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7.12.2011

Apnéia e a Pressão Alta

Pela primeira vez, um estudo mostra que pessoas com apneia tem alterações na função dos vasos sanguíneos da mesma forma que aqueles que têm pressão alta.
O problema de reatividade dos vasos, que faz com que eles se fechem mais, aumenta o risco de hipertensão e de problemas cardíacos. A conclusão é de uma pesquisa da Universidade de Birmingham, no Reino Unido, publicada no periódico "Hypertension", da Associação Americana do Coração.
A apneia é o fechamento das vias aéreas superiores que leva a pausas na respiração durante o sono. Estima-se que um terço da população da cidade de São Paulo tenha o problema.
Segundo o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Hipertensão, Decio Mion, já se sabia da relação entre hipertensão e apneia ""é comum que hipertensos tenham o problema relacionado ao sono, e vice-versa. Mas essa é a primeira vez que um estudo mostra que pessoas com apneia têm as mesmas alterações da reatividade dos vasos presentes em quem é hipertenso.
SAUDÁVEIS
O estudo procurou por mudanças na função dos vasos sanguíneos em 108 pessoas saudáveis. Aqueles com apneia severa ou moderada e sem pressão alta foram comparados com pacientes hipertensos, mas sem apneia, e com pessoas sem nenhum dos dois problemas. Os pesquisadores analisaram a função dos vasos sanguíneos com exames como o ecocardiograma de contraste (para o coração) e com a injeção de nitroprussiato de sódio, um vasodilatador.
O resultado é que as pessoas com apneia e as que tinham hipertensão (mas sem apneia) mostraram bombeamento de sangue do coração anormal e reatividade alterada da artéria braquial (que passa pelo braço). Ou seja, sob o mesmo estímulo, os vasos dos participantes com apneia e hipertensão reagem diferentemente dos vasos das pessoas saudáveis, fechando-se mais.
Tanto os pacientes hipertensos como os que tinham apneia do sono tiveram melhora na função do miocárdio e da artéria braquial depois de 26 semanas de tratamento com o CPAP (máscara de ar usada durante o sono para tratar a apneia). Mion acredita que os achados do estudo podem ter consequências na terapia para a apneia do sono, mas ainda é cedo para dizer se pacientes com apneia terão de usar os mesmos remédios de pacientes hipertensos.
O nefrologista diz que ainda não dá para saber como essas alterações dos pacientes com apneia se comportarão no futuro, mas é possível que, com o passar do tempo, os vasos fiquem mais endurecidos, aumentando o risco de problemas cardíacos. "Às vezes os pacientes com apneia negligenciam o problema, mas é importante que saibam que eles podem ter os mesmos problemas da pressão alta", afirma ele.
Folha

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