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9.07.2011

Escritora Thalita Rebouças

Na Bienal do Livro, autora lança 'Era uma vez minha primeira vez'.
Ela comemora 1 milhão de livros vendidos.

Carla Meneghini Do G1 RJ
A escritora Thalita Rebouças (Foto: Carla Meneghini/G1) 
A escritora Thalita Rebouças
(Foto: Carla Meneghini/G1)
Na última Bienal do Livro, a escritora Thalita Rebouças foi cercada por uma multidão de fãs adolescentes que gritavam seu nome e disputavam autógrafos. “Foi um espanto”, lembra a autora, que retorna ao evento nesta 15a edição e participa nesta quarta-feira (7) de um bate-papo no Conexão Jovem. A sessão será transmitida ao vivo pelo G1.
“Me sinto uma popstar da literatura”, diz Thalita em entrevista exclusiva. “É bacana ver que consegui conquistar todo esse público tendo a palavra como matéria prima”, afirma a escritora, que lança no evento "Era uma vez minha primeira vez".

Na Bienal, Thalita também comemora a marca de 1 milhão de exemplares vendidos em 11 anos de carreira. “Significa muito, porque quando decidi largar tudo para virar escritora fui desencorajada por todos, nem minha família me apoiou”, lembra a autora de 36 anos, que diz que nunca vai se arriscar no gênero fantasia. “Não entendo nada sobre vampiros, bruxos ou anjos; seria um mico”, afirma.
Confira abaixo trechos da entrevista com Thalita Rebouças.
G1 - Na última Bienal do Livro, você teve uma recepção digna de popstar, com uma multidão de adolescentes gritando seu nome e pedindo autógrafos. Desta vez você está disputando lugar com a Hilary Duff...
Thalita Rebouças - Obrigada pela comparação (risos). Hilary Duff fez filmes, televisão e ainda canta e dança. Não dá para competir. Mas no quesito livro eu ganho dela, porque eu fiz 12 e ela só tem um. (risos). É bacana ver que consegui conquistar todo esse público tendo a palavra como matéria prima. Me sinto uma popstar da literatura.
G1 - E este ano, está a recepção do público nesses primeiros dias de Bienal?
Thalita - Já dá para sentir um gostinho. Sempre que eu caminho pelo evento, muitas pessoas me param para pedir autógrafo ou uma foto. É uma delícia esse carinho dos leitores.
G1 - O que significa para você chegar à marca de 1 milhão de livros vendidos?
Thalita - Significa muito, porque quando decidi largar tudo para virar escritora, há 11 anos, fui desencorajada por todos, nem minha família me apoiou. Diziam que eu era louca de tentar viver de literatura no Brasil. E eu, do alto dos meus 25 anos, decidi largar o jornalismo, pedir demissão para me dedicar só aos livros.
G1 - Como foi o processo de criação do seu novo livro, sobre a primeira vez?
Thalita - Eu sempre quis escrever sobre esse rito de passagem tão importante para as meninas. Eu sempre falo para os pais: ‘não fica com medo de dar o meu livro para sua filha’. É um livro que fala sobre sexo sem falar sobre sexo. Eu queria mostrar para as meninas que elas não estão sozinhas, todos os medos, as dúvidas, as paranóias que elas têm, todo mundo já teve. É muito mais sobre o antes e o depois, sobre as emoções.
G1 - Essas personagens têm alguma inspiração autobiográfica ou em pessoas reais?
Thalita - Há histórias que aconteceram comigo, não na minha primeira vez, mas com namorados que passaram pela minha vida. Também tem histórias que passaram com minhas amigas. Acho que é o meu livro que mais tem coisas minhas.
G1 - Mas o quanto é ficção o quanto é observação?
Thalita - Esse é o grande barato da ficção, é poder misturar tudo no mesmo caldeirão, coisas que vivi, coisas que vivi um pouquinho e aumento para ficar saboroso, coisas que inventei, coisas que eu ouvi na fila do supermercado, na fila do banco e por aí vai.
G1 - Atualmente os adolescentes estão muito ligadas na literatura de fantasia. Ainda tem espaço para uma literatura como a sua, mais ligada à realidade?
Thalita - O bacana de ver que meus livros continuam a vender em meio a essa onda de fantasia, porque o cotidiano ainda tem um grande apelo. Adolescente gosta de se reconhecer nos livros. Eles entendem melhor os pais, os professores e se entendem melhor com meus livros. Já me sugeriram escrever algo de fantasia, mas o que eu me sinto à vontade para escrever é a observação do dia a dia. Nunca vou embarcar nessa onda de fantasia, porque não é uma literatura que eu consumo ou que eu consumia quando era adolescente. Não entendo nada sobre vampiros, bruxos ou anjos. Não tenho a menor vontade de escrever fantasia, seria um mico.
G1 - As jovens que liam seus livros há 11 anos hoje já são mulheres. O que você vê de diferente entre as adolescentes de 11 anos atrás e as de hoje?
Thalita - Quase nada. O mundo mudou muito nesse meio tempo, mas o bacana é ver que a essência do adolescente não mudou. O que mudou foi o acesso à informação, com a internet, principalmente. Mas as preocupações continuam as mesmas: o primeiro beijo, a primeira transa, o conflito com os pais, as espinhas, os amores platônicos, o medo de pagar mico, a inquietação. Não vejo nenhuma mudança na alma do adolescente.
G1 - Ao observar as suas leitoras, você acha que a adolescência está chegando mais cedo?
Thalita - A infância está cada vez mais encurtada. Hoje vejo meninas de oito anos que dizem que já leram todos meus livros. Fico muito impressionada e digo a elas: esperem um pouquinho para ler meu livro quando crescerem, está bom? Acho que meus livros não são para crianças de oito, nove anos. É muito cedo.
G1 - Como que você consegue se conectar com a linguagem dos adolescentes?
Thalita - O que eles me dizem é que eu não fico dando lição de moral para eles. Quando eu escrevo, não tenho a menor intenção de dizer o que é certo e o que é errado. Não quero ser aquela tia chata que diz o que é bom e ruim.
G1 - Você recebe muitos emails de garotas pedindo conselhos?
Thalita - Sim, recebo muitos. A maior parte é pedindo dicas para beijar ou coisas do tipo meu pai não me deixa namorar, o que faço? E eu sempre digo: não dou conselho. Sou uma autora que escreve ficção, não sou psicóloga de adolescentes. Não conheço a realidade dessas meninas para arriscar um conselho.

G1 - Qual é o seu próximo projeto?
Thalita - No momento, estou trabalhando no 'Fala sério, filha – A vingança dos pais', que mostra a perspectiva dos pais sobre as coisas que os adolescentes vivem. Foi um pedido antigo das mães das minhas leitoras, e estou me divertindo muito.
G1 - Se você fosse mãe, isso ajudaria ou atrapalharia na produção dos seus livros?
Thalita - Se eu fosse mãe, os adolescentes não gostariam do que eu escrevo, porque provavelmente eu teria um lado mãe no meu discurso. E eu não tenho isso.
G1.com

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