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5.23.2011

Aposentei e agora?

Geraldo trabalhou durante 35 anos em uma estatal até se aposentar. Depois de tanto tempo trabalhando, era a hora de aproveitar a vida e curtir mais a família. Sua esposa se aposentou um ano depois. Mudaram-se então para o interior para ter “tranquilidade e sossego” e viver o sonho de “não fazer nada o dia inteiro”. O que ele não sabia é que sua decisão ia influenciar negativamente o seu futuro.


Cinco anos foram suficientes para que o aposentado ficasse seriamente deprimido. “Não saia mais de casa, só ficava na internet. Cheguei a ter medo de colocar o pé na rua. Minha mulher desenvolveu uma doença conhecida como transtorno obsessivo compulsivo (TOC) e passou a limpar a casa como uma louca. Não recebíamos mais visitas e, aos poucos, me distanciei da minha família”.
Geraldo não é o único a sofrer com o fim da jornada de trabalho diária. “Os homens estão propensos a sofrer mais. Para eles, é muito difícil lidar com essa nova fase. Eles se sentem improdutivos e têm mais dificuldades em se relacionar com outras pessoas. Por isso, é comum desenvolverem depressão”.


Isso significa que as mulheres são mais fortes?  Na verdade, não. Elas sentem tanto quanto os homens. “Só que a diferença é que elas possuem funções domiciliares mais definidas, o que facilita a realização de outras tarefas quando se aposentam. O maior desafio enfrentado por elas é incorporar o marido nos afazeres domésticos”..


Brigas e desentendimentos


“É esperado que no início dessa nova fase haja conflitos e desentendimentos entre o marido e a mulher. É preciso um ajuste diário e muita paciência nesse período de transição”.


A ausência dos filhos também pode afetar a vida do casal. “É a 'síndrome do ninho vazio'. Depois que os filhos crescem e saem de casa, os pais precisam aprender a usufruir e a preencher juntos o tempo disponível”.


“A aposentadoria não será uma lua de mel sempre. A vida a dois é investimento e construção diários e eternos. Sempre temos algo para aprender e ceder”.


O melhor é evitar discussões e aprender a lidar com as diferenças e o comportamento do outro. “Fique atento a pequenas brigas que não existiam antes, mas que agora emitem um sinal de alerta que algo não vai bem no relacionamento”.
Aos 60 ou 65 anos, as vezes por opção, outras de forma compulsória, tropeça-se na aposentadoria, ou ela desaba sobre nós. Já pensaram em forma mais legítima de se tornar ex, ex-diretor, ex-presidente, ex-empresário, aquele que vive do passado sem hoje nada poder?

Como amanhecer com aquela ingrata sensação de que se tornou obsoleto, um motor em plena capacidade, sem movimento? Talvez por isso, 80% dos americanos fujam da aposentadoria.

Serviria de consolo ou de desespero, pensar que em 2050 teremos mais idosos que crianças no planeta?
O aumento da longevidade pode ser uma grande possibilidade ou uma condenação. Paradoxalmente, a mesma sociedade que possibilita que vivamos duas vezes mais que no início do século, continua pensando em seus idosos com anciãos.
E, para aquele que não planejou esta etapa da vida com o mesmo cuidado, que dedicou à sua formação, sua carreira, à organização de sua família e filhos, poderá restar ingressar nas fileiras dos 40% de idosos que sofrem de depressão.
É tão alta a incidência, que se chegou a pensar na Depressão como um estado “normal” da terceira idade.  E é exatamente o preconceito, a principal “doença” que acomete os idosos de uma sociedade que considera esperada, a maioria das dores tratáveis e evitáveis desta fase.

E Pedro sente dores – É normal, é velho
E Pedro quase não sai de casa – É normal é velho
E Pedro teve câncer – É a idade
E Pedro morreu ....

Mas o que não se contou, nesta estória, é que a cada novo ano foi-se apagando a chama da iniciativa de Pedro, que buscou um novo emprego, e se a recolocação profissional já é difícil em outras etapas, nesta é quase impossível. Tentou um financiamento para um negócio próprio, descobrindo que as poucas financeiras que avalizam empréstimos para a terceira idade, o fazem a juros e condições exorbitantes. Viu seus ganhos reduzirem em 60% e suas despesas dobrarem. Tudo é mais caro para o idoso.Impossibilitado de se manter, aquele que sempre foi provedor, acabou por se sentir um peso para a família.

O luto é a causa mais comum do câncer. Quantas perdas são impostas ao idoso em sua auto-estima, uma tensão diária regada pela ociosidade e pela ausência de uma tarefa  que traga reconhecimento e estímulo.
E no momento que Pedro se sentiu incapaz, se incapacitou. Iniciaram as dores articulares, de quem não tem caminhos para seguir, o isolamento, de quem está com vergonha de si mesmo, a surdez, de quem se cansou de ouvir negativas, o esquecimento, de quem não tem no presente, nada que valha a pena ser lembrado.

DEZ COMPORTAMENTOS QUE GERAM CONFLITOS

1. Ficar de pijama o dia inteiro
2. Ficar sentado no sofá assistindo televisão por horas
3. Mulher reclamar da falta de iniciativa do homem para ajudar a arrumar a casa
4. Homens ou mulheres que invadem o campo do outro em suas principais atividades, deixando o cônjuge confuso em seu senso de valor e competência
5. Superproteção dos netos ou a falta de limites
6. Bebida em excesso
7. Deixar a casa bagunçada, como uma toalha molhada na cama ou chinelo fora do lugar
8. Impor regras de afazeres
9. Proibir saídas ou dificultar que o cônjuge tenha atividade externa
10. Falta de atenção em conversas


Fonte: Uol com Especialistas 

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