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6.12.2012

A velha mídia e o "Mensalão"

A grande imprensa tomou partido no processo e julgamento do chamado mensalão

“A grande imprensa tomou partido, e levou tudo a um ponto simbólico muito forte”, considerou o ex-ministro da Justiça e advogado criminalista, Márcio Thomaz Bastos, no fim de semana, em entrevista ao Ponto a Ponto, programa da BandNews (apresentado no sábado e reapresentado no domingo).

A resposta de Thomaz Bastos veio diante do questionamento sobre o fato dele defender políticos acusados de corrupção, sobretudo na Ação 470, o processo chamado pela mídia de mensalão, prestes a ser julgado no Supremo Tribunal Federal (STF).

Na Ação 470, o ex-ministro é o advogado de José Roberto Salgado, ex-vice presidente do Banco Rural, e defende também Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, o empresário da contravenção preso desde fevereiro sob a acusação de vínculos em seus negócios com políticos e infiltração na máquina pública de Goiás, governada pelo tucano Marconi Perillo.

Mídia faz publicidade opressiva em casos de grande repercussão


"A imprensa faz publicidade opressiva em casos de grande repercussão", observou o ministro dizendo-se tranquilo na constatação porque "mesmo integrando um valor constitucional da mais alta nobreza, a imprensa não está livre de sofrer críticas.”

Para ilustrar esse comportamento da mídia, Thomaz Bastos mencionou casos de grande repercussão como os de Suzane Von Richtoffen, presa porque mandou matar os país tomando parte no crime; o do casal Nardoni, condenado e preso pela morte da filha/enteada Izabela; e o da atriz Daniela Perez, assassinada pelo colega de TV Globo Guilherme Pádua e a mulher deste, Paulo Thomaz, que cumpriram pena e já estão em liberdade.

Ao lembrar o processo Von Richtoffen, Thomaz Bastos o classificou como exemplo paradigmático de casos nos quais a opinião pública atropelou o devido processo penal e a estudante, acusada de mandar matar os próprios pais foi julgada em meio ao clamor público.

"A imprensa as vezes erra"


“A vigilância da imprensa é fundamental, mas às vezes ela erra. É uma máquina que empurra a todos, como uma tragédia grega, em que tudo já aconteceu, cabendo assim a encenação, quando chancela o veredito definido lá atrás”, declarou. Nesse ponto, Thomaz Bastos aproveitou para falar de sua própria experiência como advogado.

“Já estive de ambos os lados. Já defendi causas em que tive a opinião pública — e publicada — a meu favor. É uma delícia. Mas já enfrentei a maré, estando absolutamente na minoria, o único a segurar a mão do réu no fim da escada, crucificado e contra o vento”, lembrou.

Entrevistado pela jornalista Mônica Bergamo, da Folha de S.Paulo e pelo cientista social Antonio Lavareda, Thomaz Bastos defendeu como imprescíndivel o país dispor de uma Polícia que investigue, um Ministério Público que acuse, um Judiciário que julgue e um sistema penitenciário que, pelo menos “não alimente a reinscidência”.

Corrupção é combatida de forma e intensidade jamais vista
O ex-titular da Justiça ponderou que não se pode nem se deve pensar que atropelar esse processo conduzirá o país a um maior rigor na correção de maus hábitos e no aperfeiçoamento da democracia e da Justiça.

O ex-ministro assisiu a uma reportagem apresentada no programa, segundo a qual 7 em cada 10 brasileiros são interessados em política, ao contrário da imagem de alienação da população que tentam passar quanto ao seu interesse por essa questão.

Thomaz Bastos disse ver uma distorção provocada pelo fato de, no Brasil, a corrupção estar mais exposta e ser combatida de uma forma e com intensidade com que jamais foi. Acessem e vejam, aqui , a íntegra da entrevista do ex-ministro à BandNews. 

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