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6.08.2011

Quem tem medo de anestesia

Entidade médica dos EUA afirma que um em cada quatro pacientes desiste ou adia a cirurgia porque tem receio de ser anestesiado



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A função da anestesia durante uma cirurgia é nobre. Eliminando-se a dor do paciente, torna-se possível ao médico realizar procedimentos mais complexos, com maior controle e segurança. Porém, uma pesquisa realizada pela Sociedade Americana de Anestesiologia revelou que 75% dos entrevistados disseram temer a anestesia. Em alguns casos, o medo chega a causar impactos prejudiciais ao tratamento do doente. De cada quatro pacientes, um tem tanto receio que acaba adiando ou mesmo desistindo da operação.

Diante do resultado, há um esforço por parte dos anestesistas para acabar com mitos associados ao procedimento. “A anestesia é muito segura”, disse à ISTOÉ Salomon Imiak, chefe de anestesia do Hospital Plantation (EUA) e membro da Sociedade Americana de Anestesiologia. “Um indivíduo tem 40 vezes mais chance de ser acertado por um raio do que morrer por complicações relacionadas à anestesia”, acrescenta.

É fato que nas últimas décadas a medicina tem buscado meios para aperfeiçoar os procedimentos com o objetivo de reduzir o risco de complicações. Nessa tarefa, registrou grandes avanços. “Um ponto frágil que nos restava, porém, era conseguir mais eficácia na reversão do efeito de bloqueio muscular”, diz o médico Irimar de Paula Posso, da Divisão de Anestesia do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo e do Hospital Israelita Albert Einstein, ambos na capital paulista. Esse empecilho, todavia, foi superado com a chegada do sugamadex sódico ao mercado. Ainda em análise pelo FDA (órgão regulador americano), o medicamento já faz parte da rotina dos médicos no Brasil e em países da Europa, onde já foi aprovado.

Durante a anestesia geral buscam-se quatro tipos de bloqueio na percepção do paciente: que ele não se lembre do procedimento, que durma durante a operação, que não sinta dor e que esteja com os músculos relaxados. “Nos últimos anos, as medicações usadas foram aperfeiçoadas. Houve progressos nos remédios para os três primeiros efeitos”, lembra Irimar. Faltava uma opção mais rápida para reverter o relaxamento muscular. Até o lançamento do sugamadex, eram usados os chamados anticolinesterásicos. “Contra eles pesa o maior risco de efeitos colaterais e a reversão incompleta ou o retorno da ação dos bloqueadores”, explica Nádia Duarte, presidente da Sociedade Brasileira de Anestesiologia.
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“Nos últimos anos, as medicações usadas
nos procedimentos foram aperfeiçoadas”

Irimar de Paula Posso, da Divisão de Anestesia do
Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina
da USP e do Hospital Albert Einstein (SP)

Por isso a chegada do sugamadex tem sido comemorada. “Suas moléculas encapsulam e eliminam mais rapidamente a substância usada para impedir a contração muscular”, explica Salomon Imiak. Nos anticolinesterásicos essa ação não é direta. Eles agem sobre as enzimas envolvidas na passagem do estímulo do nervo para o músculo. Atuando diretamente sobre o relaxador, consegue-se reverter o efeito em cerca de três minutos. Com as drogas anteriores, levava-se ao menos 30 minutos.

Além de menos efeitos colaterais, essa maior rapidez no retorno da contração muscular garante mais segurança ao procedimento e evita casos como o do representante de vendas Waldir Alves de Freitas, 68 anos. Após uma cirurgia no pescoço para a retirada de um nódulo, ele retomou a consciência, mas não a contração da musculatura. Ouvia a anestesista lhe pedindo para abrir o olho, mas não conseguia fazê-lo. “De repente senti que não conseguia mais respirar”, relembra. Os médicos perceberam e solucionaram o problema rapidamente.
 
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Rachel Costa
Isto é

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