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10.05.2011

Candidíase que vai e volta: alteração da flora e pH vaginal.

Muitas vezes, essa candidíase que vai e volta é resultante de uma alteração da flora vaginal, e ela não será completamente resolvida se essa flora não for restabelecida. Mas antes de saber como restabelecer essa flora, é importante pesquisar qual foi o agente causador desse desbalanço.

O que é a flora vaginal?

A vagina é habitada por uma série de microorganismos (bactérias, fungos, etc.) que vivem num equilíbrio entre si (é um mini ecossistema). Esses bichos têm como função a manutenção da acidez vaginal, assim como algumas propriedades de defesa da vagina contra agentes externos. Esse ambiente que compõe a vagina é chamado de flora vaginal.

O que pode alterar a flora vaginal?

1. Medicações:

Pílula anticoncepcional ou anticoncepcional injetável: os hormônios existentes nessas medicações podem levar a uma alteração da produção do muco vaginal, assim como na acidez da vagina. Essas alterações resultam numa alteração da flora. Portanto, se você tem esses quadros recorrentes e faz uso de algum desses métodos anticoncepcionais hormonais (pílula ou injeção), converse com seu ginecologista sobre a possibilidade de uma troca dessa medicação. Às vezes, o fato de trocar de anticoncepcional leva a uma melhora da candidíase.
Antibióticos: agem não só nos bichos que estão causando a infecção para a qual ele foi recomendado, como em todo corpo. Assim, ele pode acabar matando um determinado grupo de bichos que fazem parte da flora vaginal, resultando num desbalanço, num desequilíbrio dessa flora. Isso pode predispor ao desenvolvimento de irritações vaginais ou corrimentos. Para o diagnóstico desse quadro, é importante que se realize um exame ginecológico, seguido do tratamento adequado.
Corticóides (ex.: prednisona): agem diminuindo a função do sistema imunológico (sistema de defesa natural do corpo contra os bichos que causam doenças). Isso pode resultar numa proliferação, num crescimento exagerado dos bichos que compõe a flora vaginal, podendo resultar em corrimentos, irritações. Da mesma forma que orientei acima, é importante que se realize um exame ginecológico, seguido do tratamento adequado.
Cremes vaginais: são medicamentos que contêm antibióticos e/ou corticóides que são usados diretamente na vagina. Seu uso, principalmente crônico (diversas vezes), também pode levar ao desbalanço da flora vaginal.

2. Depilação dos pêlos pubianos: os pêlos pubianos (da vagina) têm como função protegê-la contra os bichos e a sujeira do meio exterior. Portanto, se tirar todos esses pêlos, a vagina fica muito mais exposta, podendo facilitar infecções locais.
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Dra. Paula

VOCÊ CONHECE O pH DA SUA VAGINA?
 

O termomêtro da saúde vaginal é o índice de PH, 
ou potencial hidrigeniontico. O PH mede o grau 
de acidez ou alcalinidade de uma substância.
A água, por exemplo, uma substância 
reconhecidamente neutra, tem índice 7 de PH. 
O Ph da vagina saudável é ácido, ou seja, 
mais baixo do que 7. Seu grau normal 
varia de 3,8 a 4,2. É esta a condição ideal 
de sobrevivência dos Bacilos de Doderlein, 
também conhecidos como lactobacilos, 
representantes da flora microbiana que 
povoa o ambiente vaginal saudável. 
A redução do nível de lactobacilos na 
vagina é a principal causa das irritações e 
infecções que, vira e mexe, nos incomodam e 
nos obrigam a correr para o ginecologista. 
O tratamento com antibióticos pode diminuir 
o nível essa flora da mesma forma que mata 
bactérias. Situações de estresse e de baixa 
da resistência do organismo, dependendo do 
impacto, causam o mesmo efeito e podem 
produzir infecções. A aproximação da menopausa 
e as mudanças que o desequilíbrio hormonal 
produzem também afetam O PH.
Se o resultado da queda brusca no equilíbrio da 
flora microbiana é um PH vaginal mais ácido, 
ficamos sujeitas ao ataque de fungos como a 
Cândida, que provoca coceira intensa e o 
corrimento branco, com aparência de coalhada, 
chamado de candidíase. Se o desequilíbrio torna 
o PH mais alcalino, estamos expostas à ação 
da bactéria tricomonas, que prolifera nesse meio. 
E também ficamos vulneráveis à vaginose, outra 
infecção provocada pelo PH mais alcalino, 
caracterizada por mau cheiro perceptível, 
principalmente após a relação sexual.
Existem remédios caseiros capazes de corrigir o PH, 
especialmente quando é pequena a variação de acidez.
Eles podem aliviar uma irritação corriqueira 
ou mesmo a coceria excessiva, e vale 
a pena conversar com seu médico sobre eles. 
Para diminuir o grau de alcalinidade da 
flora vaginal, que sujeita a região ao ataque 
da tricomoníase ou à vaginose, um banho de 
assento com vinagre diluído em água na 
proporção de meio copo de vinagre para um a 
dois litros de água, por exemplo, pode ser 
a salvação momentânea. Quando o PH aumenta 
de acidez, expondo o meio vaginal ao fungo da 
candidíase, uma colher de sopa de bicarbonato 
dissolvido num copo de água pode trazer alívio 
imediato. As soluções devem ser aplicadas 
diretamente na vagina, com o auxílio de 
uma seringa (sem agulha).
Tais procedimentos devem estar de acordo 
com indicações de seu médico ginecologista, 
naturalmente. A única intervenção caseira 
que se pode utilizar sem a orientação médica 
é o banho de assento com chá de camomila. 
A planta é um anti-inflamatório natural muito 
bom, que alivia muitos os sintomas de irritação.
O uso de iogurte e de produtos com lactobacilos 
é visto com ressalvas pelos médicos. As duas 
substâncias podem equilibrar o PH, mas nada 
comprova que realmente ajudem a repor o nível 
dos bacilos de Doderlein e, portanto, recuperar 
a flora microbiana vaginal. A busca de uma cepa 
de lactobacilos adequada a este fim é hoje 
objeto de pesquisa no mundo todo. Mas 
segundo o médico Simões, esta é uma pesquisa 
complexa. "As cepas variam entre as populações 
femininas de acordo com as diferenças de clima, 
vestuário e alimentação e, assim, os lactobacilos 
das asiáticas, por exemplo, não são iguais aos das
americanas, e os das brasileiras também são diferentes."


Por:
José Antônio Simões é professor-assistente doutor do departamento de Tocogincologia da FCM da Unicamp - Universidade de Campinas, especializado 
em microbiologia vaginal.

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