Consumo de antidepressivos
Aumenta o consumo de medicamentos antidepressivos.
Veio a irritação e a instabilidade emocional. Ela percebeu que além do mal-estar, a depressão estava prejudicando o convívio familiar. Foi preciso ter forças para mudar de vida sem mudar de cidade. "O que me ajudou foi o apoio da família. Eles entenderam quando eu não estava bem, e o tratamento psicoterapêutico me auxiliou muito a me encontrar de novo, além da busca do meu trabalho", diz.
Já fazem onze anos de tratamento com remédios antidepressivos. Dois comprimidos diários que ajudam no caminho da recuperação, dia após dia. "A medicação entra como se fosse um elo de uma corrente que se quebrou. Só que depois de tanto tempo eu percebo que não consigo ficar sem medicação", afirma.
Um estudo da Associação Brasileira de Psiquiatria apontou que 23 milhões de brasileiros, cerca de 12% da população do país, precisam de algum atendimento em saúde mental. Deste índice, 3% sofrem com transtornos mentais graves e persistentes. Os problemas mais comuns estão ligados a depressão, ansiedade e transtornos de temperamento.
Para o psiquiatra Kleber Meneghel, presidente da Associação Sul-Mato-Grossense de Psiquiatria, são vários os fatores que podem desencadear uma depressão, a começar por uma predisposição genética. "Isso vai depender do quanto a genética é importante para cada indivíduo. Já alguns indivíduos vão necessitar de fatores externos impactantes para que se desenvolva a doença", observa.
O médico reforça que diminuiu o preconceito em assumir a depressão. Com isso, as pessoas têm tido menos vergonha e receio em buscar ajuda. A indústria farmacêutica também tem colaborado. Os medicamentos mais recentes acabam sendo mais eficientes no tratamento e provocam efeitos colaterais diferentes.
Aumento no consumo
A procura por calmantes e antidepressivos não para de crescer. Dados de uma consultoria que faz levantamentos na indústria farmacêutica revelam que entre 2006 e 2010, o número de antidepressivos vendidos saltou de 13,5 milhões para 18 milhões de caixas de comprimidos.O aumento do consumo de antidepressivos fez com que a indústria farmacêutica apostasse na produção desses medicamentos. Há três anos uma farmácia vendia pouco menos de 30 marcas diferentes. Atualmente, são mais de 50, incluindo os genéricos. Com novas opções, a procura também cresceu. De janeiro a julho, as vendas subiram 30%.
A farmácia chega a vender mais de 200 caixas de comprimidos por mês de uma única marca de antidepressivo. Apesar das restrições, pacientes em situação de dependência chegam a tentar comprar o produto sem receita médica. "Elas arrumam desculpa, pedem com jeitinho, mas a Vigilância Sanitária exige que tenha receituário médico", diz a farmacêutica Lívia Dias Costa.
Os especialistas alertam ainda para um hábito que também está se tornando comum: o de consumir calmantes. Tudo por causa do estresse: a sobrecarga de trabalho, a pressão por resultados e a falta de tempo acabam sendo as principais causas do problema. A necessidade de fazer muitas atividades em pouco tempo acaba sobrecarregando o corpo e a mente. Aos poucos os sintomas do estresse aparecem: dores musculares, insônia e dor de cabeça.
RIO - Recentemente, a médica Marcia Angell publicou um artigo no "The New York Review of Books" sobre a crise da psiquiatria e a ineficácia dos antidepressivos que fez muitos pacientes pararem imediatamente de tomar medicamentos deste tipo. O artigo pôs em dúvida a eficácia dos antidepressivos nos tratamentos convencionais. Segundo a médica o índice de resposta dos pacientes a antidepressivos é pouquíssimo superior ao de placebos. E, além de poucos benefícios terapêuticos, há graves efeitos colaterais. Cerca de 70% das pessoas que tomam antidepressivos, por exemplo, têm disfunção sexual. E, em alguns casos, mesmo quando param de tomar as pílulas, a disfunção continua.
A teoria do desequilíbrio químico como uma causa da depressão é uma hipótese que não está comprovada, mas os médicos prescrevem medicamentos, principalmente por causa do "rolo compressor da promoção farmacêutica". É o que diz o psiquiatra Daniel Carlat. E não é surpreendente que haja um furor de mídia nos EUA em torno dos medicamentos. Cerca de 10% dos americanos com mais de seis anos de idade tomam antidepressivos. No Reino Unido, as prescrições para as drogas subiram 43% nos últimos quatro anos e chegaram a 23 milhões de receitas por ano.
O professor Irving Kirsch, diretor associado do programa de estudos de placebos da Harvard Medical School e autor de um livro intitulado "As novas drogas do imperador: explodindo o mito antidepressivo", explica a teoria do desequilíbrio químico. Segundo esta teoria, não há serotonina, norepinefrina ou dopamina em níveis suficientes nas sinapses do cérebro de pessoas deprimidas. Mas isto não se ajusta aos dados de pesquisas clínicas, uma vez que reduzir os níveis de serotonina em pacientes saudáveis não tem impacto sobre o humor que eles apresentam. Por isto, há quem acredite que a teria está equivocada.
- Esta teoria do desequilíbrio químico é um mito, diz ele. A idéia de que os antidepressivos podem curar a depressão de forma química é simplesmente errada.
A meta-análise de 38 estudos clínicos - sendo que 40% dos quais tinham sido retirados da linha de de publicação porque as empresas farmacêuticas não gostaram dos resultados - que envolveram mais de 3.000 pacientes com depressão mostra que apenas 25% dos benefícios do tratamento antidepressivo foi devido às drogas e que 50% foi simplesmente efeito placebo.
- Em outras palavras, o efeito placebo foi duas vezes maior que o efeito de drogas, embora a resposta ao placebo tenha sido menor nos pacientes severamente deprimidos. Placebos são extraordinariamente poderosos e podem ser "tão fortes quanto medicamentos potentes". A resposta ao placebo é específica: a morfina placebo alivia a dor, antidepressivos placebo aliviam a depressão. É uma questão de expectativa e condicionamento: se você espera se sentir melhor, você se sente melhor, mesmo se tiver efeitos colaterais negativos, pois os efeitos colaterais convencem as pessoas de que elas tomaram uma droga poderosa - diz Irving Kirsch.
Segundo o médico, a psicoterapia aumenta o efeito placebo e é significativamente mais eficaz que a medicação para todos os níveis de depressão.
- Antidepressivos só devem ser utilizados como último recurso e apenas para os mais severamente deprimidos - avalia Kirsch.
Nem todos concordam. Ian Anderson, professor de psiquiatria da Universidade de Manchester, acredita que os antidepressivos são úteis no tratamento de depressão e vai debater com Kirsch em uma conferência na Turquia no próximo mês. Ele diz que corremos o risco de "jogar fora o bebé junto com a água do banho".
- Isto ocorre quando dizemos que os antidepressivos são lixo. Os antidepressivos são parte da caixa de ferramentas de um médico, embora, provavelmente, sejam mais úteis para os pacientes mais deprimidos. Há pessoas que não respondem a terapias da fala. E neste caso não há escolha - comenta Anderson.
O professor Allan Young, presidente de psiquiatria da Imperial College London, concorda.
- A depressão é uma doença de classificação ampla. Há vários tipos de depressão, e cada tipo responde de forma diferente - diz Young. - É claro que cérebro e corpo são indissociáveis e os efeitos placebo são maiores nos pacientes que sofrem da doença com menos severidade.
Mas Kirsch levanta outro ponto:
- Para tornar as coisas mais complicadas, há o "efeito nocebo": se você espera se sentir mal quando você sair dos antidepressivos, você vai sentir-se mal, porque nós tendemos a notar pequenas mudanças aleatórias negativas e interpretá-las como prova de que estamos, na verdade, piorando... - diz Kirsch.
Ele cita o exemplo de uma paciente chamada Lucy, que tinha tendências suicidas. Ela tomou antidepressivos por 10 anos. Ela costumava dizer o seguinte: "A droga deu-me de volta a mim mesma, era como um raio de luz que brilha através da névoa". Mas os efeitos colaterais eram náuseas e a perda da libido, e isto a levou a abandonar o medicamento. Ela também descreveu o que sentia sem o medicamento: "Era como um relógio. Sentia uma contração muscular na parte de trás da minha mente. E vivia com medo da depressão voltar. A única coisa que me manteve viva foi saber que as pílulas estavam lá e que a qualquer momento poderia recorrer a elas"
Para Judy, um outro antidepressivo funcionou bem. "O primeiro que me foi dado produziu em mim enorme ansiedade, como uma viagem ruim, e fez-me terrivelmente ciente de todas as minhas terminações nervosas. Mas a segundo fez efeito desde o primeiro dia. Quando tomava de manhã, eu sabia que ficaria com a química equilibrada. Era como um interruptor sendo ligado: sentia uma corrida fabulosa na direção da alegria ".
Ela parou de tomar o medicamento depois de seis meses. E meses depois, ela se sentia fraca, mas não deprimida
- Eu sinto a depressão como uma pedra no meu plexo solar. E não era mais assim. Então, eu ainda pensei que seria agradável ter aquele atalho para a felicidade. E tomei o segundo antidepressivo. Não teve efeito algum porque eu não estava realmente deprimida. E, para mim, a teoria do placebo não faz sentido...
Daniel Carlat, psiquiatra em Boston e autor de "Unhinged: The Trouble with Psychiatry (Revelações de um doutor sobre uma Profissão em Crise) - diz que a prescrição de antidepressivo é um caso de "hit-and-miss".
- Infelizmente, sabemos um bocado menos sobre o que estamos fazendo do que você imagina. Quando eu me vejo usando expressões como "desequilíbrio químico" e "deficiência de serotonina", geralmente é porque estou tentando convencer um paciente relutante em tomar medicação. Usar essas palavras faz com que a doença parece mais biológica. A maioria dos leigos não percebe como interessa pouco saber sobre a base de doença mental.
Carlat não está tão convicto quanto Kirsch sobre o efeito placebo. Os pacientes que aparecem em seu gabinete são diferentes daqueles recrutados para ensaios clínicos porque as empresas farmacêuticas, desesperadas para fazer os seus produtos superarem um placebo, são muito seletivas sobre quem escolherem.
- Você tem que ter depressão "pura", imaculada por uso de álcool, problemas de ansiedade, transtorno bipolar, pensamentos suicidas, depressão leve ou a longo prazo e isto exclui a maioria dos pacientes ) diz Carlat.
No entanto, como diz Marcia Angell, autora de "A verdade sobre as companhias farmacêuticas: como elas nos enganam e o que fazer sobre isso", é verdade que a indústria faz muita propaganda enganosa, mas os medicamentos antidepressivos ainda são uma alternativa quando nada mais funciona.
Uma coisa é clara: o cérebro permanece misterioso. Como Carlat diz:
- Sem dúvida, existem causas neurobiológicas e genéticas para todos os transtornos mentais, mas eles ainda estão além da nossa compreensão. Tudo o que realmente sabemos é que a depressão existe e, por vezes, as drogas parecem funcionar, mesmo que seja efeito placebo.
Para antidepressivos, os médicos têm uma diretriz básica, que todos concordam:
1. Nunca pare de tomar antidepressivos sem o discutir com seu médico, porque a interrupção abrupta de medicamentos pode causar sintomas de abstinência, tanto física como mental.
2. Se você decidir parar, vai precisar reduzir gradualmente a dose, em vez de parar abruptamente.
3. Se você está feliz com seu antidepressivo e sente que funciona no seu caso, continue com o medicamento. O uso regular é o que funciona. Se alguma coisa não está quebrada, não tente consertá-la....
O Globo
Abstinência de antidepressivos
Drauzio VarellaGrande número de pessoas faz uso de antidepressivos. Nos últimos anos, os chamados inibidores da recaptação da serotonina têm sido o grupo de drogas mais empregadas no tratamento de distúrbios psiquiátricos como depressão, ansiedade, bulimia, estresse pós-traumático, obsessão-compulsão, disforias pré-menstruais e outros.Pertencem a esse grupo medicamentos como fluoxetina (Prozac, Daforin, Eufor), paroxetina (Aropax), sertralina (Zoloft) e outros. O sucesso dessas drogas na clínica se deveu especialmente à tolerabilidade e segurança de uso em comparação com os antidepressivos empregados anteriormente.
Síndrome de abstinência
No entanto, um dos problemas mais frequentes associados ao uso desses inibidores é o aparecimento de síndrome de abstinência, quando sua administração é interrompida abruptamente.
Fenômeno semelhante pode ocorrer com outros antidepressivos não pertencentes a esse grupo, como a venlafaxina (Efexor), mirtazapina (Remeron), etc.
Síndrome de abstinência, aqui, é definida como “um conjunto de sinais e sintomas de instalação e duração previsíveis, que envolve sintomas psicológicos e orgânicos previamente ausentes à suspensão da droga e que desaparecem depois que ela foi reiniciada”.
Sintomas da síndrome
A abstinência à descontinuação abrupta dos inibidores da recaptação de serotonina, surge 24 a 72 horas depois da interrupção do tratamento e provoca os seguintes sintomas:
1) Psiquiátricos: ansiedade, insônia, irritabilidade, explosões de choro, distúrbios de humor e sonhos vívidos;
2) Neurológicos e motores: tonturas, vertigens, sensação de cabeça vazia, cefaléia, falta de coordenação motora, alterações de sensibilidade da pele e tremores;
3) Gastrintestinais: náuseas, vômitos e alterações do hábito intestinal;
4) Somáticos: calafrios, fadiga, letargia, dores musculares e congestão nasal.
Na ausência de tratamento esses sintomas desagradáveis costumam durar de uma a três semanas. Embora sejam discretos ou de moderada intensidade na maioria dos casos, às vezes podem se tornar mais intensos e serem confundidos com outras enfermidades.
A probabilidade de desenvolver a sintomatologia descrita é tanto maior quanto mais longa tiver sido a duração do tratamento. As reações geralmente estão associadas com durações de pelo menos quatro a seis semanas, mas podem acontecer depois de períodos de uso mais curtos.
