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7.18.2011

Saiba quais segredos você não pode esconder do ginecologista

Rio -Todo mundo tem segredos. Isso é fato. Afinal, muitas vezes não queremos revelar alguma peculiaridade do nosso passado, por vergonha ou por acharmos irrelevante. Todavia, há assuntos que devem ser expostos, principalmente com o seu ginecologista. "A relação médico-paciente deve ser pautada na mais estrita confiança", destacou o ginecologista Edílson Ogeda, do Hospital Samaritano de São Paulo (SP), lembrando que a mulher deve encarar seu médico como um aliado, não alguém que vai censurá-la ou criticá-la.

"Quando a paciente confia em seu médico, ela se sente segura para relatar tudo o que for preciso, necessário ou que a aflija, porque saberá que os princípios éticos que norteiam a profissão, como o sigilo, serão respeitados pelo médico. E o médico terá a empatia necessária para se colocar no lugar dela e buscar toda a forma possível de tranquilizá-la, dar esperança, amenizar a dor, o sofrimento ou a luta pela cura", disse o Dr. Edílson Ogeda.
Por isso, há informações que não devem ser omitidas e outras que são opcionais, como a orientação sexual. "Muitas vezes as mulheres se sentem constrangidas de falar sobre o seu tipo de comportamento sexual na primeira consulta e às vezes ela precisa explicar o tipo de relacionamento sexual envolvido. Por exemplo, se ela tiver relações sexuais com mais de um parceiro ou parceria, poderá ter mais chances de sofrer de corrimentos de repetição e, ao explicar seu comportamento, o médico pode buscar atitudes durante a vida sexual que diminuam esta incidência", contou Poliana Prizmic, ginecologista e obstetra da Clínica Dr. José Bento de Souza, da capital paulista.
Sobre as doenças de histórico familiar ou pessoal, ambos os médicos concordaram que nunca devem ser omitidas, sendo que até mesmo as enfermidades que afetam ou afetaram o parceiro e sua família devem ser relatadas para que o profissional possa dar orientações e realizar prevenções sobre o problema. Quanto às doenças sexualmente transmissíveis (DSTs), é essencial que o ginecologista saiba se há ou houve quaisquer contaminação porque, segundo Ogeda, alguns exames mostram infecção pregressa e não atual e muitas DSTs se correlacionam com outras e saber o problema facilita a investigação direcionada do mal. "Essas doenças devem ser acompanhadas principalmente se a mulher pretende engravidar", lembrou Poliana.
O uso de medicamentos ou drogas também deve ser descrito ao médico, "pois pode haver interação medicamentosa e as usuárias de drogas, lícitas ou não, devem saber quais os riscos e sequelas que elas podem causar, principalmente em casos de gestações, já que podemos ter fetos mal formados e gravidez de alto risco", contou a ginecologista, que listou ainda cirurgias realizadas, alergias, medicação usada no momento da consulta (até fitoterápicos e vitaminas), devem ser contados ao médico.
Sem vergonha
Muitos casais lançam mão de brinquedos eróticos para apimentar o relacionamento e não cair na rotina. Contar ao ginecologista sobre este hábito não é necessário, segundo os dois médicos consultados, a não ser que a paciente busque orientações de higiene e uso.
Alguns comportamentos de risco, como participar de swings e/ou ter múltiplos parceiros devem ser informados para que os médicos tenham como estabelecer uma rotina de exames e fornecer orientações sobre os riscos que estes comportamentos podem trazer.
Se a mulher foi vítima de violência sexual, ela deve relatar o ocorrido ao seu ginecologista para receber tratamento adequado, principalmente no ponto de vista emocional e fisiológico.
Chega de dor!
Algumas mulheres se queixam de dores durante o ato sexual e essa informação também precisa ser relatada ao ginecologista para que ele possa descobrir se há algum problema de saúde e também para ajudá-la na solução do problema que compromete a vida do casal. Saber localizar onde a dispaurenia (nome dado à dor durante o ato sexual) também pode ajudar no diagnóstico. "As dores mais anteriores podem estar relacionadas à problemas infecciosos ou inflamatórios vulvo-vaginais ou à diminuição da lubrificação. Já as dores posteriores ou no fundo podem estar ligadas à doenças como endometriose", explicou Ogeda.
Poliana falou que a dispaurenia pode ser causada por diversos fatores, como deficiência de estrógeno, tumores, infecções, inflamações, gravidez ectópica (fora do útero), dificuldades em relação à própria sexualidade, incompatibilidades físicas e emocionais com o parceiro etc. "Descoberta a causa, efetua-se o tratamento", frisou.
A dispaurenia é mais frequente durante a menopausa, mas também pode surgir antes. "Sempre devemos afastar as causas fisiológicas e, se possível, investigar as causas psicológicas que interferem diretamente neste problema",
O Dia
E mais:
 Ser mulher é mesmo algo único. E não é apenas nas extensas atividades cotidianas que ela se distingue. As preocupações com a saúde também demandam cuidados extras. Endometriose, miomas uterinos e cistos no ovário são exemplos de ginecopatias, doenças próprias do sexo feminino. Por isso, visitar regularmente o ginecologista e estar atenta aos sintomas são atitudes fundamentais para evitar o desenvolvimento e o agravamento dessas enfermidades.
Sangramentos irregulares e mais intensos que os habituais na menstruação e dores pélvicas debilitantes – na cavidade óssea da bacia, localizada na parte inferior do tronco – são alguns dos exemplos de alertas. O primeiro pode ser associado ao aparecimento de pólipos uterinos (tumoração desenvolvida, em geral, na região cervical), miomas (tumor no tecido muscular), adenomiose e cistos de ovário.

