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5.24.2012

Menstruar ou não menstruar?

Eis uma questão nebulosa para grande parcela das mulheres. Conheça as vantagens e desvantagens das regras mensais  
Por Paula Desgualdo


Para começo de conversa, esqueça o conceito de nossas avós de que sangrar periodicamente desintoxica o corpo. A menstruação nada mais é que a eliminação do endométrio, a camada que reveste a parede interna do útero. Quando o óvulo não é fecundado, ele se desprende e acaba rompendo vasos sanguíneos — e é só isso. Não é de hoje que alguns médicos defendem a interrupção total desse processo. "É uma maneira de acabar com a TPM e proteger a mulher contra a anemia", endossa o ginecologista Elsimar Coutinho, de Salvador, na Bahia, um dos primeiros a sugerir o fim da menstruação. Mas há quem acredite que ela seja um bom reflexo de como anda o organismo. "Menstruar faz parte da fisiologia da mulher", afirma o ginecologista paulistano Rogério Ramires. "Se não há distúrbios menstruais que mereçam a indicação de interrupção, não vejo por que prescrevê-la", acrescenta. Entre as mulheres, as opiniões também divergem. Há uma tendência a abandonar as regras principalmente entre as que deixam de realizar alguma atividade rotineira por causa dos sintomas do período menstrual. "A menstruação está deixando de ser um símbolo de feminilidade", observa a psiquiatra Carmita Abdo. Ainda assim, vale notar, a maioria da ala feminina não abre mão dela.

Contraceptivos: cada vez melhores

Há várias opções para a mulher evitar uma gravidez fora dos planos. Mas o que garante a eficácia de qualquer método é um único critério: saber se ele é o mais adequado a você Por Paula Desgualdo | Fotos: Alex Dias


Houve um tempo em que autonomia era uma palavra feminina apenas nos dicionários da língua portuguesa. Durante séculos, coube prioritariamente aos homens o direito de tomar decisões, inclusive sobre o destino do sexo oposto. Já hoje, enquanto seus olhos correm estas linhas, mulheres de todos os cantos do mundo fazem escolhas: o que vestir, o que comer, que carreira seguir e... se pretendem ter filhos e quando. Em 1960, esse livre-arbítrio ganhou uma importante aliada. "Naquele ano, foi liberado nos Estados Unidos o uso da primeira pílula anticoncepcional, que deu às mulheres maior independência sobre seu corpo e facilitou o planejamento familiar",


De lá para cá, as estratégias para quem não quer engravidar se tornaram mais variadas e seguras. Entre as opções disponíveis estão a camisinha — que é, também, a maneira mais eficiente de se proteger contra doenças sexualmente transmissíveis —, o diafragma, o dispositivo intrauterino (DIU), além de uma série de métodos hormonais alternativos à pílula, como injetáveis, implante, anel e adesivo. "E vale notar que os contraceptivos à base de hormônios causam cada vez menos efeitos colaterais", comenta Luis Guillermo Bahamondes, professor de ginecologia da Universidade Estadual de Campinas, no interior paulista.


Opções, portanto, não faltam. O que falta, segundo um estudo coordenado pela Federação Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo), é informação a respeito das particularidades de cada escolha. Nesse esforço científico, foram entrevistadas 9 mil mulheres que, em princípio, queriam usar um anticoncepcional hormonal combinado, ou seja, que contivesse as versões sintéticas dos dois hormônios femininos, o estrogênio e a progesterona. Ao relatar ao médico que gostariam de aderir a essa alternativa, ouviram informações detalhadas sobre os prós e os contras de cada método — este incluído. Depois da orientação, 28% mudaram a escolha inicial. Isso significa que 28 em cada 100 mulheres iriam usar um método menos ajustado às suas expectativas ou ao seu estado de saúde.


"O aconselhamento é o melhor caminho para selecionar a estratégia apropriada para cada mulher", defende Rogério Bonassi Machado, presidente da Comissão Nacional de Anticoncepção da Febrasgo. E a melhor tradução para aconselhamento é clara: uma parceria entre o especialista e a paciente, considerando até mesmo o ritmo do dia a dia.


A saúde é a primeira a ser impactada quando se pinça, no leque de contraceptivos, o mais adequado. "Quem já teve trombose não deveria confiar em uma formulação combinada", exemplifica Afonso Nazário, chefe do Departamento de Ginecologia da Universidade Federal de São Paulo. "Ora, o estrogênio aumenta o risco de coagulação no sangue." E essa é apenas uma entre diversas situações destacadas pela Organização Mundial da Saúde que merecem a atenção das mulheres.


Deve-se levar em conta ainda a personalidade e as preferências — há quem se incomode em tomar injeções e há quem, ao contrário, de tão desligada, ache bom enfrentar uma picada em vez de forçar a memória para ingerir um comprimido todo santo dia. Isso está diretamente ligado à continuidade do uso. Por não se adaptarem, muitas usuárias simplesmente abandonam um método sem informar o médico e aumentam, assim, o risco de uma gravidez indesejada. Segundo Luiz Fernando Leite, ginecologista do Hospital e Maternidade Santa Joana, em São Paulo, nada como um bom histórico para ajudar nessa tarefa. "É preciso considerar fatores como idade, peso, se é fumante, sedentária, a rotina diária, se toma algum medicamento ou sofre de doença crônica, e por aí afora", elenca. Em tempos de consultas breves, nem sempre esse levantamento é realizado. Aí, fica principalmente ao cargo da mulher questionar e não deixar o consultório com dúvidas. Pergunte.


Qual o melhor método para você?

Clique nas condições abaixo e confira qual método contraceptivo pode, ou não, ser utilizado em cada uma delas


01. Doença Cardiovascular 10. Sépsis
02. Cefaleias 11. Cânceres
03. Diabetes 12. NIC
04. Doenças Hepáticas 13. Sangramento Vaginal
05. Infecções Sexualmente Transmissíveis 14. Doença Inflamatória Pelvica
06. Lactação 15. Alto Risco para HIV
07. Nunca Teve Filhos 16. Tabagismo
08. Obesidade 17. Hipertensão
09. Mioma 18. Trombose Venosa Profunda

• Alto risco para HIV
• Anemias, incluindo falciforme e talassemia
• Após aborto (sem sepse)
• Cirrose leve
• Cirurgia sem imobilização prolongada
• Depressão
• Cólica menstrual
• Doença cardíaca valvular não complicada
• Endometriose
• Epilepsia
• Esquistossomose
• Hepatite viral (portadora ou crônica)
• Histórico de cirurgia pélvica, incluindo cesariana
• Histórico de diabete gestacional
• Histórico de gravidez ectópica
• Histórico de hipertensão durante a gravidez
• Idade entre 18 e 39 anos
• Menstruação irregular, prolongada ou muito intensa
• Doenças da tireoide
• Doenças mamárias (histórico familiar de doenças benignas e tumor sem diagnóstico)
• Tumores benignos de ovário, incluindo cistos
• Uso de antibióticos (com exceção da rifampicina/rifabutina)
• Veias varicosas

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