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12.28.2011

Somos de uma geração de mulheres que está mudando a sociedade

Vamos falar mais de nós

 Focadas num objetivo mais amplo que o da falácia da igualdade entre os sexos


Estou apressada neste fim de ano. Quero chegar a 2012 sem bagagem, sem arestas, sem atalhos. Minhas resoluções da virada chegaram antes do Natal. Parei de fumar no começo de dezembro. Marquei meu check-up anual para janeiro. E, a partir de agora, direi publicamente o que penso, principalmente sobre ser mulher, ser produtiva e, com uma incômoda frequência, virar piada.

Em geral, evito a briga pequena. Guardo energia para os grandes enfrentamentos. Mulheres tendem a contemporizar. Talvez seja um vício adquirido na histórica função de manter a harmonia familiar. Mulher não se reúne para debater ideias. Mulher não investe em marketing pessoal. Mulher, diante da multidão (mesmo que seja a multidão corporativa), se abstém de exercer o poder. Reúne a opinião dos outros e encontra o equilíbrio na maioria.

Pois neste final de ano  quero instá-las, amigas, a falar mais de nós e entre nós. Somos de uma geração de mulheres que mudou e está mudando a sociedade. Focadas num objetivo mais amplo que o da falácia da igualdade entre os sexos. Se voltássemos o filme de 2011, a maioria dessas mulheres teria muito a dizer aos que acham que as entendem. Eu, pessoalmente, deixo aqui meu resumo-desabafo:
1 Gisele Bündchen, você estava linda em roupas de baixo dando as más notícias ao marido sobre os gastos no cartão de crédito. Mas já esqueci completamente o que você estava anunciando. Como mulher independente e que paga as próprias contas, não me senti minimamente ofendida pela publicidade. Como consumidora, nem um pouco seduzida pelo produto – fosse qual fosse. E, como cidadã, achei a piada fraca para o tamanho da polêmica. Mulheres são bem mais complexas do que as repetitivas peças publicitárias cheias de peitos e bundas. Mas todo mundo tem direito a uma piada ruim.
2 Inclusive o Rafinha Bastos, gente! Basta reconhecer o erro e pedir desculpas. Publicamente e rapidinho. Ou seja, o que pegou não foi a falta de graça nem a falta de educação, mas a falta de humildade. Se eu fosse ele, aprenderia com o erro. Nem tudo que pode ser dito deve ser dito. Por elegância, respeito ou apenas por estilo. Mas não vá para Nova York por causa disso, Rafinha. Você não suportaria as piadas politicamente corretas dos americanos.
3 Leio os artigos do Luiz Felipe Pondé toda semana. Adoro. Principalmente quando ele alfineta as feministas. Que estão tão fora de moda quanto o próprio machismo. Gostei quando ele disse que uma das formas mais profundas de amar uma mulher é fazer dela um objeto. Ponto para você, Pondé. Vamos confessar, meninas, ser objeto é uma delícia! E, se no dia seguinte o tigrão puder dar uma força com as crianças no colégio e com as compras do supermercado porque eu tenho cinco reuniões seguidas com clientes e quatro relatórios para terminar, melhor ainda! E, se antes de me arrastar pelos cabelos ele puder bater um papinho sobre a irresponsabilidade fiscal desse governo, manchete de um dos jornais do dia, aí é perfeito. É, Pondé, aquele objeto submisso e feliz na horizontal tem uma agenda própria na vertical. E, se tem alguém confuso com essa situação, não nos aponte o dedo.

Pronto, falei! Boas Festas  a todos!
Ana Paula Padrão

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