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6.07.2011

Pílula anticoncepcional masculina

Quem disse que tomar a pílula é função apenas das mulheres? Pesquisadores da Universidade de Columbia estão desenvolvendo um novo medicamento contraceptivo para homens sem a necessidade de hormônios esteroides.
Estudos sobre a nova pílula foram publicados na edição deste mês da revista Endocrinology. De acordo com a publicação, camundongos tiveram esterilidade momentânea no tempo em que o composto ingerido interrompeu a associação do ácido retinoico com o receptor da substância.
Se comprovado o efeito da pílula, isto seria um avanço na ciência e nos estudos de prevenção da fertilidade, já que os atuais métodos para homens envolvem hormônios esteróides e, por isso, podem levar a efeitos colaterias, como desenvolvimento de doenças cardiovasculares.
No momento, pesquisadores ampliam a pesquisa para comprovar seus efeitos em seres humanos e entender quais os riscos de efeitos colaterais que a substância poderia ter.
Vida e Estilo

Como vai funcionar a pílula masculina

A pílula anticoncepcional masculina ideal eliminaria ou bloquearia a maioria dos espermatozóides que um homem produz, sem causar esfeitos colaterais significantes ou afetar a masculinidade ou sexualidade do homem.




Moléculas de testosterona
Uma das principais vias para o contraceptivo masculino é a pílula baseada em hormônios. E um dos principais ingredientes hormonais sob investigação é a testosterona, que é responsável pelo desenvolvimento das características sexuais, inclusive da massa dos músculos e crescimento dos pêlos faciais nos homens. É também responsável pela produção de esperma nos testículos. O processo natural funciona assim:




Dar ao homem testosterona extra pode, essencialmente, encerrar a produção de espermatozóides. Em geral, no começo do ciclo de produção o hipotálamo no cérebro gera um hormônio liberador de gonadotropina (GnRH), que aciona os hôrmonios de fertilidade chamados gonadotropinas (FSH e ICSH) da glândula pituitária. O ICSH sinaliza aos testículos para produzir testosterona e FSH, e testosterona dizem aos testículos para produzir espermatozóides. Quando a produção de espermatozóides está completa, os testículos liberam a testosterona e um hormônio chamado "inhibin" no corpo, diz ao cérebro que há espermatozóides suficientes. Isto interrompe a liberação dos hôrmonios que produzem esperma. Então, o ciclo começa de novo.
Mas se sempre houver altas doses de testosterona na corrente sangüínea, elas continuamente dirão ao cérebro que os testículos estão produzindo esperma suficiente, o que cancela a liberação de GnRH indefinidamente. O problema com este método é que dar ao homem a quantidade de testosterona necessária para suprimir a produção de esperma pode causar vários efeitos colaterais indesejáveis, incluindo acne, aumento de peso, crescimento da glândula da próstata e função anormal do fígado.




Desvantagem
Um problema com a abordagem hormonal da contracepção masculina é que levaria vários meses para a total eficácia da proteção contraceptiva.
Uma alternativa mais promissora usa uma combinação de testosterona e outro hormônio sexual: progestogênio (progesterona). Em doses pequenas, o progestogênio reprimi o sistema do hormônio reprodutivo tanto do homem quanto da mulher. O progestogênio é um componente da pílula anticoncepcional feminina. Em homens, ele inibe a produção de esperma nos testículos. A desvantagem é que, como este hormônio também afeta a sexualidade masculina e as características sexuais, os homens também precisam tomar injeções de testosterona para manter essas características. Teoricamente, a "pílula" masculina pode conter tanto progestogênio quanto testosterona. Mas porque a digestão interrompe a testosterona, uma pílula combinada não poderia reter testosterona suficiente para ser eficaz na reversão dos efeitos do progestogênio. Os pesquisadores estão realizando estudos com um implante do progestogênio combinado com injeções de testosterona.

Pílulas não hormonais




Foto cedida Especialistas em reprodução da Georgia
�"vulo fecundado
Por causa dos desafios de criar uma pílula anticoncepcional masculina baseada em hormônio, os pesquisadores estão buscando métodos não hormonais para diminuir o número de espermatozóides ou de alguma forma incapacitá-los de fecundar um óvulo. O progresso no último método foi anunciado pelos pesquisadores da Universidade de Massachusetts, em 2005. Sua idéia é imobilizar as caudas que permitem ao espermatozóides nadar até o óvulo e fecundá-lo. Quando os espermatozóides se formam nos testículos, eles têm caudas, mas ainda não podem movimentá-las. Não até os espermatozóides passarem pelo epididimo (o longo tubo espiral que conecta os testículos com o canal deferente), sendo capazes de nadar. Os pesquisadores descobriram que uma proteína, chamada Cs, "ativa" as caudas dos espermatozóides na jornada através do epididimo.



