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2.02.2012

DOENTES E DOENÇAS - IRMÃO X



O respeito aos doentes é 
dever inatacável, mas vale a ligeira
experiência para a nossa 
própria orientação.

Penetráramos o nosocômio, acompanhando 

um assistente espiritual que ingressava
no serviço pela primeira vez e, por isso mesmo, 
era, ali, tão adventício em matéria 
de enfermagem, quanto eu próprio.

Atender a quatro irmãos encarnados 

sofredores, o nosso encargo inicial nas 
tarefas do magnetismo curativo. 
Designá-los-emos por números.

Em arejado aposento, abeiramos-nos deles,

depois de curta oração.

O amigo de número um arfava em 

constrangedora dispnéia, suplicando 
em voz baixa:
- Valei-me, Senhor!... Ai Jesus!... Ai Jesus!... 

Socorrei-me! Ó Divino Salvador!... 
curai-me e já não desejarei no
mundo outra coisa senão servir-vos!...

O segundo implorava, sob as dores 

abdominais em que se contorcia:
- Ó meu Deus, meu Deus!...

Tende misericórdia de mim!... 
Concedei-me a saúde e procurarei
exclusivamente a vossa vontade...

Aproximamo-nos do terceiro, que mal

agüentando tremenda cólica renal em 
recidiva, tartamudeava ao impacto
do pesado suor:
- Piedade, Jesus!... Salvai-me!...

Tenho mulher e quatro filhos... 
Salvai-me e prometo ser-vos fiel até a morte!...

Por fim, clamava o de número quatro, carregando 

severa crise de artrite reumatóide:
- Jesus! Jesus!... Ó Divino Médico!... Atendei-me!...

Amparai-me!... Dai-me a saúde, 
Senhor, e dar-vos-ei a vida!...

Nosso orientador enterneceu-se. Comovia-nos, 

deveras, ouvir tão carinhosas referências 
a Deus e ao Cristo, tantos apelos com inflexão 
de confiança e ternura.

Sensibilizados, pusemo-nos em ação.

O chefe esmerou-se.

Exímio conhecedor de ondas e fluidos, 

consertou vísceras aqui, sanou 
disfunções ali, renovou células mais 
além e o resultado não se fez esperar. 
Recuperação quase integral para todos. 
Entramos em prece, agradecendo ao 
Senhor a possibilidade de veicular-lhe as bênçãos.

No dia imediato, quando voltamos ao 

hospital, pela manhã, o quadro era diverso.

Melhorados com segurança, os 

doentes já nem se lembravam 
do nome de Jesus.

O enfermo de número um se reportava,

exasperado, ao irmão que faltara
ao compromisso de visitá-lo na véspera:
- Aquele malandro pagará!... 

Já estou suficientemente forte 
para desancá-lo... Não veio como 
prometeu, porque me deve dinheiro e 
naturalmente ficará satisfeito em 
saber-me esquecido e morto...

O segundo esbravejava:
- Ora essa!... porque me vieram perguntar se eu 

queria orações? Já estou farto de rezar... 
Quero alta hoje!... Hoje mesmo!...
E se a situação em não estiver segundo 
penso, vai haver barulho grosso!

O terceiro reclamava:
- Quem falou aqui em religião? 

Não quero saber disso... Chamem o médico...
E gritando para a enfermeira que assomara à porta:
- Moça, se minha mulher telefonar, 

diga que sarei e que não estou...

O doente de número quatro vociferava

para a jovem que trouxera o lanche matinal:
- Saia da minha frente com seu café requentado, 

antes que eu lhe dê com este bule na cara!...

Atônitos diante da mudança havida, recorrremos 

à prece, e o supervisor espiritual da instituição 
veio até nós, diligenciando consolar-nos e socorrer-nos.

Após a exposição do mentor que se responsabilizara

pelas bênçãos recebidas, esclareceu, bem humorado:
- Sim, vocês cometeram pequeno engano. Nossos 

irmãos ainda não se acham habilitados para o retorno
à saúde, com o êxito desejável. Imprescindível baixar 
a taxa das melhoras efetuadas...

E, sem qualquer delonga, o superior podou 

energias aqui, diminuiu recursos ali, interferiu em 
determinados centros orgânicos mais além e, 
com grande surpresa para o nosso grupo 
socorrista, os irmãos enfermos com ligeiras 
alterações para a melhoria, foram restituídos ao
estado anterior, para que não lhes viesse 
a ocorrer coisa pior.


Orientação extraída do livro

"Estante da Vida",
psicografado por 
Francisco Cândido Xavier, edição FEB.
Link da Página:
http://www.grupoandreluiz.org.br/chico_ler_orientacoes.php?id=10

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