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2.29.2012

Semana de moda de Paris abre com preto e cetins

29 de fevereiro de 2012 08h45

Iesa Rodrigues- Direto de Paris
Para um primeiro dia da semana de moda de Paris, até que rendeu alguns pontos importantes. Paris tem destas coisas, muitas vezes um nome quase desconhecido mostra detalhes interessantes. O contrario também acontece, mas é raro: quem chega ao topo, dificilmente perde a linha.
Para dar uma idéia das possibilidades de ascensão de um designer, basta dar uma olhada na agenda: quem fecha a semana é Lie Sang Bon, coreano que há anos costuma estar entre os primeiros da agenda, quando as jornalistas americanas ainda nem chegaram de Milão. Deste posto secundário, ele, com todo seu estilo ultra-conceitual, vai fechar a semana de Paris.
Preto e cetins - esta é a dupla do dia. Muita alfaiataria, calças estreitas, ombros pontudos. Parece que já vimos isto tudo, não é? Pensem bem: já estamos usando estes looks? Não, eles estão demorando a pegar. E os criadores inventam formas cada vez mais sedutoras para nos convencer a adotar estes tecidos brilhantes, que caem de uma forma esquisita e amassada no corpo.
A portuguesa Fatima Lopes abriu a semana, com o tema À flor da pele. Explorou estampas inspiradas nas veias em vestidos com a silhueta recortada em preto, com as laterais em nude. Muitos detalhes em couro, cinturas marcadas. As promessas do texto de apresentacão, de contrastes de volumes que deformam a silhueta original ou a roupa como uma segunda pele ficaram invisíveis. Mas há peças que merecem atenção, como as saias justas, com metade aberta, montada em tiras horizontais; o vestido de gola alta, em tom nude claro, com um ângulo na barra da saia em estampa de hemáceas ou algo como interior de veias.
Moon Young Hee fez melhor, um belo desfile de casacos longos, de ombros pontudos que se abrem nas cavas. Capas pretas, quase longas, com calças estreitas, o roxo em saias longas e casaco curto, também de ombros pontudos. O melhor, o look em tom café, de blusa sem mangas, calça comprida e um panejamento atravessado no quadril de seda bege. Lindo, o make limpo, os cabelos longos virados por cima das boinas. Como complemento, direto, coturnos pretos. Muito bom, usável e com cara de Paris. Isto é: bom para inverno de verdade.
O make é bom, os cabelos, lindos, os sapatos interessantes. Em geral, até por estes detalhes, a moda vale o deslocamento pela cidade, mesmo que a roupa fique em segundo plano. Afinal, o que é este segundo plano? São pontos fortes, além das primeiras intenções da coleção. Anthony Vaccarello, por exemplo, começou com camisas masculinas, de colarinho e punhos abotados, em acetinados pretos, calcas estreitas - nada de mais. Desandou com umas alfaiatarias transformadas em vestidos, meio abertos, meio fechados. Se o lado esquerdo era aberto, havia um bustiê retorcido subindo pelo pescoço. Aganovich foi na contramão dos looks pretos que predominaram no dia, preferiu o branco em casacos longos e vestidos evasês com fechos centrais. Um jeito de noviça gorducha, principalmente nos modelos em preto e branco.
E a Steffie Christiaens com suas saias longas sedosas, algumas com fechos, outras com aberturas assimétricas? Estes três, mesmo sem muito encanto, ainda assim continham ideias interessantes. A Steffie, a maquiagem de batom vinho-escuro e colares com pendentes de acrílico cristal, de formas poligonais e uma pulseira enroscada no pulso, recheada de água. Outra: a atitude de uma modelo, de bolsa pendurada nos braços cruzados. Aganovich fez dobras no alto dos casacos, algo a pensar como opção para as lapelas tradicionais. E o Vaccarello? Sei lá, à primeira vista é esquisito. Porém, há um lado teórico na moda, com técnicas e materias que podem demorar uma década para ir para as ruas, e a alfaiataria distorcida dele deve ter um futuro nas tendências.

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