“Já as dores pélvicas são, em geral, sinônimo de que algo não está bem. Enfermidades ginecológicas comuns como miomas, endometriose, cistos de ovário, pólipos uterinos, varizes pélvicas e adenomiose, por exemplo, podem ter como manifestação inicial a dor pélvica”, classifica a ginecologista Rosa Maria Neme, membro da Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia e Sociedade de Ginecologia do Estado de São Paulo (Febrasgo/Sogesp).

As ginecopatias podem variar de acordo com a faixa etária. A especialista explica que, em mulheres mais jovens, em idade reprodutiva, são mais prevalentes a endometriose e os cistos de ovário. A endometriose consiste na presença do endométrio (revestimento interno do útero) em locais fora do útero, e os cistos de ovário caracterizam-se pelo acúmulo de líquido em cavidades fechadas.

“Já em mulheres acima dos 40 anos de idade, a incidência de miomas, pólipos endometriais e adenomiose (quando parte do endométrio invade a musculatura do útero) aumenta. E, acima dos 60 anos, deve-se dar atenção especial aos tumores ginecológicos”, acrescenta a Dra. Rosa Maria, que também integra a Associação Americana de Laparoscopia Ginecológica (AAGL) e é diretora do Centro de Endometriose de São Paulo.

Amparo médico

A especialista ressalta ainda a importância de visitas regulares ao ginecologista. “Em geral, recomendamos uma consulta pelo menos anual, para a realização de exames de rotina. Na presença de alguma doença ginecológica que exija um acompanhamento mais próximo, o ideal é uma visita semestral.”

Os exames mais eficazes para a identificação de ginecopatias são, em geral, o físico ginecológico, além de um de imagem, como o ultrassom. Mas a Dra. Rosa Maria aponta ainda que, caso restem dúvidas, avaliações mais específicas, como a ressonância magnética, podem ajudar a elucidar os casos.

Tratamento

A especialista diz que os tratamentos e o grau de cura estão relacionados ao tipo de doença analisada. No caso da endometriose, por exemplo, o tratamento não cura a enfermidade, mas garante uma melhora importante dos sintomas. Medicamentos complementares evitam recaídas.

“No caso de miomas, o tratamento cirúrgico resolve a doença naquele momento, mas existe também uma chance de recidiva. O mesmo pode acontecer nos casos de cisto de ovário e pólipos uterinos”, complementa.