Quanto mais rapidamente for excretado o antidepressivo, maior a probabilidade de surgir a síndrome. No caso de drogas como a fluoxetina que têm meia-vida (tempo necessário para eliminar metade da droga administrada) de 2 a 3 dias, os sintomas de abstinência podem instalar-se mais tardiamente (até uma semana depois da interrupção).
Duas a três semanas depois de instalados os sintomas da abstinência, costuma ocorrer um fenômeno conhecido como “rebote”: o reaparecimento dos sintomas psiquiátricos que levaram à indicação do medicamento.
Tratamento
O tratamento da síndrome de abstinência é óbvio: basta reiniciar a droga cuja retirada intempestiva foi responsável por ela. Com o reinício do tratamento os sintomas começam a melhorar já nas primeiras 24 horas. Para evitar a repetição do quadro, as doses diárias devem ser diminuídas gradativamente no decorrer de quatro a seis semanas, até que a interrupção completa possa ser realizada com segurança.
O grande número de pessoas que faz uso de antidepressivos atualmente, deve estar informado de que os efeitos benéficos do tratamento pode levar até seis semanas para se tornar aparente, e que precisa ser continuado por períodos de seis meses a um ano, para evitar recaídas precoces. Em caso de quadros depressivos que se instalam antes dos vinte anos de idade, em pacientes com recaídas múltiplas ou distúrbio bipolar, o tratamento pode exigir mais tempo ainda, ou mesmo estar indicado para ser mantido pelo resto da vida.
Durante esse período é fundamental que as doses diárias sejam tomadas com regularidade, porque os sintomas de abstinência podem surgir depois de apenas dois ou três dias de interrupção.
Os Antidepressivos mais usados (ordem alfabética do nome químico):
Nome Comercial
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Nome Químico
| |
Valdoxan | Agomelatina | |
Tryptanol, Amytril | Amitriptilina (Tricíclico) | |
Zyban, Wellbutrin, Zetron, Bup | Bupropiona (Noradrenérgico e Dopaminérgico) | |
Cipramil, Procimax, Denyl, Citta, Maxapran | Citalopram (Inibidor de Recaptação de Serotonina) | |
Anafranil, Clo | Clomipramina (Tricíclico) | |
Cymbalta | Duloxetina (Ação dupla em Serotonina e Noradrenalina) | |
Lexapro, Exodus, Reconter | Escitalopram (Inibidor de Recaptação de Serotonina) | |
Prozac, Verotina, Verotina gotas, Verotina S (semanal), Eufor, Daforin, Fluxene, Psiquial, Prozen | Fluoxetina (Inibidor de Receptação de Serotonina) | |
Luvox | Fluvoxamina (Inibidor de Recaptação de Serotonina) | |
Tofranil | Imipramina (Tricíclico) | |
Ludiomil | Maprotilina (Tetracíclico) | |
Tolvon | Mianserina | |
Ixel | Milnaciprano (Ação dupla em Serotonina e Noradrenalina) | |
Remeron, Remeron Soltabs, Menelat | Mirtazapina | |
Aurorix | Moclobemida (IMAO) | |
Serzone | Nefazodone | |
Pamelor | Nortriptilina (Tricíclico) | |
Aropax, Paxil CR, Pondera, Cebrilin, Roxetin, Paxan, Benepax, Aotin, Moratus | Paroxetina (Inibidor de Recaptação de Serotonina) | |
Prolift | Reboxetina (ação dupla em Serotonina e Noradrenalina) | |
Emsan | Seleginina Transdérmica (IMAO) | |
Zoloft, Tolrest, Assert, Serenata, Dieloft | Sertralina (Inibidor de Recaptação de Serotonina) | |
Equilid | Sulpiride (Neuroléptico e Antidepressivo atípico) | |
Stablon | Tianeptina | |
Parnate | Tranilcipromina (IMAO) | |
Donaren, Donaren Retard | Trazodona | |
Efexor, Efexor XR, Venlift OD, Venlaxin, Alentus, Alentus XR |
Venlafaxina (ação dupla em Serotonina e Noradrenalina). O XR do Efexor e o OD do Venlift significam liberação prolongada.
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Perguntas e Respostas Remédios são perigosos ?
Antidepressivo é uma substância considerada eficaz na remissão de sintomas característicos da síndrome depressiva,
em pelo menos um grupo de pacientes com transtorno depressivo. Algumas
substâncias com atividade antidepressiva podem ser eficazes também em
transtornos psicóticos.1 2
Há três classes principais: triciclicos, SSRIs (inibidores da
recaptação de serotonina e/ou noradrenalina) e inibidores da enzima MAO.1 2
Bioquímica da depressão
Os transtornos do estado de ânimo
parecem estar relacionados a uma redução na transmissão dos impulsos ou
dos sinais nervosos nas áreas do cérebro que regulam o humor. As
teorias atuais das causas biológicas da depressão têm-se focado numa falha na neurotransmissão.1
Atualmente de todas as teorias da depressão propostas, as mais aceitas
são das anormalidades que envolvem os neurotransmissores
monoaminérgicos, especialmente norepinefrina, flucoxantina, dopamina,
serotonina (pelo receptor 5HT2, físicas do receptor que são traduzidos
em um sinal intracelular).1
O cérebro de indivíduos com fase depressiva na doença bipolar
(síndrome maníaco-depressivo), depressão crónica ou profunda poderá
apresentar pequenas diminuições na utilização dos neurotransmissores
monoaminas (noradrenalina e dopamina) e da serotonina (5-HT e 7-HT).
Esta teoria das origens bioquímicas da depressão é conhecida como Teoria das Monoaminas e foi desenvolvida pelo Professor Mariok Usamunu da Universidade do Texas, nos Estados Unidos da América.3 No entanto na depressão
unipolar mesmo profunda, na maioria das vezes não há alterações e na
depressão unipolar moderada estas diminuições quando existem não são
significativas. Contudo os todos os fármacos eficazes no tratamento da
depressão aumentam os níveis de alguns desses neurotransmissores. É
sabido que a dopamina é importante nas vias da satisfação, e a adrenalina e serotonina produzem efeitos de satisfação.
Em 2006,
uma equipe internacional de investigadores internacionais descobriu uma
substância endógena que poderia estar diretamente relacionada ao evento
da depressão. Níveis reduzidos de p11, a proteína que modula a
atividade das células cerebrais à serotonina, foram encontrados em
pessoas deprimidas e em ratos de laboratório com depressões
artificialmente induzidas. Esta descoberta, publicada na revista
Science, constitui um avanço importante no tratamento da depressão e
também alterações do sono, dentre outras aplicabilidades.
Classificamos a depressão como um transtorno do estado de ânimo, se dividindo em:
- transtornos Depressivos Maiores.
- transtornos Distímicos
- transtornos Depressivos não específicos
- transtornos Bipolares
A depressão pode ser classificada também como primária ou secundária:
na primária não existem alterações patológicas comprovadas, enquanto na
secundária, é possível manifestar outras enfermidades cuja existência
determina a aparição da depressão, podendo ser acompanhadas por
alterações físicas ou relacionadas com outros transtornos psiquiátricos.
Os sintomas mais comuns nas pessoas que sofrem de depressão, podem
ser agrupados da seguinte forma: sintomas emocionais (falta ânimo, ansiedade,
perda de interesse ou prazer, sentimentos de culpa, ideias suicidas e
transtornos cognitivos) e sintomas físicos (agitação, mudanças de peso,
dores musculares, perda de energia, alterações do sono).
Como os Antidepressivos atuam
Em humanos, a 5-HT (serotonina) existe em três compartimentos
principais: 1) neurônios, 2) células enterocromafins do trato
gastrointestinal (nestes dois locais é sintetizada a partir do
triptofano proveniente da dieta), 3) plaquetas, que não têm a capacidade
de sintetizá-la, captando do plasma a 5-HT proveniente do intestino.
Os antidepressivos actuam diretamente no cérebro, modificando e corrigindo a transmissão neuro-química em áreas do sistema nervoso
que regulam o estado do humor (o nível da vitalidade, energia,
interesse, emoções e a variação entre alegria e tristeza), quando o
humor está afetado negativamente num grau significativo.
Qual o tempo de tratamento?
De modo geral o tratamento é dividido nas seguintes fases: aguda,
continuação (até 6 meses) e preventiva (após 6 meses). A pergunta mais
apropriada seria: por quanto tempo deve-se prescrever a medicação?
A Associação Psiquiátrica Americana sugere que devam ser prescritos
por, ao menos, 4 a 5 meses com doses completas após a melhora ou
remissão total dos sintomas, sempre acompanhado de psicoterapia.
Farmacologia
Há três classes de fármacos usados na depressão: inibidores dos
transportadores das monoaminas (triciclicos), inibidores selectivos do
transportador da serotonina (SSRIs) e inibidores da enzima MAO.
Estes fármacos funcionam aumentando as concentrações de dopamina, noradrenalina e serotonina entre os neurónios (sinapses).
Deste modo aumenta a excitação nas vias cerebrais cujos neurónios
utilizam estes neurotransmissores, que são aquelas relacionadas com o
bem-estar emocional.
Apesar de já se saber algo sobre a etiologia da depressão, os
conhecimentos ainda são rudimentares, e a eficácia dos fármacos foi
estabelecida por estudos empíricos (tentativas) e não tanto por conhecimento profundo das causas.
Recentemente, alguns estudos indicaram que os antidepressores
possivelmente modificam as ligações dos neurónios. Esse facto poderá
sugerir que eles resolvem permanentemente alguns problemas de
desequilíbrios bioquímicos. No entanto, mais estudos são necessários
para esclarecer esta questão.
Clínica
Os tricíclicos são os mais eficazes no tratamento da depressão
profunda; os SSRI são mais seguros mas só são eficazes em depressão
moderada, enquanto os inibidores da monoamina oxidase MAO têm longa
duração de acção.
Os fármacos são ineficazes em cerca de 30% dos casos de depressão.
Nos estudos clínicos, uma grande percentagem melhora apenas com
incentivo do médico e placebo (comprimido de açúcar
sem acção farmacológica) administrado como se fosse antidepressor, o
que prova que força de vontade, atenção e fé na cura são tão ou mais
importantes que os fármacos no tratamento dos deprimidos.
Os antidepressores criam dependência moderada. Não são usados
enquanto drogas de abuso porque não geram sentimentos de euforia e
prazer. Animais de laboratório que recebem doses se carregarem num botão
à sua disposição permanente geralmente não mostram interesse em o
fazer, ao contrário de drogas recreativas, que consomem compulsivamente
até à morte.
Depressão: necessidade de tratamento com medicamentos
Hoje em dia os antidepressores antitricíclicos têm talvez sido
receitados abusivamente. Eles reduzem eficazmente os sintomas de
depressão, mas os seus efeitos a longo prazo não são totalmente
conhecidos. Não será talvez justificável o seu uso em casos de depressão
leve ou moderada causada por eventos estress
antes vividos. Na verdade em toda a história o homem teve de lidar com
eventos difíceis na sua vida, e a depressão é muitas vezes um mecanismo
normal e saudável que permite a modificação de comportamentos e
estruturas mentais quando a realidade não corresponde às expectativas.
Por exemplo, na mulher, é universal e normal a leve depressão pós-parto e
na menopausa.
Alguém que tem uma visão da vida, ambição ou comportamento que não são
adequados à sua situação e possibilidades, poderá vir a sofrer de
depressão moderada. Pode ser forçado a um estado de confusão e
insegurança, precisamente porque tem de modificar as suas estruturas de
pensamento e seu modo de vida. Um animal a que é ensinado determinado
comportamento e depois é colocado num ambiente que castiga esse mesmo
comportamento sofrendo dores ou adversidade quando o pratica, acaba por
manifestar sintomas de depressão (retração, menor movimentação, mais
medo) quando é obrigado a modificar o comportamento. Mas a mudança de
comportamento é vital no seu novo ambiente, já que o protege contra essa
real dor ou adversidade.
Um problema para o psiquiatra
é saber distinguir estados de depressão normal fisiológica que apenas
necessitam de demonstrações de apoio, de forma a incentivar o paciente a
resolver os seus problemas, de distúrbios mais graves possivelmente
originados por desequilíbrios bioquímicos.
Outras Terapias
Existem evidências clinicas de bons resultados do emprego de algumas
classes de antidepressivos (paroxetina, por exemplo), no tratamento da
ejaculação precoce, ou até casos de incontinência urinária. O uso de
antidepressores clínicos em princípio deveria ser limitado aos casos de
depressão prolongada, risco de suicídio ou outro comportamento violento,
ou em casos de depressão profunda em que o paciente é incapaz de viver a
sua vida de forma razoavelmente normal. Em casos muito graves ou em
fases depressivas na doença bipolar, a terapia de choques elétricos (terapia electroconvulsiva), com uso de eléctrodos e anestésicos para eliminar a dor,
é ainda mais eficaz. No tratamento da depressão leve ou moderada,
outras técnicas menos invasivas têm eficácia, nomeadamente a psicoterapia, e são preferíveis aos fármacos (no entanto são muito mais dispendiosas).
A serotonina é uma indolamina originada da hidroxilação com posterior
descarboxilação do aminoácio L-triptofano (substrato para formação da
serotonina, cuja absorção depende do carreador tirosina) e, ao
metabolizarmos a 5HT (serotonina) através de uma reação de acetilação,
havendo como co-fatores a vitamina b6, o ácido ascórbico e
tetrahidroproteínas fólico dependentes, produzimos o ácido
5OH-indol-acético (A5AHIA), seu metabólito a ser excretado na urina.
O triptofano, substância originadora da serotonina, pode ser
utilizado na produção de melatonina através da N-metilação do
5OH-triptofano na glândula pineal. Esta substância é importante por
estabelecer o ciclo circadiano. Verificou-se também que as concentrações
séricas máximas de triptofano são obtidas das 16 às 23 horas.
