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7.23.2011

Medicamentos vencidos são problema de saúde pública.

Anvisa publica hotsite para informar sobre descarte de medicamentos

Órgão ainda vai estabelecer normas para a reciclagem.

Do G1, em São Paulo
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) lançou nesta sexta-feira (22) um hotsite sobre o descarte de medicamentos. Segundo o órgão, remédios que sobram vão parar no lixo comum. Com isso, podem contaminar o meio ambiente e se tornam um problema de saúde pública. O texto destaca que essas substâncias põem em risco pessoas que vivem nos “lixões” e vivem do reaproveitamento.
O portal tem informações sobre a legislação e a política de resíduos. No entanto, a Políticia Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) foi fundada só em 2010, e ainda não há uma proposta que normatize o destino de medicamentos vencidos ou sem uso.
Segundo a PNRS, a responsabilidade de descartar os remédios de modo seguro fica dividida entre usuários, produtores e o poder público. A ideia é estabelecer regras para reciclar os resíduos que sobram.
Veja materia do Guia de Farmácia

Descarte de medicamentos


Farmácias e laboratórios se unem em parceria e coletam sobras de medicamentos de uso doméstico, enquanto aguardam iniciativas do governo

A produção, diversidade e con­sumo de medicamentos au­mentam a cada dia. Isso faz com que os resíduos produzi­dos pelos estabelecimentos de saúde ganhem importância e passem a fazer parte das pau­tas de discussões de empresas públicas, privadas e do governo brasileiro.
Grande parte da população descarta as sobras de me­dicamentos ou medicamentos vencidos no lixo comum doméstico ou no vaso sanitário, o que pode causar sérios problemas à saúde pública e ao meio ambiente, já que a maioria deles terá como destino os aterros sanitários ou o curso de rios e lagos, sem qualquer tipo de tratamento.
Estima-se que 20% dos medicamentos adquiridos sejam descartados de forma inadequada no ambiente do­méstico. Uma pesquisa feita pelas Faculdades Oswaldo Cruz revela que de 1.009 pessoas entrevistadas em São Paulo, 7% já haviam recebido alguma orientação sobre descarte de medicamentos vencidos. 75,32% descartam a medicação no lixo doméstico e 6,34% a jogam na pia ou no vaso sanitário. E mais, 92,5% nunca perguntaram sobre a forma correta de fazê-lo.
De acordo com Marisa Regina de Fátima Veiga, mes­tre e coordenadora do curso de Farmácia da referida faculdade, o maior problema enfrentado hoje é a fal­ta de uma legislação que regulamente o descarte de medicamentos de uso doméstico, o que já existe para os resíduos originados dos serviços de saúde, como hospitais e farmácias, caso em que têm a incineração (destruição térmica) como destino. “Além da falta de legislação, não temos orientações ou informações que cheguem à comunidade de maneira uniforme.”
A especialista garante que grande porcentagem da população não tem qualquer ideia do procedimento correto a ser seguido com seus medicamentos vencidos ou que restaram após o término de um tratamento.
A farmacêutica Mariana Pereira, da Almaderma, farmá­cia de Jundiaí (SP), comenta que atualmente nem todas as cidades possuem locais adequados para destinação final de seus resíduos. “Algumas prefeituras disponibilizam a contratação de empresas especializadas para a coleta de resíduos químicos e hospitalares, mas as que não contam com isso devem arcar com o custo da contratação de empresas, o que acaba inviabilizando a prática.”
Marisa Veiga, das Faculdades Oswaldo Cruz, afirma que o Brasil precisa criar resoluções em nível nacional, para esclarecimento e conscientização do problema. Há um consenso entre a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) e o Conselho Federal de Farmácias (CFF) sobre todos os riscos, no entanto, não há definição sobre as normas a serem adotadas.
O assunto é tema da Agenda Regulatória da Anvisa deste ano, o que indica que novas normas estão por vir. No último dia 15 de abril aconteceu uma reunião em Brasília, entre a Agência, Ministério da Saúde e empresas que já realizam a coleta. O objetivo do encontro foi conhecer cases de sucesso e analisar propostas. Nenhuma regra concreta foi anunciada, por enquanto.
A assistente técnica da unidade de regulação da Anvisa, Simone Ribas, conta que o assunto é discutido desde que o Congresso criou a lei para o descarte de resíduos sólidos. “Isso já está bem definido para os resíduos provenientes de farmácias e hospitais, e as discussões sobre os resíduos gerados em domicílio ganharam força.” A especialista diz ainda que os pontos de venda não realizam o recolhimento de sobras de medicamentos ou medicamentos vencidos da população, pois a ação não está regulamentada em nível federal.
“Existe um grupo temático que atua nessa vertente. O trabalho está sendo feito com base em acordos setoriais, para análise da viabilidade financeira e operacional das ações. A intenção é que quando o poder público ou o privado decidirem por oferecer o serviço de re­colhimento, este seja viável para todos.”
Simone ressalta que estados e municí­pios devem trabalhar juntos, de acordo com a realidade de cada região. “É pre­ciso analisar se cada cidade dispõe de aterros sanitários onde possam ser feitas as incinerações. Não adianta recolher o medicamento e não ter para onde destiná-lo.”
A Anvisa não define normas específicas, mas por meio da RDC 44/09 diz que farmácias e drogarias podem aceitar os medicamentos vencidos. Marisa Veiga, da Oswaldo Cruz, revela que isso causa crítica por parte de entidades que regulam o comércio farmacêutico, já que o descarte gera custos para esses estabelecimentos. “Caso eles tenham de assumir a responsabilidade de dar destinação aos medica­mentos devolvidos pela população, os custos serão ainda maiores. No entanto, se a vigilância local se responsabilizar pelo recolhimento do que for coletado nas farmácias e drogarias, tal custo será bem menor.”

