Batom, viagra e cremes: descubra mitos e verdades relacionados à saúde

Certos preconceitos caem na prosa do autor

O químico John Emsley promove seu conhecimento para usá-lo a esclarecer dúvidas e alertar as pessoas de riscos que nem sabíamos que existiam, ou foram inventados.
Em "Vaidade, Virilidade e Vitalidade", o estudioso reúne ensaios que dizem respeito às composições de objetos comuns do cotidiano, como Viagra, batons, cremes e fraldas, e revela quais as verdades e mentiras relacionadas às cerca de 30 substâncias escolhidas e analisadas.
O livro pode ser lido em tópicos, o que facilita, e muito, a leitura do público, pois assim ele pode ir direto às informações que o interessam, e não fica preso em narrativas que misturam tudo. Pelo contrário, Emsley tem como prioridade informar e desmistificar as histórias dos produtos.

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Para que a análise seja a mais concreta possível, antes de se enfiar em variações químicas, o autor resgata a história de cada produto, sua influência na sociedade e mudança por que passou ao longo dos anos.

Cinema da década de 30 tornou lábios coloridos um elemento de desejo e vaidade

E com isso, o químico não está enchendo linguiça, pois está, na verdade, informando quais eram as fórmulas usadas antigamente na composição do batom, por exemplo, e que por conta da demanda de cores e para deixá-lo mais resistente às quebras, novas tentativas foram feitas para deixá-lo mais rígido e com outras tonalidades.
"O batom, o mais sensual dos cosméticos, logo depois de ser inventado, tornou-se item indispensável para a maioria das mulheres, apesar dos muitos inconvenientes das primeiras versões, que quebravam facilmente, não eram indeléveis e ficavam rançosos. Hoje ele está disponível sem esses defeitos e num sem-número de cores e texturas", escreve Emsley.
A principal linha de "Vaidade, Virilidade e Vitalidade" diz respeito ao conceito de que todos e quaisquer produtos industrializados fazem mal, sendo que tudo vindo da natureza faz bem. Bom, o especialista não acredita nisso, e tenta convencer, por meio de estudos, a razão de sua opinião.
Leia trecho.

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Poucos de nós temos o corpo perfeito que vemos em anúncios, revistas e filmes, e,mesmo sabendo que tal perfeição é mais o trabalho de artistas gráficos ou de maquiadores que um dom da natureza, procuramos imitá-la. Na vida real, temos de tirar o melhor partido possível do que nossos pais nos transmitiram, e nesse caso é na química que vamos buscar ajuda.

Cosméticos e itens de higiene ocultam nas suas fórmulas ingredientes que podem prejudicar a saúde

Neste capítulo daremos uma olhada em alguns produtos químicos que nos tornam mais atraentes, protegendo nossa pele ou disfarçando seus defeitos. Nossa pele é rija, de fato tão rija que bem poucas substâncias naturais são capazes de penetrá-la. É feita de várias camadas: a externa, a epiderme, consiste num estrato superior chamado camada córnea e num estrato mais profundo, a camada basal, que é onde as células da pele se formam.
As células são empurradas para cima da camada basal até se transformarem nas células mortas da camada córnea, de onde são removidas pela lavagem ou desprendem-se como pó. A vida de uma célula da pele, do berço ao túmulo, dura cerca de um mês, e, à medida que nossa pele começa a mostrar sinais de idade, temos de travar uma batalha constante para mantê-la com aparência jovem. Com a ajuda da química, podemos assegurar que alguns dos estragos do tempo sejam reduzidos, ou pelo menos disfarçados.

Paschoal_Rodriguez/Divulgação

Atriz Camila Pitanga, ícone da beleza

São muitos os produtos químicos usados nos cosméticos e outros produtos de beleza. As virtudes que lhes são atribuídas talvez provoquem apenas um sorriso irônico em seu rosto, por parecerem exageradas. São realmente capazes de apagar rugas e fazer-nos parecer jovens novamente? A resposta é não, mas um não com ressalvas; porque os ingredientes atualmente usados nos cosméticos podem deixar as rugas menos visíveis, mesmo que não as removam por completo.
Daqui a 20 anos, talvez consigam até isso, e de fato avanços reais em direção a essa meta já foram feitos. Ao longo dos anos, a química transformou os cuidados com a pele e os cosméticos de algumas maneiras surpreendentes; conseguiu, por exemplo, tornar os batons quase indeléveis, e os cosméticos, sedosos na pele. O que é mais importante, os produtos químicos podem proteger sua pele contra os danos causados pelo sol, oferecer um bronzeado instantâneo ou mesmo fazer uma pele escura parecer mais clara.
Os filmes em tecnicólor da década de 1930 provavelmente são a razão por que lábios coloridos tornaram-se um elemento aceitável da beleza feminina - durante séculos supôs-se que só deveriam ser vistos em prostitutas e atrizes. Mesmo que o processo tecnicólor tendesse a fazer os lábios parecerem artificialmente vermelhos, os filmes de Hollywood fixavam padrões que muitas mulheres desejaram imitar, e a melhor maneira de pintar os próprios lábios de vermelho era com batom. Isso criou a demanda para um produto que havia sido inventado 20 anos antes, e a popularidade do batom mantém-se até hoje.

Folha