Psicoterapias também têm resultados positivos no tratamento de
depressões. Por exemplo, a psicoterapia cognitivo-comportamental tem
eficácia igual a dos medicamento para o tratamento de depressões leves a
moderadas, além de uma taxa de recaída menor que a do tratamento
medicamentoso.
Serotonina e sua importância
A serotonina oferta um efeito modulador na conduta do ser humano,
influenciando em várias funções cerebrais, atuando por inibição direta
ou indireta por ação do GABA. Assim é que pode regular o sono, timia,
atividade sexual, ritmo circadiano, funções cognitivas, modular dor,
funções neuro endócrinas, temperatura corporal e atividade motora.
Serotonina e fome
A serotonina é o principal mediador inibitório do núcleo hipotalâmico
ventro-medial, responsável pela ingestão de hidratos de carbono e
saciedade - "centro da fome". Verifica-se que a hiperserotoninergia
induz à anorexia e a queda nos níveis de serotonina induz ao ganho de
peso. A anorexia na depressão: observou-se que agonistas de ação direta
no receptor 5HT-1A produzem aumento no apetite, diminuindo a liberação
de serotonina.
Serotonina e atividade sexual
A serotonina inibe a liberação de gonadotrofinas pelo hipotálamo,
podendo reduzir (modulando negativamente) a atividade sexual. Alguns
pacientes queixam-se de anorgasmia e hipotálofagia. Atualmente novas
pesquisas estão sendo feitas para minorar estes efeitos negativos.
Serotonina e a termorregulação corporal
A 5HT favorece a hipotermia quando se adequa ao receptor 5HT-1 e, hipertermia quando se acopla ao receptor 5HT-2.
Serotonina e ação vasodilatadora
A serotonina está presente na musculatura lisa cardiovascular e
também nas plaquetas (carregadoras da serotonina). sendo que nas
plaquetas encontramos um receptor conhecido como 5HT-2.
A serotonina estimula a liberação de óxido nítrico no endotélio,
produzindo relaxamento vascular deste e com isso promove a vasodilatação
do tecido cardíaco (in vitro). Nas artérias coronárias o
receptor 5HT-1D é o principal receptor responsável por esta atividade no
endotélio vascular, no entanto, por ação direta da serotonina pode-se
obter a vasoconstrição por agonismo nos receptores 5HT-2B presentes nas
artérias coronárias. Os receptores 5HT-2 são mais ativos em tecidos
injuriados e possuem maior afinidade por antagonistas que por agonistas,
facilitando vasoconstrição e agregação plaquetária - cuidado para com
pacientes cardíacos). Os ISRS são capazes de reduzir a pressão arterial
por hipossensibilizar, à longo prazo, os receptores 5HT-2 como também os
beta adrenérgicos. A ketanserina é um agente bloqueador alfa-1
adrenérgico e antagonista 5HT-2B, tem atividade hipotensora e
antiagregante plaquetária atuando somente em tecidos danificados.
A serotonina pode originar vasodilatação de artérias coronárias por
agonismo 5HT-2B - disto depende de qual tecido o receptor desencadeará
qual efeito.
A agregação e a adesividade plaquetárias na artéria normal são
inibidas pela liberação basal de EDRF/NO. Entretanto se houver condições
para a ocorrência da agregação e adesividade plaquetárias, fatores
liberados pelas plaquetas como o ADP e a Serotonina (5-HT) atuam em
receptores endoteliais para estimular a liberação de EDRF/NO. O EDRF/NO
não só relaxa a musculatura lisa vascular (vasodilatação) mas também
inibe a adesividade e agregação plaquetária.Relaxamento e vasodilatação
podem aumentar o fluxo sanguíneo e colaborar para o bloqueio do processo
trombótico.
Analgesia
A serotonina é um importante neuromodulador nociceptivo. O receptor
5HT-1A é um facilitador do reflexo nociceptivo, sendo modulado pelos
receptores 5HT-1B/D. O receptor 5HT-3 também produz analgesia por
estimulação do GABA. Os antidepressivos tricíclicos reduzem a dor por
aumentar concentração de 5 HT e/ou NE através do bloqueio da recaptação.
Existe também o efeito antagonista da neurotransmissão colinérgica e
histaminérgica, atividade antagonista da ação NMDA e bloqueiam atividade
nos canais iônicos. Os antidepressivos tricíclicos também pode
interagir com receptores opióides endógenos, sendo esta uma possível
explicação pela atividade analgésica dos tricíclicos (ou um dos fatores
que contribui para sua ação analgésica, ao inibir vias descendentes da
dor).
Tratamento paliativo da migrânea (enxaqueca) e agonistas do receptor da serotonina
A serotonina (5-HT) tem sido implicada na fisiopatologia da
enxaqueca. Em 1961, verificou-se que na urina de pacientes enxaquecosos
era encontrado a maior quantidade de ácido 5-hidroxi-indolacético (5-HIAA),
um metabólito da serotonina. Foi observado que a injeção intramuscular
de reserpina, uma substância que provoca a liberação de 5-HT em
diferentes regiões, inclusive no sistema nervoso central (SNC), produz
sintomas parecidos com enxaqueca em um determinado número de pacientes.
Por outro lado, ataques espontâneos de enxaqueca eram aliviados pela
injeção intramuscular de 5-HT. Estas observações, e o conhecido efeito
antimigranoso de drogas com efeitos de alguma maneira ligados a 5-HT,
sugerem que esta substância tem seu papel na gênese da doença.
Existem muitos receptores para 5-HT, classificados em grupos
numerados de 1 a 7. Os receptores da família 1, subdivididos em 5
subtipos (A, B, D, E e F), são os que mais interessam no que se refere
ao bloqueio agudo da crise enxaquecosa. O sumatriptan comporta-se como
um agonista subreceptores 5-HT1, 1D e 1B (5-HT1B/D), cuja ativação leva à
vasoconstricção, e pelo receptor F.
A ativação do receptor 5-HT1B provoca vasoconstricção, e esta tem
sido uma das explicações para o mecanismo de ação do sumatritran e
outros medicamentos a ele relacionados. Com base nesta atividade alguns
autores creem que na teoria vascular da enxaqueca e o seu alto grau de
eficiência no tratamento da enxaqueca reforça o argumento de que a
dilatação de vasos cranianos é a causa da cefaleia vascular”.
Existem receptores 5-HT1D pré-juncionalmente, nas fibras trigeminais,
cuja ativação resulta no bloqueio da inflamação neurogênica. Isto abre a
interessante possibilidade do sumatriptan atuar na crise enxaquecosa
por vias não relacionadas à vasoconstricção. Um medicamento com
afinidade predominante para o receptor 5-HT1D teoricamente pode ter
algum efeito antienxaquecoso sem ser vasoconstrictor.
Efeitos adversos
- Disfunção sexual
- Dependência e síndrome de privação
- Mania\Hipomania: Em pessoas com transtorno afetivo bipolar o uso de antidepressivos podem desencadear episodios de Mania aonde o individuo se torna agitado, euforico,alguns dos sinais que devem ser observados neste caso são: Pensamentos com conteúdo exageradamente positivo:,agitação piscomotora ,em alguns casos o individuo quando entra nesse estado pode até ter delírios, sintomas tipicos da esquizofrenia do quadro piscótico agudo ,grave, por isso nos dias atuais os antidepressivos devem ser usados com cautela principalmente em pessoas com ou pré depostas para:, Transtorno Bipolar,Transtorno do déficit de atenção com hiperatividade e esquizofrenia.O uso prolongado dessa droga estimulantes pode desencadear uma possível psicose,euforia,hiperatividade e vir a agravar os sintomas.
- O período mais perigoso para o suicídio é logo após o início da terapia, porque o fármaco só manifesta os seus efeitos completos após algumas semanas. Desespero devido à continuação dos sintomas, por falta de informação, pode levar ao suicídio.
- Com o uso dos ISRS é de se esperar uma maior concentração de serotonina na fenda sináptica e uma menor concentração disponível às plaquetas que armazenam-na. Como a serotonina é importante no fenômeno da coagulação, é de se esperar um aumento no tempo de sangramento do paciente.
- Sensação de "boca seca" devida a redução do fluxo salivar, aumento na secreção de prolactina, perda de apetite assim como constipação intestinal são comuns com fluoxetina.
- Síndrome serotoninérgica é causada por excesso de serotonina na fenda sináptica, levando a um quadro complexo de sinais e sintomas. Ocorre, por exemplo, quando da associação entre ISRS e inibidores da MAO.
Classes de antidepressores
Os antidepressivos podem ser classificados em grupos segundo seu mecanismo de ação. Veja a classificação à seguir:
Principais grupos de antidepressivos
- Inibidores da monoaminoxidase:
- Não seletivos e Irreversíveis:
- tranilcipromina
- isocarboxazida
- iproniazida
- fenelzina
- Seletivos e Irreversíveis:
- clorgilina (inibidor da monoaminooxidase-A)
- Seletivos e Reversíveis:
- moclobemida
- toloxatona
- brofaromina
- befloxatona
- Não seletivos e Irreversíveis:
- Inibidores não seletivos de recaptura de monoaminas
(Serotonina/Noradernalina) ou também conhecidos como antidepressivos
tricíclicos):
- amitriptilina
- nortriptilina
- clomipramina
- imipramina
- desipramina
- doxepina
- maprotilina
- Inibidores seletivos de recaptura de Serotonina/Noradrenalina:
- duloxetina
- venlafaxina
- Inibidores seletivos da recaptura de serotonina:
- fluoxetina (metabólito ativo é a norfluoxetina)
- paroxetina
- sertralina
- citalopram
- fluvoxamina
- Inibidores de recaptura de serotonina e antagonistas alfa-2:
- nefazodona
- trazodona
- Estimulantes da recaptura de serotonina:
- tianeptina
- Antagonistas dos adrenoreceptores alfa-2:
- mirtazapina
- mianserina
- Inibidores seletivos de recaptura de dopamina:
- minaprina
- bupropiona
- amineptina
- Inibidores seletivos de recaptura de noradrenalina:
- viloxazina
- reboxetina
- Bibliografia: BEZCHLIBNIK-BUTLER, K.Z. & JEFFRIES, J.J. Clinical handbook of psychotropic drugs. 9th ed. Toronto (Canada): Hogrefe & Huber Publishers; 1999.
Alguns medicamentos antidepressivos
Nome Comercial | Nome da Substância |
Survector (fora do mercado desde 2004) | Amineptina |
Tryptanol, Amitryl | Amitriptilina |
Zyban, Wellbutrin, Zetron | Bupropiona |
Cipramil, Procimax, Denil | Citalopram |
Anafranil | Clomipramina |
Donaren | Cloridrato de trazodona |
Cymbalta | Duloxetina |
Lexapro | Escitalopram |
Prozac, Verotina, Eufor, Deprax, Psiquial, Fluxene, Daforin, Nortec | Fluoxetina |
Luvox | Fluvoxamina |
Tofranil | Imipramina |
Ludiomil | Maprotilina |
Tolvon | Mianserina |
Ixel | Milnaciprano |
Remeron, Mirpax | Mirtazapina |
Aurorix | Moclobemida |
Serzone | Nefazodone |
Pamelor | Nortriptilina |
Aropax, Benepax, Pondera, Cebrilin | Paroxetina |
Prolift | Reboxetina |
Zoloft, Tolrest, Sercerin, Novativ, Serenata | Sertralina |
Equilid | Sulpiride |
Stablon | Tianeptina |
Parnate | Tranilcipromina |
Efexor, Venlift | Venlafaxina |
Referências
- Turner EH, Matthews AM, Linardatos E, Tell RA, Rosenthal R. (January 2008). "Selective publication of antidepressant trials and its influence on apparent efficacy". N. Engl. J. Med. 358 (3): 252–60. DOI:10.1056/NEJMsa065779. PMID 18199864.
- (2004) "Active placebos versus antidepressants for depression". Cochrane database of systematic reviews (Online) (1): CD003012. DOI:10.1002/14651858.CD003012.pub2. PMID 14974002.
- (1995) "Buprenorphine treatment of refractory depression". Journal of Clinical Psychopharmacology 15 (1): 49–57. PMID 7714228.
Em artigos anteriores falamos sobre o início do tratamento com antidepressivos inibidores de recaptação de serotonina (ISRS)- fluoxetina, paroxetina, sertralina , fluvoxamina , citalopram e escitalopran – muito úteis no tratamento de transtornos depressivos, de ansiedade, bulimia, fibromialgia e outros quadros dolorosos. Hoje falaremos sobre o momento de concluir o tratamento.
Primeiro ponto: tratamento com antidepressivos tem fim ou é para o resto da vida?
Depende.
Se for o tratamento de um episódio depressivo isolado, o período de manutenção é de pelo menos seis meses livres de sintomas, podendo chegar a um ano. Quadros de distimia, que são mais crônicos, demandam um período de dois anos de manutenção , sem sintomas. Vale ressaltar, o tempo é contado a partir de quando o paciente está bem, sem sintomas, não do início do uso, para evitar recaídas. No caso do Transtorno Depressivo recorrente o período de manutenção pode se estender por toda a vida. Transtorno obsessivo-compulsivo, Transtorno de Pânico e Transtorno de Ansiedade Generalizada podem demandar períodos de manutenção prolongados também , mas a associação de psicoterapia pode ajudar a enfrentar os sintomas sem medicação mais cedo.
Muitos pacientes param de tomar a medicação por conta própria por achar que, se estão bem, não precisam mais de remédio. Faz sentido mas o fato é que estão se expondo ao risco de recaídas. Outros param por acreditar que estão engordando e isso é um risco real, principalmente no uso da paroxetina. Esclarecendo que o que engorda é comida, bebida, guloseimas e sedentarismo. O antidepressivo só faz aumentar o apetite em alguns casos. Ansiedade e depressão também podem causar maior ingestão de alimentos calóricos e falta de atividade física. Sinceridade : ninguém afoga as mágoas numa saladinha de alface e depois vai fazer uma caminhada. Resumindo :não adianta por a culpa no remédio, melhorou um pouco, cuide do corpo que vai se sentir melhor ainda. Há quem pare de usar antidepressivos pelo desejo de engravidar. Esse é um assunto que vale a pena ser conversado com o psiquiatra e o ginecologista antes, para evitar o estresse, infelizmente tão comum do “Estou grávida, e agora?”. Existem medicamentos mais seguros para uso na gestação e na amamentação e isso é bem mais tranquilo se conversado antes de engravidar.