Iniciativas bem-sucedidas

As ações isoladas são importantes para o fortaleci­mento e ampliação da conscientização da comunidade sobre os riscos envolvidos com o descarte inadequado dos medicamentos.
No laboratório Eurofarma, a iniciativa surgiu em 2008 dentro dos planos de direito à sustentabilidade da empre­sa. Em 2009, começaram as discussões sobre as formas operacionais. Em 2010 buscou-se um parceiro que pudesse ser o ponto de recebimento das emba­lagens de resíduos perigosos. De acordo com a gerente de gestão ambiental e seguro do trabalho, Isamara Freitas, o Pão de Açúcar foi o escolhido por ter sinergia com os valores e práticas do laboratório.
“A Eurofarma buscou se certificar de todos os processos para garantir a segurança ambiental e para que todos os fiscais dos órgãos regulamentadores tomassem conhecimento, por se tratar de uma ação nova nos pontos de venda.”
O projeto começou em cinco drogarias, duas com a bandeira Extra e três com a bandeira Pão de Açúcar de diferentes localidades de São Paulo. Em abril de 2011, a ação se expandiu para mais 23 lojas, totalizando 28 pontos de coleta.
Isamara explica que urnas de material rígido estão instaladas nas lojas, com orifícios que possibilitam somente a entrada do medicamento. “A intenção é de que con­sumidor não tenha contato com o material descartado e acondicionado nas urnas. Recebemos também produtos perfurocortantes, para que os pacientes diabéticos tenham a oportunidade de descartar corretamente seus resíduos.”
Até janeiro de 2011, foram coletados 350 quilos de re­síduos perigosos na parceria Eurofarma e Pão de Açúcar.
Com a RDC 44/09, a Droga Raia também viu uma opor­tunidade de atuar em benefício do meio ambiente e da saúde da população. A diretora de comunicação da rede, Cristina Pipponzi, diz que a resolução deixou claro que os pontos de venda podiam participar dessa atividade, mas não explicitou de que forma fazer.
“A parceria com a BHS (Brasil Health Service), empresa especializada no desenvolvimento de sistemas para a área de saúde, surgiu a partir de interesse mútuo e foi criado o equipamento de autoatendimento Ecomed. O projeto desenvolvido pela empresa, ao longo de três anos, absor­veu investimentos de R$ 1 milhão, dos quais 20% foram financiados pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Eco­nômico e Social (BNDES). É aprovado pela Coordenação de Vigilância em Saúde (Covisa) e pela Secretaria de Saúde de São Paulo.”
Cristina conta que os medicamentos vencidos ou em desuso são depositados pela população na Ecomed. Por meio de uma tela de computador o usuário é orientado sobre o passo a passo do descarte, ou seja, o proces­so é autoexplicativo. “O display é como um terminal de caixa eletrônico. O cliente chega com a caixinha, passa no código de barras e o equipamento informa em que coletor ele deve descartá-lo. Um é para pomadas e com­primidos, outro para líquidos e sprays e o terceiro para caixas e bulas.”
A executiva informa que o display é grande e visível, o que facilita a identificação. “Isso também foi uma pre­ocupação, pois a população fica sabendo da ação por ocasião da visita.” Segundo Cristina, os farmacêuticos foram treinados para replicar as orientações necessárias aos clientes. “O consumidor só precisa se lembrar de se­parar o medicamento e levar à loja quando retornar para uma nova compra; aos poucos isso vira um hábito que fará parte da rotina.”
A iniciativa começou com sete lojas e o resultado da arrecadação é de cerca de 200 quilos. Outro parceiro da Droga Raia é o laboratório Medley.
A Aspen Pharma também se preocupa com o meio ambiente e fechou uma parceria com a Drogasmil. Entre maio e junho o projeto terá início no Rio de Janeiro, para a coleta de medicamentos vindos da população. O diretor comercial e de marketing da empresa, Alexandre França, diz que algumas lojas da rede receberam um display para descarte de resíduos sólidos e líquidos.
