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2.24.2012

Cientistas descobrem novo marcador relacionado à síndrome metabólica



Condição aumenta risco de desenvolver diabetes e doença cardíaca
RIO - Cientistas americanos descobriram um suspeito-chave na inflamação destrutiva que sustenta doenças cardíacas e diabetes. A nova pesquisa mostra níveis elevados de um receptor presente em leucócitos da resposta imune inata em pessoas em risco de desenvolver estas doenças crônicas. Os receptores são a primeira linha de defesa do corpo contra invasores infecciosos, e eles desencadeiam uma onda de citocinas, soldados agressivos do sistema imunológico, para a corrente sanguínea.
A pesquisa, publicada na revista "Diabetes Care" na última quarta-feira, analisou indivíduos diagnosticados com síndrome metabólica - um conjunto de fatores de risco cardiometabólico ligado a muitas doenças graves. A síndrome é um risco alto para quem sofre de obesidade como já foi revelado pelo especialista Ishwarlal Jialal e sua equipe do UC Davis Medical Center, nos Estados Unidos. Ela aumenta o risco de desenvolver diabetes em ao menos cinco vezes e doença cardíaca em até duas a quatro vezes. Jialal, professor de patologia, também liderou o novo estudo.
Os receptores, ou sensores, nas células são chamados de receptores do tipo Toll (TLRs, na sigla em inglês), e o Prêmio Nobel foi concedido no ano passado para as descobertas que mostraram que iniciam a resposta imune inata rápida às infecções. Mas a inflamação que eles causam também pode ser prejudicial. Em cobaias, mostrou-se que dois TLRs - TLR2 e TLR4 - são importantes no desenvolvimento da diabetes e das doenças cardíacas.
Estes receptores estão presentes em muitas células, mas eles são mais abundantes em monócitos, um tipo de glóbulo branco que desempenha um papel central na resposta inflamatória a micróbios invasores. Eles podem ser desencadeados por produtos de agentes patogênicos ou sinais a partir de células que morrem e ácido graxo saturado.
A pesquisa da UC Davis focou no TLR2 e no TLR4. Para o estudo, os pesquisadores avaliaram 90 indivíduos com idade entre 21 e 70 anos, dos quais 49 tinham ao menos três características da síndrome metabólica. Isso inclui hipertensão, baixo nível de HDL, conhecido como o colesterol bom, altos níveis de triglicerídeos e obesidade, como evidenciado pelo aumento da circunferência da cintura, ou um nível de glicose entre 101-125 mg/dl mas não indicativo de diabetes. Membros do grupo de controle não tinham mais do que dois marcadores. Pessoas com aterosclerose, diabetes, doença inflamatória ou maligna, e outras desordens foram excluídas para estudar a função receptora sem variáveis de confusão, e para obter conhecimentos sobre síndrome metabólica nascente ou no início, antes das complicações.
Comparações do sangue dos participantes dos dois grupos mostraram que o grupo com síndrome metabólica exibiu níveis significativamente altos de RNA mensageiro e de proteínas da superfície celular do receptor TLR2 e TLR4, aumento dos níveis do interruptor principal de inflamação no núcleo, e uma concentração muito maior de soldados imunes no sangue, como citocinas, que criam inflamação.
Todas essas anormalidades se deram independentemente da obesidade, sugerindo que eles são devido ao ambiente de síndrome metabólica. Os níveis dos ácidos graxos e o produto de endotoxina de bactérias gram-negativas também aumentaram no sangue de indivíduos com síndrome metabólica ao menos duas ou três vezes, respectivamente, e explicou em parte o aumento de TLR4.
A pesquisa sugere que suprimir a atividade de TLR com perda de peso e dieta, exercício e drogas dirigidas especificamente a estes receptores, pode revelar-se eficaz no tratamento de doenças cardíacas, diabetes e outras condições ligadas à síndrome metabólica.
Jialal destacou que nem todos os obesos sofrem da constelação de sintomas que compõem a síndrome metabólica e, de fato, cerca de 30% das pessoas obesas estão em menor risco de complicações metabólicas, de acordo com um estudo. Mas desde que o estudo mostre aumento da inflamação em pessoas obesas, o receptor do tipo Toll e as descobertas de monócitos podem ajudar a definir indivíduos com maior risco para obesidade.
O grupo de pesquisa de Jialal relatou no ano passado que monócitos e macrófagos relacionados estavam presentes na gordura de indivíduos com síndrome metabólica e que suas gorduras eram mais inflamadas. A nova descoberta mostra que as proteínas do tipo Toll pode ser dirigido a um aumento desta atividade, e que os agentes inflamatórios estão fazendo isso para a corrente sanguínea, de onde eles podem ir para qualquer parte do corpo, incluindo fígado, gordura e coração.
O Globo

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