A idéia é usar um mensageiro bioquímico para bloquear esta proteína, deixando o espermatozóide incapaz de nadar, mas por outro lado saudável. Os estudos realizados em animais até agora são promissores. E diferente dos contraceptivos hormonais, esta técnica parece ter menos risco de efeitos colaterais. Agora os pesquisadores precisam encontrar o mensageiro correto para realizar esta tarefa nos homens.
Uma outra forma de contraceptivo masculino se concentra no sistema imunológico. Uma proteína chamada epina, que é produzida nos testículos e epididimo, facilita a maturação do espermatozóide. Os cientistas da Universidade de Washington, são capazes de imunizar macacos com epina. Os macacos que desenvolveram uma resposta de imunidade à epina, se tornaram infertéis e quando pararam de receber a injeções, recuperaram a fertilidade.
Os pesquisadores também estão procurando drogas que interrompam a produção de espermatozóides como um efeito colateral não-intencional, por exemplo, a medicação de lonidamina para o câncer. Embora a lonidamina seja um risco porque pode ter efeitos colaterais tóxicos no fígado e rins, há drogas similares que parecem ser mais promissoras.

Além da pílula

Se a pílula masculina vai realmente ser um contraceptivo ainda ninguém sabe. Até agora, os testes realizados com homens também foram realizados com uma injeção ou uma versão de implante de contracepção com base em hormônios.


Foto cedida N.V. Organon
A empresa farmacêutica Organon está desenvolvendo uma pílula anticoncepcional que é uma combinação de um implante e uma injeção
Os pesquisadores da empresas farmacêuticas Organon e Schering AG estão realizando um importante estudo sobre um implante contraceptivo masculino. Em 2002, eles começaram a etapa II de testes clínicos de implante contendo o progestogênio etonogestrel, um hormônio também presente na contracepção baseada em hormônios para mulheres. Os bastonetes, que são implantados sob a pele do braço do homem, são projetados para permanecer na pele por três anos, mas podem ser removidos a qualquer momento. Porque o etonogestrel bloqueia a testosterona além da produção de espermatozóides, os homens que fizerem este implante também vão precisar receber injeções de testosterona a cada quatro ou seis semanas. O teste da fase II finalizou em dezembro de 2005.
Ao mesmo tempo, os pesquisadores do Population Council (em inglês) estão desenvolvendo o implante, versões gel e emplastro do hormônio sintético MENT® para uso contraceptivo.

O futuro da pílula anticoncepcional masculina

Se uma pílula contraceptiva masculina realmente se tornar realidade, uma questão cerca seu possível uso: dúvidas sobre se eles a tomarão.  Os estudos até agora indicam que a resposta para essas perguntas é "sim". Em uma pesquisa pela Fundação da Família Kaiser, 2/3 dos homens norte-americanos estariam dispostos a experimentar a nova pílula. E em um estudo internacional de 4 mil homens e mulheres, mais de 2/3 dos homens disseram que usariam a pílula contraceptiva se estivesse disponível e 75% das mulheres disseram que confiariam em seus parceiros para administrar o contraceptivo.
Assim como a pílula de contracepção feminina teve uma série de implicações, a pílula masculina pode mudar a maneira como os homens irão se envolver nas relações sexuais. Os especialistas em saúde temem que o uso da pílula entre homens que não estão em relações de monogamia possa reduzir o uso de preservativos e aumentar o contágio de doenças sexualmente transmissíveis.
Mas os homens provavelmente não vão ter que se preocupar com isso pelo menos por mais alguns anos. Segundo os pesquisadores, de todos os métodos de contracepção masculina pesquisados, o método hormonal é o mais próximo da realidade, mas ainda é algo distante. Estima-se que as drogas contraceptivas com testosterona/progestogênio devam estar disponíveis em cinco anos, mas é mais provável que venham em forma de injeção ou implante e não em pílula. Quanto a uma droga contraceptiva masculina em forma de pílula, o futuro é mais incerto.

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