Alguns pacientes apresentam sintomas desagradáveis quando param de tomar ISRS. Esse quadro é chamado de Síndrome de descontinuação ou Síndrome de Retirada. Não se usa o termo Síndrome de Abstinência, pois estes medicamentos não causam dependência. Os sintomas incluem tonturas, mal-estar, fadiga, náuseas, vômitos, vontade de chorar, tremores, insônia, sonhos vívidos. Surgem em até 72 horas depois da última tomada e cedem após alguns dias. Em alguns casos são tão intensos que é preciso voltar ao uso do ISRS para controlá-los. Alguns pacientes acreditam que se trata de uma recaída mas isso demoraria mais tempo para acontecer. Caso seja mesmo o momento de retirar a medicação, é só fazer a retirada de doses menores por um período maior.
De qualquer forma, a retirada do medicamento é um momento importante e não deve ser feito por conta própria. Trabalhando em conjunto, paciente e médico têm muito mais chance de fechar um seguimento medicamentoso com sucesso.
Primeiro ponto: tratamento com antidepressivos tem fim ou é para o resto da vida?
Depende.
Se for o tratamento de um episódio depressivo isolado, o período de manutenção é de pelo menos seis meses livres de sintomas, podendo chegar a um ano. Quadros de distimia, que são mais crônicos, demandam um período de dois anos de manutenção , sem sintomas. Vale ressaltar, o tempo é contado a partir de quando o paciente está bem, sem sintomas, não do início do uso, para evitar recaídas. No caso do Transtorno Depressivo recorrente o período de manutenção pode se estender por toda a vida. Transtorno obsessivo-compulsivo, Transtorno de Pânico e Transtorno de Ansiedade Generalizada podem demandar períodos de manutenção prolongados também , mas a associação de psicoterapia pode ajudar a enfrentar os sintomas sem medicação mais cedo.
Muitos pacientes param de tomar a medicação por conta própria por achar que, se estão bem, não precisam mais de remédio. Faz sentido mas o fato é que estão se expondo ao risco de recaídas. Outros param por acreditar que estão engordando e isso é um risco real, principalmente no uso da paroxetina. Esclarecendo que o que engorda é comida, bebida, guloseimas e sedentarismo. O antidepressivo só faz aumentar o apetite em alguns casos. Ansiedade e depressão também podem causar maior ingestão de alimentos calóricos e falta de atividade física. Sinceridade : ninguém afoga as mágoas numa saladinha de alface e depois vai fazer uma caminhada. Resumindo :não adianta por a culpa no remédio, melhorou um pouco, cuide do corpo que vai se sentir melhor ainda. Há quem pare de usar antidepressivos pelo desejo de engravidar. Esse é um assunto que vale a pena ser conversado com o psiquiatra e o ginecologista antes, para evitar o estresse, infelizmente tão comum do “Estou grávida, e agora?”. Existem medicamentos mais seguros para uso na gestação e na amamentação e isso é bem mais tranquilo se conversado antes de engravidar.
Alguns pacientes apresentam sintomas desagradáveis quando param de tomar ISRS. Esse quadro é chamado de Síndrome de descontinuação ou Síndrome de Retirada. Não se usa o termo Síndrome de Abstinência, pois estes medicamentos não causam dependência. Os sintomas incluem tonturas, mal-estar, fadiga, náuseas, vômitos, vontade de chorar, tremores, insônia, sonhos vívidos. Surgem em até 72 horas depois da última tomada e cedem após alguns dias. Em alguns casos são tão intensos que é preciso voltar ao uso do ISRS para controlá-los. Alguns pacientes acreditam que se trata de uma recaída mas isso demoraria mais tempo para acontecer. Caso seja mesmo o momento de retirar a medicação, é só fazer a retirada de doses menores por um período maior.
De qualquer forma, a retirada do medicamento é um momento importante e não deve ser feito por conta própria. Trabalhando em conjunto, paciente e médico têm muito mais chance de fechar um seguimento medicamentoso com sucesso.
A Medicação Ideal
Posted in Medicamentos by: maria.silvia
julho 31st, 2013
Em primeiro lugar, honestidade: não existe medicação ideal. Caso existisse, seria aquela de máxima eficácia, sem efeitos colaterais, sem riscos de dependência ou tolerância. No caso de medicação para transtornos psiquiátricos, fica ainda mais complicado. A garantia de benefício que uma medicação possa trazer começa pela indicação. Não adianta esperar que medicação resolva problemas que não são diretamente decorrentes de um transtorno psiquiátrico . Não existe medicação que torne criança obediente ou inteligente, nem medicação que faça esquecer uma grande mágoa ou deixar de gostar de comer chocolate. Medicamentos usados em psiquiatria tratam sintomas de transtornos psiquiátricos. E muitas coisas que não gostamos em nós mesmos e nos outros não são sintomas de transtornos psiquiátricos. Como saber se há indicação do uso de medicação? Consultando um(a) médico(a) psiquiatra e expondo claramente as dificuldades apresentadas,os tratamentos realizados, os fatores envolvidos. Contar só parte da história para”testar” o que o(a) médico(a) vai responder em geral prejudica a ajuda que poderá ser oferecida.
Uma vez constatada a necessidade de medicação, várias questões importantes se colocam. Qual? Em que dose? Em que horário? Com ou sem alimentação? Ainda que existam diretrizes mais gerais, a reação é individual. Se o paciente já fez ou faz uso de alguma medicação, essa informação é muito importante. O resultado pode se modificar em função da idade, das condições atuais de saúde, da interação com outros medicamentos ou suplementos ou de outras questões atuais.
Outra questão importante: medicamento só ajuda se for tomado, e do jeito certo. Muita gente me conta que vai ao médico, consulta, pega a receita, compra o medicamento e não toma. Nem volta ao médico, por medo de levar bronca. Ou toma de acordo com o que o medo deixa: só metade da dose, em dias alternados, toma e para, toma e para. E não volta ao médico porque não melhorou ou ficou até pior. Realmente o início do tratamento pode ser muito desconfortável, com muitos efeitos colaterais esquisitos, a ponto de dar vontade de parar tudo. Mas é só com essas informações, sobre o que foi bom e o que não foi, é que o médico poderá fazer os ajustes necessários. A prescrição ideal é construída numa relação de colaboração e confiança entre médico e paciente. Para que ela possa acontecer, é necessário que haja abertura e transparência de ambos os lados, esclarecendo as dúvidas e trabalhando dentro de expectativas realistas. A prescrição ideal é originada em dados reais, e remodelada sempre que necessário. É necessariamente individual, o que é excelente para uma pessoa pode causar um grande estrago à saúde de outra.
O Ministério da Saúde publicou em 2011, em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz, uma cartilha sobre o uso correto de medicamentos. Nela foram colocadas informações simples e bastante úteis, para que pacientes e familiares possam participar de forma ativa no processo de tratamento. O acesso pode ser feito através do portal da Fiocruz.
Uma vez constatada a necessidade de medicação, várias questões importantes se colocam. Qual? Em que dose? Em que horário? Com ou sem alimentação? Ainda que existam diretrizes mais gerais, a reação é individual. Se o paciente já fez ou faz uso de alguma medicação, essa informação é muito importante. O resultado pode se modificar em função da idade, das condições atuais de saúde, da interação com outros medicamentos ou suplementos ou de outras questões atuais.
Outra questão importante: medicamento só ajuda se for tomado, e do jeito certo. Muita gente me conta que vai ao médico, consulta, pega a receita, compra o medicamento e não toma. Nem volta ao médico, por medo de levar bronca. Ou toma de acordo com o que o medo deixa: só metade da dose, em dias alternados, toma e para, toma e para. E não volta ao médico porque não melhorou ou ficou até pior. Realmente o início do tratamento pode ser muito desconfortável, com muitos efeitos colaterais esquisitos, a ponto de dar vontade de parar tudo. Mas é só com essas informações, sobre o que foi bom e o que não foi, é que o médico poderá fazer os ajustes necessários. A prescrição ideal é construída numa relação de colaboração e confiança entre médico e paciente. Para que ela possa acontecer, é necessário que haja abertura e transparência de ambos os lados, esclarecendo as dúvidas e trabalhando dentro de expectativas realistas. A prescrição ideal é originada em dados reais, e remodelada sempre que necessário. É necessariamente individual, o que é excelente para uma pessoa pode causar um grande estrago à saúde de outra.
O Ministério da Saúde publicou em 2011, em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz, uma cartilha sobre o uso correto de medicamentos. Nela foram colocadas informações simples e bastante úteis, para que pacientes e familiares possam participar de forma ativa no processo de tratamento. O acesso pode ser feito através do portal da Fiocruz.
Mesmo sendo natural, pode fazer mal – “hipérico”
Posted in Medicamentos by: maria.silvia
junho 21st, 2013
No artigo anterior foram apresentadas questões referentes a medicações fitoterápicas e plantas medicinais. Dentre aquelas utilizadas no tratamento de sintomas de transtornos mentais, vale ressaltar a planta “Hypericum perforatum”, bastante utilizada para o tratamento de quadros depressivos leves e moderados. Na Alemanha, chega a ser o antidepressivo mais prescrito em determinados períodos. Possui várias substâncias em sua composição e se acredita que hipericina, pseudohipericina e hiperforina sejam responsáveis pela ação antidepressiva. A forma de administração mais utilizada é o extrato seco padronizado, com indicação da Organização Mundial da Saúde (OMS) de dose diária mínima de 300mg/dia. Quando se trabalha com a substância em pó, a dosagem recomendada é maior. Por este motivo, é importante saber qual a forma contida no medicamento, para se utilizar a dosagem adequada. Além disso, é importante garantir a procedência do produto, embalagem e armazenamento, para evitar os riscos de contaminação por outras substâncias ou por agentes microbiológicos. Por recomendação da Agência Nacional de Vigilância Sanitária, datada de 2002, a embalagem de produtos à base de Hypericum perforatum deve apresentar tarja vermelha com os dizeres: VENDA SOB PRESCRIÇÃO MÉDICA. É importante retirar de vez a ideia equivocada de que “se não fizer bem, mal também não faz”.
É importante lembrar que, tendo eficácia clínica comprovada em estudos controlados, apresenta risco semelhante ao de outros antidepressivos de provocar a “virada” de um quadro depressivo em quadro maníaco nos pacientes com Transtorno Bipolar do Humor.
O termo “interações medicamentosas” se refere a interferências que um fármaco, alimento ou nutriente possa realizar na ação de um outro medicamento. Essa interferência pode ser benéfica, quando se melhora a eficácia terapêutica, prolonga a duração do efeito ou reduz efeitos adversos. Por outro lado, a interação pode levar a redução do efeito terapêutico ou resultado contrário ao esperado, elevação dos níveis sanguíneos levando a intoxicação ou, ao contrário, diminuição dos níveis levando a falha no tratamento. Estudos demonstram que oH. perforatum pode diminuir a biodisponibilidade de outras drogas, devido a sua ação nas enzimas responsáveis por sua metabolização. Pode interferir no efeito das seguintes substãncias, aumentando sua metabolização e diminuindo sua quantidade no sangue e, consequentemente, seu efeito terapêutico:
Em trabalho de 2002, Bittencourt e colaboradores apontam para a importância do “diálogo entre os discursos popular e científico(…)a utilização de plantas medicinais conta, em muitos casos, com uso tradicional nas populações, o que permitiria justificar sua eficácia, sem por isso prescindir dos estudos farmacológicos indispensáveis para confirmar esta eficácia, garantindo a segurança do uso.” É exatamente o que gostaríamos de dizer para encerrar este artigo.
É importante lembrar que, tendo eficácia clínica comprovada em estudos controlados, apresenta risco semelhante ao de outros antidepressivos de provocar a “virada” de um quadro depressivo em quadro maníaco nos pacientes com Transtorno Bipolar do Humor.
O termo “interações medicamentosas” se refere a interferências que um fármaco, alimento ou nutriente possa realizar na ação de um outro medicamento. Essa interferência pode ser benéfica, quando se melhora a eficácia terapêutica, prolonga a duração do efeito ou reduz efeitos adversos. Por outro lado, a interação pode levar a redução do efeito terapêutico ou resultado contrário ao esperado, elevação dos níveis sanguíneos levando a intoxicação ou, ao contrário, diminuição dos níveis levando a falha no tratamento. Estudos demonstram que oH. perforatum pode diminuir a biodisponibilidade de outras drogas, devido a sua ação nas enzimas responsáveis por sua metabolização. Pode interferir no efeito das seguintes substãncias, aumentando sua metabolização e diminuindo sua quantidade no sangue e, consequentemente, seu efeito terapêutico:
- Indinavir, usado no tratamento de portadores do HIV
- ciclosporina, utilizada na prevenção da rejeição a órgãos transplantados
- digoxina, usada no tratamento de arritmias cardíacas
- sinvastatina, usada para o controle dos níveis de colesterol e triglicérides no sangue
- antidepressivos tricíclicos (amitriptilina, nortriptilina)
- anticonvulsivantes (carbamazepina, fenitoína, fenobarbital)
- anticoagulantes
- nifedipina (usada no controle da hipertensão arterial).
- cafeína
- fexofenadina (anti-histamínico usado no tratamento de alergias)
- Midazolam (indutor de sono)
Em trabalho de 2002, Bittencourt e colaboradores apontam para a importância do “diálogo entre os discursos popular e científico(…)a utilização de plantas medicinais conta, em muitos casos, com uso tradicional nas populações, o que permitiria justificar sua eficácia, sem por isso prescindir dos estudos farmacológicos indispensáveis para confirmar esta eficácia, garantindo a segurança do uso.” É exatamente o que gostaríamos de dizer para encerrar este artigo.