As ginecopatias também não são, necessariamente, vetores de câncer no útero e no ovário. A Dra. Rosa Maria afirma que pólipos uterinos têm uma chance pequena de transformação maligna se não retirados. Já no caso de miomas uterinos e endometriose, essa possibilidade é extremamente remota, conclui a especialista.

Irregularidade na menstruação, dificuldade para engravidar, espinhas, crescimento de pelos e aumento de peso. Quando abordados de forma isolada, esses sintomas podem esconder um problema ainda mais complexo, mas que pode ser controlado com tratamentos específicos. Trata-se da síndrome dos ovários policísticos (SOP), transtorno heterogêneo caracterizado por hiperandrogenismo (excesso de hormônios androgênios) e anovulação (falta de ovulação) crônica.
Ginecopatia, isto é, transtorno exclusivo do sexo feminino, a SOP é um distúrbio endócrino que afeta entre 5% e 10% das mulheres em idade reprodutiva, afirma Daniella De Grande Curi, mestre em Ginecologia pela Universidade de São Paulo (USP) e credenciada junto à Associação de Obstetrícia e Ginecologia do Estado de São Paulo (Sogesp). Ela classifica ainda como as queixas mais comuns das pacientes sobre a síndrome o hirsutismo, irregularidade menstrual e infertilidade.

“O hirsutismo (crescimento excessivo de pelos na mulher) é a manifestação clínica mais frequente do hiperandrogenismo, seguida pela acne e a alopecia (perda parcial ou total de pelos ou cabelos em áreas específicas do corpo). Já a anovulação crônica é mais comumente caracterizada por espaniomenorreia (intervalo maior que 45 dias entre as menstruações) e amenorreia (ausência regular do ciclo menstrual)”, completa a especialista, da clínica médica Athesis, de São Paulo.

A síndrome consiste no registro de cistos (acúmulo de líquido em cavidades fechadas) no ovário. O diagnóstico pode ser feito por meio de exames clínicos, ultrassom ginecológico (ultrassonografia) e exames laboratoriais. Na maioria dos casos, no entanto, eles não provocam grandes mudanças no corpo da mulher. A Dra. Daniella explica também que a SOP é diagnóstico de exclusão.

“Existem várias doenças que disfarçam a síndrome e devem ser excluídas, como hipotireoidismo e a hiperplasia adrenal (queda na produção do hormônio cortisol e elevação excessiva de androgênicos). Além disso, para o diagnóstico da SOP é preciso que os sinais e os sintomas se encaixem em critérios propostos por convenções internacionais”, acrescenta.

Quanto mais cedo o diagnóstico, melhor será ainda o prognóstico da doença na prevenção de síndrome metabólica, câncer de endométrio (revestimento interno do útero) e infertilidade. Caso o registro seja mais tardio, o tratamento é o mesmo, devendo-se prestar maior atenção ao quadro de síndrome metabólica e, em alguns casos, a resposta ao tratamento (de irregularidade menstrual, por exemplo) pode ser mais demorada.

Pílula anticoncepcional

A Dra. Daniella explica que não existe cura da SOP, apenas controle. E, para isso, nada melhor do que o contraceptivo hormonal oral , “sendo as pílulas que contêm progestagênios antiandrogênicos as mais indicadas pela sua ação na inibição do hirsutismo e da acne”. “Esses medicamentos também são capazes de normalizar o ciclo menstrual e controlar a produção androgênica”, acrescenta.

Mas a especialista ressalta que outras medicações podem ser utilizadas ou associadas de acordo com o quadro clínico da paciente, dada a heterogeneidade apresentada pela SOP. A ginecologista recomenda, por exemplo, antiandrogênicos (acetato de ciproterona, finasterida e espironolactona) em caso de hirsutismo acentuado, ou uso de indutores de ovulação quando há desejo de gestação.

Contra a chance elevada de desenvolver síndromes metabólicas, grupo de fatores de risco para doenças vasculares, cardiovasculares e diabetes, indicações importantes são a prática de exercícios físicos, controle alimentar e antidiabéticos orais como metformina. “E para o tratamento do hirsutismo, pode-se associar a depilação a laser para melhores resultados”, acrescenta a Dra. Daniella.
Bem Mulher
  

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