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12.10.2011

A revolução da cirurgia sem cortes, bisturi ou cicatrizes



Com técnicas avançadas e ajuda de robôs, médicosagora já operam a distância
RIO — Uma revolução está em curso na medicina. Grandes cortes, cicatrizes aparentes, dores lancinantes e excesso de sangramento são situações do século passado. Cirurgiões da rede pública e privada no Brasil estão usando cada vez mais técnicas minimamente invasivas para retirar tumores e eliminar doenças do coração, da coluna, do cérebro e do aparelho digestivo, bem como resolver problemas ginecológicos e urológicos. Dependendo da queixa, graças aos novos equipamentos é possível voltar para casa no mesmo dia. O conceito inclui a robótica, em que as mãos do médico são substituídas pelas de uma máquina precisa, e operações são feitas a distância.
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As vantagens são enormes: com cortes minúsculos, ou sem cortes, as complicações e o pós-operatório são drasticamente reduzidos. O tempo da operação é menor e a recuperação do paciente, mais rápida. Com menos tempo de exposição ao ambiente hospitalar, diminui o risco de infecção. E o custo total da intervenção cai, considerando-se a economia com remédios e diária de hospital. Não por acaso, instituições públicas do Rio, como Instituto Nacional de Câncer, Instituto Nacional de Cardiologia, Hospital Municipal Miguel Couto e Hospital Federal de Bonsucesso já investem nelas.
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Um dos primeiros métodos a aposentar o bisturi foi a videolaparoscopia: o médico faz dois ou três pequenos orifícios para acessar órgãos por meio de cânulas, uma delas com câmera. Hoje, já se trocam válvulas do coração, controlam-se arritmias e se fazem implantes de artéria mamária. Também hérnias e outras alterações de coluna são tratadas assim. Sem abrir a cabeça do paciente, aneurismas são extirpados ou morrem por inanição, já que o suprimento de sangue é interrompido. E, sem rasgar o abdômen, eliminam-se miomas e endometriose. Nos centros cirúrgicos, muitos médicos são auxiliados por Zeus e Da Vinci. Estes são os nomes de robôs que operam com precisão milimétrica, preservando estruturas saudáveis e reduzindo sequelas.
— Os robôs são guiados por um cirurgião bem treinado. É como ter um piloto num carro de Fómula 1. Em dez anos, a cirurgia robótica será rotina. Alguns convênios já a cobrem — diz o cirurgião-geral Vladimir Schraibman, orientador de cirurgias robóticas do Hospital Israelita Albert Einstein, de São Paulo.
Para a coluna, nos casos de hérnia de disco e instabilidade das vértebras, as técnicas que usam punção permitem recuperação em menor tempo, afirma o neurocirurgião Eduardo Barreto, coordenador do Serviço de Neurocirurgia do Norte D'Or. Hoje, as hérnias são corrigidas por meio da retirada do disco doente, com anestesia local e sedação. O paciente se interna de manhã e vai para casa à tarde. Antes, ficava três dias ou mais no hospital.
— Também é possível trocar o disco desgastado por outro artificial. E, se o sistema de sustentação da coluna está danificado, corrigem-se segmentos — explica Barreto.
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Candidatos à cirurgia de coração não precisam sair com cicatriz no peito e penar no pós-operatório. Implantes de pontes são feitos com pequenas incisões, diz José Oscar Brito, do Instituto Nacional de Cardiologia. No Miguel Couto, cerca de 30% das operações vasculares (incluindo as angioplastias) e de 30% a 40% das neurovasculares (aneurismas cerebrais e de aorta) são por videolaparoscopia. No Hospital Pró-Cardíaco, há cirurgias sem cortes em áreas como cardiologia e proctologia. E, no Inca, vdeolaparoscopia e neuroendoscopia são usadas em intervenções colorretais, urológicas e ginecológicas e na retirada de alguns tumores cerebrais.
No sistema público, o cirurgião Luis Alexandre Essinger, diretor-geral do Miguel Couto, frisa que as novas técnicas acabam por beneficiar também quem aguarda vagas.
— Há economia em anestesia e uso de sangue e remédios. E o paciente fica menos tempo no CTI e tem alta mais rapidamente, o que reduz o risco de infecção e permite atender mais pessoas

O Globo

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