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6.06.2011

Mensagem do vidente.

Modestamente, eu previ a internet 30 anos antes de ela ser inventada. Na época eu falava: -- Olha, vai existir uma rede que vai conectar o planeta inteiro.Nela, todos poderão ser emissores e receptores de mensagens. Quase toda informação produzida pela humanidade estará nessa rede. Teremos uma interdependência eletrônica e, enfim, formaremos uma aldeia global. Mesmo assim, com toda essa oferta disponível de conteúdo, a maioria vai se concentrar em ver o clipe da Lady Gaga e seguir as celebridades no Twitter. Essa última parte deixava todos incrédulo
Mais surpresas ainda as pessoas ficaram quando cunhei a máxima "o meio é a mensagem". É sempre assim: toda frase que a maioria não entende muito bem, mas capta algum sentido remoto, ganha notoriedade, vide "ser ou não ser". Com essa afirmação eu quis dizer que o meio não só influencia a recepção da mensagem como se torna o próprio conteúdo. Para explicar melhor, sempre usei o exemplo clássico das estradas de ferro. Elas não introduziram o conceito de transporte humano e de cargas, mas aceleraram de forma dramática novos tipos de cidade, trabalho e lazer. Em outras palavras, não há diferença entre o CQC e o Pânico, nem entre o Gugu e o Faustão e muito menos entre a novela e o BBB. É tudo televisão. A qual defini como visão, som e fúria. Eu ainda não conhecia a área de comentários dos blogs.

Portanto, cada mídia produz um efeito diferente nos nossos sentidos. O livro empoeirado, por exemplo, me faz espirrar. Logo cheguei à conclusão de que o meio deveria ser o objeto de estudo, e não o que ele transmite. Via de regra, cada suporte apresenta padrões repetitivos. Adoro uma piada que li na web sobre a característica do que é postado nas principais redes sociais.
As últimas semanas, dei a encasquetar com minha própria teoria. Motivos não me faltaram. Houve uma verdadeira explosão de manifestações nazistas, fascistas e sexistas na mídia em geral. Tive dificuldade de analisar tais declarações através da minha ótica teórica. No livro A Galáxia de Gutenberg defendi que os meios de comunicação são extensões dos sentidos humanos. Hoje, com essa enorme capilaridade, deveríamos estar mais sensíveis. Pelo visto, caminhamos no sentido contrário. Fiquei preocupado. Numa atitude otimista, tentei responsabilizar o contexto, o ambiente em que cada mensagem foi emitida. Ponderei se foi um problema ocasionado pelo excesso de álcool. Se os emissores teriam só se atrapalhado ao tentar infantilmente parecerem politicamente incorretos. Se só queriam de um jeito infeliz polemizar suas entrevistas. Nada me pareceu justificável. Deixei minhas ideias de lado. É preciso encarar o fato de que, às vezes, a mensagem é a mensagem.
Blogs do Além
Nota: O autor é bem modesto (boaspraticasfarmaceuticas)

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