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3.13.2012

A ANVISA QUE QUEREMOS: A SAÚDE PÚBLICA AGRADECE

Vigilância Sanitária proíbe cigarros mentolados e de cravo

A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) decidiu por unanimidade proibir a venda de cigarros com sabor, como os mentolados ou os de cravo, no país. A indústria terá 18 meses para adequar os cigarros à nova regra.
No caso de caso de outros derivados de tabaco, como os fumos para cachimbos, o prazo é de 24 meses.
Na reunião, contudo, ficou mantido o uso de açúcar na produção industrial dos cigarros, conforme queriam os fabricantes. Segundo eles, a cadeia produtiva do tabaco ficaria inviabilizada sem o uso do açúcar.
O argumento dos que defendiam a proibição dos aditivos é que eles são a porta de entrada para o vício em tabaco, especialmente entre os mais jovens.
"É quase intuitivo. Se você quer agradar uma criança, você dá um doce. Esses aditivos têm a função de facilitar o consumo, facilitar a tolerância do organismo à fumaça e ao gosto do cigarro", afirma Vera Luiza da Costa e Silva, pesquisadora da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz e estudiosa dos efeitos do tabaco.
A lista cita especificamente oito tipos de aditivos, mas a Anvisa deixou uma brecha para a inclusão de outros itens no futuro.
A importação de cigarros e fumos com sabor também fica proibida no Brasil. 

cigarros Cigarros com aditivos são os preferidos dos estudantes 
Uma pesquisa inédita realizada em 13 capitais do país revela que o cigarro com sabor é o preferido entre  os adolescentes brasileiros que começam a fumar. De  acordo com o trabalho, os jovens que escolhem  esse  tipo  de  produto  fumam  mais  e  com  maior frequência que aqueles que escolhem cigarros sem aditivos. 

A discussão sobre os cigarros com sabor divide opiniões. De um lado, médicos e associações que se dedicam a combater o tabagismo apoiam o fim da adição de produtos ao cigarro – uma estratégia  que, afirmam, é adotada  pela indústria para atrair o jovem para experimentação. E a indústria, por sua vez, afirma que a incorporação de sabores como canela, cravo ementa é usada no país há anos, gera empregos e não atrai jovens para o vício. Trata- se apenas de uma opção para adultos.

Mas, os  resultados do estudo demonstram o contrário. Para Vera  Luiza  da  Costa  e  Silva,  uma  das  autoras  do  trabalho  e professora da Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz (ENSP-Fiocruz), o cigarro  de  sabor  é  uma  porta  de  entrada  das  crianças  para  o tabagismo.

Palavras 'baixo teor' e 'light' são proibidas em derivados de tabaco

JULIA BORBA



A resolução da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), que causou estardalhaço entre os produtores de fumo ontem, prevê mais uma mudança para os derivados de tabaco.

Além da proibição de aditivos que possam mascarar o aroma ou o sabor original, como a adição das essências artificiais de menta e cravo, por exemplo, também estão proibidas expressões nas embalagens, como 'light', 'baixo teor' e 'suave'.


A agência defende que assim vai banir todas as expressões que possam "induzir o consumidor a uma interpretação equivocada quanto aos teores contidos nos produtos fumígenos".

A regra já valia para cigarros desde 2001, mas só agora afeta os demais produtos, como charutos e cachimbos.

ADITIVOS

Para confrontar a versão da indústria de tabaco, que se diz prejudicada pela retirada dos aditivos, a Anvisa salientou que a mudança vale apenas para os produtos comercializados no país e não deve afetar os itens destinados à exportação.

O documento da agência prevê tempo de adaptação à norma, no caso dos cigarros, de 12 meses para alteração de rótulos e do processo produtivo e outros seis meses para a retirada dos itens do mercado.

Cigarrilhas, narguiles ou qualquer outro tipo de fumo que usem gosto ou sabor artificial terão prazo de ajuste mais longo, de seis a 18 meses.

