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4.04.2011

Dores no peito


Quais fatores são importantes na avaliação de uma dor no peito?

Existem dois fatores primordiais na avaliação clínica da dor torácica:
Dor no peito- Características da dor
- História clínica do paciente

1- Características da dor no peito

Quando se tem uma dor no peito, a primeira coisa que se deve tentar esclarecer é se a mesma indica uma dor anginosa, ou seja, dor de isquemia cardíaca (infarto). A angina de peito apresenta algumas características típicas que podem ser usadas para afastar ou reforçar a suspeita de uma doença cardiovascular.

Características da dor no peito de isquemia cardíaca:

- ser mais um peso ou uma forte sensação de aperto no peito do que uma propriamente uma dor (é muito comum o paciente descrever a dor encostando o punho fechado em frente ao peito, para mostrar que a dor é em aperto)
- ser desencadeado por esforço físico ou estresse emocional.
- ser uma dor difusa no lado esquerdo e centro do tórax, frequentemente com irradiação para braço esquerdo, costas e/ou pescoço.
- vir acompanhada de suores, falta de ar, palidez ou hipotensão.
- vir acompanhada de palpitações.
- ser uma dor que dura vários minutos.
- ser uma dor que não cede aos analgésicos comuns.
- um sinal de extrema gravidade, e que fala a favor de doença cardíaca, é a perda de consciência após o início da dor torácica

Na maioria das vezes o infarto se apresenta como uma dor intensa e muito incomodativa. Porém, a intensidade da dor não é um fator determinante, uma vez que até 1/3 dos infartos ocorrem com leves desconfortos. Pacientes diabéticos ou idosos podem ter dores leves e, às vezes, se queixam mais de cansaços e mal estar do que propriamente de dor no peito.

Características da dor no peito que falam contra uma isquemia cardíaca:

- ser uma dor que dura poucos segundos e surge sem esforço físico ou estresse emocional.
- uma dor de curta duração que vai e volta sem fatores desencadeantes precisos.
- ser uma dor muito bem localizada, sendo o paciente capaz de apontar com o dedo indicador exatamente onde ela incide.
- ser uma dor que piora quando se aperta o local com o dedo ou quando se faz algum movimento com o tórax.
- dor em pontada ou que piora com a respiração profunda costumam ter origem outra que infarto.
- ser uma dor que vai e volta há muitos anos sem haver sinais de progressão ou piora.
- ser uma dor que melhora muito com um simples analgésico.
- ser uma dor que não irradia e não vem acompanhada de outros sintomas como falta de ar, suores, vômitos, hipotensão etc...

Devemos salientar que as características acima são apenas orientações, de modo algum são suficientes para se descartar ou diagnosticar uma dor no peito. Algumas pessoas com crises de ansiedade podem apresentar sintomas muito parecidos com um infarto, queixando-se de palpitação, suores, falta de ar, tonturas etc...

Também é bom lembrar que a isquemia cardíaca não é a única causa grave de dor no peito, podendo esta também ser causada por pneumonia, embolia pulmonar e aneurisma de aorta, por exemplo, doenças com sintomas distintos do infarto do miocárdio.

2- História clínica do paciente com dores no peito

Além das características da dor, os dados clínicos do próprio paciente também são extremamente relevantes. A abordagem de uma dor no peito em um paciente de 19 anos e sadio é completamente diferente da de um paciente de 63 anos, obeso, com história de diabetes, hipertensão e tabagismo.

Quanto mais fatores de risco para doença cardiovascular um paciente tiver, maiores as chances de sua dor no peito indicar uma doença mais grave. Um paciente sem fatores de risco conhecidos pode infartar? Pode, mas é pouco comum, e isso deve ser sempre levado em conta ..

Os principais fatores de risco para doença cardiovascular que devem ser avaliados em um paciente com dor no peito são:

- Idade maior que 40 anos
- História prévia de doença isquêmica cardíaca
- Sedentarismo e dieta rica em gorduras saturadas
- Forte história familiar para doença isquêmica cardíaca
- Tabagismo
- Obesidade
- Diabetes mellitus
- Hipertensão arterial
- Colesterol elevado
- Insuficiência renal crônica
- Uso de cocaína
  O médico é capaz de estabelecer os diagnósticos diferenciais para a sua dor no peito. Se a avaliação clínica indicar algum risco da dor ser de origem cardíaca, o médico irá solicitar exames para tentar diagnosticar ou descartar esta causa. Em avaliações de dor torácica, muitas vezes é mais importante descartar causas graves do que estabelecer um diagnóstico definitivo para a dor.

Causas de dor no peito

A dor no peito sempre traz consigo o medo de um infarto, porém, existem dezenas de causas para dor torácica, algumas delas tão ou mais graves que a doença isquêmica cardíaca. Na verdade, a dor no peito pode ser causada por doenças em qualquer um dos órgãos dentro e fora da caixa torácica, incluindo coração, esôfago, pulmão, pleura, mediastino, grandes vasos, costelas, cartilagens, articulações, músculos do tórax, pele etc...
  O diagnóstico da dor no peito é bem complexo, uma vez que este sintoma pode indicar uma extensa gama de patologias distintas. Na dúvida, o ideal é procurar um médico. Se a sua dor é diferente das que você já sentiu antes, procure ajuda de um profissional, principalmente se você tiver fatores de risco para doença cardiovascular.

