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3.24.2012

Em Busca Da Qualidade Total Em Anestesia

REV BRAS ANESTESIOL 1997; 47: 4: 281-282 EDITORIAL
José Roberto Nociti

De maneira genérica, são três os componentes da qualidade assistencial em Medicina1:
 1) efetividade ou obtenção dos melhores resultados assistenciais possíveis;
 2) eficácia ou obtenção destes resultados com o menor gasto;
 3) aceitação ou satisfação do paciente.
A qualidade é um conceito inseparável da Anestesiologia enquanto especialidade médica.
O processo de controle de qualidade e a auditoria em anestesia possibilitam a avaliação da situação assistencial de um Serviço/Departamento bem como indicam as soluções para os problemas detectados. Os objetivos são a diminuição da morbimortalidade anestésica, o bom aproveitamento dos recursos, a segurança e o bem-estar do paciente.

A qualidade do serviço oferecido em anestesia depende de diversos fatores:
  1. Padronização de cuidados, incluindo: determinação periódica de pressão arterial e freqüência cardíaca, eletrocardiografia contínua, oximetria, monitorização da ventilação, monitorização de desconexão de componentes do sistema respiratório, analisador de oxigênio.
  2. Padronização do aparelho de anestesia e do equipamento. Um relatório apresentado à Comissão de Saúde da Câmara dos Deputados norte-americana, em 1989, concluiu que os aparelhos de anestesia ocupam o terceiro lugar entre os dispositivos médicos que com maior freqüência apresentam mau funcionamento, atrás apenas dos ventiladores de pulmão e dos marcapassos 
     Antes da realização de uma anestesia, devem ser efetuados uma série de testes que assegurem que o aparelho está funcionando perfeitamente. Em 1986, a FDA (Food and Drug Administration) norte-americana publicou uma sistemática para verificação do funcionamento do aparelho de anestesia e do equipamento correlato, antes da administração da anestesia. Em 1992, a Sociedade Brasileira de Anestesiologia encaminhou a todos os seus membros uma sistemática ou check list similar, elaborada pela sua Comissão de Normas Técnicas. Sistemáticas como estas podem ser criticadas pela sua complexidade. Na realidade, não há obrigatoriedade para o anestesiologista em adotá-las integralmente. O importante é que adote uma rotina de inspeção do aparelho de anestesia, que pode ser inclusive a sistemática pré-operacional do próprio fabricante. Só assim ele poderá minimizar os riscos de mau funcionamento destas máquinas, garantindo a segurança e, portanto, a qualidade do serviço.
  3. Avaliação pré-operatória do paciente, indispensável ao planejamento do ato anestésico, à adequação de custos com exames laboratoriais, à redução da taxa de suspensão de cirurgias.
  4. Existência de Sala de Recuperação Pós-Anestésica com estrutura adequada para reverter rapidamente alterações das funções respiratória, hemodinâmica, neuromuscular, bem como proporcionar controle da dor pós-operatória4.
  5. Fator humano, que inclui algumas características inatas do anestesiologista, formação profissional, educação continuada, erros de conduta e performance inadequada devida a sobrecarga de trabalho, fadiga e indutores de estresse ambientais.
Neste número, a Revista Brasileira de Anestesiologia inicia a publicação de uma série de artigos visando consolidar uma política de qualidade e estratégias de avaliação, na busca da qualidade total em anestesia.
José Roberto Nociti
Editor Associado da RBA. Membro do Comitê Executivo da WFSA
Rua Ayrton Roxo 870. 14025-270 Ribeirão Preto - SP

REFERÊNCIAS
  1. Munoz-Ramón JM - Control de calidad en anestesiología. Rev Esp Anestesiol Reanim, 1995;42: 91-95.
  2. Eichhorn JH - The Role of Standards of Care. Problems in Anesthesia, 1991; 5(2):188-204.
  3. Lees DE - Anesthesia Machine and Equipment Standards. Problems in Anesthesia, 1991;5: 2:205-218.
  4. Andrews IC - The Role of Recovery Room Care. Problems in Anesthesia, 1991;5:2:246-264.

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