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10.19.2011

Estacionamentos: aumento muito alem da inflação

Preços das vagas nas alturas

Tarifas de estacionamento nos aeroportos do Galeão e Santos Dumont têm aumento de até 192%

Gabriel Mascarenhas (gabriel.mascarenhas@oglobo.com.br)

André Simas mostra o tíquete de estacionamento do Aeroporto Internacional Tom Jobim: ele pagou R$ 190 reais para deixar o carro por três dias e 15 horas no terminal (Foto: Ângelo Antônio Duarte / Agência O Globo) RIO - Os preços cobrados nos estacionamentos dos aeroportos do Rio decolaram - e a jato. Neste mês, as tarifas aumentaram até 192% no Tom Jobim e 183% no Santos Dumont. Os maiores reajustes foram aplicados sobre os valores do pernoite e da mensalidade. Segundo a Infraero, a nova tabela, que entrou em vigor em 1 de outubro, no Galeão, e no dia 15 no Santos Dumont, visa a desestimular usuários a deixarem seus carros no pátio dos terminais enquanto estão viajando, atenuando assim o problema da escassez de vagas.
Mas a grita dos cariocas contra os altos preços não fica apenas nos terminais. Aterrissa também nas garagens de shoppings e centros comerciais, onde, em alguns casos, parar o carro sai caro, sobretudo na Zona Sul. Deixar o veículo por três horas na garagem da galeria Fórum de Ipanema, por exemplo, custa R$ 44.
VOTE: Você acha justos os reajustes nos valores dos preços nos estacionamentos dos aeroportos?
As medidas da Infraero já estão surtindo efeito para reduzir o número de pernoites de veículos nos aeroportos. O supervisor de marketing André Simas, de 37 anos, foi informado por seu chefe de que, após os aumentos, a empresa onde ele trabalha não vai mais reembolsá-lo pelo valor gasto no estacionamento do Galeão. No último dia 7, após deixar seu carro por três dias, 15 horas e 13 minutos no terminal, ele desembolsou R$ 190, 192% a mais do que na semana anterior, quando permaneceu o mesmo tempo.
- Anteriormente, essas mesmas horas custavam R$ 65. Eu moro em São Gonçalo e viajo pelo menos duas vezes por mês a trabalho. A partir de agora, vou pegar ônibus ou táxi para chegar à Ilha do Governador. Não tem outro jeito. O mais grave é não terem me avisado quando entrei no aeroporto em 4 de outubro, três dias após os reajustes - criticou Simas.
Usuários protestam contra aumentosO inconformismo dos usuários está no novo sistema de cobrança pelo pernoite no Tom Jobim. Até setembro, as primeiras 24h custavam R$ 29. Depois disso, a cada dia ou fração, R$ 12. Agora, até o terceiro dia de permanência, a diária custa R$ 50; do terceiro ao sexto dia, o usuário paga R$ 40 por cada 24 horas; do sexto ao nono, R$ 35, e a partir do nono dia, R$ 30. Além disso, o cliente arca com as horas excedentes. Os outros períodos também sofreram reajustes, porém, menores do que o aplicado à diária. Duas horas, por exemplo, passaram de R$ 6 a R$ 8 - um aumento de 33,3%. Até uma hora não houve aumento: o preço continua R$ 6.
A situação no Santos Dumont é semelhante e também está gerando apreensão entre passageiros e funcionários de companhias aéreas. Os mensalistas passaram a pagar R$ 310, em vez dos antigos R$ 130 (reajuste de 183%). A diária passou de R$ 38 para R$ 53 (39,4%), enquanto o período de duas horas pulou de R$ 7 para R$ 10 (42,8%).
A estatal, que administra os terminais do país, reiterou que os aumentos visam a beneficiar usuários que permanecem menos tempo nos estacionamentos. Segundo a Infraero, as áreas estão sobrecarregadas pelo grande número de motoristas que deixam seus veículos nos pátios por mais de um dia. A empresa alega ainda que a tabela não era reajustada desde 2006, no Galeão, e desde janeiro de 2010 no Santos Dumont.
É uma barbaridade, eles metem a mão mesmo. Os supermercados não aproveitaram brecha alguma e se disciplinaram. Mas há shoppings que exigem R$ 8 por 20 minutos. É um escárnio
Já em alguns shoppings e galerias da cidade, deixar o veículo por pouco tempo no estacionamento não garante economia. Parar por meia hora na garagem do Fórum de Ipanema, na Rua Visconde de Pirajá, em frente à Praça Nossa Senhora da Paz, custa R$ 10. O período de uma hora sai a R$ 18; duas horas, a R$ 32; e três custam R$ 44.
- Só parei aqui porque não achei vaga na rua e eu tinha uma consulta médica - protestou a produtora de eventos Cristina Campos, de 34 anos, que desembolsou R$ 18.
O empresário Antônio Machado, de 75, deixou R$ 10 no estacionamento do Fórum, 21 após chegar.
- Eles se beneficiam da falta de estacionamentos na região e cobram o que bem entendem. Respeito a lei e não paro em lugar proibido, então não tenho para onde correr - justificou Machado.
Quem vai de carro para o shopping Rio Design Leblon também precisa se preparar. Meia hora custa R$ 7,50. Por cada 30 minutos excedentes, são cobrados mais R$ 2,50. Clientes que gastarem R$ 150 ou mais nas lojas têm desconto de R$ 5.
Mesmo comprando um presente de casamento, o benefício não chegou ao bolso da psicomotricista Maria Guimarães, de 30 anos:
- Fiquei 15 minutos e vou pagar R$ 7,50, pois gastei R$ 70 no presente. Eles ganham muito em cima do cliente.
Ao lado do Rio Design, o Shopping Leblon cobra R$ 2 por 30 minutos; R$ 4 por uma hora; R$ 6 a cada hora e meia; R$ 8 até duas horas e R$ 9 até duas horas e meia. A partir daí, R$ 0,50 a cada meia hora.
A produtora Cristina Campos: R$ 18 reais por uma hora no Fórum de Ipanema (Foto: Domingos Peixoto / Agência O Globo) Autora da polêmica lei que obrigou os estacionamentos a cobrarem por período fracionado e não por período único, a deputada estadual Cidinha Campos (PDT) classificou como um absurdo os preços fixados pelos shoppings. Embora os valores tenham disparado depois da medida, provocando uma enxurrada de críticas de usuários, Cidinha alega que esses aumentos não são uma reação à lei, que está suspensa por uma decisão do Tribunal de Justiça, contra a qual cabe recurso.
- É uma barbaridade, eles metem a mão mesmo. Os supermercados não aproveitaram brecha alguma e se disciplinaram. Mas há shoppings que exigem R$ 8 por 20 minutos. É um escárnio.
A Estapar, empresa que administra o estacionamento do Fórum de Ipanema, afirma que se trata da galeria mais famosa do bairro, "conhecida mundialmente" e que os preços variam de acordo com carga tributária, estudos de mercado e localização do empreendimento. Acrescenta ainda que os clientes têm à disposição sala VIP e manobristas. O Rio Design argumentou que oferece serviço de manobrista e que, às segundas-feiras, após 20h, dá isenção a clientes que apresentarem nota fiscal de algum restaurante do shopping. Procurado, o Shopping Leblon preferiu não se pronunciar.
O Globo.

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