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10.27.2011

Governo americano desiste de limitar o consumo de batatas na merenda escolar

Nutrição
RIO - Em janeiro passado, o Departamento de Agricultura dos EUA (USDA, na sigla em inglês), que administra o Programa de Merenda Escolar dos EUA, propôs mudanças nos padrões nutricionais que limitam a quantidade de vegetais ricos em amido - batata-inglesa, milho, ervilhas e feijões. Nenhum desses vegetais poderia ser consumido pelas crianças em quantidades superiores a um copo por semana. A proposta exigiu que os programas de alimentação escolar passassem a oferecer pelo menos meio copo por uma semana de vegetais verde-escuros e de leguminosas, como feijões secos. No entanto, na terça-feira passada, o Senado rejeitou a proposta.
O USDA não é contra batata-inglesa, garantiu a pesquisadora Margo Wootan, do Centro de Saúde do Grupo de Advocacia para a Ciência no Interesse Público, que defendeu a proposta. A agência só queria incentivar as crianças a expandirem seus horizontes para além das famosas batatas fritas. Um estudo do USDA, em 2007, mostrou que 75% das crianças que comem verduras como parte da merenda escolar são aquelas que preferem vegetais amiláceos, como é o caso das batatas fritas.
- As crianças estão submetidas a uma oferta grande de legumes ricos em amido. Batatas fritas têm lugar cativo na merenda das crianças. Não há espaço para outros vegetais, que são muito mais saudáveis - comenta Margo Wootan.
Mais do que isto: a indústria alimentícia costuma fazer campanhas publicitárias para promover a batata frita como parte de uma dieta saudável e de baixo custo.
- Se você excluir os legumes ricos em amido da merenda escolar, você terá uma chance de que as crianças possam comer outros vegetais - comenta Jeff Nedelman, da Aliança para a Pesquisa de Alimentos na Educação.
Alguns cientistas concordam.
- As batatas-inglesas têm má reputação, e às vezes esta fama é injusta - afirma Joe Vinson, professor de química dos alimentos da Universidade de Scranton, nos EUA. Vinson é autor de uma pesquisa que ressalta os benefícios do consumo de batatas para a saúde. Mas seu estudo fala noutros tipos de batata, além da inglesa. Em uma reunião da Sociedade Química Americana, em setembro, ele apresentou dados sobre um estudo piloto envolvendo 18 pacientes com pressão arterial elevada. Ele relatou que aqueles que comiam duas batatas roxas por dia, cozidas em forno de microondas, experimentou uma queda na pressão arterial de 3% a 4%.
- Isso faz sentido - acrescenta Mary Ellen Camire, diretora do Departamento de Ciência dos Alimentos da Universidade do Maine e porta-voz do Institute of Food Technologists - Batatas são alimentos ricos em potássio, que tem uma espécie de efeito anti-sal no organismo. O excesso de sódio aumenta a pressão arterial, e sódio e potássio são antagonistas. Batatas têm alto teor de potássio e em alguns casos isto é bom para a saúde. Sal e potássio se equilibram entre si no organismo. O que não pode acontecer é o desequilíbrio.
Por isto, ainda que a fritura não seja recomendável como alimentação saudável, é preciso cuidado com a determinação de simplesmente banir batatas do cardápio das crianças. Há tipos de batatas mais saudáveis do que a inglesa. E mesmo quando se trata de batata inglesa, há melhores modos de preparo do que a fritura. Por isto, a recomendação do Departamento de Agricultura dos EUA para as merendas americanas vai ter que aguardar novos estudos sobre a dieta infantil e os legumes.

O Globo

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