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10.07.2011

O uso de anti-inflamatórios e o impacto no coração

Recentemente foi divulgado um estudo publicado no British Medical Journal indicando que o uso de anti-inflamatórios não esteroides, como o diclofenaco e o ibuprofeno, pode aumentar em até três vezes os riscos de problemas cardíacos em idosos. Levantou-se a discussão sobre a restrição da venda livre desses medicamentos utilizados para reduzir a dor e inflamação, principalmente nos pacientes com osteoartrite.

Há tempos sabe-se que os anti-inflamatórios, especialmente se utilizados por períodos longos, podem elevar os níveis da pressão arterial, desencadear ou agravar insuficiência cardíaca, prejudicar o funcionamento dos rins, provocar ou piorar distúrbios gástricos importantes. Além disso, eles podem influir sobre o efeito de outros medicamentos, como os anticoagulantes, por exemplo. Todos se lembram da retirada do mercado de anti-inflamatórios que aumentavam o risco de infarto do miocárdio, não?

A novidade do estudo, segundo os próprios autores, foi a demonstração de que os pacientes com osteoartrite têm uma mortalidade maior em comparação à população em geral. Os grandes fatores de risco associados ao aumento da mortalidade nestes pacientes são deficiência para caminhar, história de câncer, diabetes e doenças cardiovasculares; a combinação osteoartrite e deficiência para caminhar estão como um dos maiores riscos de morte, em função de problemas cardiovasculares e, por isso, nestes pacientes o tratamento dos fatores de risco cardiovascular deve ser muito rigoroso.

A discussão sobre a venda livre dos anti-inflamatórios merece considerações mais amplas. Muitos remédios com venda livre, sem qualquer controle, podem ser prejudiciais. Por exemplo, há uma crença de que os "produtos naturais", "extraídos de ervas", não fazem mal. Uma revisão recente, publicada no Journal of the American College of Cardiology, chamou a atenção para os malefícios que os remédios "naturais "podem causar em pacientes com doença cardiovascular e pede maior controle sobre a comercialização desses produtos.

A automedicação é, sem dúvida, um problema de resolução complexa. Cabe aos profissionais da saúde orientar os pacientes quanto aos riscos relacionados a qualquer tratamento. Cabe ao médico conhecer os possíveis efeitos indesejáveis relacionados aos medicamentos que prescreve. 

Fonte: Dr. Mauricio Wajngarten, cardiologista

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