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4.27.2011

CÂNCER


O Câncer está entre as quatro primeiras causas de mortes no Brasil e infelizmente, ainda é uma doença cercada por muito preconceito e desinformação por parte da população em geral. Além disso, os médicos às vezes atrasam o diagnóstico e muitas vezes atrasam até o tratamento, por achar que o problema não tem solução.

Estimativas feitas pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca) mostram que deverão ser diagnosticados mais de 337 mil novos casos, e a previsão é de que cerca de 112 mil pessoas deverão morrer vitimadas por tumores.

De acordo com o Inca, os tipos mais comuns e que mais matam no Brasil são os cânceres de mama, próstata, pele, pulmão, útero e estômago.

Segundo especialistas envolvidos com o problema, o medo do diagnóstico da doença afasta as pessoas dos consultórios, fazendo com que as chances do paciente se beneficiar, com as novas formas de tratamento, (os avanços conquistados na área impressionam) sejam nulas.

Portanto, o diagnóstico precoce contribui em grande parte para o sucesso do tratamento.

O medo do diagnóstico entre os brasileiros é tão grande, que dados comparando o Brasil com os Estados Unidos mostram que nos EUA, onde a taxa de diagnóstico precoce é alta, a relação entre o número de novos casos da doença para o número de mortes é 22%, enquanto que no Brasil este índice sobe para 40%.

A nossa intenção é mostrar através deste artigo que o câncer pode ser prevenido e tratado.

É mostrar a todas as pessoas que por mais assustadora que seja a doença, ela tem cura.

Deve-se procurar mudar a mentalidade da população e, de muitos profissionais em relação à doença, de forma a trazermos mais pacientes aos consultórios para que realizem exames de detecção precoce e assim, terem chances de fazer uso dos melhores tratamentos disponíveis.

De acordo com os maiores especialistas da área, os principais fatores que podem contribuir para o surgimento do câncer, além do fator genético (forte histórico familiar), são: maus hábitos alimentares, fumo, estresse e a obesidade.

Muitos componentes da dieta alimentar tem sido relacionados com o processo de desenvolvimento do câncer, principalmente o de mama, cólon (intestino grosso), reto, próstata, esôfago e estômago. Os estudos mostram que 1/3 de todos os tipos de cânceres estão relacionados às dietas inadequadas. Uma alimentação pobre em fibras, com altos teores de gorduras e altos níveis calóricos (hambúrguer, batata frita, bacon, frituras em geral, etc) está relacionada a um maior risco para o desenvolvimento de câncer de cólon, reto e mama, enquanto que cânceres como o de esôfago e estômago estão relacionados mais com o consumo de alimentos defumados, assados na brasa e aqueles preservados em sal. Churrasco provoca câncer de acordo com muitos especialistas, só o cigarro pode ser mais perigoso do que as picanhas, lombos e lingüiças assados na brasa ou defumados.

Além do excesso de gordura, que dificulta a digestão, forçando o fígado e o estômago a produzir ácido em excesso, levando a uma corrosão das paredes do intestino, podendo provocar mutações cancerígenas, os famosos churrascos e alimentos defumados podem levar para dentro do nosso corpo uma substância chamada amina heterocíclica. Essa substância é criada pelo calor da grelha, formando aquele pretinho crocante dos churrascos. As aminas heterocíclicas entram no interior das células, onde se ligam ao DNA e provocam mutações cancerígenas.

O mesmo vale para os alimentos defumados impregnados pelo alcatrão (o mesmo do cigarro) proveniente da fumaça.

O excesso de sal também é nocivo. Alimentos salgados demais ou preservados em sal (carne de sol, charque e peixes salgados) estão relacionados principalmente ao desenvolvimento de câncer de estômago.

Sozinho o sal não é tão prejudicial, mas misturado a uma substância chamada nitrosamina (produzida pela fermentação das carnes ao sol), se transforma numa toxina cancerígena.

Certos aditivos químicos utilizados na indústria durante o processo de fabricação dos alimentos podem também trazer vários riscos para nossa saúde. É o caso dos nitritos e nitratos. Usados para conservar alguns tipos de alimentos como picles, salsichas e alguns tipos de enlatados, podem transformar-se em nitrosaminas, substâncias com potente ação carcinogênica, responsáveis por altos índices de câncer de estômago.

Embora as quantidades de aditivos sejam regulamentadas e muito pequenas, todo cuidado é pouco, pois existem casos onde nem todos estão de acordo quanto à inocuidade desses aditivos. Além disso, o controle da quantidade desses aditivos é difícil, bem como a avaliação da susceptibilidade de cada consumidor aos mesmos, principalmente no que diz respeito aos danos a longo prazo.

Portanto, a minha dica é que da próxima vez que for ao supermercado, repare nos ingredientes do rótulo. Prefira o mais natural, até porque no tempo das nossas avós elas não usavam aditivos em suas cozinhas.

Outro ponto importante a ser destacado dentro do fator dieta diz respeito ao uso de hormônios que muitas vezes são utilizados para engordar animais artificialmente.

