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9.09.2011

Cigarro eletrônico: alternativa ou vilão?

Nos Estados Unidos e na Europa, locais em que as leis de restrição ao tabaco são cada vez mais severas, é possível ver pessoas ostentando um tipo diferente de cigarro entre os lábios. Aparentemente similares aos cigarros tradicionais, eles ficam com a ponta vermelha quando o fumante traga, e liberam fumaça. Mas para o espanto – e alegria – das pessoas em volta, a fumaça não tem cheiro algum, e a “brasa” na ponta do cigarro é uma luz artificial. Estes são os cigarros eletrônicos, chamados de “e-cigarettes” lá fora. Criados em 2009, eles viraram moda por prometer benefícios à saúde do fumante. Além disso, são tolerados em locais onde os cigarros convencionais são proibidos, como aeroportos e até mesmo hospitais. Mas será que eles fazem tão bem quanto afirmam as empresas que os vendem?
À primeira vista, os cigarros eletrônicos apresentam muitas vantagens. Embora o seu formato seja parecido com o bom e velho cigarro tradicional, eles são feitos de plástico e não possuem tabaco em seu interior. Um atomizador espalha a nicotina em minúsculas gotas, que se misturam ao vapor produzido pelo aparelho. O fumante aspira a nicotina e solta apenas vapor inodoro. Assim, a pessoa não fica com o desagradável cheiro de fumaça, e quem está ao lado não fuma de forma passiva. O cigarro contém apenas nicotina, e não leva substâncias tóxicas como alcatrão ou os aditivos presentes no tabaco dos cigarros convencionais.
Por apresentar todas essas vantagens, os e-cigarettes ganham cada vez mais espaço no exterior. Muitos fumantes trocaram os cigarros tradicionais pelos eletronicos, seja pelos benefícios à saúde, seja pelo custo. Enquanto os maços de cigarros tradicionais têm seus preços elevados por impostos, os e-cigarettes são recarregáveis. Segundo o Los Angeles Times, que fez esta semana uma matéria cheia de elogios à novidade, uma pessoa que fuma um maço de cigarros por dia poderia economizar até mil dólares por ano com os cigarros eletrônicos.
Embora tais pessoas garantam que os e-cigarettes são uma ótima alternativa ao cigarro convencional e até mesmo ajudam a parar de fumar, a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) proibiu a venda do produto no Brasil em 2009, pois não existem estudos que provem que os cigarros não têm efeitos colaterais.
Se depender dos pesquisadores da Universidade da Califórnia, os cigarros eletrônicos nunca serão liberados por aqui. Em um estudo feito no ano passado, cientistas testaram os efeitos dos novos cigarros em uma máquina que simula o pulmão humano. A conclusão foi de que após dez tragadas, a densidade do aerosol inalado diminui e o fumante deve fazer o dobro de força para conseguir a mesma quantidade de nicotina. Isso poderia prejudicar o sistema respiratório.
Eu não fumo, e pessoalmente não sou grande fã do tabaco. Odeio chegar em casa com cheiro de cigarro, mas não sei se esses e-cigarettes são uma boa pedida. Além de me preocupar com as conclusões dos pesquisadores da Universidade da Califórnia, acho que os cigarros eletrônicos poderiam reduzir a quantidade de pessoas que decidem parar de fumar pelas dificuldades impostas por leis restritivas ao tabaco.

Comentário:
  • Karakuta 28/08/2011 | 2:40 Para muitas pessoas, a nicotina é o vício mais difícil de largar. E, para essas pessoas, não adianta dizer que vão morrer amanhã por causa do monóxido de carbono e do alcatrão (além de muitas outras substâncias) que inalam em seus cigarros. Para elas, o vício em nicotina é imbatível.
    E é para essas pessoas que o cigarro eletrônico é uma alternativa viável de abandono do tabaco. De cara, não há monóxido de carbono pois não há combustão. A nicotina, diferentemente dos alternativas, é inalada e pode ir sendo reduzida de forma quase imperceptível, até livrar-se da dependência. A própria FDA norte americana, ao defender a proibição, admitiu que os cigarros eletrônicos tem apenas 1/1000 (isto mesmo, um milésimo) do potencial dos cigarros tradicionais de prejuízo à saúde. Milhões de pessoas usam o cigarro eletrônico há vários anos e não um único caso formalmente relatado de que tenha provocado alguma doença ou estado mórbido.
    É muita ignorância das autoridades sanitárias brasileiras coibirem uma alternativa que tanto pode contribuir para a eliminação do tabagismo, justamente a mais eficiente para quem não consegue de outra forma. Ao invés disto, dedicam seu tempo a escolher aquelas fotos ridículas e inúteis para serem impressas nos maços. A impressão que tenho é que eles querem que essas pessoas morram logo. E é o que estão fazendo. Uma a cada três minutos, só no Brasil.
    Uma pena.
    Revista Época

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