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4.12.2012

Câncer de mama e a bebida alcoólica

Saúde da mulher

Mesmo moderadamente, consumo de álcool eleva risco de câncer de mama em jovens

Segundo pesquisa, álcool aumenta chance de surgimento de doenças benignas que podem evoluir para câncer no futuro

Mulheres jovens que consomem bebida alcoólica correm mais riscos de terem doenças benignas da mama, fator de risco para o câncer
Mulheres jovens que consomem bebida alcoólica correm mais riscos de terem doenças benignas da mama, fator de risco para o câncer (Thinkstock)
O consumo de bebida alcoólica pode elevar as chances de mulheres jovens desenvolverem câncer de mama. O risco existe mesmo quando o cosumo é moderado, e se torna mais elevado quanto maior for a quantidade da bebida consumida. Essa é a conclusão de uma pesquisa publicada nesta segunda-feira na revista Pediatrics, que indicou que o álcool ainda pode desencadear alterações benignas na mama capazes de levar à doença no futuro. O estudo foi realizado por um grupo de pesquisadores de diversas instituições, entre elas as Faculdades de Medicina das Universidades de Washington e de Harvard, nos Estados Unidos.

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DOENÇAS MAMÁRIAS
Podem ser benignas, ou seja, não cancerosas, ou malignas. As doenças benignas são a maioria dos casos, não colocam a vida da mulher em risco e muitas vezes não exigem tratamento. Podem ser cistos mamários, fibroadenomas (pequenos nódulos nas glândulas mamárias) ou doença fibrocística, por exemplo. Casos malignos, ou seja, de câncer de mama, colocam a vida da paciente em risco e podem até acarretar a perda de uma mama. No entanto, é possível detectar o câncer em fase inicial e tratá-lo adequadamente.
Segundo a Sociedade Americana do Câncer, mulheres adultas que bebem de duas a cinco doses de bebida alcoólica ao dia têm uma chance 1,5 vez maior de ter câncer de mama do que as abstêmias. Nesse estudo, a equipe de pesquisadores procurou descobrir se os já conhecidos efeitos adversos do álcool poderiam ser revertidos, como pesquisas anteriores sugeriram, pelo ácido fólico, uma vitamina do complexo B presente em bebidas alcoólicas como a cerveja, mas também em outros alimentos como cogumelo, tomate e feijão. O nutriente pode combater anemia, prevenir cânceres e evitar inflamações.
Por isso, durante uma década, os especialistas acompanharam 29.117 mulheres, com idades entre 18 e 22 anos, que responderam a questionários sobre consumo de bebida alcoólica e ácido fólico em geral. Cerca de um quarto dessas mulheres não consumiam bebida alcoólica quando jovens, enquanto 11% delas bebiam o equivalente a uma dose e meia ou mais de álcool ao dia — quantidade considerada alta pela pesquisa. O restante das participantes bebia doses baixas ou moderadas. No início da pesquisa, nenhuma participante tinha doenças de mama. Ao final do estudo, foram registrados 659 casos de doença benigna de mama.
Os resultados indicaram que quanto mais bebida alcoólica é consumida, maior o risco de ter uma doença benigna da mama. Os pesquisadores concluíram que a cada 10 gramas de álcool (uma dose de bebida) que uma mulher ingere diariamente, o risco de desenvolver células e lesões não cancerígenas aumenta em 15%. No entanto, os pesquisadores observaram que o consumo de ácido fólico não alterou significativamente os riscos de doenças da mama.
Segundo os autores do estudo, os resultados são preocupantes. Embora nem todas as doenças benignas da mama evoluam para um câncer, os pesquisadores reconhecem que esses problemas são fatores de risco importantes e consistentes para uma doença maligna na mama. Para eles, o álcool aumenta o risco dessas doenças benignas, e esses efeitos negativos não são amenizados pelo ácido fólico.
Clique nas perguntas para saber mais sobre o câncer de mama:


Dr. Antonio Wolff

O oncologista Antonio Wolff é especialista em câncer de mama. Está começando um projeto de pesquisa com 8.000 mulheres, que fará testes com dois remédios — trastuzumabe e lapatinibe. Os primeiros resultados deverão começar a aparecer em dois anos.
Formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Wolff é pesquisador da Universidade Johns Hopkins há doze anos. Ali, atende pacientes duas vezes por semana e estuda, faz pesquisas, dá palestras. Seu foco é no que pode ser feito para melhorar a vida do paciente.

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