Ansiedade e gases como causa de dor torácica

Pessoas com crises de ansiedade, síndrome do pânico, depressão e hipocondria também costumam apresentar dores no peito com frequência. Pelo menos 1/3 dos pacientes que se dirigem aos serviços de urgência com dor no peito, o fazem por causas de origem psicológicas/psiquiátricas.

A relação entre gases e dor no peito é bem conhecida. Normalmente a dor por gases não é bem no tórax, mas sim na porção inferior das costelas, que chamamos de hipocôndrio. Estas dores ocorrem por dilatação dos estômago e esôfago, muitas vezes pinçando os nervos ao seu redor. Pessoas com hérnia de hiato, uma condição onde o estômago acaba subindo em direção ao tórax, podem ter dor torácica com acumulo de gases no estômago.

Outra causa comum de dor na região do hipocôndrio e costelas, mas que pode ser confundida com dor torácica, é a dor que ocorre após exercício físico extenuante. Esta dor é causada por fadiga da musculatura torácica responsável pela respiração. Ela pode assustar por aparecer durante exercícios físicos, mas é bem diferente da dor do infarto, pois ocorre tardiamente durante a atividade, não irradia, é muito localizada, não é bem no peito e parece mais uma câimbra do que a dor em aperto do infarto.
A dor torácica geralmente se origina em um dos órgãos localizados no tórax, como o coração, pulmões ou esôfago. Ou ainda de algum componente da parede do tórax – pele, músculo ou ossos. Eventualmente, dor na vesícula ou estômago, também podem provocar dor no peito.

Angina

Quando a dor é originada pela falta de oxigenação no músculo cardíaco, chama-se Angina. Todos os órgãos do corpo recebem oxigenação e nutrientes carreados pelo sangue, através das artérias. Estas também levam sangue para o músculo do coração. São, neste caso, as artérias coronárias, que espalham-se pela superfície do músculo cardíaco, e subdividindo-se em ramos mais finos, penetram no músculo cardíaco (miocárdio). Naquelas pessoas com entupimento nas coronárias, esta irrigação fica bastante comprometida, pois as placas de gordura levam à redução na luz destas artérias (obstrução), dificultando a chegada do oxigênio no miocárdio. Esse fenômeno é chamado Isquemia Miocárdica, e Angina o termo que caracteriza a dor torácica causada pela isquemia no músculo.

Infarto agudo do miocárdio

O Ataque Cardiáco ou Infarto do Miocárdio ocorre quando estas placas de gordura ficam inflamadas, o que leva à sua ruptura, desencadeando assim a formação de coágulos na artéria e, conseqüentemente sua oclusão total. Se esta oclusão persiste por mais de 15 minutos , o músculo cardíaco fica comprometido ou infartado.

Descrevendo a dor no peito

Dor torácica causada por isquemia miocárdica pode ser similar àquela causada por outras condições decorrentes de doenças no tórax. No que diz respeito ao coração a dor pode ter uma das características a seguir:

  • Em aperto, opressiva
  • Em queimação, ardor
  • Em barra, indo de um a outro lado do tórax
  • Em pontada, de longa duração
  • Em aperto, localizada à esquerda ou direita, no meio do tórax, ou ainda de início nas costas e passando para a frente, ou para os braços e pulsos
  • Em aperto, começando no tórax e passando para o pescoço, e/ou queixo e mandíbulas
  • Às vezes, pode assemerlhar-se a azia, confundindo-se com problemas gástricos
  • Sensação de murro, ou coração "inchando"
  • Semelhando a uma "gravata apertada"

Condições que podem piorar a dor de angina

A dor de origem cardíaca (isquêmica) pode ter início ou piorar com os esforços, tais como caminhar, correr, subir escadas, relação sexual, tomar banho, exposição ao frio, etc. Isso deve-se ao fato de que, com o esforço, a necessidade de oxigênio do músculo cardíaco é maior, e, como existe uma obstrução ao fluxo do sangue, esse aporte de oxigênio fica comprometido gerando assim a dor.

A angina não sofre influência da posição do corpo, não piora com compressão no local, nem tampouco com a respiração profunda.

Mas é sempre bom lembrar que: Na medicina e no amor , nem nunca nem sempre!

Sintomas associados ao infarto do miocárdio e angina

Frequentemente, durante uma crise anginosa ou infarto do miocárdio há referência a: Vômitos, suor frio, palidez na pele, náuseas, sensação de desmaio, palpitações, falta de ar, vago desconforto abdominal.

Fatores de risco para infarto do miocárdio

Inúmeros são os estudos que foram capazes de identificar os fatores de risco para doença coronária. Citamos aqui os principais: Obesidade, hipertensão arterial, colesterol elevado (principalmente a fração LDL), elevação dos triglicérides, diabetes mellitus, tabagismo, falta de exercício físico e herança familiar ( principalmente se pai, mãe ou irmãos já foram acometidos) e uso de cocaína.

Conclusão

Finalmente, em caso de dor no peito, não hesite: peça ajuda! Ligue para o 192, ou vá para um hospital onde existe cardiologistas de plantão. Não perca tempo, pois o tempo é de fundamental importância para o sucesso do tratamento nos casos de Infarto Agudo do Miocárdio!

Fonte: Cordis  

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