Mesmo sendo natural, pode fazer mal
Posted in Medicamentos by: maria.silvia
junho 16th, 2013
Entre os 252 fármacos essenciais selecionados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) em 1991, 11% são de origem exclusivamente vegetal e uma parcela significativa é preenchida pelos medicamentos semi-sintéticos, obtidos a partir de precursores naturais. A OMS define:
Atualmente, doze medicamentos fitoterápicos são ofertados no SUS, industrializados e registrados na ANVISA. O Ministério da Saúde orienta o uso desses produtos apenas na atenção básica e nenhum deles é indicado para tratamento de transtornos mentais.
No entanto, o uso de medicamentos à base de vegetais para tratamento de transtornos mentais é prática bastante antiga e vem aumentando progressivamente. O Prof. Roberto Andreatini, do Departamento de Farmacologia da Universidade Federal do Paraná, orienta que cada fitoterápico seja avaliado com abordagem semelhante a dos medicamentos sintéticos, baseada em evidências científicas sólidas; reconhecer sua eficácia mas também os efeitos colaterais adversos e possíveis interações medicamentosas. O fato dos medicamentos fitoterápicos terem melhor tolerabilidade, serem mais baratos e não demandarem prescrição controlada pode favorecer a automedicação que, segundo o professor apresenta vários riscos, como: tratamento inadequado, intoxicação, emprego de tratamento de eficácia não comprovada no lugar de terapêutica eficaz, não procura de profissional de saúde mental que possa primeiro fazer o diagnóstico adequado, entre outros. Alguns cuidados devem ser tomados quando se pensa em usar medicamentos à base de extratos vegetais. Um dos primeiros é identificar as plantas por seu nome científico, pois os nomes populares podem variar. Por exemplo, Hypericum perforatum , é chamado na Europa de erva de São João. Em várias regiões do Brasil este nome é atribuído a Argentum obtusiforlim, planta com características bastante diferentes. Também é importante estar atento à forma com a medicação é comercializada, desde produção até embalagem e armazenamento, cuidando para não haver contaminação de outras substâncias ou agentes microbiológicos.
Alguns fitoterápicos apresentam eficácia comprovada em estudos clínicos controlados: Hypericum perforatum indicado para o tratamento de quadros depressivos leves e moderados, e Piper methysticum, conhecida popularmente como kava-kava, para quadros de ansiedade. Por outro lado, existem outras plantas que, apesar de bastante usadas, não apresentam estudos que comprovem sua eficácia.
Em relação à kava-kava, revisão publicada em 2005 por Cordeiro, Chung e Sacramento, da faculdade de Farmácia da UNESP , orienta para o uso seguro da kava-kava: via oral, isoladamente e por tempo limitado (três meses no máximo). Existem relatos de toxicidade hepática grave (hepatite, cirrose e insuficiência hepática) em doses altas e uso prolongado, principalmente se o paciente já apresenta algum comprometimento hepático, uso de álcool ou algum outro agente hepatotóxico. Existe o risco de interação quando usada em conjunto com depressores do Sistema Nervoso Central (SNC) como etanol, anticonvulsivantes barbitúricos, benzodiazepínicos, hipnóticos-sedativos, neurolépticos, provocando sedação, cansaço e diminuição de reflexos.
Existem trabalhos que demonstram que os constituintes da kava-kava podem causar perda do tônus uterino, podendo provocar complicações na gravidez. Esses componentes também podem passar no leite materno, motivo pelo qual se orienta não usar essas medicações durante a gestação e amamentação.
Nessa mesma revisão é salientada a importância do”diálogo entre os discursos popular e científico”, estudando os aspectos farmacológicos e toxicológicos, indispensáveis para confirmar sua eficácia e garantir a segurança do uso.
- plantas medicinais - todas aquelas silvestres ou cultivadas, utilizadas como recurso para prevenir, aliviar, curar ou modificar um processo fisiológico normal ou patológico, ou utilizadas como fonte de fármacos e seus precursores
- fitoterápicos - produtos medicinais acabados e etiquetados, cujos componentes ativos são formados por partes aéreas ou subterrâneas de plantas, ou outro material vegetal, ou combinação destes, em estado bruto ou em formas de preparações vegetais.
Atualmente, doze medicamentos fitoterápicos são ofertados no SUS, industrializados e registrados na ANVISA. O Ministério da Saúde orienta o uso desses produtos apenas na atenção básica e nenhum deles é indicado para tratamento de transtornos mentais.
No entanto, o uso de medicamentos à base de vegetais para tratamento de transtornos mentais é prática bastante antiga e vem aumentando progressivamente. O Prof. Roberto Andreatini, do Departamento de Farmacologia da Universidade Federal do Paraná, orienta que cada fitoterápico seja avaliado com abordagem semelhante a dos medicamentos sintéticos, baseada em evidências científicas sólidas; reconhecer sua eficácia mas também os efeitos colaterais adversos e possíveis interações medicamentosas. O fato dos medicamentos fitoterápicos terem melhor tolerabilidade, serem mais baratos e não demandarem prescrição controlada pode favorecer a automedicação que, segundo o professor apresenta vários riscos, como: tratamento inadequado, intoxicação, emprego de tratamento de eficácia não comprovada no lugar de terapêutica eficaz, não procura de profissional de saúde mental que possa primeiro fazer o diagnóstico adequado, entre outros. Alguns cuidados devem ser tomados quando se pensa em usar medicamentos à base de extratos vegetais. Um dos primeiros é identificar as plantas por seu nome científico, pois os nomes populares podem variar. Por exemplo, Hypericum perforatum , é chamado na Europa de erva de São João. Em várias regiões do Brasil este nome é atribuído a Argentum obtusiforlim, planta com características bastante diferentes. Também é importante estar atento à forma com a medicação é comercializada, desde produção até embalagem e armazenamento, cuidando para não haver contaminação de outras substâncias ou agentes microbiológicos.
Alguns fitoterápicos apresentam eficácia comprovada em estudos clínicos controlados: Hypericum perforatum indicado para o tratamento de quadros depressivos leves e moderados, e Piper methysticum, conhecida popularmente como kava-kava, para quadros de ansiedade. Por outro lado, existem outras plantas que, apesar de bastante usadas, não apresentam estudos que comprovem sua eficácia.
Em relação à kava-kava, revisão publicada em 2005 por Cordeiro, Chung e Sacramento, da faculdade de Farmácia da UNESP , orienta para o uso seguro da kava-kava: via oral, isoladamente e por tempo limitado (três meses no máximo). Existem relatos de toxicidade hepática grave (hepatite, cirrose e insuficiência hepática) em doses altas e uso prolongado, principalmente se o paciente já apresenta algum comprometimento hepático, uso de álcool ou algum outro agente hepatotóxico. Existe o risco de interação quando usada em conjunto com depressores do Sistema Nervoso Central (SNC) como etanol, anticonvulsivantes barbitúricos, benzodiazepínicos, hipnóticos-sedativos, neurolépticos, provocando sedação, cansaço e diminuição de reflexos.
Existem trabalhos que demonstram que os constituintes da kava-kava podem causar perda do tônus uterino, podendo provocar complicações na gravidez. Esses componentes também podem passar no leite materno, motivo pelo qual se orienta não usar essas medicações durante a gestação e amamentação.
Nessa mesma revisão é salientada a importância do”diálogo entre os discursos popular e científico”, estudando os aspectos farmacológicos e toxicológicos, indispensáveis para confirmar sua eficácia e garantir a segurança do uso.
Uso de antidepressivos durante a gestação
Posted in Medicamentos by: maria.silvia
maio 16th, 2013
Até há pouco tempo se acreditava que os hormônios secretados durante a gravidez protegessem a gestante da depressão. Estudos mais recentes, no entanto, demonstram que depressão e outros transtornos do humor são comuns durante a gestação, com prevalência estimada entre 9 e 16%. A depressão durante a gestação pode estar associada a maior risco de parto prematuro, baixo peso do bebê ao nascer, necessidade de parto cesárea. Além disso, depressão durante a gestação é forte preditor de depressão no puerpério, que dificulta o aleitamento e o estabelecimento de vínculo e cuidados com o bebê. O uso de antidepressivos é uma opção para o tratamento desses quadros mas garantir segurança para a mãe e o bebê continua representando um desafio.
Na verdade, essa discussão precisa ser realizada com todas as mulheres em idade fértil que vão usar medicação psicotrópica. Para as pacientes que claramente não desejam engravidar nesse momento é recomendável que procurem seu ginecologista para se informar a respeito do método contraceptivo mais indicado. Nas pacientes que estão em dúvida, a ponto de não desejarem usar métodos contraceptivos, é melhor que se use antidepressivos que ofereçam menor risco, além da suplementação com ácido fólico (prevenção de alterações na formação do sistema nervoso central do feto). Interromper o uso do antidepressivo abruptamente ou realizar uma troca durante a gestação pode aumentar a chance de recaída da depressão, com as consequências deletérias já citadas. Sendo assim é melhor conversar e tomar as providências antes do que viver a situação assustadora:”Engravidei tomando antidepressivo, e agora?” Em geral, quando a paciente descobre que engravidou, já se está pelo menos na terceira semana e serão vários meses com a dúvida se foi causado algum dano ao feto nesse período de uso do antidepressivo. Depois a próxima questão: manter, trocar ou retirar a medicação? Os riscos e os benefícios devem ser apresentados claramente aos pais do bebê, para que junto com os médicos (psiquiatra e obstetra) possam tomar as melhores decisões.
Por motivos éticos, gestantes não são incluídas em estudos clínicos de psicofarmacologia.Não seria justo expor gestantes e fetos a procedimentos experimentais cuja segurança ainda não foi determinada. Sendo assim, as informações de que dispomos são de relatos de casos, registros de maternidades e serviços de saúde materno-infantil, além de estudos realizados com animais. Agências reguladoras costumam classificar as substâncias de acordo com as informações disponíveis. É importante consultar publicações atualizadas, pois a partir da publicação de um relato de caso pode-se atentar para riscos ainda não levantados.
A Academia Americana de Pediatria recomenda que, caso haja a necessidade de uso de medicação antidepressiva, que seja na dose mínima suficiente para o adequado controle da depressão. Existem medicamentos cujo uso pode oferecer mais riscos.
Os antidepressivos tricíclicos são usados há mais de 50 anos e a experiência adquirida orienta para que sejam usados apenas nos casos em que o benefício à mãe justifique o potencial risco. Foram relatados casos de problemas no desenvolvimento do feto e alterações comportamentais no pós-parto imediato após a exposição intra-útero a tricíclicos. Quando for absolutamente necessário manter a medicação, ela deve ser gradualmente retirada até a sétima semana antes da data prevista para o parto.
Os Inibidores Seletivos de Recaptação de Serotonina (ISRS) costumam causar menos efeitos colaterais que os tricíclicos, que os inibidores de recaptação de serotonina e noradrenalina (venlafaxina, duloxetina) e que a mirtazapina, mas apresentam perfil diferente quanto aos riscos durante a gestação. Estudos apontam para o risco do uso de paroxetina durante a gestação, principalmente em doses acima de 25 mg por dia. Seu uso no primeiro trimestre pode estar relacionado com malformações cardíacas e abortamento espontâneo. A partir do segundo trimestre, o uso dos ISRS pode ser associado com prematuridade e baixo peso ao nascer. Bebês nascidos de mães que usaram ISRS até o final da gestação podem apresentar irritabilidade, dificuldades respiratórias e dificuldade para se alimentar. Esse quadro costuma ser auto-limitado, se resolvendo em alguns dias. Raramente, ocorrem quadros de hipertensão pulmonar resistente, que demandam mais cuidados. Não está bem definido se esses efeitos são causados por toxicidade direta dos medicamentos ou síndrome de abstinência pela falta da medicação após o parto. Alguns especialistas consideram mais prudente interromper o uso da medicação nas últimas semanas da gestação. Caso a gestante não concorde, o pediatra que recepcionará o recém-nascido deverá ser alertado para a possível necessidade de intervenções mais avançadas que as de rotina.O American Journal of Psychiatry publicou este ano dois estudos a respeito dos efeitos dos ISRS durante a gestação: um relata que não estão relacionados com morte fetal ou neonatal, e o outro, que não se relacionam com alterações do crescimento durante o primeiro ano de vida, levando em conta peso, altura e perímetro cefálico. A fluoxetina, ISRS mais antigo e também dos mais estudados, parece oferecer menos riscos durante a gestação.
Sintomas depressivos em gestantes precisam ser sempre levados em conta e acompanhadas por seu parceiro, familiares e amigos. A avaliação da gravidade do quadro, das condições de auto-cuidado e do risco suicida deve ser cuidadosamente monitorada durante toda a gestação e no puerpério. Alguns autores defendem que há maior risco do desenvolvimento de depressão materna durante todo o primeiro ano de vida do bebê. Neste mesmo Blog, temos um artigo sobre Depressão Puerperal. Voltando à gestação, uma vez garantida a segurança e os cuidados gerais, é importante que o tratamento aborde as necessidades da gestante, suas apreensões e desejos. É fundamental que se ofereça suporte psicológico e social para o casal. Caso haja a necessidade de uso de medicamentos, e a gestante e seu companheiro concordem em usar, a decisão deve ser tomada a partir das informações mais atualizadas, com monitoramento próximo da mãe e do bebê. Ainda que sejam situações bastante delicadas, com o cuidado adequado podem ser conduzidas com bastante sucesso e resultados realmente gratificantes.
