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5.29.2012

Menstruar ou não menstruar?

Cada vez mais mulheres preferem a segunda opção

Evitar a menstruação por meio de pílulas anticoncepcionais é uma prática disseminada no Brasil. Até a semana passada, não sabia disso. Vivendo e aprendendo...Sempre achei que esse negócio de emendar uma cartela de pílula na outra para deixar de menstruar fosse um hábito restrito a um pequeno grupo de mulheres. Nos anos 70 e 80, o médico baiano Elsimar Coutinho causou polêmica ao defender o método. Uma das adeptas mais famosas, naquela época, era a apresentadora Marília Gabriela. De lá para cá, a prática se espalhou.
Conversei nesta semana com o médico Luciano de Melo Pompei. Ele é professor associado da disciplina de ginecologia da Faculdade de Medicina do ABC. Pompei fez uma pesquisa sobre a aceitação do método. Enviou questionários a milhares de ginecologistas de todo o país para tentar identificar as preferências das pacientes.
Mais de mil médicos responderam. A maioria deles (58%) atende na região Sudeste.
93% disseram que pacientes já pediram que eles receitassem pílulas no esquema de uso contínuo
77% disseram que receitam o esquema porque a mulher pede para não menstruar. E não por que ela tenha alguma doença que justifique o uso do método.
Os principais motivos de prescrição de uso ininterrupto da pílula foram: 
1) Cólica menstrual
2) Endometriose
3) Desejo de não menstruar
4) Excesso de sangramento
5) Tensão pré-menstrual
6) Anemia
7) Dor de cabeça menstrual
A pesquisa sugere também que deixar de menstruar é realmente um alívio para as mulheres.
55% dos médicos disseram que as pacientes ficaram mais satisfeitas do que com o esquema tradicional
39% disseram que elas ficaram igualmente satisfeitas
2% relataram que as mulheres ficam menos satisfeitas
2% disseram que não sabiam opinar
A pílula não é o único recurso capaz de aliviar o sofrimento das mulheres que vivem terríveis dias a cada menstruação. É possível deixar de menstruar com outros métodos, como um implante subcutâneo de progesterona, injeções trimestrais do mesmo hormônio, um DIU especial que libera derivados de progesterona ou anel vaginal.
Nenhum dos métodos (inclusive a pílula) garante eficácia total quando o objetivo é deixar de menstruar. Depois de seis meses de uso contínuo, a eficácia varia entre 60% e 80%. A mulher pode menstruar um mês, depois passar alguns meses livre da menstruação e voltar a menstruar alguns meses depois. Mas o uso contínuo do contraceptivo pode reduzir o volume de sangramento.
Pela praticidade e pelo preço, a pílula ainda é o método preferido Muitas mulheres, porém, querem saber se essa prática é realmente segura. Ela aumenta o risco de trombose (formação de coágulos no interior de um vaso sanguíneo que pode levar à morte)?
“As evidências atuais indicam que o risco é comparável ao da pílula tradicional”, diz Pompei. “Mas a ciência é dinâmica. Pode ser que outros fatos sejam descobertos no futuro.”
Esse é um ponto importantíssimo. Pílula anticoncepcional de uso contínuo ou usada no esquema tradicional (tomar durante três semanas e descansar uma) tem importantes contra-indicações. Não é toda mulher que pode usá-la.
O cuidado número 1 é evitar o uso de pílula (seja ela qual for) caso você seja fumante. Pílula e cigarro não combinam. Essa mistura aumenta o risco de trombose e, consequentemete, de acidente vascular cerebral (AVC).  Aqui você pode ler mais sobre isso.
A combinação de pílula e cigarro eleva em oito vezes o risco de AVC. O sangue dos fumantes (homens e mulheres) torna-se mais propenso à formação de coágulos. A nicotina também enrijece as artérias que irrigam o cérebro. Logo, mulheres que fumam não devem tomar pílula. Quantas sabem disso?
Muitos médicos receitam pílula e não perguntam se a mulher fuma. É uma reclamação recorrente dos neurologistas que atendem jovens fumantes que sofreram um derrame cerebral. Portanto, não esqueça. Tomar ou não tomar pílula (no esquema que for) é uma decisão que precisa ser comunicada e compartilhada com um médico de confiança. Cuide-se bem.
E você? Prefere não menstruar? Toma pílula de uso contínuo? Conte sua experiência. Queremos conhecer sua história. 
(Cristiane Segatto


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