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7.02.2011

INTOLERÂNCIA À LACTOSE

Conheça mais sobre a intolerância à lactose

A nutricionista Lílian Assis explica mais sobre essa doença

“Não posso comer nenhum alimento que contenha lactose”. Já não é tão incomum ouvir uma frase como essa. Mas, como se dá a intolerância à lactose (açúcar do leite)? Existe uma faixa etária mais suscetível a essa doença? Como sobreviver a essa doença? A nutricionista Lílian Assis explica mais sobre essa doença que, para muitos, ainda é um mistério.
Como se dá a intolerância à lactose?
A intolerância pode se manifestar em diversas fases da vida: nascimento, primeira infância ou na terceira idade. Também existem adultos que têm uma intolerância leve ou transitória e por isso só são diagnosticados tardiamente. Quem tem intolerância à lactose não produz lactase ou tem uma produção insuficiente. A lactase é a enzima que realiza a quebra da lactose para ser digerida. Na infância, a principal causa é genética e pode ser uma intolerância temporária. Já na vida adulta, os fatores são externos e estão ligados a danos na mucosa intestinal (parasitoses, excesso de álcool, Infecções intestinais, desnutrição) e podem ser uma intolerância temporária ou definitiva.
Quais são os sintomas da lactose?
Diarréia, gases, má digestão e inchaço abdominal.
O que as pessoas que sofrem desse mal precisam fazer ao detectarem essa doença? A intolerância é uma doença?
O diagnostico geralmente é feito pela exclusão do leite e dos derivados e observação dos sintomas. Mas já existem exames de sangue para identificação da intolerância. É uma doença sim.
Para a alimentação não ficar limitada, como deve ser o cardápio de quem tem esse problema?
O leite pode ser substituído por leite de soja ou, em alguns casos, leite de cabra. Também existem os leites com baixa lactose, adequados para intolerância. Os derivados do leite (queijos e iogurte) têm quantidades pequenas de lactose, pois esta é usada como fonte de energia pelos microorganismos responsáveis pela transformação do leite em outros produtos. Assim, alguns indivíduos poderão usar derivados com moderação. Atualmente temos no mercado queijos de soja (Tofu) e iogurtes à base de soja.
É fácil encontrar produtos para este caso?
Hoje em dia é fácil, já há 20 anos, era muito difícil. A incidência da intolerância parece ser em torno de 20% na população americana. Em alguns países encontramos a lactase em forma de capsulas, que devem ser ingeridas junto com os alimentos. No Brasil estas cápsulas ainda não estão liberadas pela Anvisa.
Qual a diferença entre intolerância à lactose e alergia à proteína do leite?
A alergia não envolve a enzima lactase. A proteína do leite (caseína) provoca um processo alérgico que aparece na forma de manchas avermelhadas no corpo, vômitos e diarréias.

Saiba Ainda:
INTOLERÂNCIA À LACTOSE
Sinônimos e nomes populares
Deficiência de Lactase; alergia ao leite.
O que é?
É a incapacidade de aproveitarmos a lactose, ingrediente característico do leite animal ou derivados (laticínios) que produz alterações abdominais, no mais das vezes, diarréia, que é mais evidente nas primeiras horas seguintes ao seu consumo.
Como se desenvolve?
Na superfície mucosa do intestino delgado há células que produzem, estocam e liberam uma enzima digestiva (fermento) chamada lactase, responsável pela digestão da lactose. Quando esta é mal absorvida passa a ser fermentada pela flora intestinal, produzindo gás e ácidos orgânicos, o que resulta na assim chamada diarréia osmótica, com grande perda intestinal dos líquidos orgânicos.
Existem pessoas que nascem sem a capacidade de produzir lactase e, enquanto bebês, sequer podem ser amamentados, pois surge implacável diarréia.
Por outro lado, em qualquer época da vida pode aparecer esta incapacidade de produção ou uma inibição temporária, por exemplo, na seqüência de uma toxinfecção alimentar que trouxe dano à mucosa intestinal. Igualmente, a dificuldade pode advir de lesões intestinais crônicas como nas doenças de Crohn e de Whipple, doença celíaca, giardíase, AIDS, desnutrição e também pelas retiradas cirúrgicas de longos trechos do intestino (síndrome do intestino curto).
A deficiência congênita é comum em prematuros nascidos com menos de trinta semanas de gravidez.
Nos recém-nascidos de gestações completas, os casos são raros e de caráter hereditário.
A concentração da lactase nas células intestinais é farta ao nascermos e vai decrescendo com a idade.
Nos EUA, um a cada quatro ou cinco adultos pode sofrer de algum grau de intolerância ao leite. Os descendentes brancos de europeus têm uma incidência menor de 25%, enquanto que na população de origem asiática o problema alcança 90%. Nos afro-americanos, nos índios e nos judeus, bem como nos mexicanos, a intolerância à lactose alcança níveis maiores que 50% dos indivíduos.
O que se sente?
É variável de pessoa a pessoa e de acordo com a quantidade ingerida.
Assim, a maioria dos deficientes de lactase pode ingerir o equivalente a um ou dois copos de leite ao dia, desde que com amplos intervalos e não diariamente. Ainda que minoritários, não são raras as pessoas que, desde pequenas, evitam ou não gostam do leite, mesmo sem se darem conta que são assim porque o leite e derivados lhes faz mal.
Os pacientes percebem aumento de ruídos abdominais, notam que a barriga fica inchada e que eliminam mais gases. Quando a dose de leite ou derivados é maior surge diarréia líquida, acompanhada de cólicas. A queixa de ardência anal e assadura é porque a acidez fecal passa a ser intensa (pH 6,0).
A maioria dos pacientes que só tem intolerância a lactose, não tem evidências de desnutrição, nem mesmo maior perda de peso. Quando isso ocorre, pode haver a associação da intolerância com outras doenças gastro-intestinais.
Como o médico faz o diagnóstico?
Freqüentemente a intolerância à lactose é sugerida pela história clínica, principalmente quando os dados são definidos e especificamente perguntados.
A diminuição de sintomas após algumas semanas de dieta livre de lactose serve como teste diagnóstico/ terapêutico.
O Teste de Tolerância à Lactose é o usado em nosso meio, pois não dispomos do Teste Respiratório, tido com o mais sensível e certamente o mais simples dos métodos.
Entre nós, o paciente recebe para beber um copo d'água contendo de 50 a 100 g de lactose e lhe é tirado sangue quatro a cinco vezes no espaço de duas horas. Quando a diferença entre a dosagem sangüínea da lactose de jejum e o pico da curva das demais medidas se mostrar menor de 20 mg%, o teste tem "curva plana" e é considerado positivo, indicando má absorção de lactose nessas pessoas.
Há possibilidade de erro nos diabéticos, entre outros. A ocorrência de diarréia, ainda no laboratório e ou nas primeiras horas a seguir, reforça a conclusão de diagnóstico positivo para intolerância à lactose.
Como se trata e como se previne?
Uma vez caracterizado o diagnóstico, pode se prevenir novos sintomas não usando leite e laticínios. Usando-os, a prevenção é mediante a tomada de fermento sintético prévia a qualquer ingestão de lactose. Cabe salientar que vários medicamentos, inclusive antidiarréicos e anti-reumáticos contêm lactose no chamado excipiente, ou seja, no pó ou no líquido necessário para poder conter a substância básica num comprimido ou solução; isso é importante quando avaliamos os efeitos indesejáveis referidos pelos usuários.
ABC da Saúde

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