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4.06.2012

Alergia e irritaçoes à cosméticos

Irritações e alergias respondem por 60% das reações ao uso de cosméticos

Levantamento da Secretaria de Estado da Saúde também aponta que 54% das reações ocorrem na pele das pessoa alergicas


Produtos para alisar ou amaciar os cabelos estão entre as principais queixas - Reprodução

Produtos para alisar ou amaciar os cabelos estão entre as principais queixas
 As irritações e alergias respondem por 60% das reações ao uso de cosméticos notificadas ao Centro de Vigilância Sanitária por médicos, serviços de saúde e consumidores, revela um levantamento da Secretaria de Estado de Saúde de São Paulo.
       
Em seguida, aparecem outras reações como vermelhidão e coceira, com 35% do total, e queimaduras, com 8%.

O balanço também mostrou que 54% das reações aos produtos de beleza ocorrem na pele, seguidas dos olhos, com 15%, e de outras partes do corpo, como cabelos e unhas, com 31%.

Para chegar ao resultado, foram analisadas 120 notificações. Em relação ao tipo de cosméticos, as principais queixas referem-se aos alisadores e produtos para hidratar e amaciar os cabelos, protetores solares, fraldas descartáveis, desodorantes e cremes antirrugas e anticelulite.

"Por meio das notificações registradas, foi possível perceber que as reações por cosméticos são causadas, sobretudo, pelo livre acesso das pessoas aos produtos, pelo uso inadequado e/ou precoce, pela mistura de diferentes apresentações e pela crença de que cosméticos não fazem mal à saúde", diz Rita de Cassia Dias, farmacêutica responsável pelo Grupo de Vigilância Sanitária em Cosméticos.

Apesar da maioria das ocorrências envolvendo produtos de beleza ser leve, sem danos permanentes para a saúde, após o início das reações recomenda-se suspender o uso do cosmético imediatamente, verificar se há relação entre o produto e os sintomas e procurar um médico.

Para notificar o caso à Vigilância Sanitária, basta acessar o site www.cvs.saude.sp.gov.br. "O trabalho de monitoramento das reações provocadas por cosméticos é essencial porque faz com que haja um controle da qualidade e segurança dos produtos comercializados e utilizados pela população. Além disso, esse trabalho oferece subsídios para a atuação da Vigilância Sanitária",

Dermatite de contato a cosméticos
Cosmético é todo produto aplicado sobre a superfície do corpo com a finalidade de limpar, embelezar ou modificar a sua aparência. O aumento da busca pela beleza, especialmente pelas mulheres, mas também pelos homens, levou ao incremento de produtos cosméticos segmentados, com produtos também para a pele infantil e negra.
Com isso, a quantidade de produtos aumenta, aumentando também o "contato" com diferentes ativos (substâncias) nas formulações.
Maioria das reações adversas são leves
Apesar da ampla utilização de cosméticos, os eventos adversos sérios não são frequentes. Reações leves, como coceira, ardor ou ressecamento, podem ocorrer em mais de 10% da população adulta. No entanto, o vasto uso de cosméticos e a falta de uma regulamentação precisa fazem com que seja difícil descobrir detalhadamente todos os componentes das formulações.
A dermatite de contato por irritação é a reação adversa mais comum a cosméticos. Produtos para a limpeza da pele, tais como sabonetes, xampus e desodorantes são os irritantes mais importantes. As reações mais frequentes são em consequência do uso continuado e cumulativo.
Pacientes que apresentam alteração da camada mais superficial da epiderme (camada córnea), como os atópicos e os idosos, são mais predispostos a ter reações irritantes devidas aos cosméticos.
Síndrome da intolerância a cosméticos
Além dos sinais e sintomas típicos de inflamação, como vermelhidão, inchaço e formação de pequenas bolhas (vesículas), uma irritação subjetiva pode ocorrer. Trata-se de uma resposta não inflamatória aos produtos aplicados na pele.
Esta resposta é caracterizada por uma reação sensorial, com ardor, queimação, coceira, mas sem alterações cutâneas visíveis. Isto é o que pode-se chamar de "pele sensível". Esta reação é conhecida por dermatite de contato sensorial ou subjetiva ou, ainda, síndrome da intolerância a cosméticos.
A queixa sensorial se restringe à face. O paciente reclama de reações no rosto, mas consegue utilizar o mesmo produto no resto do corpo. Algumas substâncias que podem desencadear a pele sensível seguem ao lado: ácido benzóico, ácido cinâmico, emulsificantes não-iônicos, laurilssulfato de sódio, bronopol, ácido lático, propilenoglicol, uréia e ácido sórbico.
Fragrâncias e esmalte de unhas são os principais responsáveis
Vários componentes de cosméticos podem ser alergênicos, mas as fragrâncias são a principal causa de alergia a cosméticos. Formam um grupo de mais de 3.000 substâncias que são usadas numa ampla variedade de produtos, incluindo os chamados "sem perfume", com o intuito de disfarçar odores indesejados de alguns componentes da formulação.
Entre as substâncias utilizadas nos testes de contato para identificar o agente causador das dermatites, a mais frequentemente positiva é a resina tonsilamina/formaldeído, presente nos esmaltes de unhas e causa de eczemas principalmente nas pálpebras e região do pescoço, mas raramente afetando a região ao redor das unhas. Em estudo realizado, a positividade à tonsilamina chegou a 70,7%.

Eczema de contato
O que é?
É uma reação inflamatória que ocorre devido ao contato da pele com um agente irritativo (eczema por irritante primário) ou que cause alergia (eczema alérgico).
O eczema por irritante primário ocorre pela ação direta da substância sobre a pele, que a danifica e desencadeia a reação. Pode ser:
  • Agudo: quando a substância causadora tem concentração alta e a resposta é imediata à exposição. É o caso do contato da pele com ácidos fortes.
  • Crônico: quando a pele é exposta repetidamente a substâncias irritativas de baixa concentração, provocando um dano cumulativo. É o caso do eczema das mãos das pessoas que lidam diariamente com sabões e detergentes (donas de casa e profissionais de cozinha).
O eczema alérgico ocorre quando uma substância alergênica (que causa alergia) entra em contato com a pele e, ligando-se a proteínas da própria pele, passa a ser reconhecida como estranha ao organismo, que desencadeia uma resposta imunológica para combatê-la.
Manifestações clínicas
As características típicas do eczema de contato na fase aguda são a vermelhidão, inchaço, formação de vesículas (pequenas bolhas), bolhas e secreção. Mais tarde ocorre a formação de crostas e descamação (fase sub-aguda). Em uma fase mais tardia, quando se torna crônico, aparece a liquenificação (espessamento da pele). O prurido (coceira) está presente em todas as fases, e pode ser discreto ou muito intenso.
Tratamento
O tratamento do eczema de contato depende do tipo (irritativo ou alérgico) e da fase em que se encontra (agudo, sub-agudo ou crônico), variando de acordo com cada caso, e deve ser determinado pelo médico dermatologista. São utilizadas medicações de uso local e de uso oral, para diminuir o processo inflamatório e o prurido, que muitas vezes é desesperador.
Evitar o contato com as substâncias que desencadeiam o eczema é fundamental para o sucesso do tratamento. No caso dos eczemas alérgicos, o teste de contato, pode ser de grande ajuda para se descobrir o que está causando a alergia. Ele é realizado colocando-se 20 a 30 das principais substâncias alergênicas em contensores que são deixados em contato com a pele por 48 horas. Aquelas que causarem reação devem ser evitadas.

Fonte: Jornal Rio Dermatológico (artigo de Denise S. Fagundes e Andréia M. Moreira).

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