Na verdade, essa discussão precisa ser realizada com todas as mulheres em idade fértil que vão usar medicação psicotrópica. Para as pacientes que claramente não desejam engravidar nesse momento é recomendável que procurem seu ginecologista para se informar a respeito do método contraceptivo mais indicado. Nas pacientes que estão em dúvida, a ponto de não desejarem usar métodos contraceptivos, é melhor que se use antidepressivos que ofereçam menor risco, além da suplementação com ácido fólico (prevenção de alterações na formação do sistema nervoso central do feto). Interromper o uso do antidepressivo abruptamente ou realizar uma troca durante a gestação pode aumentar a chance de recaída da depressão, com as consequências deletérias já citadas. Sendo assim é melhor conversar e tomar as providências antes do que viver a situação assustadora:”Engravidei tomando antidepressivo, e agora?” Em geral, quando a paciente descobre que engravidou, já se está pelo menos na terceira semana e serão vários meses com a dúvida se foi causado algum dano ao feto nesse período de uso do antidepressivo. Depois a próxima questão: manter, trocar ou retirar a medicação? Os riscos e os benefícios devem ser apresentados claramente aos pais do bebê, para que junto com os médicos (psiquiatra e obstetra) possam tomar as melhores decisões.
Por motivos éticos, gestantes não são incluídas em estudos clínicos de psicofarmacologia.Não seria justo expor gestantes e fetos a procedimentos experimentais cuja segurança ainda não foi determinada. Sendo assim, as informações de que dispomos são de relatos de casos, registros de maternidades e serviços de saúde materno-infantil, além de estudos realizados com animais. Agências reguladoras costumam classificar as substâncias de acordo com as informações disponíveis. É importante consultar publicações atualizadas, pois a partir da publicação de um relato de caso pode-se atentar para riscos ainda não levantados.
A Academia Americana de Pediatria recomenda que, caso haja a necessidade de uso de medicação antidepressiva, que seja na dose mínima suficiente para o adequado controle da depressão. Existem medicamentos cujo uso pode oferecer mais riscos.
Os antidepressivos tricíclicos são usados há mais de 50 anos e a experiência adquirida orienta para que sejam usados apenas nos casos em que o benefício à mãe justifique o potencial risco. Foram relatados casos de problemas no desenvolvimento do feto e alterações comportamentais no pós-parto imediato após a exposição intra-útero a tricíclicos. Quando for absolutamente necessário manter a medicação, ela deve ser gradualmente retirada até a sétima semana antes da data prevista para o parto.
Os Inibidores Seletivos de Recaptação de Serotonina (ISRS) costumam causar menos efeitos colaterais que os tricíclicos, que os inibidores de recaptação de serotonina e noradrenalina (venlafaxina, duloxetina) e que a mirtazapina, mas apresentam perfil diferente quanto aos riscos durante a gestação. Estudos apontam para o risco do uso de paroxetina durante a gestação, principalmente em doses acima de 25 mg por dia. Seu uso no primeiro trimestre pode estar relacionado com malformações cardíacas e abortamento espontâneo. A partir do segundo trimestre, o uso dos ISRS pode ser associado com prematuridade e baixo peso ao nascer. Bebês nascidos de mães que usaram ISRS até o final da gestação podem apresentar irritabilidade, dificuldades respiratórias e dificuldade para se alimentar. Esse quadro costuma ser auto-limitado, se resolvendo em alguns dias. Raramente, ocorrem quadros de hipertensão pulmonar resistente, que demandam mais cuidados. Não está bem definido se esses efeitos são causados por toxicidade direta dos medicamentos ou síndrome de abstinência pela falta da medicação após o parto. Alguns especialistas consideram mais prudente interromper o uso da medicação nas últimas semanas da gestação. Caso a gestante não concorde, o pediatra que recepcionará o recém-nascido deverá ser alertado para a possível necessidade de intervenções mais avançadas que as de rotina.O American Journal of Psychiatry publicou este ano dois estudos a respeito dos efeitos dos ISRS durante a gestação: um relata que não estão relacionados com morte fetal ou neonatal, e o outro, que não se relacionam com alterações do crescimento durante o primeiro ano de vida, levando em conta peso, altura e perímetro cefálico. A fluoxetina, ISRS mais antigo e também dos mais estudados, parece oferecer menos riscos durante a gestação.
Sintomas depressivos em gestantes precisam ser sempre levados em conta e acompanhadas por seu parceiro, familiares e amigos. A avaliação da gravidade do quadro, das condições de auto-cuidado e do risco suicida deve ser cuidadosamente monitorada durante toda a gestação e no puerpério. Alguns autores defendem que há maior risco do desenvolvimento de depressão materna durante todo o primeiro ano de vida do bebê. Neste mesmo Blog, temos um artigo sobre Depressão Puerperal. Voltando à gestação, uma vez garantida a segurança e os cuidados gerais, é importante que o tratamento aborde as necessidades da gestante, suas apreensões e desejos. É fundamental que se ofereça suporte psicológico e social para o casal. Caso haja a necessidade de uso de medicamentos, e a gestante e seu companheiro concordem em usar, a decisão deve ser tomada a partir das informações mais atualizadas, com monitoramento próximo da mãe e do bebê. Ainda que sejam situações bastante delicadas, com o cuidado adequado podem ser conduzidas com bastante sucesso e resultados realmente gratificantes.
“Injeção para Esquizofrenia”
Posted in Medicamentos by: maria.silvia
fevereiro 24th, 2012
No final do ano passado foram divulgadas notícias a respeito da aprovação pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) de nova medicação injetável para o tratamento da Esquizofrenia. A partir disso vale retomar um assunto muito importante para toda a Medicina, incluindo aqui a Psiquiatria: o tratamento de manutenção para pacientes portadores de doenças crônicas. Quando um paciente procura um médico e recebe dele um diagnóstico e a prescrição de uma medicação, uma das primeiras perguntas é:”Até quando vou ter que tomar esse remédio?” A resposta menos desejada é:”Para o resto da vida.” Mas se a doença é crônica, tem a possibilidade de controle mas não de cura, a resposta pode ser essa. E aí?
A Esquizofrenia é um transtorno psiquiátrico crônico, que surge no fim da adolescência/início da idade adulta e evolue em surtos, durante os quais o paciente apresenta grandes alterações em seu funcionamento mental. Ocorrem delírios (alterações do pensamento em que acredita firmemente que estão acontecendo coisas irreais e age em função dessas crenças), alucinações (percepões dos órgãos dos sentido sem objetos reais), mudanças na motricidade (aumento -agitação ou diminuição drástica-catatonia), nas funções cognitivas e na expressão das emoções. A descrição do quadro clínico e da evolução podem ser lidos no texto “Esquizofrenia”, publicado nesse blog em junho de 2008.
Os sintomas da esquizofrenia podem ser bem controlados com o uso de medicações denominadas de “antipsicóticos” ou “neurolépticos”. Foram desenvolvidos desde a década de 1950 e mudaram consideravelmente a evolução dos pacientes acometidos. Clorpromazina, haloperidol, pipotiazina são alguns dos primeiros antipsicóticos, hoje denominados de “típicos” ou “de primeira geração”. São efetivos no controle dos sintomas chamados “positivos” – delírios, alucinações, agitação psicomotora, agressividade – mas com pouca melhora dos sintomas “negativos”: isolamento social, apatia, falta de iniciativa para atividades, dificuldade para a expressão de afeto, declínio cognitivo. Além disso, seu uso pode causar efeitos colaterais indesejáveis como alterações motoras (rigidez muscular, tremores, movimentos involuntários, contraturas-chamados de “efeitos extrapiramidais”), sedação, disfunção sexual. Posteriormente foram desenvolvidos novos medicamentos com ação mais específica no Sistema Nervoso Central, os chamados antipsicóticos “atípicos” ou de “segunda geração”. Além dos sintomas positivos, combatem também os sintomas negativos, com menor incidência de efeitos colaterais.
No tratamento da fase aguda, quando o paciente apresenta sintomatologia intensa – o chamado surto psicótico – é preciso controlar rapidamente os sintomas, protegendo o paciente, prevenindo possíveis danos decorrentes da agitação/agressividade e evitando a internação. O uso de antipsicóticos se mostra bastante eficaz: aproximadamente 60% dos pacientes tratados por 6 semanas atingem remissão completa ou mantém sintomas leves. Para os que não apresentam resposta satisfatória ou não toleram os efeitos colaterais, é possível tentar outra medicação. A partir da melhora dos sintomas o paciente pode progressivamente retomar sua vida auxiliado por equipes multiprofissionais compostas por psiquiatras, enfermeiros, psicólogos, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais, etc. Passando para a fase de manutenção vem o desafio de manter o paciente assintomático, melhorando seu nível de funcionamento e a qualidade de vida e prevenindo recaídas. Aí começa o problema…
Como os sintomas melhoram muito após algumas semanas do uso da medicação o paciente acredita que já está bem e pode parar de tomá-la. As justificativas são várias: custo, efeitos colaterais, contrariedade por tomar medicação(que reforça a situação de doente), constrangimento por ter de explicar às pessoas porque “ainda continua tomando esses remédios“, etc. Muitas pessoas, inclusive profissionais de saúde, confundem “dependência da medicação” com necessidade de uso contínuo da medicação para controle dos sintomas. Alguém, em sã consciência, diria para um diabético:”Que nada, você tem que ser forte e acabar com essa dependência de insulina…Pare com essas injeções, vai tomar uma cervejinha que é muito melhor…”? Pois é, mas pacientes que precisam usar medicação psiquiátrica frequentemente ouvem isso.
Pesquisas mostram que 3 a 4 dias sem medicação já podem ser suficientes para que os sintomas reapareçam, desenvolvendo novo surto. Além da sintomatologia intensa, que pode colocar o paciente em risco e demandar internação, ocorrem danos ao cérebro que vai se debilitando a cada novo surto, com perdas das funções cognitivas (capacidade de raciocínio, memóri, inteligência). A curto, médio e longo prazo, é muito importante que o paciente se mantenha usando a medicação, construindo sua rehabilitação e evitando recaídas.
Desde a década de 1960 existem antipsicóticos injetáveis, que podem ser administrados via intramuscular em situações agudas, quando o paciente não aceita medicação por via oral e precisa que o efeito seja rápido. Posteriormente foram desenvolvidos antipsicóticos injetáveis “de depósito”, ou seja, após injetada a medicação fica depositada no músculo e vai sendo liberada para a corrente sanguínea aos poucos. A aplicação da medicação injetável de depósito a cada duas semanas (enantato de flufenazina, zuclopentixol, risperidona de ação prolongada) ou a cada quatro semanas (pipotiazina, haloperidol decanoato,palmitato de paliperidona) garante níveis plasmáticos estáveis, como se o paciente estivesse tomando comprimidos todos os dias. Desta forma, fica muito mais simples garantir o uso correto da medicação, a ausência mantida de sintomas permitindo as intervenções de rehabilitação e a prevenção de recaídas.
A Esquizofrenia é um transtorno psiquiátrico crônico, que surge no fim da adolescência/início da idade adulta e evolue em surtos, durante os quais o paciente apresenta grandes alterações em seu funcionamento mental. Ocorrem delírios (alterações do pensamento em que acredita firmemente que estão acontecendo coisas irreais e age em função dessas crenças), alucinações (percepões dos órgãos dos sentido sem objetos reais), mudanças na motricidade (aumento -agitação ou diminuição drástica-catatonia), nas funções cognitivas e na expressão das emoções. A descrição do quadro clínico e da evolução podem ser lidos no texto “Esquizofrenia”, publicado nesse blog em junho de 2008.
Os sintomas da esquizofrenia podem ser bem controlados com o uso de medicações denominadas de “antipsicóticos” ou “neurolépticos”. Foram desenvolvidos desde a década de 1950 e mudaram consideravelmente a evolução dos pacientes acometidos. Clorpromazina, haloperidol, pipotiazina são alguns dos primeiros antipsicóticos, hoje denominados de “típicos” ou “de primeira geração”. São efetivos no controle dos sintomas chamados “positivos” – delírios, alucinações, agitação psicomotora, agressividade – mas com pouca melhora dos sintomas “negativos”: isolamento social, apatia, falta de iniciativa para atividades, dificuldade para a expressão de afeto, declínio cognitivo. Além disso, seu uso pode causar efeitos colaterais indesejáveis como alterações motoras (rigidez muscular, tremores, movimentos involuntários, contraturas-chamados de “efeitos extrapiramidais”), sedação, disfunção sexual. Posteriormente foram desenvolvidos novos medicamentos com ação mais específica no Sistema Nervoso Central, os chamados antipsicóticos “atípicos” ou de “segunda geração”. Além dos sintomas positivos, combatem também os sintomas negativos, com menor incidência de efeitos colaterais.
No tratamento da fase aguda, quando o paciente apresenta sintomatologia intensa – o chamado surto psicótico – é preciso controlar rapidamente os sintomas, protegendo o paciente, prevenindo possíveis danos decorrentes da agitação/agressividade e evitando a internação. O uso de antipsicóticos se mostra bastante eficaz: aproximadamente 60% dos pacientes tratados por 6 semanas atingem remissão completa ou mantém sintomas leves. Para os que não apresentam resposta satisfatória ou não toleram os efeitos colaterais, é possível tentar outra medicação. A partir da melhora dos sintomas o paciente pode progressivamente retomar sua vida auxiliado por equipes multiprofissionais compostas por psiquiatras, enfermeiros, psicólogos, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais, etc. Passando para a fase de manutenção vem o desafio de manter o paciente assintomático, melhorando seu nível de funcionamento e a qualidade de vida e prevenindo recaídas. Aí começa o problema…
Como os sintomas melhoram muito após algumas semanas do uso da medicação o paciente acredita que já está bem e pode parar de tomá-la. As justificativas são várias: custo, efeitos colaterais, contrariedade por tomar medicação(que reforça a situação de doente), constrangimento por ter de explicar às pessoas porque “ainda continua tomando esses remédios“, etc. Muitas pessoas, inclusive profissionais de saúde, confundem “dependência da medicação” com necessidade de uso contínuo da medicação para controle dos sintomas. Alguém, em sã consciência, diria para um diabético:”Que nada, você tem que ser forte e acabar com essa dependência de insulina…Pare com essas injeções, vai tomar uma cervejinha que é muito melhor…”? Pois é, mas pacientes que precisam usar medicação psiquiátrica frequentemente ouvem isso.