“O brasileiro tem o hábito de fazer a famosa farma­cinha doméstica e só descobre que o medicamento está vencido quando vai usar, o que é um risco.” O executi­vo afirma que ainda não sabe qual será a necessidade de recolhimento, vai depender da demanda de cada loja, mas a expectativa é de que haja produtos para serem recolhidos diariamente. “Não é uma promoção, é uma ação permanente. Esse hábito envolve questões culturais e demanda tempo para adaptação.”
França revela que, para começar, a parceria foi fe­chada com a Drogasmil, mas existe a possibilidade de expansão para outras redes a fim de expandir o leque. “Quanto mais pontos de venda estiverem fazendo a coleta, melhor. Um morador da zona norte não vai se deslocar até a zona sul para descartar dois vidros de xarope, por exemplo.”
A Almaderma, farmácia de Jundiaí (SP), teve a inicia­tiva de disponibilizar o descarte adequado dos resíduos à sociedade desde março deste ano. A farmacêutica da empresa, Mariana Pereira, diz que a população não tem conhecimento da gravidade dos danos que o descarte incorreto pode trazer futuramente e acima de tudo não sabe o que fazer com as sobras de medicamentos ou medicamentos vencidos.
“Recebemos qualquer medicamento para descarte. A equipe de farmacêuticos analisa os produtos trazi­dos e registra as informações básicas, como dados do cliente, nome do medicamento e quantidade. Eles são acondicionados em lixeiras ecológicas e depois segrega­dos conforme classificação da substância e forma física.” Mariana explica que a coleta é realizada semanalmente por uma empresa especializada contratada pela prefeitura da cidade, que encaminha os resíduos para incineração e posteriormente para o aterro sanitário de resíduos peri­gosos – grau I.
A farmácia Dermus, de Florianópolis (SC), realizou a campanha “Descarte Correto de Medicamentos”, em 2009. O objetivo principal foi o de orientar os clientes sobre o uso racional de medicamentos e como ele poderia melhorar o descarte. “Nossa filosofia é trabalhar a saúde sempre voltada à infor­mação. Em toda a graduação aprende-se muito sobre como produzir, mas nunca como descartar”, afirma a farmacêutica da empresa e idealizadora do projeto, Karen Denez.
A profissional revela que esta é uma campanha que veio para ficar. Em média, o descarte na Dermus gera em torno de 10 a 20 quilos de medicamentos como antibióticos, citostáticos e hormônios, desconsiderando as embalagens de vidro. “Todos são responsáveis pelas ações oriundas do uso de medicamentos: os prescri­tores, estando atentos à necessidade do que deve ser prescrito; as farmácias, fracionando o medicamento; o governo, encarregando-se de dar destinação correta ao lixo doméstico e utilizando a coleta seletiva; e as empre­sas, responsabilizando-se pelo que geram”, acredita.


Como descartar medicamentos adequadamente

Be-a-bádescarte de remédioMuitas pessoas costumam manter em casa uma farmácia particular, sempre equipada com comprimidos para dor de cabeça, de estômago, xarope para  gripe, pomadas etc. Mas o que fazer quando os medicamentos vencem ou  simplesmente não devem mais ser usados?

Jogá-los no lixo comum ou no vaso sanitário é uma atitude que pode prejudicar o meio ambiente, pois os remédios geralmente possuem substâncias químicas que contaminam a água e o solo. O problema é que poucas pessoas sabem disso e quase não há informações sobre onde encontrar postos de recolhimento.

Tendo em vista a gravidade da situação, a farmácia Dermus lança a  campanha "Descarte Adequado de Medicamentos". O objetivo é orientar a população sobre o destino correto dos medicamentos, distribuindo folhetos explicativos, além de promover junto a seus clientes a arrecadação das sobras medicamentosas que são  produzidas pela farmácia. Essa é uma iniciativa pioneira em Florianópolis e a idéia é que ela se espalhe por todo o Estado. "Nós estamos conversando com o Conselho Regional de Farmácia e também com Associação de Farmacêuticos Magistrais, núcleos de farmácias das associações comercias e  Associação de Farmacêuticos Homeopatas para sugerir que todos venham aderir à campanha, recolhendo as sobras dos medicamentos que produzem em suas farmácias", explica a farmacêutica Karen Denez, idealizadora do projeto.