Atenções especiais também devem ser dadas aos grãos e cereais (principalmente o amendoim). Se armazenados em locais inadequados e úmidos, esses alimentos podem ser contaminados pelo fungo aspergillus flavus, que produz a aflotoxina, uma substância cancerígena. Essa toxina está relacionada ao desenvolvimento de câncer de fígado.

Fumo e estresse - de acordo com o Instituto Nacional do Câncer, o Brasil tem cerca de 30,6 milhões de fumantes. Desse total, 2,4 milhões são adolescentes entre 15 e 19 anos.

Segundo os especialistas, o cigarro é hoje responsável por cerca de 90% dos casos de câncer de pulmão, sendo que em 2000 provocou a morte de 14,5 mil pessoas em todo Brasil.

Já o estresse, mal que vem crescendo assustadoramente devido ao ritmo de vida cada vez mais complicado das pessoas, pode contribuir para o surgimento da doença na medida em que baixa a imunidade do organismo.

Portanto, um passo importante para as pessoas que querem se proteger contra o câncer é eliminar o fumo e levar uma vida equilibrada, sem correrias e mau humor.

A obesidade é um problema que está relacionado com um aumento do risco para o desenvolvimento de câncer de útero, vesícula biliar, mama e cólon. De acordo com dados do American Institute for Cancer Research, a estreita relação entre obesidade e câncer reside no fato de que com a obesidade os níveis do hormônio estrogênio aumentam, aumentando os riscos de câncer principalmente em mulheres depois da menopausa. A hiperinsulinemia e fatores de crescimento (IGFs) também são relacionados, mas o importante é saber que a obesidade promove meio favorável para o desenvolvimento de tumores, já que as células, incluindo as cancerígenas, crescem mais facilmente quando a quantidade de calorias no organismo é abundante.

Sobre o Diagnóstico e tratamento da doença. Os especialistas já conseguiram detectar mais de cem tipos de câncer, sendo que cada um apresenta características diferentes.

Os tratamentos disponíveis atualmente são muito eficazes, mas depende ainda em muito do diagnóstico precoce.

Para isto, fique atento às precauções que devemos tomar para que possamos estar sempre em dia com nossa saúde.

Cuidados específicos para os principais tipos de câncer:

· para evitar câncer de colo de útero as mulheres com mais de 20 anos devem fazer exame anual de Papanicolau;

· para evitar câncer de mama as mulheres devem fazer auto exame, exame clínico anual e mamografia quando requisitado;

· para evitar câncer de pele, evitar o sol entre 10 e 15 horas. Se houver tendência, ir ao dermatologista para examinar anualmente as pintas existentes;

· para evitar câncer de pulmão eliminar o fumo e consultar periodicamente o médico se houver histórico familiar.

O tratamento dos pacientes com câncer deve ser feito por uma equipe multidisciplinar que envolva médicos, nutricionistas e psicólogos. Além disso, o sucesso do tratamento depende de técnicas cirúrgicas adequadas, remédios seguros e com menos efeitos colaterais.

Na área de quimioterapia, uma série de novas drogas estão sendo usadas; algumas são apresentadas em cápsulas, o que possibilita tratar-se em casa. Em muitas delas os efeitos colaterais como náuseas, perda de apetite ou vômitos desaparecem.

Segundo ainda os especialistas, os prognósticos para os pacientes melhorou muito na última década. Muitos progressos foram obtidos devido ao diagnóstico mais preciso e a melhora no tratamento quimioterápico.

Outro ponto importante para aquelas pessoas em tratamento, é manter o organismo bem alimentado. Não há dúvidas que uma boa alimentação e a manutenção do peso ideal faz com que o corpo ganhe forças para lutar contra a doença e faz com que o tratamento seja mais eficiente.

Uma dieta saudável a base de frutas, verduras/legumes, grãos de cereais e leguminosas (principalmente os integrais), leite e derivados com pouca gordura e carnes, de preferência peixe e frango sem pele é indicada para todos.

Também, o uso de alimentos que tem sido investigados como importantes na prevenção e controle do câncer como a soja, tomate, crucíferas (repolho, brócolis, repolho), alho, cebola e as frutas cítricas, devem ser diariamente consumidos.

Homens e mulheres com mais de 50 anos: exame anual de sangue oculto nas fezes.

Fico muito preocupada quando observo que no Brasil, o perfil de consumo de alimentos que contém fatores de proteção contra o câncer está abaixo do recomendado. O consumo de alimentos gordurosos e processados é muito alto em relação aqueles considerados importantes na prevenção. Alimentos que incluem a maioria dos fatores de risco aqui citados como hamburguer, cachorro quente, batata frita, entre outros, são os preferidos entre os jovens não só das classes mais abastadas, mas também nas menos favorecidas. É preciso mudar essa mentalidade. E isso deve vir antes de tudo da família e da escola que orientam as crianças desde cedo na formação de seus hábitos alimentares. Quando conseguirmos fazer com que nossas crianças adquiram melhores hábitos alimentares e não se deixem iludir pelo vício do cigarro, não tenho dúvidas que o futuro do nosso país será um batalhão de pessoas saudáveis, livres do câncer e outras doenças que nos aterrorizam neste final de século.

Texto de JOCELEM MASTRODI SALGADO
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