Pesquisas mostram que 3 a 4 dias sem medicação já podem ser suficientes para que os sintomas reapareçam, desenvolvendo novo surto. Além da sintomatologia intensa, que pode colocar o paciente em risco e demandar internação, ocorrem danos ao cérebro que vai se debilitando a cada novo surto, com perdas das funções cognitivas (capacidade de raciocínio, memóri, inteligência). A curto, médio e longo prazo, é muito importante que o paciente se mantenha usando a medicação, construindo sua rehabilitação e evitando recaídas.
Desde a década de 1960 existem antipsicóticos injetáveis, que podem ser administrados via intramuscular em situações agudas, quando o paciente não aceita medicação por via oral e precisa que o efeito seja rápido. Posteriormente foram desenvolvidos antipsicóticos injetáveis “de depósito”, ou seja, após injetada a medicação fica depositada no músculo e vai sendo liberada para a corrente sanguínea aos poucos. A aplicação da medicação injetável de depósito a cada duas semanas (enantato de flufenazina, zuclopentixol, risperidona de ação prolongada) ou a cada quatro semanas (pipotiazina, haloperidol decanoato,palmitato de paliperidona) garante níveis plasmáticos estáveis, como se o paciente estivesse tomando comprimidos todos os dias. Desta forma, fica muito mais simples garantir o uso correto da medicação, a ausência mantida de sintomas permitindo as intervenções de rehabilitação e a prevenção de recaídas.
Uso indiscriminado de “calmantes”
Posted in Medicamentos by: maria.silvia
fevereiro 3rd, 2012
Em 20 de janeiro último a Agência Nacional de Vigilância Sanitária divulgou lista dos medicamentos de uso controlado mais vendidos no país de 2007 a 2010. Segundo informações fornecidas por41032 farmácias de todo o país(58,2% do total de estabelecimentos cadastrados), os medicamentos controlados mais consumidos pela população brasileira foram:
O primeiro benzodiazepínico lançado no mercado foi o clordiazepóxido, que começou a ser comercializado em 1960. Além da elevada eficácia terapêutica, produzia muito menos efeitos colaterais que os outros medicamentos usados na época para diminuir a ansiedade e induzir sono (barbitúricos, antipsicóticos). A indústria farmacêutica desenvolveu novas moléculas com efeitos semelhantes e o médicos passaram a prescrevê-los em larga escala.
Posteriormente surgiram os primeiros relatos de uso abusivo, e o acompanhamento de usuários crônicos permitiu saber que o o uso prolongado poderia levar a tolerância (necessidade de doses progressivamente maiores para obter o mesmo efeito), dependência e síndrome de abstinência quando da retirada brusca. A forma como esses medicamentos eram encarados pelos profissionais de saúde e pela sociedade como um todo foi se modificando, sendo realizados controles mais rígidos conforme se conhecia os efeitos colaterais do uso a longo prazo. Hoje já se sabe que os benzodiazepínicos podem interferir em processos de aprendizado e memória, sendo que o uso abusivo e/ou prolongado pode levar a prejuízo nas funções cognitivas. Devido ao relaxamento muscular que causam, podem piorar o quadro de pessoas que sofrem de apnéia obstrutiva do sono e devem ser usados com cuidado em pessoas com problemas respiratórios (o trabalho da musculatura da cavidade oral e da caixa torácica são muito importantes para a respiração).
Os benzodiazepínicos são metabolizados no fígado e eliminados pelos rins (com exceção do lorazepan, que é eliminado via renal sem precisar do metabolismo hepático).Têm tolerância cruzada com o álcool, ou seja, quando o paciente que é alcoólatra deixa de beber, pode-se medicá-lo com um benzodiazepínico para evitar uma síndrome de abstinência. Caso o fígado do paciente já tenha sido muito danificado pelo uso de álcool, o lorazepan pode ser usado. Tomar juntos, nem pensar. Álcool e benzodiazepínicos diminuem a consciência, as funções cerebrais, potencializam seus efeitos causando um belo prejuízo. Ainda que sejam mais seguros que os demais medicamentos controlados podem causar graves danos ao organismo quando em grande quantidade e/ou combinados com outras substâncias em tentativas de suicídio, por exemplo.
Diante dos riscos do uso prolongado, a melhor prática é prescrevê-los apenas quando absolutamente necessário, na menor dose possível, pelo menor período de tempo. Suas embalagens levam a “faixa preta” e, para comprá-los é preciso o “chequinho” – receituário azul.
Antes de começar o uso de benzodiazepíncos é muito importante ter noção da necessidade do paciente. Ansiedade faz parte da vida e é necessária para que o indivíduo procure sempre melhorar. Em nosso mundo agitado e apressado as pessoas às vezes começam a tomar ansiolíticos para tolerar a agitação e psicoestimulantes para vencer o cansaço. Há quem tome o comprimido antes mesmo de sair de casa pela manhã, para dar conta da ansiedade do dia-a-dia. É assim que começa a dependência.
- Clonazepan – 10,6 milhões de caixas vendidas em 2010;
- Bromazepan – 4,6 milhões;
- Alprazolan – 4,4 milhões.
O primeiro benzodiazepínico lançado no mercado foi o clordiazepóxido, que começou a ser comercializado em 1960. Além da elevada eficácia terapêutica, produzia muito menos efeitos colaterais que os outros medicamentos usados na época para diminuir a ansiedade e induzir sono (barbitúricos, antipsicóticos). A indústria farmacêutica desenvolveu novas moléculas com efeitos semelhantes e o médicos passaram a prescrevê-los em larga escala.
Posteriormente surgiram os primeiros relatos de uso abusivo, e o acompanhamento de usuários crônicos permitiu saber que o o uso prolongado poderia levar a tolerância (necessidade de doses progressivamente maiores para obter o mesmo efeito), dependência e síndrome de abstinência quando da retirada brusca. A forma como esses medicamentos eram encarados pelos profissionais de saúde e pela sociedade como um todo foi se modificando, sendo realizados controles mais rígidos conforme se conhecia os efeitos colaterais do uso a longo prazo. Hoje já se sabe que os benzodiazepínicos podem interferir em processos de aprendizado e memória, sendo que o uso abusivo e/ou prolongado pode levar a prejuízo nas funções cognitivas. Devido ao relaxamento muscular que causam, podem piorar o quadro de pessoas que sofrem de apnéia obstrutiva do sono e devem ser usados com cuidado em pessoas com problemas respiratórios (o trabalho da musculatura da cavidade oral e da caixa torácica são muito importantes para a respiração).
Os benzodiazepínicos são metabolizados no fígado e eliminados pelos rins (com exceção do lorazepan, que é eliminado via renal sem precisar do metabolismo hepático).Têm tolerância cruzada com o álcool, ou seja, quando o paciente que é alcoólatra deixa de beber, pode-se medicá-lo com um benzodiazepínico para evitar uma síndrome de abstinência. Caso o fígado do paciente já tenha sido muito danificado pelo uso de álcool, o lorazepan pode ser usado. Tomar juntos, nem pensar. Álcool e benzodiazepínicos diminuem a consciência, as funções cerebrais, potencializam seus efeitos causando um belo prejuízo. Ainda que sejam mais seguros que os demais medicamentos controlados podem causar graves danos ao organismo quando em grande quantidade e/ou combinados com outras substâncias em tentativas de suicídio, por exemplo.
Diante dos riscos do uso prolongado, a melhor prática é prescrevê-los apenas quando absolutamente necessário, na menor dose possível, pelo menor período de tempo. Suas embalagens levam a “faixa preta” e, para comprá-los é preciso o “chequinho” – receituário azul.
Antes de começar o uso de benzodiazepíncos é muito importante ter noção da necessidade do paciente. Ansiedade faz parte da vida e é necessária para que o indivíduo procure sempre melhorar. Em nosso mundo agitado e apressado as pessoas às vezes começam a tomar ansiolíticos para tolerar a agitação e psicoestimulantes para vencer o cansaço. Há quem tome o comprimido antes mesmo de sair de casa pela manhã, para dar conta da ansiedade do dia-a-dia. É assim que começa a dependência.
Crianças podem tomar medicamentos psicotrópicos?
Posted in Medicamentos by: maria.silvia
outubro 8th, 2011
O tratamento de transtornos mentais em crianças e adolescentes é bastante complexo e exige postura bastante cuidadosa por parte do(s) profissional(ais) que o realiza(m). Os plurais se referem à tendência cada vez mais forte do trabalho multidisciplinar, com vários profissionais contribuindo para o diagnóstico e tratamento de necessidades mútiplas. A avaliação cuidadosa exige que se use parâmetros psicológicos, fisiológicos e sociais, para detectar as dificuldades que cada criança/adolescente apresenta. Transtornos psiquiátricos são definidos a partir de alterações no humor, na cognição e/ou no comportamento que afetam significativamente vários aspectos do funcionamento e desenvolvimento da criança/adolescente. As várias dimensões do transtorno devem ser avaliadas e levadas em conta no momento de se escolher os recursos terapêuticos a serem utilizados. O tratamento farmacológico se destina a controlar sintomas específicos, auxiliando o benefício de outras intervenções terapêuticas. Por exemplo, uma criança pode estar com tal grau de desatenção e hiperatividade que não consegue ficar sentada na sala de aula e aprender. Encaminhada para seguimento com psicopedagoga pode apresentar as mesmas dificuldades e não conseguir aproveitar o tratamento oferecido. Com o uso da medicação adequada, pode haver o controle dos sintomas de forma que a criança possa aderir ao acompanhamento psicopedagógico e se beneficiar com ele.
Por se tratarem de pessoas em desenvolvimento, o tratamento deve buscar não só o controle dos sintomas mas também o retorno ao caminho da evolução esperada para sua idade e contexto sócio-cultural. A necessidade do uso de medicação para determinados sintomas-alvo deve ser constantemente reavaliada porque muitas questões se resolvem com o amadurecimento, outras se transformam e outras só vão surgir mais tarde. O que é adequado em uma idade pode não ser em outra, a avaliação precisa ser abrangente e continuada.
Os objetivos do uso de medicação precisam ser bem discutido com o paciente e seus responsáveis, dentro das possibilidades de compreensão de cada um. Desde o começo é importante definir os sintomas-alvo, aqueles que se espera que a medicação ajude a controlar. Os possíveis efeitos colaterais também precisam ser esclarecidos antes do início do uso. Alguns medicamentos exigem exames laboratoriais antes do início do tratamento e no seu decorrer. O controle do crescimento em altura e peso também deve ser feito, pois alguns medicamentos podem interferir com apetite, metabolismo, ganho de peso. Como são corpos que mudam, não só em tamanho, como em funcionamento, as doses devem ser ajustadas com frequência, para garantir efeito terapêutico e evitar os efeitos colaterais.
Todas essas questões devem ser discutidas logo no começo do tratamento, quando se estabelece um “contrato terapêutico” com o esclarecimento de todas as dúvidas e compromisso de todos os envolvidos: profissionais, paciente e familiares. Uma relação baseada em confiança e compromisso de todos é o principal ponto de partida para um tratamento bem-sucedido.
Por se tratarem de pessoas em desenvolvimento, o tratamento deve buscar não só o controle dos sintomas mas também o retorno ao caminho da evolução esperada para sua idade e contexto sócio-cultural. A necessidade do uso de medicação para determinados sintomas-alvo deve ser constantemente reavaliada porque muitas questões se resolvem com o amadurecimento, outras se transformam e outras só vão surgir mais tarde. O que é adequado em uma idade pode não ser em outra, a avaliação precisa ser abrangente e continuada.
Os objetivos do uso de medicação precisam ser bem discutido com o paciente e seus responsáveis, dentro das possibilidades de compreensão de cada um. Desde o começo é importante definir os sintomas-alvo, aqueles que se espera que a medicação ajude a controlar. Os possíveis efeitos colaterais também precisam ser esclarecidos antes do início do uso. Alguns medicamentos exigem exames laboratoriais antes do início do tratamento e no seu decorrer. O controle do crescimento em altura e peso também deve ser feito, pois alguns medicamentos podem interferir com apetite, metabolismo, ganho de peso. Como são corpos que mudam, não só em tamanho, como em funcionamento, as doses devem ser ajustadas com frequência, para garantir efeito terapêutico e evitar os efeitos colaterais.
Todas essas questões devem ser discutidas logo no começo do tratamento, quando se estabelece um “contrato terapêutico” com o esclarecimento de todas as dúvidas e compromisso de todos os envolvidos: profissionais, paciente e familiares. Uma relação baseada em confiança e compromisso de todos é o principal ponto de partida para um tratamento bem-sucedido.
Cuidados importantes para quem toma Antidepressivos (2)
Posted in Medicamentos by: maria.silvia
agosto 14th, 2011
Continuando a conversa sobre antidepressivos, retomo a questão dos efeitos ao longo do tempo. Os efeitos colaterais indesejáveis podem começar logo após as primeiras tomadas e tendem a diminuir. Os efeitos terapêuticos, por outro lado, são percebidos duas semanas após se atingir a dose terapêutica. Alguns antidepressivos como a clomipramina, fluoxetina e sertralina podem causar, inicialmente, piora da ansiedade, agitação, mal-estar. Esse quadro, presente em 20% dos pacientes que começam o uso destas medicações, tende a diminuir até sumir mas pode levar ao abandono do tratamento, caso o paciente não seja acolhido e devidamente informado.
A paroxetina não deve ser usada em pacientes com menos de 18 anos. Nos Estados Unidos e Canadá houve movimentação popular denunciando mortes por suicídio em adolescentes que estavam recebendo paroxetina para tratamento de depressão. Os estudos não foram conclusivos pois o suicídio é um risco associado à depressão, não foi possível atribuir os suicídios diretamente à medicação mas de qualquer forma tanto nos Estados Unidos como aqui no Brasil o uso da paroxetina não é permitido para pacientes menores de idade . A sertralina , por outro lado, pode ser prescrita a partir dos seis anos de idade para quadros de depressão, ansiedade, transtorno obsessivo-compulsivo que, infelizmente, também acometem crianças e adolescentes.
