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2.01.2012

Preço de medicamento para impotência sexual varia até 275%

Apesar de ter eficácia semelhante, um comprimido contra impotência sexual pode custar quase quatro vezes o preço de um concorrente, conclui boletim divulgado pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). A maior diferença encontrada ocorreu entre um dos genéricos do Viagra (R$ 11,05 o comprimido) e o medicamento de referência Cialis, feito com outro princípio ativo (R$ 41,47). O Viagra chega a ser 56% mais caro que seu genérico mais barato --listou-se como exemplos três marcas de genérico, mas há nove empresas que vendem a cópia.


Editoria de arte/folhapress
O estudo da Anvisa comparou dez produtos e quatro substâncias, usando os preços máximos de venda e a alíquota de ICMS de 18%. Para cada produto, foi considerada uma apresentação (um, dois ou quatro comprimidos).
Todas as substâncias analisadas são da classe dos inibidores de fosfodiesterase tipo 5, tratamento-padrão contra impotência.
"Não existem evidências que comprovem superioridade entre os inibidores da fosfodiesterase no tratamento da disfunção erétil", afirma o boletim da Anvisa.
Os preços vêm caindo desde que a patente do Viagra venceu, em 2010, diz Pedro Bernardo, chefe do núcleo de assessoramento econômico em regulação da agência. Ele estima que 80% do mercado seja dominado por genéricos e similares.
"Em outros mercados, quando o produto é semelhante, a tendência é de os preços se aproximarem. No caso de medicamentos, a diferença se explica pela dificuldade de o consumidor fazer comparação."
DIFERENÇAS
Aguinaldo Nardi, presidente da Sociedade Brasileira de Urologia, lembra que o tratamento deve ser individualizado, independentemente do custo. "Os efeitos colaterais são individuais. A tadalafila costuma dar mais dor muscular, mas é preferida pelos pacientes mais ansiosos, que não querem ficar reféns do tempo limitado de ação das outras drogas."
Segundo o urologista Alberto Azoubel Antunes, do Hospital das Clínicas de São Paulo, há diferença de tolerância dos pacientes em relação às drogas. "Alguns se queixam de mais efeitos colaterais, como cefaleia ou congestão nasal, com uma do que com a outra. Temos que ajustar para ver com qual delas a adaptação é melhor."
O tempo de atuação de cada remédio é um fator que pesa na escolha. "O paciente, em geral, prefere os que têm uma duração mais prolongada. Às vezes, confunde isso com um efeito mais duradouro da ereção, o que não é verdade", diz Antunes.
Os médicos afirmam que o uso recreacional desses medicamentos aumentou com o barateamento dos preços. "Muitos adolescentes compram os remédios sem receita. Eles criam dependência psicológica", diz Nardi.
Folha
JOHANNA NUBLAT
DE BRASÍLIA
CLÁUDIA COLLUCCI
DE SÃO PAULO 

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