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5.24.2011

Exaustão profissional

Trabalhar demais pode matar. Ou pelo menos, causar alterações no funcionamento normal do corpo a ponto de atingir a exaustão. Síndrome cada vez mais comum nos tempos modernos atinge mais de 10% dos profissionais no mundo desenvolvido, segundo estimativas. Os sintomas variam muito, desde leves sinais de ansiedade no trabalho, até a exaustão extrema e a imobilidade. Os distúrbios descritos resultam de mudanças significativas no funcionamento do metabolismo, associadas a desequilíbrio hormonal. Um dos hormônios mais ligados ao estresse é o cortisol, a “cortisona” natural do corpo humano.

Esse hormônio é produzido por glândulas localizadas em cima dos rins, uma de cada lado. Quando levamos um susto, ou nos sentimos ameaçados ou estressados, essas glândulas secretam na corrente sanguínea altas doses de cortisol. Entre outras funções, prepara o corpo para a luta e fornece altas concentrações da fonte imediata de energia para os músculos, a glicose. Também ajuda a regular nosso metabolismo básico e nosso ritmo diário.
Cientistas demonstraram, anos atrás, que a concentração de cortisol no sangue aumenta drasticamente sob situações de estresse agudo. Por outro lado, em pessoas com estresse contínuo, elevado e crônico, as concentrações de cortisol baixam a níveis assustadoramente reduzidos. É a exaustão do sistema hormonal do estresse. Pesquisadores do Centro de Estudos do Estresse, da Universidade de Montreal, no Canadá, avaliaram a possibilidade de se utilizar testes simples para detectar o estado de estresse crônico e exaustão. Avaliaram, em estudo inicial, 30 voluntários quanto à concentração de diversos hormônios, incluindo a insulina e o cortisol. Correlacionaram a concentração medida no sangue e na saliva, com o nível de estresse crônico e de trabalho intensivo.
Os pesquisadores demonstraram que existe um paralelo entre a baixa concentração de cortisol e a exaustão. Quando foram observar o modo como pessoas com sintomas semelhantes eram rotineiramente tratados pelos médicos, descobriram que a maioria recebia medicamentos antidepressivos. Paradoxalmente, essa classe de remédios caracteristicamente reduz os níveis de cortisol.
Os cientistas sugerem ainda que novos estudos tentem determinar critérios laboratoriais claros que separem pacientes com depressão, daqueles com estresse crônico e exaustão profissional. O diagnóstico preciso pode ser muito difícil. Afinal, apesar dos sintomas serem muito semelhantes, os tratamentos são bem diferentes. E por vezes antagônicos.
Enganando o câncer
O tratamento de pacientes com câncer tem mudado de forma tão profunda, nos anos recentes, que os cientistas apresentam modos diversos de combatê-lo, e muitas vezes geniais. A mais recente descoberta de cientistas da Faculdade de Medicina da Universidade Estadual de Wayne, liderados por K. Rosner, é um desses exemplos. Basicamente, eles construíram uma molécula que se assemelha a uma enzima natural, proteína presente nas células, mas sutilmente modificada para enganar as células cancerosas. Elas começam a se suicidar. Escolheram, como modelo, um dos cânceres mais agressivos e mais resistentes a tratamentos quimioterápicos do corpo humano: o melanoma.
Os pesquisadores modificaram geneticamente a enzima DNAse1. Essa proteína é um potente destruidor do código genético celular. Quando introduzida na célula tumoral, essa enzima modificada resiste à destruição natural, e continua agindo dentro do núcleo da célula, levando progressivamente à digestão e à fragmentação do DNA. Os cientistas esperam, ao enganar as células tumorais e induzi-las a produzir essa enzima letal, simplesmente sentar e esperar que o tumor se suicide. Lentamente. Sem necessidade de quimioterapia ou radioterapia. Genial.

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