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3.02.2012

A questão ambiental e o sistema produtivo

A questão do ambiente
Volker Link



As concepções tradicionais de meio-ambiente o apresentam como uma realidade fechada em si mesma e com comportamento causal. Estas concepções por possuírem subjacentemente um conceito positivista e uma posição analítica, tomam o meio-ambiente como sendo o natural (físico e biótico) ao qual se soma, exatamente em moldes adicionais, o social. Ele é a soma de partes, onde sistema e particularidades são recíprocos e só na sua reciprocidade são cognocíveis.

O meio-ambiente não é visto como totalidade dialética, onde o biogeofísico e o sócio-econômico são os seus perfis de tensão e do possível. O meio-ambiente não é visto como sua trama vital histórico que adquire sentido através de um projeto, isto é, do trabalho e, portanto, do homem.

A questão ambiental não poderá escapar da compreensão das diferenças geradas pelo sistema produtivo, que ocasionaram este ou aquele problema ambiental, visto que desenvolvimento é entendido como implantação da ordem capitalista no seu nível material e ideológico.

Se a questão ambiental não for compreendida deste modo, não se escapará da figura tecnoburocrática que se coloca como a consciência da realidade dispondo de uma atividade racional que organiza a história, dá corpo à nação e funda o poder. Figura esta que é chamada para impor  as condições daquilo que é e deve ser. É ela que, pela mediação do Estado, desperta a razão que prevê o futuro, encurta o tempo e preconiza o planejamento justificando, teoricamente, todo esse quadro e anulando a rede constituída de relações de produção e as diferenças de interesses sociais.

Os critérios de análise da problemática ambiental só terão razão de ser se revelarem, nas suas especificidades bio-geo-físicas e sócio-econômico-culturais, os dois pontos acima mencionados, ou seja, relações de produção e diferentes interesses sociais. Caso contrário não representam a realidade, mas sim, manipulam o real de acordo com os interesses de alguns.

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