As sobras de remédios e suas embalagens podem ser deixadas nas unidades da Dermus localizadas no centro da cidade tanto na Rua Conselheiro Mafra, como na Esteves Junior, assim como na filial do Canto da Lagoa e serão encaminhados a uma empresa especializada na incineração de produtos químicos. É importante lembrar que a incineração dos remédios não deve ser realizada em casa. Esse tipo de combustão elimina gases que podem causar intoxicação, além de  prejudicar o meio ambiente.

Desinformação e falta de regulamentação são os principais obstáculos
Uma pesquisa realizada pela Faculdade de Ciências Farmacêuticas e  Bioquímicas Oswaldo Cruz comprova que grande parte das pessoas não sabe o que fazer com as sobras medicamentosas. O estudo entrevistou 1.009 pessoas na cidade de São Paulo e revelou que apenas 2,7% dos entrevistados já haviam recebido alguma orientação sobre o assunto. O levantamento constatou ainda que 75,32% das pessoas descartam a medicação no lixo doméstico e 6,34% jogam na pia ou no vaso sanitário. Além disso, 92,5% nunca questionaram sobre a forma correta de fazer o descarte.

Também não há nenhuma lei que regulamente o descarte de medicamentos. O Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) estabelece normas apenas para o lixo hospitalar, mas não faz nenhum tipo de regulamentação sobre como proceder com os resíduos residenciais. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) também não define normas específicas, mas estuda uma resolução que prevê que as farmácias e drogarias poderiam aceitar as sobras medicamentosas.

Uma das alternativas para diminuir a geração de resíduos  medicamentosos é a venda de remédios fracionados, no entanto a lei que regulamenta essa ação ainda não saiu do papel. Outra possibilidade é procurar farmácias magistrais que preparam os medicamentos de acordo com a necessidade de cada pessoa e, principalmente, na quantidade receitada pelo médico para o tratamento. "Medicamentos magistrais são preparados para uso extemporâneo, portanto normalmente não há sobras", lembra Karen.

Outra forma de contaminação
Não é apenas quando descartamos inadequadamente os remédios no lixo ou no vaso sanitário que eles podem contaminar o meio ambiente. Os  medicamentos são desenvolvidos com componentes resistentes e há  estudos que comprovam que 80% a 95% dos remédios ingeridos são eliminados em sua forma original pela urina e pelas fezes. Esses resíduos vão parar direto nas redes de tratamento de esgoto, que depois chegam aos rios, lagos e mares. Isso acontece porque os processos de tratamento existentes não conseguem eliminar completamente alguns tipos de substâncias. "Isso nos faz pensar no uso racional de medicamentos também como uma questão ecológica, já que  podemos deixar menos resíduos medicamentosos nas áreas sanitárias", alerta a farmacêutica.

- Plantas medicinais - Podem ser descartadas no lixo comum, pois são  consideradas lixo orgânico. Se estiverem encapsuladas devem ser abertas e o pó descartado separadamente das cápsulas vazias.
- Cápsulas com extratos secos - Devem ser descartadas em lixo próprio para medicamentos alopáticos, como locais que recolham resíduos de saúde.
- Medicamentos alopáticos sólidos (antibióticos, antiinflamatórios etc) -
Devem ser descartados em locais próprios que recolham resíduos de saúde.
- Medicamentos homeopáticos líquidos - Podem ser misturados com água fervente e descartados no vaso sanitário ou na pia.
- Glóbulos homeopáticos - Podem ser diluídos em água fervente e  descartados em vaso sanitário ou pia.
- Recipientes de vidro dos produtos homeopáticos - Devem ser encaminhados para os locais de recolhimento de resíduos de saúde, como a Dermus, devidamente limpos com água fervente.
- Recipientes de vidro de medicamentos alopáticos (xaropes, soluções etc) - Devem ser descartados em locais de recolhimento de resíduos de saúde, sem retirar o restante do produto da embalagem.
- Recipientes plásticos que acondicionam  semi-sólidos como cremes,  pomadas e loções - Devem ser limpos com papel e depois em água corrente com sabão. Em seguida o recipiente e o papel usado para retirada do excesso de produto devem ser encaminhados ao local de descarte.
- Bisnagas de alumínio - Devem ser abertas e limpas com papel e, em seguida, lavadas com água e detergente.

fonte: www.fabricacom.com.br

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