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2.01.2011

Terapia hormonal precoce dobra risco de câncer de mama


Mulheres que usaram hormônios antes ou no início da menopausa têm o dobro de risco de desenvolver câncer de mama em comparação àquelas que nunca usaram.

A conclusão é de um amplo estudo inglês, da Universidade de Oxford, com 1,13 milhão de mulheres entre 50 e 59 anos, que adotaram a TRH (terapia de reposição hormonal) combinada (estrógenos e progesterona).
Esse é mais um capítulo na polêmica novela da terapia hormonal. Em 2002, o estudo Women Health's Initiative mostrou que a TRH aumentava os riscos de câncer da mama, mas dizia que ele surgia após cinco anos de uso.
Em 2009, outro estudo reduziu o período de segurança para dois anos. Desde então, há médicos indicando a terapia mais cedo, até antes do início da menopausa.
Publicado no "The Journal of National Cancer Institute", o novo estudo inglês mostrou que entre as mulheres que nunca fizeram a terapia hormonal, a taxa de risco para o câncer foi de 0,3%.
O índice passou para 0,46% em mulheres que começaram a tomar os hormônios cinco ou mais anos após a menopausa começar. Já entre aquelas que adotaram a terapia antes ou até cinco anos após a menopausa, a taxa foi para 0,61%.
Segundo a autora principal do estudo, Valerie Beral Dame, professora de Oxford, o risco continuou aumentado em mulheres que tomaram a droga por menos de cinco anos. "A questão não é o intervalo de uso, mas o tipo de terapia hormonal que as mulheres usam." A terapia só com estrógeno demonstrou ter menos risco.
Para o ginecologista César Eduardo Fernandes, presidente da Sogesp (sociedade de ginecologia paulista), os benefícios da terapia hormonal ainda suplantam "folgadamente" os riscos.
Nos primeiros anos de menopausa, as mulheres sofrem uma aceleração do processo aterogênico, por conta da alteração do metabolismo das gorduras e dos açúcares, além de perda óssea.
"Os sintomas incidem nessa época. É quando as mulheres têm as ondas de calor, sono alterado, fadiga e irritabilidade. Essa é a época apropriada para entrar com a terapêutica hormonal", diz ele.
O ginecologista Renato Kalil concorda. "Não tem jeito. Se a massa óssea está despencando e a qualidade de vida está piorando por conta dos sintomas, tem que entrar com a terapia hormonal."
Fernandes reconhece, porém, que o trabalho inglês "joga uma mácula" sobre os benefícios da terapia hormonal no início da menopausa.
Edmundo Baracat, professor da USP, diz que o estudo é importante, mas que os resultados precisam ser confirmados por outros para que haja mudança de conduta.
LINHA DO TEMPO
Década de 1970
A terapia com estrógeno é associada ao aumento de risco de câncer do endométrio
Década de 1980
Surgem as terapias de reposição combinando estrógeno e progesterona, que não aumentam o risco de câncer do endométrio
Década de 1990
Boom da terapia hormonal; há a hipótese de que a reposição protegeria as mulheres de riscos cardiovasculares
2002
O primeiro grande estudo controlado sobre reposição hormonal é interrompido, porque foi observado aumento de casos de câncer de mama, tromboses e AVC nas mulheres que tomavam os hormônios
2006
Estudos observacionais sugerem que se a reposição for iniciada mais precocemente o risco cardiovascular diminui
2009
A Sociedade Americana de Câncer reduz para dois anos o período de segurança para tratamento com hormônio. Após esse período, o risco de câncer de mama aumenta
2011
Estudo britânico com mais de 1 milhão de mulheres na menopausa indica que quem inicia a terapia de reposição mais cedo tem risco mais alto de câncer de mama
CFSP

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