profissional e até na dieta e na malhação, colocam nossos objetivos a perder quando tudo parece encaminhado para dar certo. “O fracasso pode ser merecido ou apenas má sorte. Mas, quando acontece repetidamente, alguma coisa está errada”, diz o psicólogo americano Stanley Rosner no livro O Ciclo da Auto-Sabotagem (editora Best Seller). “Geralmente, é um sentimento de culpa por ter uma vida melhor que a dos outros ou uma sensação de não merecer tanto.” No caso de Marina, ela possivelmente achou que o gato era areia demais para o seu caminhãozinho... e amarelou diante da chance de ser feliz com ele.
Sim, você merece
Somos capazes de nos autossabotar mesmo quando tudo parece ir às mil maravilhas. A advogada Melissa Lima, 25 anos, que o diga. Ela estava satisfeita com o emprego no departamento jurídico de uma empresa quando recebeu a proposta de um dos maiores escritórios de advocacia da sua cidade para ganhar o dobro cuidando de causas ambientais, sua paixão desde a faculdade. Preparou-se durante semanas para a entrevista com o dono do escritório. No dia D, saiu de casa bem antes do horário combinado, mas adivinha? Errou o caminho, pegou um trânsito horroroso, acabou se atrasando e perdeu a vaga. “Havia feito o trajeto de casa até o local da entrevista na véspera para ter certeza de que chegaria de primeira”, lembra. “Na hora, peguei uma rua errada e fiquei presa em um
congestionamento, olhando para o relógio e vendo minha oportunidade indo para o espaço”, lembra.
Para os especialistas, sempre que desconfiamos da nossa capacidade, nosso inconsciente bloqueia nossas emoções e atitudes e acabamos nos boicotando. Aparentemente, foi o que aconteceu com Melissa. “ Ela foi vítima da chamada síndrome do impostor: você acredita que não é merecedora daquela conquista, então se afasta do ucesso. Tudo por medo da mudança, acredita o psicólogo Stanley Rosner. “Sabemos, sentimos, queremos mudar, porém a perspectiva de causar transtorno na nossa estabilidade é assustadora.”
Não se reprima
A vilã desse comportamento destrutivo é a autoestima baixa, geralmente alimentada nos primeiros anos de vida. “Valores e atitudes aprendidos na infância tornam-se parte do nosso modo de pensar e refl etem em reações emocionais e comportamentais”, afirma a psiquiatra Luciana Ferreira Nunes no livro Sentimentos Que Causam Stress (Papirus Editora). Como exemplo, ela fala de alguém que foi criado por um pai ou mãe exigente e que, por isso, cresce achando que precisa da aprovação das pessoas de quem gosta a fi m de ser amado. Foi o caso da economista Paula Soares, 26 anos. Vaidosa por natureza, ela adorava vestidinhos curtos e maquiagem antes mesmo de virar adolescente. A mãe era contra. “Ela censurava meus decotes, minhas pernas de fora e dizia que batom não combinava comigo”, lembra. À medida que foi crescendo, foi ganhando peso: aos 22 anos, estava com 87 quilos. Foi também deixando de se preocupar com a aparência. “Queria emagrecer, mas não era firme em nenhuma dieta. Assaltava a geladeira à noite e tinha semanas em que almoçava e jantava fast food”, conta. Os especialistas analisam essa tentativa de se enfeiar como uma resposta à repreensão do passado, como se ser bela fosse feio. Felizmente, Paula se tocou a tempo. Convencida de que aquele corpo não lhe pertencia, fechou a boca e, na base da força de vontade, secou 20 quilos e voltou a usar suas roupas sensuais. “Percebi que estava mais preocupada com a opinião dos outros do que com a minha felicidade. Ok, é importante ser aceita, mas percebi que não tem nada de errado em ser vaidosa.”
Com a dentista Claudia Guimarães, 34 anos, foi diferente. Casada com um esportista de carteirinha,
durante anos ela seguiu o marido na rotina de exercícios – corrida, capoeira, natação, musculação, boxe –, que começava de madrugada. Até que, há pouco tempo, foi parar no ortopedista por causa de uma lesão séria e saiu de lá proibida de pegar pesado na malhação. “No fundo, dei graças a Deus, porque treinava para agradá-lo”, diz. “Quando não queria ir, ele fazia um escândalo tão grande que acabava me vencendo pelo cansaço.” Sim, o medo de não atender às expectativas do outro nos faz perder a capacidade de identifi car a verdadeira motivação das nossas ações. No caso de Claudia, foi como se o corpo desse um grito de alerta dizendo “não, não estou feliz assim!”
É claro que cada pessoa tem uma história e que as razões por trás da autossabotagem podem ser inúmeras. Mas dificilmente percebemos que a traição começa em nós mesmas, normalmente porque
não sabemos como lidar diretamente com a raiz do problema. Topa fazer um teste? Olhe para si mesma, suas emoções e atitudes diante de desafios e situações que podem trazer uma mudança. Assim é possível aceitá-las e refletir a tempo de evitar o (mesmo) erro outra vez.
Estratégias para driblar a autossabotagem
• Abra-se para as mudanças: aceitando que certezas não existem e que não dá para querer controlar
os acontecimentos, você fica mais leve.
• Esqueça a perfeição: no trabalho ou nos relacionamentos, o desejo de ser infalível gera angústia, insegurança, afasta você dos seus objetivos e impede que mostre suas reais qualidades.
• Estabeleça metas realistas: assim você não desanima nem perde o fôlego antes de alcançá-las – seja na dieta, na ginástica ou na carreira.
• Enfrente o passado e não busque no namorado, no filho ou no chefe aquilo que não teve dos pais na
infância. Só dominando o passado é que você avança em direção ao futuro.
• Invista em sua autoestima Para isso, adote hábitos saudáveis – alimentação equilibrada, atividade física e sono adequado –, cuide da sua beleza, faça o que gosta e não tenha vergonha de expor seus sentimentos.
 Fonte: Boa Forma

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