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4.17.2012

Anti - cultura

Assim você me mata...


Olha, por incrível que pareça não desejo falar de Michel Teló, a nova febre. Acabei de assistir ao filme “Melancolia” de Lars Von Trier e esse filme de fato “me pegou”.
Nessa obra de arte (e aí sim, Michel Teló e  Revista Época, Veja, Estado de São Paulo, Folha de São Paulo, e o jonal O  Globo vão pro esgoto) Lars esmiúça o sentimento de melancolia, atualmente apelidado de depressão pelos médicos. Para falar a verdade o filme é um pesadelo, ele desmotiva, deprime... mas ao mesmo tempo é belo... é cruel também. 
Desde o filme Anticristo percebo em Lars uma visão diferente da natureza. Enquanto muitas pessoas hoje em dia querem salvar pobres cãezinhos, prezam pela vida dos animais e plantas em uma espécie de frenesi ecológica, Lars nos apresenta o âmago de uma natureza cruel que te dilacera minuto a minuto, que visa a decomposição. O amor é um mero rodapé de página nessa história. Como personificação da natureza Lars escolhe a mulher: cruel, louca, sádica, egoísta e destrutiva. Mas também bela, sensual, sexual e (um pouco) amorosa.   
Nesse sentido, e frente ao poder das fêmeas de Lars, Michel Teló é a “sub-coisa do sub-treco” mais infame que pudemos produzir. O homem figura nos dois filmes um papel infantil, quase bobo, com aquela velha ideia de um cientificismo totalizante que acalma, afaga e irrita (as mulheres de Lars).
Uma ideia que me veio à mente foi da melancolia como um processo de defesa natural do próprio planeta. Como se, para aniquilar os corpos estranho de sua superfície, a natureza lançasse mão de um doença, que deprime, que faz os humanos desejarem a própria morte. Surge então o “planeta melancolia” grande, azul, rápido, que, incerto, vem e vai. 
A melancolia também aparece como um processo de abrupta conscientização, que desatola o sujeito de sua condição estável e bem constituída, para outra condição mais dilacerada, consciente da sua solidão eterna. Um certo gosto de cinza na boca quando você come seu prato predileto.
O valor de verdade e o quanto ela perturba e destrói nossa estabilidade é tônica do filme. Aquela sensação de que não há 18 buracos em um campo de golfe como sempre falaram a você e sim 19.
Michel Teló é tido por alguns como uma catástrofe auditiva ambiental que vem para nos mostrar a verdade nua e crua de um universo cultural pobre, porem muitíssimo real.
A melancolia, ao contrário de Michel, vai pegar você. E não adianta correr nem construir cavernas mágicas com gravetos.   

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