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6.15.2011

Cresce o vício de remédios nos EUA

Mães de jovens mortas por overdose de remédios fazem campanha nos EUA

Casa Branca afirma que vício em remédios controlados vem crescendo vertiginosamente no país.

Da BBC
Sarah Shay (Foto: Arquivo pessoal) 
Sarah Shay
Mães de duas jovens mortas por overdose de remédios controlados estão participando de uma campanha educacional nos Estados Unidos sobre o perigo destas drogas.
Sarah Shay e Savannah Kissick eram amigas de escola em Morehead, no Estado de Kentucky, e como vários outros jovens americanos, ficaram viciadas em vários remédios que são vendidos legalmente no país.
Sarah morreu em 2006, aos 19 anos de idade, enquanto Savannah sofreu uma overdose fatal três anos depois, quando tinha 22 anos.
As mães das duas amigas alertam para o aumento do uso de remédios controlados no país, que foi descrito pela Casa Branca como o problema relacionado a droga que mais cresce nos Estados Unidos.
Savannah Kissick (Foto: Arquivo pessoal) 
Savannah Kissick 
O número de overdoses acidentais com remédios como os analgésicos hidrocodona e oxicodona e os ansiolíticos clonazepam e alprazolam já seria equivalente ao total de mortes causadas por heroína e crack nos anos 1970 e 80.
'Legitimidade'
O fato de as drogas serem prescritas legalmente confere a elas uma legitimidade que, segundo as duas mães, encoraja os jovens a experimentar.
'Eu não acho que os jovens tenham a menor ideia da capacidade dessas substâncias causar dependência. Antes que eles percebam, estão dependentes', diz Karen Shay, mãe de Sarah.
Lynn Kissick, mãe de Savannah, diz receber telefonemas desesperados de outros pais com filhos viciados.
'Eu me lembro de falar com uma senhora ao telefone. Eu disse: 'Olha, se eu soubesse o que fazer, teria salvado a Savannah'.'
Campanha
A campanha que conta com a ajuda das duas mães é liderada pelo procurador-geral de Kentucky, Jack Conway.
Segundo ele, o Estado tem um problema sério com o abuso de remédios controlados e é difícil encontrar uma família que não seja afetada por essa questão. A dele não é exceção.
'Tivemos alguém que teve que lidar com isso', disse ele, sem querer entrar em detalhes.
'Foi muito doloroso e abriu os olhos de algumas pessoas na minha família.'
Tratamento
Em todo o Kentucky, centros de reabilitação tentam lidar com o problema.
O programa do Shepherd's Shelter inclui dinâmica da recuperação, pensamento criminoso e prevenção de recaída.
Uma das internas, Lorraine, de 26 anos, passou anos dependente das pílulas e recorreu ao crime para alimentar o vício. Ela chegou a perder a guarda dos quatro filhos, mas agora diz estar pronta para recuperar as crianças.
Adam, que terminou o programa e agora trabalha como voluntário no centro de reabilitação, diz que costumava esmigalhar analgésicos como a oxicodona, misturá-los com água e injetá-los nas veias.
Segundo ele, os remédios controlados são populares porque são conseguidos com facilidade. Ele diz que a primeira prescrição pode ser por causa de uma ida ao dentista ou uma perna quebrada. A partir daí, seria simples conseguir uma nova receita.
'Todos nós poderíamos ter conseguido uma onda mais forte, mas é que é muito mais fácil conseguir remédios controlados.'
Crime
A onda de vício em remédios gerou também uma alta no crime em várias partes dos Estados Unidos.
Uma grande operação secreta que durou seis meses terminou com a prisão de dezenas de suspeitos de tráfico.
Muitos deles estariam vendendo oxicodona a partir dos chamados 'moinhos de pílulas', pequenas farmácias localizadas em sua maioria no sul da Flórida que funcionam praticamente sem regulamentação e só aceitam dinheiro.
De acordo com um programa contra narcóticos de Kentucky, o Unite, a idade média em que se começa a tomar remédios no Estado é de apenas 11 anos.
A crise já está recebendo atenção nacional e a Casa Branca já requisitou que os fabricantes de certo tipo de analgésicos opióides se esforcem para informar melhor médicos e pacientes.
Lynn Kissick tem dúvidas sobre a eficiência da estratégia.
'Há muitos deles (médicos) que apenas escrevem e dizem 'aqui está'. E não importa se minha filha morrer por causa disso. Ou o seu filho. Eles não se importam. Não conhecem eles. Não faz diferença.
G1.com'

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