Os antidepressivos Inibidores da MonoAminaOxidase (IMAO), apesar de sua eficácia, acabam sendo menos usados pelo risco de causarem picos de hipertensão, principalmente se associados a outras medicações, bebidas e alimentos ricos em tiramina. Quando se vai interromper o uso de IMAO para colocar outro antidepressivo, ou vice-versa, é preciso ficar pelo menos duas semanas sem nenhuma medicação, para evitar a interação. No caso da fluoxetina, são necessárias cinco semans para que os princípios ativos sejam totalmente eliminados (período de “wash-out”).
Muitos pacientes bipolares apresentam apenas quadros depressivos inicialmente, sendo tratados com antidepressivos. Pode ocorrer a “virada maníaca”, ou seja, passagem de sintomas depressivos (tristeza, desânimo, menos-valia) para sintomas maníacos (agitação, pensamento e fala muito acelerados, idéias de grandeza, gastos excessivos, etc.). Nessas situações, o médico psiquiatra precisa rever o(a) paciente, avaliar se é realmente uma virada, iniciar estabilizador de humor, reduzir/retirar o antidepressivo. Uma informação importante a ser levada ao conhecimento do psiquiatra é se há casos de transtorno bipolar na família do paciente com depressão.
A bupropiona, acredita-se, exerce seu efeito antidepressivo por inibir a recaptação de serotonina e noradrenalina. Proporciona melhor disposição, melhora a libido e em algumas pessoas, ajuda a parar de fumar. Não deve ser usado em pessoas com epilepsia ou que apresentem qualquer fator predisponente para convulsão, pois pode facilitar sua ocorrência. Pelo mesmo motivo, não deve ser usada associada a bebida alcoólica. Aliás, evitar ou reduzir o uso de bebida alcoólica é uma boa medida para quem realiza tratamento com o uso de qualquer medicação psicotrópica. Em maior ou menor grau, todos esses medicamentos interagem com o álcool, podendo levar a rebaixamento do nível de consciência. A venlafaxina e a duloxetina inibem a recaptação de serotonina e noradrenalina. Os três antidepressivos podem elevar a pressão arterial, que deve ser medida antes do início e durante todo o tratamento.
Todos esses cuidados podem ser resumidos em cuidados gerais com a saúde geral, comunicação aberta com seu médico psiquiatra sobre todas as dúvidas e alterações.
A paroxetina não deve ser usada em pacientes com menos de 18 anos. Nos Estados Unidos e Canadá houve movimentação popular denunciando mortes por suicídio em adolescentes que estavam recebendo paroxetina para tratamento de depressão. Os estudos não foram conclusivos pois o suicídio é um risco associado à depressão, não foi possível atribuir os suicídios diretamente à medicação mas de qualquer forma tanto nos Estados Unidos como aqui no Brasil o uso da paroxetina não é permitido para pacientes menores de idade . A sertralina , por outro lado, pode ser prescrita a partir dos seis anos de idade para quadros de depressão, ansiedade, transtorno obsessivo-compulsivo que, infelizmente, também acometem crianças e adolescentes.
Os antidepressivos Inibidores da MonoAminaOxidase (IMAO), apesar de sua eficácia, acabam sendo menos usados pelo risco de causarem picos de hipertensão, principalmente se associados a outras medicações, bebidas e alimentos ricos em tiramina. Quando se vai interromper o uso de IMAO para colocar outro antidepressivo, ou vice-versa, é preciso ficar pelo menos duas semanas sem nenhuma medicação, para evitar a interação. No caso da fluoxetina, são necessárias cinco semans para que os princípios ativos sejam totalmente eliminados (período de “wash-out”).
Muitos pacientes bipolares apresentam apenas quadros depressivos inicialmente, sendo tratados com antidepressivos. Pode ocorrer a “virada maníaca”, ou seja, passagem de sintomas depressivos (tristeza, desânimo, menos-valia) para sintomas maníacos (agitação, pensamento e fala muito acelerados, idéias de grandeza, gastos excessivos, etc.). Nessas situações, o médico psiquiatra precisa rever o(a) paciente, avaliar se é realmente uma virada, iniciar estabilizador de humor, reduzir/retirar o antidepressivo. Uma informação importante a ser levada ao conhecimento do psiquiatra é se há casos de transtorno bipolar na família do paciente com depressão.
A bupropiona, acredita-se, exerce seu efeito antidepressivo por inibir a recaptação de serotonina e noradrenalina. Proporciona melhor disposição, melhora a libido e em algumas pessoas, ajuda a parar de fumar. Não deve ser usado em pessoas com epilepsia ou que apresentem qualquer fator predisponente para convulsão, pois pode facilitar sua ocorrência. Pelo mesmo motivo, não deve ser usada associada a bebida alcoólica. Aliás, evitar ou reduzir o uso de bebida alcoólica é uma boa medida para quem realiza tratamento com o uso de qualquer medicação psicotrópica. Em maior ou menor grau, todos esses medicamentos interagem com o álcool, podendo levar a rebaixamento do nível de consciência. A venlafaxina e a duloxetina inibem a recaptação de serotonina e noradrenalina. Os três antidepressivos podem elevar a pressão arterial, que deve ser medida antes do início e durante todo o tratamento.
Todos esses cuidados podem ser resumidos em cuidados gerais com a saúde geral, comunicação aberta com seu médico psiquiatra sobre todas as dúvidas e alterações.
Cuidados importantes para quem toma Antidepressivos (1)
Posted in Medicamentos by: maria.silvia
julho 31st, 2011
Os antidepressivos são medicações amplamente utilizadas atualmente. Além da indicação clássica, tratamento dos sintomas da depressão, tem sido usados, com sucesso, para controle de sintomas de ansiedade e dor. Não só psiquiatras, mas médicos de várias especialidades os prescrevem, muitas vezes associados com outras medicações e aí é importante que o paciente esteja atento. Além dos efeitos colaterais dos antidepressivos, existem os efeitos indesejados da interação com outros medicamentos, que podem ser graves. É MUITO IMPORTANTE INFORMAR A SEUS MÉDICOS A RESPEITO DE TODOS OS MEDICAMENTOS QUE ESTEJA TOMANDO, MESMO AQUELES USADOS POR CONTA PRÓPRIA, OCASIONALMENTE.
Os primeiros antidepressivos utilizados foram denominados tricíclicos, por sua estrutura química. No Brasil, os mais utilizados, Imipramina, Amitriptilina , Nortriptilina e Clomipramina, sempre se mostraram bastante eficazes, mas com muitos efeitos colaterais, que limitavam seu uso. São medicações que podem interferir com o ritmo cardíaco, com a pressão intraocular, necessitando de exames para verificar se o paciente tem condições para usá-los com segurança. Podem causar também boca seca, retenção urinária, disfunções sexuais, constipação intestinal, ganho de peso, o que torna seu uso bastante desconfortável para muitos pacientes. Lembro-me sempre de uma paciente que me disse, justificando a interrupção do tratamento:”Ser deprimida é duro, doutora, mas gorda, nem pensar.” Outro problema associado aos antidepressivos tricíclicos é o tempo que eles levam para mostrar o efeito desejado. Devido aos efeitos colaterais, é preciso começar com dose baixa e ir aumentando aos poucos, até atingir a dose terapêutica. Só quinze dias após atingir essa dose é que se tem um bom efeito antidepressivo e, ainda assim, para alguns pacientes é preciso ainda subir a dose para obter controle completo dos sintomas. Muitas pessoas achavam que não podiam tomar antidepressivos porque recebiam a dose toda de uma vez, sem tempo para seu organismo se adaptar. Outras achavam que não tinham resposta, e na verdade o problema era que tomavam doses pequenas demais ou por muito pouco tempo, por isso não tinham resultado.
Quando surgiram novos antidepressivos, com efeitos colaterais muito menos intensos, foi uma euforia. Já era possível começar o tratamento com a dose necessária, sem exames prévios, em duas semanas já se tinha resultados.O surgimento da fluoxetina, conhecida mundialmente pelo nome do produto do labolatório Lilly – Prozac -movimentou a sociedade como um todo, não só o meio médico ou “psi”. Chamado de “a pílula da felicidade”, passou a ser visto como uma “poção mágica” , principalmente depois que alguns pacientes apresentaram perda de apetite e de peso após seu uso. Afinal, quem não quer ser magro e feliz, não necessariamente nessa ordem? Muita gente se posicionou contra, muita gente quis tomar e tomou (o produto original era caro, mas logo surgiram similares com preço mais acessível e até genéricos),Prozac entrou em título de livro, música, muito dinheiro e muita propaganda circularam, houve muito barulho. Passados os anos, volta-se à realidade: a fluoxetina, assim como os demais antidepressivos que a sucederam, é um medicamento que traz benefício quando bem utilizado. Só isso e tudo isso.
O bom uso do antidepressivo começa pela sua indicação: tratamento de sintomas de depressão e ansiedade. Acredita-se hoje que seus efeitos sejam devidos a alterações na ação de neurotransmissores no Sistema Nervoso Central, principalmente serotonina, noradrenalina e dopamina. Como eles atuam de maneira diferenciada sobre os sistemas de cada neurotransmissor, podem ter efeitos diferentes em outros tipos de sintomas. Por exemplo, os antidepressivos que atuam mais sobre a serotonina são mais efetivos no tratamento dos Transtornos de Ansiedade: T. de Pânico, Transtorno Obsessivo-Compulsivo, Fobias. A fluoxetina e a sertralina podem ajudar a controlar a compulsão alimentar, enquanto a paroxetina costuma melhorar o apetite, principalmente para doces.O citalopram e a fluvoxamina não costumam alterar o apetite. O melhor horário para usá-los é pela manhã, após o café-da-manhã. Nas pessoas que apresentam sonolência logo após o uso, medicação à noite. Para quem tem náusea após o uso, medicação após uma refeição mais consistente – almoço. A tomada destes medicamentos junto com alimentos não atrapalha sua absorção.
Os primeiros antidepressivos utilizados foram denominados tricíclicos, por sua estrutura química. No Brasil, os mais utilizados, Imipramina, Amitriptilina , Nortriptilina e Clomipramina, sempre se mostraram bastante eficazes, mas com muitos efeitos colaterais, que limitavam seu uso. São medicações que podem interferir com o ritmo cardíaco, com a pressão intraocular, necessitando de exames para verificar se o paciente tem condições para usá-los com segurança. Podem causar também boca seca, retenção urinária, disfunções sexuais, constipação intestinal, ganho de peso, o que torna seu uso bastante desconfortável para muitos pacientes. Lembro-me sempre de uma paciente que me disse, justificando a interrupção do tratamento:”Ser deprimida é duro, doutora, mas gorda, nem pensar.” Outro problema associado aos antidepressivos tricíclicos é o tempo que eles levam para mostrar o efeito desejado. Devido aos efeitos colaterais, é preciso começar com dose baixa e ir aumentando aos poucos, até atingir a dose terapêutica. Só quinze dias após atingir essa dose é que se tem um bom efeito antidepressivo e, ainda assim, para alguns pacientes é preciso ainda subir a dose para obter controle completo dos sintomas. Muitas pessoas achavam que não podiam tomar antidepressivos porque recebiam a dose toda de uma vez, sem tempo para seu organismo se adaptar. Outras achavam que não tinham resposta, e na verdade o problema era que tomavam doses pequenas demais ou por muito pouco tempo, por isso não tinham resultado.
Quando surgiram novos antidepressivos, com efeitos colaterais muito menos intensos, foi uma euforia. Já era possível começar o tratamento com a dose necessária, sem exames prévios, em duas semanas já se tinha resultados.O surgimento da fluoxetina, conhecida mundialmente pelo nome do produto do labolatório Lilly – Prozac -movimentou a sociedade como um todo, não só o meio médico ou “psi”. Chamado de “a pílula da felicidade”, passou a ser visto como uma “poção mágica” , principalmente depois que alguns pacientes apresentaram perda de apetite e de peso após seu uso. Afinal, quem não quer ser magro e feliz, não necessariamente nessa ordem? Muita gente se posicionou contra, muita gente quis tomar e tomou (o produto original era caro, mas logo surgiram similares com preço mais acessível e até genéricos),Prozac entrou em título de livro, música, muito dinheiro e muita propaganda circularam, houve muito barulho. Passados os anos, volta-se à realidade: a fluoxetina, assim como os demais antidepressivos que a sucederam, é um medicamento que traz benefício quando bem utilizado. Só isso e tudo isso.
O bom uso do antidepressivo começa pela sua indicação: tratamento de sintomas de depressão e ansiedade. Acredita-se hoje que seus efeitos sejam devidos a alterações na ação de neurotransmissores no Sistema Nervoso Central, principalmente serotonina, noradrenalina e dopamina. Como eles atuam de maneira diferenciada sobre os sistemas de cada neurotransmissor, podem ter efeitos diferentes em outros tipos de sintomas. Por exemplo, os antidepressivos que atuam mais sobre a serotonina são mais efetivos no tratamento dos Transtornos de Ansiedade: T. de Pânico, Transtorno Obsessivo-Compulsivo, Fobias. A fluoxetina e a sertralina podem ajudar a controlar a compulsão alimentar, enquanto a paroxetina costuma melhorar o apetite, principalmente para doces.O citalopram e a fluvoxamina não costumam alterar o apetite. O melhor horário para usá-los é pela manhã, após o café-da-manhã. Nas pessoas que apresentam sonolência logo após o uso, medicação à noite. Para quem tem náusea após o uso, medicação após uma refeição mais consistente – almoço. A tomada destes medicamentos junto com alimentos não atrapalha sua absorção.
Parei de tomar medicamentos após começar com Auto Hemoterapia.
ResponderExcluirUm ano depois comecei com cloreto de magnésio e nunca mais tive problemas para dormir, pois a falta do cloreto de magnésio é que não nos deixa entrar no sono profundo (REM) e mesmo tendo começado a dormir um pouquinho, acordamos e passamos a noite inteira de olhos abertos. Isto é pura falta deste maravilhoso sal no nosso organismo..... Assistam palestra do Dr Luiz Moura ou Dr Arnoldo Veloso no youtube e mantenham-se informados....