Tabagismo

Cigarros com sabor sairão do mercado em 18 meses, determina Anvisa

Aditivos alteram características do cigarro para atrair jovens, argumenta agência

Mais da metade dos jovens fumantes preferem cigarro com sabor, segundo pesquisa Mais da metade dos jovens fumantes preferem cigarro com sabor, segundo pesquisa (Denis Tevekov/Hemera/Getty Images)
Cigarros com sabor serão retirados do mercado brasileiro em 18 meses. É o que decidiu a diretoria da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), nesta terça-feira, em Brasília, após mais de um ano de debate sobre tema.
A norma da Anvisa, aprovada em reunião pública da diretoria do órgão, proíbe o uso de aditivos que reduzem os aspectos desagradáveis da fumaça ou que alterem o aroma dos produtos derivados do tabaco comercializados no Brasil. Além do cigarro, o veto alcança também fumo para cachimbo, charutos e cigarrilhas com sabor, mas os fabricantes destes produtos terão um prazo maior para tirá-los do mercado: 24 meses.
“Nossa ação terá um impacto direto na redução da iniciação de novos fumantes, já que esses aditivos têm como objetivo principal tornar os produtos derivados do tabaco mais atrativos para crianças e adolescentes”, afirma o diretor da agência, Agenor Álvares. Entre os aditivos mais usados atualmente, estão o cravo e o mentol.
Substâncias que conferem sabor doce ao cigarro e que potencializam a ação da nicotina no organismo, como ácido levulínico, teobromina e amônia, também não serão mais permitidas. “Evidências científicas apontam que muitos desses aditivos aumentam o poder da nicotina, fazendo com que os cigarros fiquem mais viciantes”, explica Álvares.

Açúcar - O uso de açúcar, que gerou polêmica ao longo do processo de discussão da norma, continuará permitido exclusivamente com a finalidade de recompor o que foi perdido naturalmente ao longo do processo de secagem das folhas de tabaco. O regulamento da Anvisa não afeta os produtos derivados do tabaco destinados à exportação.

Embalagens - A Anvisa também proibiu que as embalagens tragam qualquer expressão que possa induzir o consumidor a uma interpretação equivocada quanto aos teores contidos em charutos, cigarrilhas, fumos para cachimbo e outros produtos derivados do tabaco. É o caso de termos como: "baixos teores", "suave", "light", "soft", "leve", entre outros. Essas expressões eram proibidas apenas nas embalagens de cigarro desde 2001.

Estudo - A decisão da Anvisa foi amparada por um estudo da Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz, divulgado nesta terça-feira. A pesquisa foi feita com mais 17 mil estudantes em 13 capitais do Brasil. Entre 2005 e 2009, o estudo aponta que 30,4% dos meninos e 36,5% das meninas entrevistados já haviam experimentado cigarro alguma vez na vida. Desse grupo, 58,2% dos meninos e 52,9% das meninas informaram que preferem cigarro com sabor.

A pesquisa também mostra que o sabor é importante para 33,1% dos entrevistados. Dados do Inca (Instituto Nacional do Câncer) apontam que 45% dos fumantes de 13 a 15 anos consomem cigarros com sabor. Cerca de 600 aditivos são utilizados na fabricação de cigarros e de outros produtos derivados do tabaco.

Crescimento - Entre 2007 e 2010, o número de marcas de cigarros com sabor, cadastradas na Anvisa, cresceu de 21 para 40. Uma pesquisa realizada pelo Instituto DataFolha, em 2011, apontou que 75% dos entrevistados concordaram com a proibição de aditivos para diminuir a atratividade de produtos para fumar.

No Brasil, o tabagismo é responsável pela morte de 200 mil pessoas todos os anos. Atualmente, existem 25 milhões de fumantes e 26 milhões de ex-fumantes no país. A prevalência de fumantes é de 17,2% da população de 15 anos ou mais.


Editoria de Arte/Folhapress

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