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9.28.2011

Novas drogas aumentam taxa de cura de pacientes com hepatite C

Congresso Brasileiro de Hepatologia

As drogas boceprevir e telaprevir devem estar disponíveis no país até 2012

Natalia Cuminale, de Salvador
Hepatite: a doença é caracterizada por uma inflamação do fígado, que pode ser causada por infecções (virais, bactérias), pelo uso de álcool, de medicamentos e de drogas ou por doenças hereditárias ou autoimunes Hepatite: a doença é caracterizada por uma inflamação do fígado, que pode ser causada por infecções (virais, bactérias), pelo uso de álcool, de medicamentos e de drogas ou por doenças hereditárias ou autoimunes Insônia (Thinkstock)
Pacientes diagnosticados com hepatite C e que não respondem aos tratamentos atuais poderão ter uma nova esperança de cura com o lançamento de novas drogas conhecidas como antivirais de ação direta – o boceprevir e o telaprevir. Os novos medicamentos são inibidores de protease, que impedem a replicação do vírus e impossibilitam o progresso da doença. Segundo os resultados dos estudos finais, enquanto o tratamento convencional curava entre 40 e 45% dos pacientes, a combinação com os novos medicamentos cura entre 70 e 75%. Até agora, pacientes com hepatite C eram tratados com interferon, um quimioterápico que estimula o sistema imunológico, associado ao antiviral ribavirina. A partir do lançamento das novas drogas, o tratamento será feito com terapia tripla – os dois já existentes combinados com as novas drogas.

Boceprevir telaprevir
Administração
12 comprimidos/dia
6 comprimidos/dia
 
Efeitos colaterais
Anemia
Problemas dermatológicos
Tempo médio de tratamento
6 meses
3 meses
Aprovação no Brasil
julho/2011
dezembro/201
















"Os medicamentos serão válidos tanto para os pacientes que nunca foram tratados como também para aqueles que já tomaram o remédio e não responderam ao tratamento. Do total das pessoas tratadas com os medicamentos atuais, 60% receberam remédio e não foram curados", diz Maria Lúcia Ferraz, infectologista e coordenadora da Casa da Hepatite da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). Essas drogas são voltadas para o genótipo 1 da hepatite C – responsável por 70% dos casos da doença no país. Outro benefício da nova droga é a redução do tempo total de tratamento – atualmente, varia entre um ano e um ano e meio. Os novos remédios poderão ser utilizados por três meses e seis meses, no caso do telaprevir e boceprevir, respectivamente. Se apresentarem boa resposta ao medicamento, os pacientes não precisarão prolongar o tratamento.
Efeitos colaterais — Apesar de inovadoras e com resultados extremamente positivos no quesito cura e duração de tratamento, as novas drogas não reduzem os efeitos colaterais de quem faz o tratamento. Pelo contrário, o boceprevir potencializa a anemia nos pacientes tratados e o telaprevir adiciona problemas dermatológicos como o rash cutâneo, uma vermelhidão na pele que pode provocar coceiras.
"Os médicos vão ter que escolher entre os dois medicamentos e isso vai depender da praticidade do uso e também dos efeitos colaterais de acordo com a história de cada paciente", diz Fernando Gonçalez, coordenador do grupo de estudos das hepatites virais da Universidade Estadual de Campinas. Como os medicamentos são novos até mesmo no exterior, ainda não há muita experiência internacional para ser utilizada pelos médicos brasileiros, que discutem no Congresso Brasileiro de Hepatologia a interação das novas drogas com o uso de medicamentos para o colesterol e hipertensão, por exemplo.
O boceprevir foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária em julho deste ano, mas ainda aguarda o processo da Câmara de Regulação do Mercado de Medicamentos (CMED) para estabelecer o preço que será comercializado. Já o telaprevir aguarda a aprovação da Anvisa, que está prevista para ocorrer até dezembro deste ano.
Custo por paciente — Estima-se que o valor do tratamento deve quase triplicar com a chegada dos medicamentos – um acréscimo de cerca de 10 mil reais por mês de tratamento. "Agora, é preciso aguardar uma portaria do ministério que vai estabelecer quem vai poder receber o tratamento e quanto o Sistema Único de Saúde (SUS) está disposto a pagar na rede pública. Normalmente, o governo adota novas tecnologias, mas demora cerca de três anos", explica Hugo Cheinquer, hepatologista da Universidade Federal do Rio Grande do Sul e da Universidade Federal das Ciências da Saúde de Porto Alegre.

Em dez anos, hepatite C terá cura total. E sem efeitos colaterais

É inegável o avanço que os novos medicamentos de primeira geração trazem para os pacientes com hepatite C. Embora os resultados sejam positivos para a maioria dos pacientes, 25% ficam sem a cura e ainda podem produzir cepas resistentes às drogas inovadoras. Hugo Cheinquer, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, é otimista sobre a cura da hepatite para os próximos anos. Segundo ele, os congressos internacionais já apresentam resultados de estudos fase 1 e fase 2 com medicamentos mais modernos, de segunda geração.
"Em quatro anos, o paciente terá que tomar apenas um comprimido a mais por dia, sem a adição de efeitos colaterais, com taxas de cura para quase 90%. Além disso, o tratamento poderá ser encurtado em 80% a 90% das pessoas", diz. Com os novos medicamentos, as pessoas vão ter que tomar quase 20 comprimidos por dia.
Um pouco mais distante, em 2020, será possível fazer o tratamento entre três e seis meses, sem o uso do interferon e da ribavirina. "Nos próximos dez anos, o vírus C vai ter uma cura fantástica, ultrapassando os 90% e sem nenhum efeito colateral", afirma. Isso, é claro, se os estudos com um maior número de pacientes não apresentarem efeitos adversos como problemas cardíacos ou surgimento de neoplasias.
"Quando o momento da cura chegar, o nosso desafio será encontrar as pessoas em casa. No total, 75% das pessoas, mesmo a dos países desenvolvidos não sabem que têm a doença". A hepatite C não se manifesta de forma grave e a pessoa infectada não apresenta sintomas durante muitos anos.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Hepatologia, dois milhões de brasileiros têm a doença, responsável por mais de 70% das mortes entre todos os tipos de hepatites ocorridas na última década no Brasil.
Veja

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