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12.15.2011

Anti-inflamatórios: ação e efeitos colaterais

Saiba os riscos e efeitos colaterais do uso indiscriminado dos anti-inflamatórios.

Os anti-inflamatórios não esteroides (AINE) são uma das classes de medicamentos mais usadas no mundo. Existem mais de 20 drogas diferentes, sendo as mais famosas:

- AAS (ácido acetilsalicílico)
- Diclofenaco
- Ibuprofeno
- Naproxeno
- Indometacina
- Cetoprofeno
- Acido mefenâmico
- Piroxican
- Colecoxib

São drogas que apresentam mecanismos de ação semelhantes, mas com particularidades entre elas. Todos os anti-inflamatórios apresentam 3 efeitos básicos: Antipirético (abaixa a febre), analgésico (reduz a dor) e anti-inflamatório. As diferenças costumam ser na potência de cada uma das 3 ações e nos efeitos colaterais, alguns indesejáveis, outros úteis em algumas patologias não inflamatórias.

Os AINES agem inibindo uma enzima chamada ciclooxigenase que produz outra chamada prostaglandina. São essas as substâncias responsáveis pela inflamação e dor. Porém, existem mais de um tipo de prostaglandina e ciclooxigenase, apresentando outras funções além de mediar processo inflamatórios. Como a inibição realizada pelos anti-inflamatórios é não seletiva, além de abortar a inflamação, ocorre também uma alteração nos efeitos benéficos dessas substâncias.

As prostaglandinas são responsáveis pelos seguintes efeitos no organismo:

- Proteção do estômago contra ácidos produzidos no seu interior = Quando as prostaglandinas são inibidas, aumenta-se o risco de formação de gastrite e úlceras. Leia: (GASTRITE E ÚLCERA GÁSTRICA)

Uma das principais causas de hemorragia digestiva é uso indiscriminado de AINES. O Colecoxib é de uma classe chamada inibidores da COX2 que não afeta as prostaglandinas do estômago e por isso causam menos lesões gástricas.

- Fluxo de sangue no rins = Pessoas normais conseguem tolerar essas alterações, mas pacientes com problemas renais dependem muito das prostaglandinas para função dos rins, e sua inibição pode levar a um quadro de insuficiência renal aguda. Não existe nenhum anti-inflamatório que não piore a função renal em pacientes com insuficiência renal. São todos contra-indicados neste caso.

- Coagulação sanguínea = Todos os AINES atuam nas plaquetas, diminuindo sua atividade. O AAS é a substância que mais inibe a função das plaquetas. Esse efeito colateral é frequentemente aproveitado em doentes com risco de infarto e AVE. É o que os leigos chamam de "afinar o sangue". Neste caso, o efeito colateral é benéfico. Mas essa inibição das plaquetas e da coagulação pode ser perigosa em doentes que se submeterão a cirurgias ou que apresentem algum traumatismo. Deve-se sempre suspender o AAS 7 dias antes das operações.

Os AINES são drogas seguras se administradas com indicação médica. O problema é que esta talvez seja a classe de drogas mais auto-prescrita pela população. Existem inúmeros efeitos colaterais e interações com outros medicamentos que devem ser levados em conta antes de tomá-los.

Além dos efeitos já descritos acima, também podem ocorrer:

- Piora da hipertensão (leia: SINTOMAS E TRATAMENTO DA HIPERTENSÃO )
- Inibição da ação dos diuréticos (leia:PARA QUE SERVEM OS DIURÉTICOS ? )
- Piora da insuficiência cardíaca (leia: INSUFICIÊNCIA CARDÍACA - CAUSAS E SINTOMAS)
- Piora da função renal em pacientes com doença avançada de fígado
- Síndrome nefrótica (leia: PROTEINÚRIA, URINA ESPUMOSA E SÍNDROME NEFRÓTICA)
- Hepatite medicamentosa (leia: AS DIFERENÇAS ENTRE AS HEPATITES )
- Interação com Varfarina (leia: INTERAÇÕES COM A VARFARINA )
- Reação alérgica

Portanto, apesar de ser uma droga muito usada e segura, ela está longe de não apresentar complicações. Seu uso sem critérios pode levar a consequências graves.

Um dos mais famosos casos de pressão da indústria farmacêutica na aprovação de drogas aconteceu sobre os inibidores da COX2. Não havia estudos suficientes sobre efeitos colaterais e há suspeitas de ocultação de dados. Após ser lançada com grande repercussão pela pouca toxicidade gástrica, o Rofecoxib (VIOXX) foi retirado do mercado quando um estudo que tentava provar seu benefício no câncer de cólon, mostrou um aumento de infartos e AVCs nos pacientes que estavam tomando esta droga.

Dr. Pedro PinheiroAutor do artigo

Dr. Pedro Pinheiro

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